Pedras estão no lugar de água em rios de Minas
Salinas – Se Minas tem cidades que foram privadas de seus
rios pela construção de hidrelétricas, caso de Aimorés, no Vale do Rio Doce,
outras viram seus cursos d’água sumir lentamente devido à degradação.
14/07/2012
http://racismoambiental.net.br/2012/07/pedras-estao-no-lugar-de-agua-em-rios-de-minas/
É o caso de Salinas, no Norte do estado. Segundo a
prefeitura local, pelo menos oito rios do município que antes tinham água o ano
inteiro praticamente desapareceram. Outros ainda correm, mas com vazão muito
reduzida. “Acredito que a falta de preservação das nascentes foi a responsável.
A região sofreu muito com o desmatamento para a monocultura do eucalipto na
década de 1970”, afirma a engenheira ambiental Geisa Batista, da Secretaria
Municipal de Agricultura e Meio Ambiente. A titular da pasta, Maria Helena
Silva, alerta que os mananciais e todo o ecossistema de municípios da região
correm risco de danos maiores ainda, por causa dos projetos de extração do
minério de ferro que estão sendo instalados no Norte do estado.
Na zona rural de Salinas não é difícil constatar
o resultado que a exploração sem critérios já produziu. Ele aparece sob a forma
de leitos vazios, tomados por areia ou pedras. É a situação do Rio Jurucutu, na
localidade homônima. “Esse rio corria cheio o ano inteiro. Hoje, quando chove
muito, a água corre por uns oito dias e depois seca de novo. Só restaram
pedras”, conta o aposentado Clemente Ferreira de Souza, de 69 anos, enquanto
caminha no leito seco ao lado do filho, o também agricultor Adevaldo Pereira
Ferreira de Souza, de 45. No fundo da casa de Clemente, uma prova de que a
fauna do rio mudou: entre as pedras do leito que já correu caudaloso e cheio de
peixes, apareceu um ninho de urubu. Com a seca, clemente abriu uma cacimba no
leito para retirar água e manter a plantação de hortaliças. Porém, o poço
também secou. “Agora, não sei como fazer. O jeito vai ser parar com tudo”, lamenta.
A situação se repete no Rio Tabocas, que passa
junto ao distrito de Ferreiropolis. O lavrador Vilmar Sarmento, de 59, lembra
que há 30 anos era bem diferente. “O rio era cheio quase o ano inteiro. Tinha
muito peixe. De uns tempos prá cá, passou a correr só mesmo na chuva. Assim
mesmo, pouco dias depois seca de novo”, relatou.
Só Deus
O Rio Vacaria, que corta vários municípios da
região, já foi considerado caudaloso. Hoje seu volume diminuiu muito com o
assoreamento. Em vários trechos, só se destacam as pedras e bancos de areia. É
assim nos fundos da propriedade de Graziano Mendes Spindola, de 58, no
município de Fruta de Leite. “Já teve muita água. Agora, só Deus para fazer o
Vacaria voltar a correr como antes”, acredita. Sua vizinha, a agricultora Celsina
Pereira de Souza, de 43, que mora na outra margem, já no município de Padre
Carvalho, culpa o plantio de eucalipto. “O medo agora é de secar de vez. Aí,
vamos ter que sair daqui”, preocupa-se.
A empresa Sul Americana Metais (SAM), do Grupo
Votarantin, anunciou que vai construir uma barragem no rio, com investimento de
R$ 80 milhões, para garantir a oferta de água para um mineduto, visando o
escoamento do minério de ferro. Moradores têm esperança de que isso possa
melhorar a vazão no leito.
Enviada por José Carlos.
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Fonte para edição no Rema:
Ruben Siqueira - siqueira.ruben@gmail.com
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