Brasileiros estimam problemas de abastecimento no futuro.
Pesquisa divulgada terça-feira,
26 de junho, pela organização não governamental WWF-Brasil revela que é grande
o desperdício de água entre os brasileiros. “Mais de 80% dos brasileiros
consultados em 26 estados da Federação reconheceram que vão ter problemas de
abastecimento de água no futuro e, desses, 68% reconheceram que o desperdício
de água é a principal causa desse problema”, afirmou o coordenador do Programa
Água para a Vida da WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas.
28/06/2012
http://www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2012/junho/brasileiros-estimam-problemas-de-abastecimento-no
A sondagem chama a atenção para o desconhecimento da maioria da população sobre o real consumo de água no Brasil. No levantamento, 81% dos entrevistados apontaram a indústria e o setor residencial como os vilões do gasto de água quando, na verdade, o setor agrícola, em especial a irrigação, é o maior consumidor do insumo (69%). A pecuária consome 11% de água; as residências urbanas, também 11%; e a indústria, 7%.
“Como 80% da população brasileira vivem nas
cidades, a percepção do cidadão é muito voltada aos problemas da água que ele
enfrenta nas metrópoles. Somente 1% das pessoas reconheceu que o problema de
água está na zona rural também. Ou seja, que aquela água que sai da torneira
dele vem de uma nascente que está, às vezes, a quilômetros da sua casa”, disse
Freitas.
De acordo com a pesquisa, só 1% dos consultados
admitiu que o desmatamento e a degradação dos sistemas naturais causam
problemas de água. “Isso mostra que o cidadão tem uma visão bastante limitada
da torneira para frente. Da torneira para trás, há um desconhecimento muito
grande”.
Residências
O desperdício é elevado nas residências. Cerca de
48% dos entrevistados reconheceram que desperdiçam água em suas casas, o que
revela crescimento em relação aos cinco anos anteriores, quando essa parcela
atingia 37%. “Mais de 45% reconheceram que não adotam nenhuma medida de
economia de água nas suas casas”.
Segundo Freitas, falta coerência entre o discurso
e a atitude. Do total de consultados, 30% disseram tomar banhos demorados, de
mais de dez minutos. Em 2006, essa parcela era 18%.
Freitas atribuiu costumes como não fechar a
torneira enquanto se escova os dentes ou lavar a calçada com mangueira à
cultura de abundância que existe, de forma geral, no Brasil, devido à sua
dimensão continental e à abundância de florestas e rios. Com isso, a cultura da
abundância acaba levando ao desperdício. “Infelizmente, o brasileiro começa a
sentir o problema quando ele já está instalado. Ou seja, quando tem
racionamento, escassez”.
A sondagem revelou ainda que 67% dos lares
pesquisados enfrentam escassez de água. No Nordeste brasileiro, 29% dos
domicílios sofrem esse problema. O consumo médio diário de água por brasileiro,
da ordem de 185 litros, está próximo ao da União Europeia (200 litros per
capita). Segundo Freitas, “a média mascara uma desigualdade”, uma vez que o
Semiárido do Brasil apresenta consumo médio de água diário inferior a 100
litros, aproximando-se, portanto, de regiões da África Subsaariana, onde o
consumo é abaixo de 50 litros/dia por pessoa.
“O problema no Brasil não é questão de falta
d’água. É a má distribuição. Existe um descompasso entre a demanda e a oferta”.
Freitas destacou que, no Nordeste, que concentra um grande contingente da
população brasileira, já existe escassez de água, enquanto em regiões como o
Centro-Oeste e o Norte, que concentram menos de 10% da população, há mais
abundância do recurso.
A pesquisa servirá de base para a elaboração de
novas campanhas de educação e conscientização dos cidadãos sobre a necessidade
de preservação dos mananciais de água na zona rural.
Tags:Água
Nenhum comentário:
Postar um comentário