quarta-feira, 28 de junho de 2017


Tecnologias sociais são usadas por camponeses para superar a seca no semiárido nordestino


Convivendo com a maior seca dos últimos anos, sertanistas buscam soluções criativas

 21/12/2016


Juca Guimarães, do R7, em Esperança (PB)


Com uma das maiores estiagens dos últimos anos, os sertanistas usam tecnologias sociais para continuar na caatinga 
Juca Guimarães/R7


O sertanejo continua, acima de tudo, sendo um forte. As dificuldades enfrentadas para sobreviver em um dos biomas mais inóspitos do planeta são enormes, porém, também é grande a variedade de alternativas que os agricultores desenvolveram para garantir uma sobrevivência digna na caatinga.

Atualmente, a luta por uma relação sustentável e equilibrada com o meio ambiente nos dez estados brasileiros dentro da área da caatinga conta com o compartilhamento de tecnologias sociais, ONGs, associações de agricultores e instituições como a Fundação Banco do Brasil, que nos últimos dez anos investiu R$ 2,4 bilhões em mais de seis mil projetos que beneficiaram aproximadamente 3,3 milhões de pessoas na região.

"O nosso trabalho contribui para a união de esforços entre vários setores da sociedade para que transformações aconteçam. Destacando sempre o protagonismo das comunidades locais, a mobilização social e a integração do conhecimento popular com o conhecimento científico", diz Asclepius Ramatiz, presidente da Fundação Banco do Brasil.

As tecnologia sociais são inovações produtivas que possam ser reaplicadas (e compartilhadas) desenvolvidas e organizadas de forma coletiva para soluções de problemas relacionados a diversas áreas (alimentação, recursos hídricos, educação, renda, meio ambiente, entre outros).

Boa parte do trabalho da Fundação Banco do Brasil no auxílio de desenvolvimento das comunidades do semiárido está reunido na base de dados do aplicativo BTS (Banco de Tecnologias Sociais), gratuito para as plataformas iOS e Android. O aplicativo funciona como um grande reservatório de ideias que comprovadamente deram certo e que foram desenvolvidas por instituições de todo o pais especializadas em transformação social. No aplicativo, é possível encontrar um passo-a-passo das tecnologias sociais para que sejam reaplicadas. Atualmente, são mais de 850 tecnologias com eficácia certificada pela Fundação Banco do Brasil e prontas para serem compartilhada.

Outra organização que auxilia na propagação de técnicas para a melhoria da vida na região da caatinga é a 
ASA(Articulação Semiárido Brasileiro), rede que reúne cerca de três mil entidades, como Ongs, sindicatos rurais, associações de agricultores, pesquisadores e cooperativas, Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), entre outros.

Na prática

O agricultor Delfino da Silva Oliveira, de 23 anos, é um dos milhares de sertanistas que decidiram não abandonar a caatinga e buscaram uma maneira de conviver com as limitações impostas pelo bioma. Com o auxílio de tecnologias socias, práticas de empreendedorismo e economia solidária, a família Oliveira transformou a própria realidade.

A propriedade de Delfino tem cerca de 2,5 hectares onde se planta uma grande variedade de hortaliças, grãos, verduras, legumes e algumas frutas, na cidade de Esperança, na Serra do Borborema, no interior da Paraíba. Mesmo com o espaço pequeno, se comparado aos latifúndios da região, eles conseguem manter uma criação de vacas, galinhas, porcos, ovelhas, perus e abelhas.
Delfino, 23 anos, aplica tecnologias sociais no seu sítio Juca Guimarães/R7


Com orientação da AS-PTA, organização não-governamental para promoção do desenvolvimento rural, que existe desde 1983 na região, Delfino conseguiu aplicar  diversas tecnologias de baixo custo na propriedade que ajudam na produção e no cotiano da família formada por seis pessoas. Com o dinheiro ganho na venda do excedente da produção, o jovem agricultor comprou um carro e equipamentos para ajudar na plantação.

A propriedade tem duas cisternas, para 68 mil litros, e uma caixa reservatória para mais 1.000 litros. Essa água, recolhida nos meses de chuva, é usada para a irrigação da lavoura, cuidado dos animais e uso doméstico.

No ano passado, Delfino instalou na propriedade um biodigestor ecológico, que transforma estrume e material orgânico em gás de cozinha. Com o biodigestor, a família reduziu em 85% a despesa com gás de cozinha.

"Aos poucos a vida na roça vai ficando melhor. A cada novidade é um avanço muito grande pra gente que precisa viver da terra. Antes todos os meus amigos depois que pegavam uma certa idade iam para a cidade atrás de emprego e deixavam tudo para trás. Hoje, eu e muita gente já pensa que é melhor ficar. Imagina ter que ir para um cidade grande e ficar em um emprego que paga mal e ainda levar bronca do patrão. Eu não seria feliz vivendo assim", diz Delfino, que já faz planos de casar com a noiva Denise e investir ainda mais na propriedade da família.

Delfino vende os seus produtos na Feira Agroecológica de Esperança e é lá também que ele conversa com outros camponeses sobre a aplicação de tecnologias sociais. "Aqui em casa as pessoas viam com desconfiança no começo, mas depois viram que dava para melhorar de vida", diz.

A seca ainda aflige a vida dos moradores do sítio de Delfino, este ano por exemplo, a produção de flores ornamentais da dona Lia, mãe de Delfino, ficou abaixo do esperado por conta da falta de chuva, porém, nada comparado ao passado que era marcado pela fome e exôdo dos jovens para os grandes centros.

No sítio do Delfino, a captação de água quando chove é feita de duas maneiras. Uma cisterna recebe a água que cai no telhado da casa. A outra usa o método do calçadão, onde uma área pavimentada de aproximadamente 30 m² capta a água que, após passar por um filtro, vai para um reservatório. Com uma bomba, eles usam essa água na irrigação da plantação.

O sistema é eficaz para amenizar os efeitos da falta de chuva na região. De acordo com o engenheiro agrônomo Emanuel Dias, a Serra do Borborema, passa por uma das piores secas dos últimos anos, veja o vídeo.




Bodes e sementes.

A Fundação do Banco do Brasil também apoia as iniciativas solidárias de desenvolvimento social na caatinga da Serra do Borborema, no interior da Paraíba. Um dos projetos é Sementes da Paixão, banco de sementes que oferece dezenas de opções de sementes de boa qualidade para serem plantadas "no rastro da chuva". São matrizes de ótima qualidade que proporcionam uma colheita boa sem a necessidade de agrotóxicos.

O banco de sementes é estruturado em forma de rede e as famílias beneficiadas em um ano contribuem com sementes para que outras famílias sejam ajudadas no ano seguinte. Na Paraíba, a rede atende mais de cinco mil famílias com  mais de 200 variedades de milho, feijão, arroz, guandu, fava jerimum, entre outras sementes. Em 2014, o Sementes da Paixão tinha 230 subgrupos de colaboradores com capacidade para armazenar 300 toneladas de sementes de excelente qualidade produzindo alimentos sem transgênicos para subsistência e geração de renda.

Nos municípios de Queimadas e Remigio, no agreste paraibano, a Fundação Banco do Brasil apoia o projeto "Guardiãs e Guardiões das Raças Nativas" que doa cabras e bodes para adolescentes começarem uma criação e uma fonte de renda pessoal. Não existe custo para o jovem. A contrapartida é a devolução para o programa da primeira cria fêmea, que será doada para um outro adolescente, numa espécie de fundo rotativo solidário. Cada animal criado livre pode chegar a 30 quilos, gerando até R$ 600 de lucro com a comercialização da carne. O custo de manutenção dos bodes é muito baixo e os jovens podem cuidar da própria criação enquanto ajudam os pais nas atividades rurais.

Duas vezes por mês, os jovens e adolescentes do programa se reunem com um coordenador para participar de rodas de bate-papo sobre economia solidária e cidadania. "É um jeito de conscientizar o jovem sobre a importância de continuar no campo e aprender a ganhar o próprio dinheiro. Alguns garotos já têm rebanhos com seis animais", disse Edilânia, coordenadora de um dos grupos. Além de participar das reuniões, os jovens do programa devem comprovar que estão estudando. A idade mínima para se inscrever é nove anos.

Rendeira do Facebook.

A internet e as redes sociais também são ferramentas poderosas para garantir a permanência do sertanejo na caatinga. Pela internet é possível otimizar os negócios de pequenos artesãos. Despachando as encomendas pelos Correios, é possível fazer negócios com todos  os cantos do país.

"Tenho uma página no Facebook onde faço contato com os clientes e divulgo o meu trabalho", disse a artesão Marlene Leopoldino. Ela mora na cidade de Monteiro, no sertão da Paraíba, fez um curso de gestão de negócios no Sebrae.

Outra vantagem da venda pela internet é a eliminação da figura do intermediário. "As gerações de rendeiras que vieram antes de mim tinham um lucro muito pequeno, quase nadinha. O povo vinha aqui comprava barato e revendia caro na capital. A gente mesmo nem via o cheiro do dinheiro", afirma Marlene. Confira 
aqui o perfil e os trabalhos da artesã.

Em São Paulo.

A importância da valorização dos pequenos produtores que, por sua vez, têm uma relação diferenciada com a região em que vivem e os meios de produção, ganhou bastante destaque nos últimos anos. Os consumidores estão mais interessados e engajados com a origem e história dos alimentos.

"No meu processo evolutivo, percebi que o fundamento daquela relação começava com o ingrediente e que não dava para entender o ingrediente sem entender o seu entorno, a natureza. Sem esquecer que a natureza tem entre seus componentes um elemento que muitas vezes é deixado de lado: o Homem", diz o chef de cozinha Alex Atala, co-fundador do instituto ATÁ, que apoio projetos ligados a biodiversidade, agroecologia e sociodiversidade, como os desenvolvidos na Serra do Borborema, no interior da Paraíba.

Na cidade de São Paulo, os produtos das redes de projetos ecologócios como o Central do Cerrado (GO e DF), Ecovida (RS), IRPA (BA), Rede Terra (GO), Poloprobio (PA), com uma grande variedade de sabores exóticos da sociodiversidade brasileira são vendidos em quiosques especializados no Mercado de Pinheiros, na zona Oeste.

COMENTÁRIOS

João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Um trabalho importantíssimo, esse, de se implantar tecnologias de convivência no ambiente Semiárido. Faria, apenas, uma observação no tocante ao plantio, na região, de culturas de subsistência em regime de sequeiro (dependentes única e exclusivamente das chuvas). No Polígono das secas, o clima é muito instável, o que torna difícil a condução, com a segurança devida, de plantios de milho e feijão, principalmente. O recomendável para esse tipo de situação climática seria a existência, nas propriedades, de fontes hídricas seguras e capazes de proporcionar, ao sitiante, volumes de água suficientes para a irrigação de salvação nas referidas lavouras. Em caso contrário, não seria prudente expor a vida e o trabalho do agricultor à situações vexatórias. A condução das tecnologias de convivência, já postas no campo, e devidamente comprovadas pela pesquisa, dão provas dessa nova realidade sertaneja.   

Postado há 3 days ago por João Suassuna
Meus Prezados,

As chuvas agora começaram a cair com mais intensidade nas regiões do Alto e Médio São Francisco. A prova disso é a de que, no intervalo de uma semana, as vazões do rio praticamente dobraram nos postos de observação de Morpará e São Francisco. Daqui para frente, iremos manter a nossa atenção voltada para a recuperação da represa de sobradinho e também nas suas defluências, já que havia decisão das autoridades responsáveis pelo setor, em diminuí-las para cerca de 700 m³/s.

As chuvas já começaram a ocorrer, principalmente na região do Alto São Francisco, embora pontuais, mas já com bastante intensidade. Essas precipitações resultaram em aumento volumétrico significativo nos postos de observação de Morpará e São Francisco, passando de 460 m³/s e 403 m³/s, da semana anterior, para 796 m³/s e 737 m³/s, nesta semana. As vazões no posto de observação de São Francisco continuam menores do que as de São Romão. Como as águas do São Francisco levam cerca de 30 dias para percorrerem a região do Alto até chegarem em Sobradinho, a sua afluência volumétrica se manteve estável, atualmente em cerca de 510 m³/s. Na semana anterior estava em 490 m³/s. Em Sobradinho, o percentual volumétrico caiu mais um pouco, passando de 6,67% para 6,01% de seu volume útil. A barragem, hoje, ainda continua com seu percentual volumétrico um pouco melhor do que aquele verificado em igual período do ano anterior (atualmente 6,01% - ano anterior 2,24%).

Com o aumento da intensidade das precipitações nas regiões do Alto e Médio São Francisco e com o atual no cenário das precipitações ocorridas durante essa semana em curso, iremos começar a descrever e analisar o comportamento dos fluxos de vazões no decorrer da quadra chuvosa de bacia do Rio São Francisco, nas novas situações meteorológicas apresentadas, sempre atentos aos esclarecimentos hidrogeológicosde José do Patrocínio Tomaz Albuquerque.

Com a mudança do tempo nesse início de primavera, na região do Alto São Francisco, com a ocorrência de chuvas de maior intensidade, é importante observar, tanto a regularidade na caída, como, também, os volumes precipitados. Na atual semana, por exemplo, houve boas previsões, conforme informado por Pereira Bode Velho, no quadro abaixo. Segundo Gomes, na região de Montes Claros no Norte de Minas, por exemplo, que tem uma precipitação média no mês de novembro, de 197,8 mm, o acumulado do mês já ultrapassa os 55,4 mm.

Na semana (18/11), as vazões do São Francisco praticamente dobraram nos postos de observação de São Romão e São Francisco - 796 m³/s e 737 m³/s - quando comparadas àquelas da semana anterior – 460 m³/s e 403 m³/s -, respectivamente. As vazões no posto de observação de São Francisco continuam menores do que as do posto de São Romão (737 m³/s - 796 m³/s, respectivamente). Houve um discreto acréscimo na vazão afluente em Sobradinho. Atualmente está em 510 m³/s. Na semana anterior ela estava em 490 m³/s. Detalhe: Essa vazão afluente, em Sobradinho (510 m³/s), ainda é um pouco mais da metade do que aquela verificada na defluência da represa, atualmente em cerca de 827 m³/s. Dessa forma, a represa continuará depreciando. Preocupadas com esse fato, as autoridades responsáveis pelo setor hidrelétrico comunicaram da necessidade de reduzirem a vazão defluente, em Sobradinho, para o patamar de 700m³/s. Essa perspectiva na redução da defluência da represa aumentará os problemas da progressão da cunha salina na foz do rio, fato esse que vem dando certos transtornos no abastecimento do município alagoano de Piaçabuçu, que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidos com as águas do Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km de sua foz. Esses descompassos nas afluências e defluências, tanto em Sobradinho, como em Três Marias, irão resultar na rápida depleção dessas represas, cujas necessidades em defluir mais volumes, somadas ao consumo excessivo das águas subterrâneas nos principais aquíferos da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, à morte de nascentes, à elevada evaporação existente em seus espelhos d´água (a evaporação no espelho d´água em Sobradinho, nessa época do ano, ultrapassa os 200 m³/s) e o uso da água na irrigação, são as principais causas dessas depreciações.

A esperança de todos é na continuidade das fortes chuvas que já começaram a cair nas regiões do Alto e Médio São Francisco. No entanto, ficaremos atentos, também, para a questão da defluência de Sobradinho, atualmente em cerca de 827 m³/s,  pois havia uma determinação das autoridades do setor, para a sua redução à patamares de cerca de 700 m³/s, conforme recentemente divulgada na mídia.

quarta-feira, 21 de junho de 2017


MANTIDA A PERSPECTIVA DE CHUVAS ABAIXO DA MÉDIA PARA O NORDESTE DO BRASIL

20/12/2016



 Destaques

·         Previsão de Consenso

MANTIDA A PERSPECTIVA DE CHUVAS ABAIXO DA MÉDIA PARA O NORDESTE DO BRASIL

A previsão climática por consenso para o trimestre JFM/2017 aponta maior probabilidade do total trimestral de chuva ocorrer na categoria dentro da normal climatológica para o norte da Região Norte, com a segunda maior probabilidade abaixo da faixa normal climatológica, com a seguinte distribuição: 25%, 40% e 35% para as categorias acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica, respectivamente. Para o norte da Região Nordeste, a maioria dos indicadores climáticos globais e dos modelos indicou maior probabilidade das chuvas se situarem na categoria abaixo da faixa normal climatológica, com distribuição de probabilidade: 20%, 35% e 45% para as categorias acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica, respectivamente. Na Região Sul, a despeito da grande incerteza no tocante à previsão climática sazonal para o trimestre JFM/2017, em função, principalmente, das previsões de estabelecimento de uma fraca condição de La Niña, a previsão por consenso indicou a faixa normal como a mais provável, com a seguinte distribuição de probabilidade: 30%, 45% e 25% para as categorias acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica, respectivamente. As demais áreas do País (área cinza do mapa) apresentam baixa previsibilidade climática sazonal. 


 
COMENTÁRIOS

João Suassuna - Pesquisador da Fundação Joaquim nabuco

Essas chuvas de fim de ano, em todo Nordeste, foram bem vindas, mas não podem, e nem devem ser encaradas, como a salvação de uma situação muito crítica de seca, pela qual o Semiárido padece. Em fevereiro de 2004 escrevi um texto intitulado "As armadilhas do clima", no qual alerto para essas ocorrências de fortes chuvas, que deixam o nordestino animado, mas que os inexpressivos volumes caídos à posteriori vêm a frustrar as expectativas de todos! Portanto, é importante um alerta para os percentuais abaixo da média (cor laranja) do mapa acima, resultado das análises e previsões feitas pelos técnicos do INPE/Cptec, do comportamento de La Niña, no presente momento, apresentando baixa intensidade e, como se isso não bastasse, caráter passageiro. Infelizmente, esses são ditames da Natureza, contra os quais não há o que se fazer. Apenas ficaremos na torcida para que essa "menina trelosa" passe a ser mais ativa e duradoura, para, aí sim, termos chuvas em volumes mais expressivos, a fim de livrar, em definitivo, o nosso sofrido Nordeste dessa dolorosa situação em que se encontra. Particularmente, estou de dedos cruzados.

 
Postado há 5 days ago por João Suassuna

Crise causada por erro de gestão hídrica

Ao longo dos anos, gestores não direcionaram ações concretas para reverter o quadro.
Por: Folha de Pernambuco  em 25/12/16 às 07H48,atualizado em 24/12/16 às 16H46lus


O colapso de água vivenciado pelas prefeituras é visto como um erro de gestão hídrica, por especialistas. A avaliação é a de que as chuvas ocorridas na última semana no Agreste pernambucano podem ser encaradas como um engodo (armadilha) e a situação ainda continuará bastante grave, por muito tempo. Pesquisador da fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e especialista em Convivência com o Semiárido, o engenheiro agrônomo João Suassuna avalia que a crise hídrica dos municípios está diretamente relacionada à falta de eficiência do poder público. Segundo ele, ao longo dos anos, os gestores não direcionaram ações concretas para reverter o grave quadro.

“Não estão observando o limite de uso das águas dos aquíferos nordestinos. Nós estamos no quinto anos de secas consecutivas. Os principais açudes do Semiárido secaram ou estão com níveis críticos, por falta de planejamento nas retiradas de suas águas. Se os volumes de regularização de uma represa não estão sendo manejados de forma correta, ela vem a secar. O que houve no Semiárido nordestino, para o problema chegar nesse grau de gravidade, foi o uso exacerbado dos volumas das represas, em quantidades bem acima do recomendável no processo de regularização delas. Isso está sendo uma constante no Nordeste e precisa ser evitado”, critica o professor.


Na sua avaliação, o pior, diante do colapso e da falta de gerenciamento, é a ausência de um plano alternativo de curto prazo. “Não estou vendo movimentação, por parte das autoridades, para propor saídas claras de onde buscar água. Não há plano B para o abastecimento do povo. A origem dessas águas duvidosas, que estão sendo transportadas e distribuídas para a população por frotas de caminhões pipas, tem que ser questionada. É provável que a gente comece a ter problemas de saúde pública na região. Se não forem resolvidas essas questões, podemos ter uma situação de caos”, alerta.


Numa crítica mais contundente, o especialista condena a construção de obras “faraônicas“ que, a seu ver, a população não terá acesso. “Usar a água do São Francisco para fins de abastecimento nunca foi proibido. A saída para Pernambuco seria utilizar mais as águas do São Francisco por intermédio de adução (uso de tubulações) e não de canais faraônicos”, defende o engenheiro agrônomo.

COMENTÁRIOS

Roberto Malvezzi (Gogó) – Membro da CPT – Bahia
 
João, assinamos embaixo. Priorizar a irrigação, nessa região, é suicídio hídrico.

Gogó
 
Sobre o assunto

Falta água para a lavoura, os animais e até para as pessoas na Paraíba

 
As armadilhas do clima


Postado há 16 hours ago por João Suassuna

terça-feira, 20 de junho de 2017


Transposição, a hora da verdade, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)

Roberto Malvezzi (Gogó)

 Há uma certa euforia a respeito da reta final da Transposição de águas do São Francisco para o chamado Nordeste Setentrional. Elio Gaspari, na Folha de São Paulo, disse que a “Transposição de Lula é um sucesso”. É compreensível também a euforia da população receptora. Nós aqui, que somos obrigados a olhar a floresta e não só a árvore, mantemos nosso olhar crítico sobre essa obra.

 Em primeiro, a água ainda não transpôs o divisor e não chegou aos estados do Setentrional, mas permanece nas barragens do Pernambuco. Houve vazamento na barragem de Sertânia e o município foi obrigado a remover 60 famílias atingidas pelo vazamento. Houve morte de pequenos animais e destruição de bens familiares.

Segundo, permanecem as encruzilhadas da obra que sempre chamamos a atenção: essa água transposta será para o povo necessitado dos estados receptores ou para o agro-hidronegócio e indústria? Dilma já disse que para cada real posto nos grandes canais, serão necessários dois reais para fazer as adutoras que, de fato, levarão a água aos municípios.

Essa é a primeira diferença entre o projeto de várias adutoras – que defendíamos – e a mega obra da Transposição. Se a opção fosse pelas primeiras, a água já teria ido direto – por tubulação simples - para os serviços municipais de água e estariam dispensados os grandes canais. A opção foi pela grande obra. Talvez hoje, depois da Lava-Jato, fique mais claro o porquê.

Acontece que o cenário político mudou. Se Lula-Dilma tinham interesse em fazer as adutoras a partir dos grandes canais, o atual governo pretende criar o maior mercado de águas do mundo, privatizar as águas da Transposição – que significa também privatizar a água de chuva já acumulada nos reservatórios do Setentrional – e não demonstra interesse algum em fazer sua distribuição.
 
Por último, a revitalização do São Francisco. Lula-Dilma diziam que iriam fazer a revitalização do São Francisco simultaneamente à grande obra da Transposição. O único investimento que deu resultado foi o saneamento, embora ainda inconcluso e desperdiçando obras iniciadas como as estações de tratamento de Pilão Arcado e as adutoras em Remanso. Aqui em Juazeiro o saneamento avançou.

 Essa iniciativa é positiva, mas insuficiente. Sem atacar as causas de destruição do São Francisco, que abrange toda sua bacia, mas principalmente a devastação do Cerrado, não haverá São Francisco em breve tempo.

Hoje, o São Francisco está com uma vazão de 750 m3/s, quando nos garantiam que a partir de Sobradinho sempre seria de 1800 m3/s.. Portanto, hoje o volume de água é 1/3 do que os técnicos previam para garantir a água da Transposição.

Sobradinho – a caixa d’água que garante o fluxo abaixo - está com 11% de sua capacidade. O período chuvoso está terminando e todos os usos na bacia, a não ser por um milagre da natureza, estarão comprometidos.

Hoje o mar avança de 30 a 50 km São Francisco adentro, salgando as águas que abastecem a população ribeirinha de Sergipe e Alagoas. Se continuar nesse ritmo, em breve comprometerá a adutora que abastece Aracaju. O rio perdeu força, o mar avança.

O que tem salvado a população nordestina nesses 6 anos de seca foi a malha de pequenas obras hídricas, como as cisternas. Com essas tecnologias e outras políticas sociais vencemos a fome, a sede, a miséria, a migração, os saques e a mortalidade infantil. O IDH subiu em toda a região e o crescimento foi visível em relação a outras regiões do Brasil. Logo, não foi a grande obra. O paradigma da convivência com o Semiárido mostrou-se eficaz, enquanto o paradigma do combate à seca só encheu as burras dos coronéis.

Portanto, olhando a árvore o sucesso da Transposição está garantido, olhando a floresta os problemas continuam e se acumulam.

OBS: A intenção de Temer e Alckmin de tirar uma lasquinha na inauguração da Transposição excede todo ridículo.

Roberto Malvezzi (Gogó) é membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) - BA

www.robertomalvezzi.com.br

Sobre o assunto.

Temer e a transposição do São Francisco


Situação volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 03/03/2017

 

Estamos iniciando uma atividade semanal de informação, aos interessados, dos estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco. No caso específico da região do Submédio São Francisco - local onde é gerada a maior parte da energia elétrica do Nordeste - os reservatórios, principalmente o de Sobradinho, acumulam água no período de novembro a abril, para disponibilizarem os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico, no período de maio a outubro. Estamos no dia 03/03/2017, portanto, em período no qual os reservatórios estão numa fase de acumulação volumétrica. Acompanhem a evolução desse processo, nos endereços abaixo, clicando no canal “Bacia do Rio São Francisco”.

03/03/2017
Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            02/03                    262              193           32,73           45,00
Sobradinho            02/03                    910              719           12,97           31,10
Itaparica                 02/03                    660              790           23,08           44,20
Xingó*                    02/03                    802              730                -                   -


* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água
24/02/2017
Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            23/02                    153              153           32,46           48,00
Sobradinho            23/02                  1.500              722           11,75           29,60
Itaparica                 23/02                    660              678           23,08           46,60
Xingó*                    23/02                    578              719                -                   -


* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água
Font0e: Chesf


Fonte: ANA


Sobre o assunto

Vazão no São Francisco será reduzida no início de janeiro


Ibama emite nota técnica e atesta prejuízos para o São Francisco com vazão reduzida


COMENTÁRIOS

João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Segue relato da lenta recuperação da represa de Sobradinho. As chuvas continuam caindo com baixa intensidade em todo Alto e médio São Francisco. Os bombeamentos da transposição continuam, é já começam a fazer parte das análises de vazões do rio e da lenta recuperação de Sobradinho

A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco encontra-se em pleno período das águas, embora, nessa semana, as chuvas tenham continuado a cair com baixa intensidade, principalmente nas regiões do Alto e Médio São Francisco. Com essas instabilidades na caída das chuvas, as vazões do Velho Chico, ao longo de sua bacia hidrográfica, deram uma caída acentuada, principalmente nos seus postos de observações volumétricas. Pereira Bode Velho vem observando, também, diferenças significativas (gráfico abaixo) nos volumes do rio, compreendidos entre a defluência de Sobradinho e a afluência de Itaparica. Com isso, há indícios de usos excessivos das águas do São Francisco, principalmente na irrigação praticada na região do Vale, também se destacando a retirada de boa parcela volumétrica pelos bombeamentos do projeto da Transposição. Continua o alerta para a necessidade da caída de mais chuvas na bacia do rio, para a pronta recuperação das represas de Três Marias e Sobradinho. A diminuição volumétrica do rio resultou, nesse início do mês de março, no seguinte cenário hidrológico: um discreto aumento na vazão do posto de observação de São Romão, passando de 473 m³/s, da semana anterior, para 713 m³/s, nessa semana. Diminuição nos demais postos: o de São Francisco passou de 620 m³/s, da semana anterior, para 517 m³/s, nessa semana. O de Bom Jesus da Lapa de 1.310 m³/s, da semana passada, para 681 m³/s nessa semana e o de Morpará que estava com 1.619 m³/s, na semana passada, passou para 846 m³/s, nessa semana (ver sequência dos volumes abaixo). A afluência volumétrica na represa de Sobradinho diminuiu nessa semana, estando em cerca de 910 m³/s.

Na semana anterior estava na casa dos 1.500 m³/s. O percentual volumétrico de Sobradinho ficou praticamente estável. Na semana anterior estava em 11,75% de seu volume útil. Na atual está com 12,97%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico menor do que aquele verificado em igual período do ano anterior (atualmente 12,97% - ano anterior 31,10%).

Na semana (03/03), foram iniciadas averiguações nas diferenças volumétricas existentes entra a defluência de Sobradinho e a afluência de Itaparica, conforme gráfico explicativo mostrado por Pereira Bode Velho, abaixo. É digno de nota, nessa diferença, o estabelecimento de provável situação de caos na represa de Sobradinho, até o final do ano em curso, caso as chuvas continuem caindo abaixo da média e, agora, com a participação efetiva desse novo “consumidor” (bombeamento da transposição) no balanço hídrico local. É importante observar, também, que a continuidade nas baixas defluências de Sobradinho (719 m³/s) vem agravando o quadro da progressão da cunha salina na foz do rio, fato esse que tem dando certos transtornos no abastecimento do município alagoano de Piaçabuçu, que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidas com as águas do Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km de sua foz.

Daqui para frente, a esperança de todos é na ocorrência de volumes de chuvas expressivos, em toda bacia hidrográfica do Velho Chico. Além do mais, continuaremos atentos para a questão das defluências de Sobradinho (719 m³/s) e, agora, de Três Marias (193 m³/s), pois houve determinação das autoridades do setor, para essas defluências ficarem estabelecidas à patamares de cerca de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente, conforme divulgada na mídia e atualmente praticada.

Abaixo, as informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob a responsabilidade da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes afluentes na represa de Sobradinho, nos próximos dias:

Dia 03/03: São Romão – 713 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 681 m³/s e Morpará – 846 m³/s.

Dia 24/02: São Romão – 473 m³/s; São Francisco – 620 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.310 m³/s e Morpará – 1.619 m³/s.

Dia 17/02: São Romão – 1.020 m³/s; São Francisco – 1.518 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.909 m³/s e Morpará – 1.418 m³/s.

Dia 10/02: São Romão – 1.191 m³/s; São Francisco – 1.375 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 571 m³/s e Morpará – 672 m³/s.

Dia 03/02: São Romão – 384 m³/s; São Francisco – 417 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 706 m³/s e Morpará – 903 m³/s.

Dia 27/01: São Romão – 528 m³/s; São Francisco – 675 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1,201 m³/s e Morpará – 1.429 m³/s.

Dia 20/01: São Romão – 1.336 m³/s; São Francisco – 1.706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 564 m³/s e Morpará – 616 m³/s.

Dia 13/01: São Romão – 427 m³/s; São Francisco – 394 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 593 m³/s e Morpará – 685 m³/s.

Dia 06/01: São Romão – 485 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 704 m³/s e Morpará – 798 m³/s.

Dia 30/12: São Romão – 603 m³/s; São Francisco – 706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.358 m³/s e Morpará – 1.950 m³/s.

Dia 23/12: São Romão – 1.402 m³/s; São Francisco – 1.892 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 2.820 m³/s e Morpará – 2.069 m³/s.

Dia 16/12: São Romão – 1.298 m³/s; São Francisco – 1.518 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.121 m³/s e Morpará – 1.158 m³/s.

Dia 09/12: São Romão – 860 m³/s; São Francisco – 962 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.147 m³/s e Morpará – 1.453 m³/s.

Dia 02/12: São Romão – 1.110 m³/s; São Francisco – 1.427 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.577 m³/s e Morpará – 1.467 m³/s.

Dia 25/11: São Romão – 1.098 m³/s; São Francisco – 1.401 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.379 m³/s e Morpará – 1.063 m³/s.

Dia 18/11: São Romão - 796 m³/s; São Francisco - 737 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 512 m³/s e Morpará - 616 m³/s.

Dia 11/11: São Romão - 460 m³/s; São Francisco - 403 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 609 m³/s e Morpará - 660 m³/s.

Dia 04/11: São Romão - 571 m³/s; São Francisco - 575 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 632 m³/s e Morpará - 644 m³/s.

Dia 28/10: São Romão - 571 m³/s; São Francisco - 546 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 616 m³/s e Morpará - 664 m³/s.

Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de junho a outubro de 2016.

Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de fevereiro a maio de 2016.

 

 

 

Gráfico atualizado até final de fevereiro. Nessa diferença volumétrica, está havendo certa influência das águas bombeadas para o projeto da Transposição. Esse novo “consumidor” já faz parte do balanço hídrico regional.

Fonte: Movimento da Carta de Morrinhos – Pereira Bode Velho– 03/2017

 


Previsão de chuvas a partir de 26 de março.

Fonte: Movimento da Carta de Morrinhos – Pereira Bode Velho– 03/2017

Postado há 3 days ago por João Suassuna


Mar 3 em 11:54 AM

Meus Prezados,

Segue relato da lenta recuperação da represa de Sobradinho. As chuvas continuam caindo com baixa intensidade em todo Alto e médio São Francisco. Os bombeamentos da transposição continuam, é já começam a fazer parte das análises de vazões do rio e da lenta recuperação de Sobradinho.

A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco encontra-se em pleno período das águas, embora, nessa semana, as chuvas tenham continuado a cair com baixa intensidade, principalmente nas regiões do Alto e Médio São Francisco. Com essas instabilidades na caída das chuvas, as vazões do Velho Chico, ao longo de sua bacia hidrográfica, deram uma caída acentuada, principalmente nos seus postos de observações volumétricas. Pereira Bode Velho vem observando, também, diferenças significativas (gráfico abaixo) nos volumes do rio, compreendidos entre a defluência de Sobradinho e a afluência de Itaparica. Com isso, há indícios de usos excessivos das águas do São Francisco, principalmente na irrigação praticada na região do Vale, também se destacando a retirada de boa parcela volumétrica pelos bombeamentos do projeto da Transposição. Continua o alerta para a necessidade da caída de mais chuvas na bacia do rio, para a pronta recuperação das represas de Três Marias e Sobradinho. A diminuição volumétrica do rio resultou, nesse início do mês de março, no seguinte cenário hidrológico: um discreto aumento na vazão do posto de observação de São Romão, passando de 473 m³/s, da semana anterior, para 713 m³/s, nessa semana. Diminuição nos demais postos: o de São Francisco passou de 620 m³/s, da semana anterior, para 517 m³/s, nessa semana. O de Bom Jesus da Lapa de 1.310 m³/s, da semana passada, para 681 m³/s nessa semana e o de Morpará que estava com 1.619 m³/s, na semana passada, passou para 846 m³/s, nessa semana (ver sequência dos volumes abaixo). A afluência volumétrica na represa de Sobradinho diminuiu nessa semana, estando em cerca de 910 m³/s. Na semana anterior estava na casa dos 1.500 m³/s. O percentual volumétrico de Sobradinho ficou praticamente estável. Na semana anterior estava em 11,75% de seu volume útil. Na atual está com 12,97%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico menor do que aquele verificado em igual período do ano anterior (atualmente 12,97% - ano anterior 31,10%).

Na semana (03/03), foram iniciadas averiguações nas diferenças volumétricas existentes entra a defluência de Sobradinho e a afluência de Itaparica, conforme gráfico explicativo mostrado por Pereira Bode Velho, abaixo. É digno de nota, nessa diferença, o estabelecimento de provável situação de caos na represa de Sobradinho, até o final do ano em curso, caso as chuvas continuem caindo abaixo da média e, agora, com a participação efetiva desse novo “consumidor” (bombeamento da transposição) no balanço hídrico local. É importante observar, também, que a continuidade nas baixas defluências de Sobradinho (719 m³/s) vem agravando o quadro da progressão da cunha salina na foz do rio, fato esse que tem dando certos transtornos no abastecimento do município alagoano dePiaçabuçu, que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidas com as águas do Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km de sua foz.

Daqui para frente, a esperança de todos é na ocorrência de volumes de chuvas expressivos, em toda bacia hidrográfica do Velho Chico. Além do mais, continuaremos atentos para a questão das defluências de Sobradinho (719 m³/s) e, agora, de Três Marias (193 m³/s), pois houve determinação das autoridades do setor, para essas defluências ficarem estabelecidas à patamares de cerca de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente, conforme divulgada na mídia e atualmente praticada.

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