sábado, 30 de novembro de 2019


“Negócios do vento” no Nordeste brasileiro: caso a investigar
Heitor Scalambrini Costa
   Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

A geração de energia elétrica em larga escala, produzida a partir dos ventos, conhecida como energia eólica, tem crescido vertiginosamente no Nordeste brasileiro, o que significa ocupação crescente de grandes áreas para instalação dos aerogeradores, no bioma Caatinga, e em áreas costeiras. Em torno de 80% da capacidade instalada no país concentra-se no Nordeste.

A energia eólica é uma das fontes renováveis que apresenta mais vantagens, e menos riscos ambientais na geração de energia elétrica, desde que esta geração seja descentralizada (geração próxima do local de consumo, em menor escala de potência instalada). Mesmo assim diminui, mas não evita os efeitos colaterais sociais e ambientais provocados. Dai um grande erro de chamar qualquer fonte de energia, inclusive a eólica, a solar, de limpa.

Em todo mundo, o uso dessa fonte na geração de eletricidade tem tido um forte crescimento contribuindo ao necessário e desejável processo da transição da matriz energética mundial. Diminuindo assim, cada vez mais, a participação dos combustiveis fosseis e dos minerais radioativos nas matrizes energéticas nacionais. Questiona-se essencial a opção pela geração concentrada desta fonte energética.

No Brasil foi criado mecanismos de incetivos a promoção dessa fonte energética, dando prioridade ao modelo de grandes parques eólicos, as usinas, que produzem enormes quantidades de energia elétrica conectadas a rede de transmissão, e depois as redes de distribuição até o consumidor final . Privilegiando um modelo de expansão que provoca inúmeros problemas socioambientais.

Os principais elementos  destes mecanismos de incentivo são os contratos de longo prazo estabelecidos através de leilões (PPAs), e o finaciamento privilegiado do BNDES. Hoje existem cadeias produtivas da indústria de equipamentos da energia eólica, com fornecedores locais e empresas que se instalaram no Brasil. Constata-se que os principais protagonistas deste “negócio” são o setor financeiro, fundos de pensão, grandes investidores estrangeiros, grandes corporações, se associando a empresários nacionais, em alguns casos. Um negócio de “peixe grande”.

O que tem chamado atenção, e verificado “em campo”, é a atuação das empresas deste tipo de negócio, que tem agravado e causado sérios conflitos, principalmente pelos “modus operandi” de atuação destes empreendedores (sem generalizar).

Os contratos celebrados põem em dúvida os princípios de lisura e transparência da parte dos empreendedores. Posseiros são pressionados a assinarem os contratos e arrendamento sendo proibidos de analisarem o conteúdo de maneira independente, sempre induzidos por funcionários da empresa, acompanhados geralmente de moradores locais que sucumbiram a ofertas destas empresas. Assim, muitos trabalhadores ficam inibidos a procurarem orientações do que é proposto no contrato. Em sua grande maioria, os trabalhadores desconhecem o conteúdo dos contratos, sendo que algumas cláusulas põem em risco a autonomia dos moradores em suas terras, e no direito de uso dos seus territórios tradicionalmente ocupados

São recorrentes violações graves contra direitos dos posseiros, das populações tradicionais (agricultores familiares, quilombolas, pescadores, marisqueiras), e contra o meio ambiente. O executivo, legislativo, orgãos de fiscalização e de proteção do meio ambiente dos estados nordestinos e municípios, tem sido coniventes e omissos diante do avanço devastador dos “negócios do vento”.

Mais e mais denúncias de ameaças, violência contra posseiros, de contratos “draconianos” de arrendamento de terras, de compromissos não cumprido pelas empresas, recaem sobre estes empreendedores, que atuam nos vários Estados nordestinos,  e que tem usado e abusado do poder econômico para iludir e cooptar o poder local, regional, e lideranças comunitárias.

Lamentávelmente, fatos relatados e denunciados pelas populações atingidas não tem recebido eco junto aos orgão de Estado que deveriam, ao menos, investigar os abusos que estão sendo cometidos.

Esta é mais uma advertência sobre o que acontece com estas grandes obras, que se alastraram nos últimos anos, e estão contribuindo para o desmatamento da Caatinga, de restingas, dos resquícios da Mata Atlântica, da vegetação de brejos de altitude, …. Além de provocarem o exodo forçado das populações campesinas, assim alimentando e agravando o processo de urbanização caótica.

E as centrais solares fotovoltaica estão chegando com os mesmos problemas causados pelo “negócio dos ventos”.

Heitor scalambrini costa 

Cco:alipiocfilho@yahoo.com.br
21 de mar às 19:45
Estou encaminhando minha opinião, ainda sobre os negócios do vento. Caso considerem interessante divulgar, agradeço, cordiais saudações,heitor


CASTANHÃO ATINGE 2,94% DO SEU VOLUME TOTAL

A Cogerh chegou a colocar, ontem, no Portal Hidrológico, que o açude teria atingido o volume morto.

Acesse a matéria, na íntegra, no endereço abaixo

Honório Barbosa

14/12/2017


Para o Dnocs, o Açude atingiu o volume morto em outubro passado ( Foto: Kid Júnior )



COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Seguramente, esse colapso do Castanhão é a prova mais contundente da ausência, quase que total, na gestão dos recursos hídricos do Ceará e, como de resto, de todo o Nordeste semiárido. Para que se tenha ideia disso, essa represa tem um volume equivalente a cerca de três Baías da Guanabara - são 6,7 bilhões de m³ - os quais, se bem geridos, resolveriam os problemas de abastecimento do Baixo Jaguaribe e da Grande Fortaleza, por gerações. Mas o fato concreto é que o mau uso de suas águas, aliado a um longo e preocupante período de estiagem, resultaram nesse desastre já há bastante tempo anunciado pelos técnicos especialistas nesse setor! Só resta agora rogar aos céus, para que ocorra uma quadra chuvosa diferenciada no Ceará, com chuvas acima da média, para que a represa volte a ter sua capacidade recuperada e o cearense, a indispensável segurança no acesso às suas águas interiores.


Meus Prezados,
A partir do mês de dezembro, com a quadra chuvosa da bacia do Rio São Francisco em plena atividade, nos limitaremos a informar sobre os volumes dos postos de observação do Rio São Francisco, a recuperação gradual das represas de Três Marias, Sobradinho e Boqueirão de Cabaceiras, bem como a situação volumétrica das principais represas geradoras de energia do País.
Começaram a cair fortes chuvas na bacia do rio São Francisco. As vazões do rio começaram a subir em suas regiões do Alto e Médio curso. As represas de Três Marias e Sobradinho estão recuperando suas capacidades acumulatórias. Três Marias, por exemplo, está com uma afluência de 1198 m³/s e uma defluência de 85 m³/s, fato esse que resultou em aumento no percentual volumétrico da represa, passando de 7,78%, da semana anterior, para 10,23% na atual. Em Sobradinho a afluência subiu mais um pouco, passando de 780 m³/s da semana anterior, para 800 m³/s na atual. A defluência da represa permaneceu praticamente estável de 606 m³/s. Com isso houve um pequeno acréscimo volumétrico, passando de 2,71% da semana anterior, para 2,92%, nessa semana. Em estiagens pretéritas, a represa de Sobradinho depreciava seu percentual acumulatório em cerca de 1% a cada sete dias. Atualmente, com a proibição de retirada de água pelo agronegócio, todas as quartas-feiras, nos últimos 7 dias Sobradinho aumentou seu potencial acumulatório em cerca de  0,21%.

As capacidades dos reservatórios das regiões Centro Oeste/Sudeste vêm subindo gradativamente (20,32%-11/12/2017, dados ONS). Mas esse baixo percentual ainda existente vem preocupando o poder público, ao ponto de obrigá-lo ao acionamento das termelétricas, em socorro às hidrelétricas. Esse fato resultou no aumento das tarifas de eletricidade do usuário da energia, estando, atualmente, operando em bandeira vermelhaFrancisco de Assis Pereira, do Movimento Carta de Morrinhos, vem acompanhado a elevação do nível do Rio São Francisco no período 2017/2018 (ver gráfico abaixo).  Na Paraíba, o abastecimento de água de Campina Grande voltou à normalidade. O presidente da AESA não concordou com a interrupção da transposição para as necessárias e indispensáveis manutenções dos rasgos dos açudes de Poções e Camalaú, no Eixo Leste do projeto. Segundo ele, daria para serem feitas as manutenções dos ditos rasgos, sem haver a necessidade na interrupção dos bombeamentos. Boqueirão, atualmente, está com cerca de 9,5% seu volume total, e continua recebendo um volume, oriundo da transposição, de apenas 3,5 m³/s. O hidrogeólogo,  José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, do Movimento Carta de Morrinhos, esclarece que o volume útil da represa de Boqueirão corresponde a cerca de 1,2% de seu percentual acumulatório total atual, de cerca de 9,5%. A exploração descontrolada das águas subterrâneas em aquíferos do São Francisco (Urucuia e outros), bem como os usos indevidos das águas, têm, também, interferido nas reduções volumétricas do rio. A proibição de retirada volumétrica do São Francisco, nas quartas-feiras, continua em vigor, bem como a política de baixas defluências de Sobradinho, de cerca de 550 m³/s médios, até abril de 2018.

A seguir, são informados os volumes que estão fluindo nos postos de observações volumétricas do Velho Chico. No posto de São Romão, na semana anterior estava com 641 m³/s, na atual subiu para 1244 m³/s. No de São Francisco, que na semana anterior estava com 821 m³/s, na semana atual subiu para 1222 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa, que na semana anterior estava com 901 m³/s, na atual caiu para 875 m³/s e no posto de Morpará, que na semana anterior estava com 751 m³/s, nessa semana subiu para 1086 m³/s. A afluência volumétrica da represa de Sobradinho, que na semana anterior estava em 780 m³/s, na atual subiu para 800 m³/s. A defluência da represa ficou estável em 606 m³/s. Com isso, o percentual volumétrico de Sobradinho subiu um pouco. Na semana anterior estava com 2,71% de seu volume útil. Na atual está com 2,92%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico com cerca de menos da metade do volume registrado em igual período do ano anterior (atualmente 2,92% - ano anterior 7,43%).

Na semana (11/12), o quadro ainda instável da situação hídrica e da indefinição da manutenção no Eixo Leste da Transposição vem trazendo reflexos preocupantes ao abastecimento de Campina Grande. O abastecimento do município e de outros 18 de seu entorno voltou à normalidade, mesmo com os baixos volumes, nela afluídos, de 3,5 m³/s, e os problemas nas manutenções dos rasgos dos açudes de Poções e Camalaú e, consequentemente, de insegurança dos que habitam àquela região. Os acréscimos volumétricos da represa inexistem ou estão ocorrendo de forma muito lenta. Isso tem levado o paraibano a não acreditar mais no projeto da Transposição.

Circulei a informação em rede e a encaminhei para edição no Observa Fundaj



Aventura Selvagem em Cabaceiras - Paraíba

Rodrigo Castro, fundador da Associação Caatinga, da Asa Branca e da Aliança da Caatinga

Bioma Caatinga

Vale do Catimbau - Pernambuco

Tom da Caatinga

A Caatinga Nordestina

Rio São Francisco - Momento Brasil

O mundo da Caatinga