terça-feira, 31 de julho de 2012


Caminhos reais para produzir sem devastar



By admin23 de julho de 2012

No rescaldo da Rio+20, surgem soluções como as unidades de produção agroecológica intensiva, de Ignacy Sachs, que poderiam eliminar pressão da pecuária sobre Amazônia. Falta, ainda, decisão política para adotá-las

Por João Peres e Virgínia Toledo, na Rede Brasil Atual

[Título original: "Soluções simples de problemas complexos"]

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apresentou na Rio+20 um reforço daquilo que muitos ruralistas brasileiros se recusam a ouvir: pôr em risco os fundamentos ecológicos básicos, como a terra e a água, inviabiliza o seu próprio modelo de negócio. O documento reitera a visão de que o atual sistema de produção agrícola, calcado em uso massivo de agrotóxicos e em desmatamento, ultrapassou os limites da insegurança alimentar: continuar nesse trajeto seria suicida.

Cientista-chefe do Pnuma, Joseph Alcamo afirma que a resposta está nos pequenos produtores, que, incentivados, fazem girar a economia local. “A agricultura convencional gasta quantidades crescentes de agrotóxicos. Temos uma produção que resulta em contaminação da água e esgotamento do solo. A agricultura orgânica usa os fertilizantes de forma mais racional e respeitosa ao ambiente. Se os governos estimulam os pequenos produtores, ampliam e fortalecem a economia local.”

Outras sugestões são a redução dos subsídios estatais para a pesca predatória e a redução do consumo de carne nas nações desenvolvidas – um quilo de carne bovina demanda até 16 mil litros de água, ante menos de 200 litros necessários para produzir um quilo de batatas. O relatório do Pnuma reforça ainda que boa parte das soluções para chegar ao desenvolvimento sustentável é bastante simples.

Enquanto mais de 1 bilhão passam fome no mundo, um terço da comida produzida para consumo humano é desperdiçada, somando 1,3 bilhão de toneladas por ano. A construção de sistemas de armazenamento locais e a redução no consumo de alimentos importados seriam suficientes para dar fim a esse problema.

Já com a Rio+20 finalizada, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano, comemorou os resultados. “Conseguimos incluir erradicação da pobreza e reconhecimento do direito a alimentação, que está entre os direitos básicos da cidadania”, destacou. Ele reconheceu que não houve acordo sobre o que é sustentabilidade nem o que é economia verde. Todos os presentes à conferência sabiam, porém, o que é “futuro é verde”.

Outra solução básica para a segurança alimentar é fornecida pelo pesquisador Ignacy Sachs, professor da Escola de Altos Estudos de Paris. De acordo com trabalho feito por Sachs e publicado pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, deve-se limitar o impacto devastador da pecuária extensiva sobre florestas, aprendendo a criar gado de modo integrado com a agricultura familiar de pequena escala e promovendo a substituição do consumo de carne pelo de peixes provenientes da piscicultura. Regiões como a Amazônia e o Pantanal Mato-Grossense, além da costa atlântica, têm tudo de oportuno para receber a piscicultura.

Segundo seus cálculos, com a combinação de piscicultura, horticultura e arboricultura, um lago em uma área de 1.000 metros quadrados, produzindo 10 toneladas de peixes por ano, dá conta do consumo anual de 200 habitantes; um dique de 800 metros quadrados e uma superfície adicional de 1.200 metros quadrados para horta satisfaz a necessidade anual de 200 habitantes, somados a uma área de 2 mil metros quadrados para a conservação de árvores. Em meio hectare, portanto, seriam alimentadas 200 pessoas. Ainda segundo os cálculos de Sachs, se fosse possível criar por todo o Brasil um arquipélago de 1 milhão de unidades desse tipo, estaria assegurada a alimentação dos quase 200 milhões de brasileiros, com a criação de 2,5 milhões a 5 milhões de empregos. Além de evitar o desmatamento para abertura de novas áreas para agricultura.

Há exemplos de soluções simples em todas as áreas. Trocar lâmpadas incandescentes por econômicas pouparia 5% do consumo anual de eletricidade, evitando um gasto de US$ 110 bilhões, o equivalente a 250 grandes usinas movidas a carvão. Adotar carros movidos a energia elétrica e incentivar a produção local de energias eólica e solar são outros caminhos para conter o aumento da temperatura da Terra.

Porém isso não basta. “Acreditar que o aumento de eficiência vá dar conta do problema é uma aberração”, diz o professor Ricardo Abramovay, da Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis da USP. Para evitar um aumento da temperatura superior a 2 ºC até o fim do século, Abramovay calcula que as emissões anuais desses gases deveriam cair a 2 toneladas por pessoa nas próximas décadas – hoje são 7.

O problema é que surge uma nova forma de desigualdade que vai muito além da questão financeira e social: enquanto um americano emite, em média, 20 toneladas ao ano de gases de efeito estufa, um indiano é responsável por 2. A humanidade precisa chegar ao consenso de que o correto é permitir que a base da pirâmide continue crescendo, ao passo que os mais ricos deveriam abrir mão de parte de seu consumo. “Precisamos discutir não como a máquina do sistema econômico vai continuar girando, mas para que ela vai continuar girando. Essa lógica é inaceitável em um mundo de 7 bilhões de habitantes. Temos de fazer a pergunta elementar: para que isso serve? Que bens, que serviços reais estão sendo proporcionados à vida real?”

O valor do trabalho


Para o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, é o momento de colocar à mesa outra indagação: por que trabalhamos? A constatação é que a promessa de que em um mundo desenvolvido gastaríamos menos horas na labuta e teríamos mais direito ao lazer e ao livre pensar não se cumpriu. Ao contrário, até mesmo os instrumentos tecnológicos que deveriam tornar mais simples e rápido o trabalho serviram para aumentar o tempo conectado a ele – e, portanto, a um sistema de empresas que enriquece às custas do esforço da humanidade. “Hoje, o trabalhador é visto como custo de produção e como consumidor. Mas sabemos todos que o trabalho é fonte de dignidade social. É também estabilidade para a família”, disse, cobrando que a definição dos ODS leve em conta o trabalho decente como um parâmetro.

“Todo o processo de transição para uma economia mais verde levará a mudanças nos padrões de produção e consumo. Criará grandes oportunidades de trabalho e modificará vários setores, com potencial de melhorar a qualidade do trabalho.” São 60 milhões de oportunidades diretas em duas décadas, segundo estudo da OIT e do Pnuma. Agricultura, pesca, energia, indústria manufatureira, reciclagem, construção e transporte são áreas capazes de concentrar novos postos de trabalho.

Para Somavia, os trabalhadores saíram vencedores da Rio+20. O documento final lhes dedica um capítulo inteiro e afirma que o crescente desemprego, acompanhado da eliminação de direitos, representa uma séria preocupação – uma mensagem sugestiva à ausente Merkel. Além disso, o texto pede a criação de pisos de proteção social, proposta da Central Única dos Trabalhadores e da Central Sindical Internacional. “Melhorar a condição do trabalhador tem tudo a ver com o novo modelo de crescimento, requer combater o trabalho escravo e o trabalho infantil e reduzir a jornada”, afirma o presidente da CUT, Artur Henrique. “É preciso garantir que o trabalhador tenha lazer, mobilidade urbana e acesso a cultura e arte.”

Somavia enfatizou a opção dos países emergentes por levar em conta o piso de proteção social, garantindo a seus cidadãos o acesso a condições básicas de saúde e sobrevivência. “Devemos todos agora dar opiniões para implementar e aplicar o que propusemos, com conceitos criativos que possam constituir a solução desse problema.”

O Brasil foi citado como exemplo de que proteção social, acrescida de proteção ambiental, pode viabilizar e fortalecer um processo econômico. “A inclusão de programas sustentáveis nos planos do Brasil mostra que é preciso que a proteção social seja adaptada aos contextos locais”, afirmou a diretora da Divisão de Política da ONU Mulheres, a indiana Saraswathi Menon.

Falta de ambição


Por parte das organizações não governamentais, a palavra “ambição” foi dita, no mínimo, milhares de vezes, sempre adicionada à expressão “falta de”.
Diferentemente da Eco-92, a Rio+20 teve entre os protagonistas as representações da sociedade civil que, em grande número também na conferência oficial, pressionaram, instigaram e até tiraram do sério algumas das autoridades e delegações presentes.

A urgência dos problemas discutidos e a inanição dos governos por conta da falta de ações concretas para enfrentá-los foram os aspectos que nortearam o balanço feito pelas organizações presentes.
“Grandes problemas pedem grandes soluções. Não é questão de exposição dos problemas, é questão de medir o tamanho do problema. Os chefes de Estado citaram vários deles, mas não foi o suficiente. O que nós queremos é urgente. E andar um passinho de cada vez, sinto muito, não dá”, lamentou o diretor de assuntos internacionais da ONG Vitae Civilis Aron Belinky.

O próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, iniciou sua participação na maior conferência das Nações Unidas afirmando que o texto era “pouco ambicioso”. A partir daí foi um corre-corre de ministros pedindo que ele retificasse o dito. Ban Ki-moon recuou, convocando a imprensa às pressas, para dizer que o texto era “ambicioso, amplo e prático”.

A principal crítica é pela falta de acordos financeiros. Cifras foram postas e retiradas do texto pela ausência de consenso sobre quem pagaria a conta. Paralelamente à Rio+20, a Cúpula dos Povos, que reuniu no Aterro do Flamengo entidades e organizações da sociedade civil no intuito de pressionar a conferência oficial, declarou criticamente que a Rio+20 “repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global”, na carta da Cúpula aos conferencistas. “A verdadeira Rio+20 ocorreu no Aterro do Flamengo”, disse Nilo D’Ávila, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

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Compras sustentáveis


  • Uma das iniciativas da Rio+20 foi um acordo firmado entre Pnuma, Brasil e outros 19 países em torno das compras públicas sustentáveis. Contratações feitas com dinheiro dos governos federais giram em torno de 19% do Produto Interno Bruto (PIB), no caso das nações que integram a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – são US$ 4,7 trilhões ao ano, quase um décimo do PIB mundial.
  • O acordo prevê intercâmbio entre as nações mais adiantadas nesse sentido, caso da Suíça, e aquelas que ainda engatinham, caso do Brasil. De agora em diante, as compras feitas pela União levarão em conta critérios de sustentabilidade como menor impacto sobre recursos naturais, maior eficiência na utilização de água e de energia, maior geração de empregos locais, durabilidade maior e uso de tecnologias inovadoras.
  • A nova iniciativa soma-se a um projeto iniciado em 2005 para fortalecer micro e pequenas empresas. “Quando começamos essa política, 3% das empresas vendiam para o Estado. Hoje, 30% provêm de micro e pequenas empresas”, afirma a diretora do Departamento de Consumo Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Ana Maria Neto. “Quando a gente fala de compras públicas sustentáveis, a gente fala em critérios que promovam o desenvolvimento econômico e social do país.”

Colaboraram Maurício Thuwhol e Sarah Fernandes

Leia também:

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A energia elétrica na Paraíba em 2012


Paraíba investe R$ 352 milhões em energia. Potencial deve passar de 580,4 MW para 1.094,8 MW, mas só vai representar 1,1% do crescimento nacional.

CORREIO DA PARAÍBA - Edição de 22/07/2012

Álisson Arruda

A capacidade instalada para gerar energia elétrica na Paraíba deve aumentar 88,66% até 2014, com investimentos de R$ 352 milhões em usinas. O objetivo é que a capacidade passe dos atuais 580,3 megawatts (MW), ganhe 514,5 MW e chegue a 1.094,8 MW. Mesmo assim, isso representa apenas 1,1% do que vai aumentar na capacidade instalada nacional. Pelo último balanço energético do Ministério de Minas e Energia, feito em 2010, a produção de energia no Estado correspondia a apenas 6,3% do total consumido em 2009, quando a capacidade era de 110 megawatts (MW). Enquanto a geração anual foi de 234 giga-watts por hora, o consumo chegou a 3.714 GWh.De acordo com o Ministério de Minas e Energia, em 2009, dos 110 MW de capacidade instalada no Estado, 4 MW são de hidroelétricas, 51 MW das termoelétricas convencionais e 55 MW das eólicas. Com o investimentos, em cinco anos, a capacidade terá aumentado 367,7%. Apesar de a Paraíba produzir apenas 6,3% do que consumia, no último balanço, o MME alega que o Estado está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e, por isso, possui toda energia que necessite, com segurança e confiabilidade. O despacho das usinas do SIN é determinado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), através de instrumentos que visam otimizar a utilização dos recursos energéticos do país, de modo a privilegiar a geração mais competitiva.

Redução de gastos

Ainda que haja capacidade instalada disponível na Paraíba, o ONS pode decidir despachar uma usina, mais barata, localizada em outra parte do território nacional. O Ministério defende que, assim, a população brasileira como um todo é beneficiada com a produção de energia a um custo reduzido e, ao mesmo tempo, com uma superior segurança energética. Para o MME, deve-se ter cautela ao analisar informações relacionadas à geração de energia elétrica do Estado, uma vez que a operação do SIN é realizada visando a minimização do custo total de suprimento. No entanto, a geração caiu 26,6% de 2008 para 2009. Já o consumo total cresceu 2,6% no mesmo período. O crescimento no consumo do setor residencial da Paraíba foi de 7,2% entre 2007 e 2008, de 2,6% entre 2008 e 2009 e 14,5% entre 2009 e 2010. Já o consumo industrial decresceu nos dois primeiros períodos a taxas de 6,4% e 4%, respectivamente e, para o período de 2009 a 2010, cresceu 24,5%. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o Estado, assim como o País, vem crescendo com relação ao setor energético. No que se refere à representatividade, o consumo de energia elétrica do Estado foi cerca de 0,6% do consumo nacional em 2009.

Recursos representam apenas 0,3%

Investimentos na Paraíba ainda são pequenos em comparação com os R$ 98 bilhões do território nacional.

O total de investimentos previsto para aumentar a geração de energia elétrica na Paraíba (R$ 352 milhões) corresponde a 0,3% do montante que será aplicado no País e 1,1% da capacidade instalada nacional. Entre 2011 e 2014, serão investidos R$ 98 bilhões para geração de energia elétrica no Brasil, totalizando 22 usinas hidrelétricas (UHE´s), 13 pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH´s), 218 parques eólicos, 35 térmicas a biomassa, três térmicas a carvão, oito térmicas a gás natural, 31 térmicas a óleo e uma nuclear. O MME não detalhou onde haverá investimentos na Paraíba.

Segundo o órgão, a instalação de usinas de geração de energia elétrica nos estados depende do planejamento energético nacional que possui como diretrizes a busca pela segurança no abastecimento, modalidade tarifária, universalização do atendimento, diversificação do uso de energias renováveis, integração nacional e compromisso com as questões socioambientais.

O Ministério também informou que a matriz energética brasileira requererá investimentos da ordem de R$ 1 trilhão de reais na próxima década, dos quais R$ 236 bilhões correspondem à energia elétrica, R$ 686 bilhões à área de petróleo e gás e R$ 97 bilhões para biocombustíveis.

Investimentos na matriz energética nacional na próxima década

Setor R$ bi (%)

Energia elétrica 236 23,0

Geração 190 18,0

Transmissão 46 5,0

Petróleo e Gás 686 67,0

Biocombustíveis 97 10,0

Etanol 96,5 9,9

Biodiesel 0,6 1,0

Estado tem 17 usinas em operação


Subestações de Mussuré II, Santa Rita, Campina Grande e Coremas fazem suprimento de energia pelo NOS.

O Estado tem 17 usinas de energia elétrica em operação de acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS). A maioria (13) é eólica, sendo outras três térmicas (Campina Grande, Termoparaíba e Termonordeste), e uma hidráulica, em Coremas. Segundo o órgão, o suprimento de energia pelo Sistema Interligado Nacional da Paraíba para eventuais restrições, necessidades de reforços ou obras em curso é realizado através das subestações de Mussuré II, Santa Rita, Campina Grande e Coremas. O Operador destacou que entrou em operação este mês a subestação Santa Rita, que é um novo ponto de suprimento à Região Metropolitana de João Pessoa. Para o órgão, isso dotou a região de maior confiança, além de evitar restrição de carga quando houver perda simples de um dos transformadores da SE Mussuré II. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que, no total, são 22 empreendimentos localizados no Estado. As usinas, mesmo sem funcionar constantemente, têm receitas fixas pagas por clientes definidos nos leilões que oferecem as concessões. Essas receitas podem chegar a R$ 5 milhões por mês na Paraíba. Entre os empreendimentos, há 13 centrais geradoras eolielétricas (CGE), instaladas nos municípios de Mataraca e Alhandra, responsáveis por 10,35% da produção no Estado; uma central hidrelétrica (PCH), em Coremas, responsável por 0,55% da produção local; e três usinas termelétricas de energia (UTE), nas cidades de Campina Grande e João Pessoa (Termoparaíba e Termonordeste), responsáveis por 89,09% da produção. Do total de 13 Centrais Geradoras Eolielétricas, 12 estão localizadas no município de Mataraca e são de propriedade da Empresa Pacific Hydro, no Brasil desde 2006. As usinas são distribuídas em dois parques eólicos instalados que geram 58.000 kW de energia e abastecem 200 mil residências anualmente. Toda a energia gerada pelos parques eólicos é vendida diretamente para a Eletrobrás.

Energia eólica

O Parque Eólico Millennium foi o primeiro desenvolvimento de energia renovável da Pacific Hydro no Brasil. O Parque opera desde 2007 e tem capacidade instalada de 10 mil kW, energia suficiente para abastecer cerca de 40 mil residências brasileiras e evitar a emissão de aproximadamente 4.600 toneladas de gases poluentes de efeito estufa a cada ano. A energia limpa produzida é vendida de acordo com um contrato de venda em longo prazo com a Eletrobrás, estatal brasileira de geração, transmissão e distribuição de energia. Já o Parque Eólico Vale dos Ventos é o maior ativo em operação da Pacific Hydro no Brasil e é constituído por 60 turbinas de 800 kW instaladas em fazendas de cinco agricultores de cana-de-açúcar. Como os geradores e as estradas que integram o parque eólico só ocupam 5% da terra, a agricultura foi capaz de continuar sem interrupção. A geração eólica é feita em três fases. A primeira acontece por meio das pás dos aerogeradores, as “hélices”, que trabalham na captação do vento e na transformação desse movimento em energia mecânica. Na sequência, entra em ação a ‘anacele’, uma área localizada no topo do aerogerador, abrigando uma casa de máquinas, o gerador de energia e os painéis de controle. A terceira parte de um aerogerador é a torre que dá sustentação à estrutura. Cada parque eólico tem também uma subestação, que permite a distribuição da energia gerada.

Consumo aumentou 41%

O consumo de energia elétrica nas residências da Paraíba aumentou 41,36% em quatro anos, bem acima da média ocorrida no gasto de energia entre todos os setores, que foi de 32,74%. De 2007 a 2011, o consumo residencial passou de 864,4 gigawatts/hora (GWh) para 1.221,9 GWh. Enquanto isso, o aumento total do consumo de energia elétrica no Estado passou de 2.388,1 GWh para 3.170 GWh. O segundo maior aumento no consumo de energia elétrica foi verificado na iluminação pública, que passou de 141,585 GWh para 198,316 GWh, o que representa uma taxa de crescimento de 40,07%, entre 2007 e 2011. Em terceiro lugar no ranking de aumento de consumo está o setor comercial, que aumentou 34,53% no período. Enquanto em 2007, o setor gastava 407,5 GWh, em 2011, o consumo foi de 548,2 GWh.

COMENTÁRIOS

João Suassuna – josu@fundaj.gov.br

A questão da geração elétrica faz parte do nosso discurso contrário ao projeto da Transposição e em defesa da vida do São Francisco. Com uma potência instalada de cerca de 10.000 MW e com, praticamente, todo seu potencial gerador explorado, o rio é responsável, atualmente, por cerca de 95% da energia elétrica produzida no Nordeste. Principal fonte geradora da região, o Velho Chico já vem demonstrando, através dos usos múltiplos a que é submetido, limitações significativas em sua força geradora. Para se ter ideia dessa problemática, em 2010, a Chesf gerou, em suas usinas, cerca de 6 mil MW médios e a região demandou, naquele ano, cerca de 8 mil MW. Portanto, para o atendimento dos requerimentos energéticos do Nordeste em 2010, cerca de 2 mil MW médios já tiveram que vir de outros centros geradores do país. A Paraíba é um Estado muito dependente da energia gerada pela Chesf. Atualmente, o seu potencial instalado (1.094,8 MW) corresponde a cerca de 11% da potência elétrica nordestina. É nesse cenário de dependências e limitações, que está sendo prevista a retirada, no rio, pelo projeto de Transposição de suas águas, de um volume médio de 65 m³/s, (podendo chegar a uma retirada máxima de cerca de 127 m³/s), visando o abastecimento de cerca de 12 milhões de pessoas no Setentrional. A forma de retirada da água prevista no projeto, bem como sua condução e uso pelo grande capital, associada, ainda, às limitações do rio aqui relatadas, tudo isso resultará no agravamento da questão “geração/demanda de energia” da região. Portanto, com esse exemplo da Paraíba, torna-se imperioso voltamos a insistir na necessidade de se planejar melhor o acesso e o uso dos recursos hídricos na região semiárida brasileira, a fim de que o São Francisco continue exercendo o papel desenvolvimentista que lhe é peculiar, justificando a designação de rio da integração nacional.

João Suassuna é Pesquisador Titular da Fundação Joaquim Nabuco - Recife

No Rio Grande do Norte, caprinos salvam o semiárido durante a seca


Mais que uma forma de subsistência, a atividade pode representar a redenção do sertanejo e a geração de negócios mais prósperos.


Sandra Monteiro

Natal – Na paisagem seca do semiárido potiguar, castigada ainda mais pela estiagem que atinge vários municípios do Nordeste, alguns animais resistem e são apontados como uma saída para a sobrevivência e manutenção do homem no campo. Mais que uma forma de subsistência, a criação de caprinos e ovinos pode representar a redenção do sertão e a geração de prosperidade.



O Rio Grande do Norte tem o sexto maior rebanho de caprinos do Nordeste, com 405 mil animais. Já o rebanho de ovinos está estimado em 583 mil cabeças. Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na região oeste do Rio Grande do Norte, onde se concentra mais da metade do rebanho de caprinos e mais de 40% dos ovinos do estado, a venda de animais para corte é uma alternativa viável e lucrativa.

No sítio Carrasco, zona rural de Apodi, município com mais de 28 mil cabeças de caprinos, Francisco de França mostra que a caprinovinocultura é um bom negócio. Criador de médio porte, com mais de 400 animais, ele explica que pretende ampliar a área de pastagem para elevar a produção e atender a demanda de consumidores, que só aumenta. Atualmente, uma média de 20 animais, com cerca de 13 quilos, são abatidos mensalmente. O quilo da carne é comercializado a R$ 8,00. “Apesar da seca que atinge toda essa região, estou muito satisfeito com os resultados que a atividade me dá. Quero aumentar em três vezes a quantidade de animais”, revela.

Os animais de Apodi são abatidos e comercializados, em sua maior parte na própria região, mas abastecem ainda supermercados e frigoríficos de Mossoró e Natal. Para estimular ainda mais o consumo da carne caprina e o fortalecimento da atividade na região, o Sebrae no Rio Grande do Norte, por meio do Projeto Aprisco no Oeste e Sertão do Cabugi, promoverá ações de estímulo durante a Festa do Bode, evento que será realizado de 2 a 5 de agosto, em Mossoró.

Além do tradicional Festival Gastronômico, serão promovidas oficinas para proprietários de frigoríficos sobre cortes especiais. “A atividade possui um elevado potencial, que pode ser melhor explorado. Com as ações que vamos oferecer durante o evento, pretendemos estimular ainda mais o consumo da carne de caprino e assim promover o aumento da demanda”, ressalta Vamberto Torres, gestor do Projeto Aprisco no Oeste e Sertão do Cabugi.

Poço Violeto em Cristino Castro - Piauí


Vejam as imagens do poço jorrante, clicando nos endereços abaixo:



Fonte para edição no Rema:

Eng.º Civil Marcos Carnaúba
Crea 3034 D -PE/FN
Tels. 82.9981.6748 - 8833.9343
E-mail:marcarnauba@gmail.com
Maceió - Alagoas - Brasil
Skype: marcarnauba

COMENTÁRIOS

Wilton José Silva da Rocha - wjsrocha@hotmail.com

Esses dois poços denominados Violeta 1 e Violeta 2, foram perfurados pela CPRM para um projeto do DNOCS no vale do Gurguéia.
Dentro desse projeto o poço 1 funcionou como piezometro e o 2 como poço de pesquisa para avaliar os parâmetros dos aquiferos Serra Grande e Cabeças
Violeta 1 (concluido em 24.02.1972)
Profundidade = 360,00 metros
Nível estático = + 31,07 metros
vazão = 294.840 litros por hora
Violeta 2 (concluído em 21.06.1973)
Profundidade = 1.000 metros
Nível Estático = + 62,66 metros
A vazão estimada foi de um milhão de litros por hora.
Desde a época que foram perfurados jorram essa água sem nenhum uso.
Com o tempo o revestimento foi se deteriorando e havendo perdas ao longo dessa tubulação reduzindo a vazão e recentemente foram colocadas válvulas para reduzir a vazão.
Com relação aos 400 poços, acredito que seja verdade, pq todo poço perfurado nesse vale em função da profundidade, eles jorram.
Essa água é aproveitada para lazer e consumo de moradores e o resto é desperdiçado.

Wilton José Silva da Rocha é Doutor em Geologia

Mais informações técnicas obre o poço Violeto:

A água do poço Violeto-PI tem teores de sais dentro dos parâmetros de potabilidade do CONAMA (<500mg/l). Vejam abaixo as informações do Geólogo José Wilton Silva da Rocha, que já trabalhou na região.

As amostras coletadas na época (1973) do estudo (que não deve ter mudado) dos dois poços apresentaram um Resíduo Seco (mg/l) da ordem de 91,00 para o Violeta 1 e 269 para o Violeta 2.
O maior valor de Resíduo Seco para o VIoleta 2 é devido a sua profundidade que atravessa formações geológicas mais salinizadas e deve ter contribuido com essa valor maior que o RS do Violeta 1.
A água não apresenta restrições nehuma para qualquer uso.
Sds.

segunda-feira, 30 de julho de 2012


A questão da água no Semiárido brasileiro.

RESUMO - As características edafo-climáticas e sócio-econômicas do semi-árido brasileiro requerem tecnologias específicas de utilização e conservação dos recursos hídricos. Além do quadro de escassez, a utilização incorreta dos recursos hídricos aumenta a fragilidade da região ao processo de desertificação. O impacto de possíveis mudanças climáticas pode ainda interferir negativamente em processos produtivos, na saúde e na qualidade de vida na região, pela redução da disponibilidade hídrica. Nesse contexto, devem-se abordar o problema de escassez de água e abastecimento a comunidades difusas, levando em consideração tecnologias alternativas, de baixo custo e fácil apropriação pela população. Algumas dessas alternativas e a relevância das obras de integração entre bacias hidrográficas para a região são discutidas neste artigo, destacando a importância da gestão dos recursos hídricos com foco na conservação e uso sustentável.

Autores:

José Almir Cirilo; Suzama M. G. L. Montenegro e José Nilson B. Campos

COMENTÁRIO:

João Suassuna - josu@fundaj.gov.br

Nossa discordância, apenas, na certeza do abastecimento humano através de canais. Os projetos de abastecimento humano, normalmente são dimensionados para as águas serem conduzidas em adutoras. Lembramos aos mais desavisados de que, no estado de Pernambuco, o município de Araripina e vários outros municípios de seu entorno, são abastecidos com as águas do rio São Francisco por intermédio da adutora do Oeste, dimensionada para retirar, do rio, apensa 0,4 m³/s. Os canais da transposição do São Francisco foram dimensionados, propositalmente, para beneficiar o grande capital, pois irão retira uma média volumétrica de 65 m³/s, podendo chegar a uma máxima de 127 m³/s. Dada as diferenças volumétricas (gritantes) existentes entre ambos os transportes, para nós, que lidamos com as questões do abastecimento de populações no dia-a-dia, faz uma enorme diferença, principalmente se levarmos em consideração as limitações volumétricas atuais existentes no rio São Francisco.

João Suassuna é pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife

Saiba Mais:

A Água no Semiárido brasileiro: potencialidades e limitações, artigo de João Suassuna


Usina nuclear no sertão de Pernambuco ameaça índios pankarás

Quando o governo transferiu a aldeia da margem do Rio São Francisco para um terreno pedregoso e sem água, em Itacuruba, a 466 quilômetros do Recife, o então cacique Geraldo Cabral pensou que o megaprojeto da Represa de Itaparica era o último ataque à história dos pankarás, índios que resistiram, durante quatro séculos, a jesuítas, franciscanos, capuchinhos, criadores de gado, escravagistas, cangaceiros, coronéis, líderes messiânicos, corruptos e assentados da reforma agrária.

Publicado em julho 16, 2012 por HC




A reportagem é de Leonencio Nossa e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-07-2012.

A história se repete. Tratores amarelos, mesma cor das máquinas que derrubaram malocas antes do enchimento da reserva, em 1988, cortaram a comunidade onde vivem 65 famílias para a abertura de uma estrada estadual, construída com recursos federais. O susto maior foi quando os índios receberam a notícia de que o caminho na caatinga levaria a uma usina nuclear.

O projeto de uma usina no semiárido nordestino chegou a ser anunciado no ano passado pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. A ideia está engavetada, pois não convenceu setores influentes do governo e recebeu críticas pesadas de políticos e cientistas. Uma estrada, porém, começou a ser aberta na terra dos pankarás para garantir o acesso a um sítio, a 8 km das malocas, reservado para a usina.

Bomba

“No passado, eles tiraram a gente da beira do rio, onde tinha água e peixe. A gente ficou na pedra”, lembra o índio Fernando Antonio da Silva, de 65 anos, um dos mais antigos da tribo. “Só não é pior que ficar ao lado da bomba. Se tiver problema, não vai dar tempo de correr.”

Os técnicos do governo espalharam no centro de Itacuruba a versão de que serão criados, durante as obras, 4 mil empregos – e depois, a usina, que “não é uma bomba”, trará finalmente o desenvolvimento da região. Era uma notícia robusta para os habitantes de Itacuruba, Rodelas e Petrolândia, cidades reconstruídas pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco, a Chesf, após a inundação da represa.

Os moradores da região saíram de uma economia de subsistência, de pequenas criações e lavouras, para viver ao redor das prefeituras e dos salários do funcionalismo público, em novos centros urbanos. “O governo sabe tudo o que está ocorrendo”, diz, resignado, Jorge França, de 40 anos, uma das novas lideranças dos pankarás. “Eles (os políticos) sempre nos viram como pessoas que empatam o desenvolvimento do Brasil”, reclama a cacique Lucélia Leal Cabral, de 34 anos. “Não ganhamos indenização em 1988 e não queremos agora. A tribo precisa apenas de paz para sobreviver.”

Até dezembro de 2002, os índios da região utilizavam vários nomes e expressões para reafirmar sua distintividade étnica, como “caboclo” e “braiado”. No começo de 2003, passaram a adotar o etnônimo Pankará da Serra do Arapuá. Hoje, o povo indígena reúne quase 3 mil pessoas – a Funai só tomou providências quanto ao reconhecimento territorial em 2005.

Lucélia não se opõe a obras de infraestrutura do governo, mas critica a falta de diálogo com os índios e a ausência de compromisso para garantir que a comunidade seja beneficiada.

(Ecodebate, 16/07/2012) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

sábado, 21 de julho de 2012


Cartilha sobre instrumentos da Economia Verde propõe leitura crítica da Rio+20


Estudo apresenta elementos para debate qualificado sobre principais mecanismos da economia verde, com explicações detalhadas e exemplos de iniciativas tomadas no Brasil.

Rio+20
Segunda-feira, 04 de Junho de 2012


Você sabe o que é mercado de carbono? E os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL)? Já ouviu falar em Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, Conservação, Manejo Florestal Sustentável (REDD)? Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)? Todos estes instrumentos e conceitos, que fazem parte da assim chamada economia verde, estão explicados e detalhados na cartilha "O Lado B da Economia Verde - Roteiro para uma cobertura jornalística crítica da Rio+20". Com exemplos de como tais mecanismos têm sido aplicados na prática no Brasil e opiniões críticas de acadêmicos e especialistas, a cartilha foi pensada para auxiliar jornalistas envolvidos na cobertura do evento, mas pode ser útil para qualquer um que tenha interesse em aprender e se aprofundar sobre os temas em discussão. Clique aqui ou na imagem abaixo para baixar a versão digital da cartilha em arquivo PDF.

Produzida em parceria da Fundação Heinrich Boell com a Repórter Brasil, a cartilha traz uma análise sobre o novo ambientalismo de mercado que tem permeado os debates em torno da na perspectiva de seus críticos. Uma das principais pautas da conferência, a economia verde ainda carece de consenso entre os negociadores dos Estados-membros das Nações Unidas quanto à sua conceituação e definição. Grosso modo, porém, seus proponentes apostam em um uso mais economicista dos recursos naturais – rebatizados de capital natural, defendendo novas regras de lucratividade inerentes à preservação ambiental, para que ela se justifique.

Modelo de desenvolvimento

A premissa de que a proteção do meio ambiente só ocorrerá se for economicamente vantajosa, no entanto, tem sido duramente criticada por parte da sociedade civil organizada, cientistas e acadêmicos. De acordo com eles, esta lógica deixa de fora os aspectos científicos e biológicos ligados à saúde do planeta, e sociais, culturais e espirituais inerentes à sobrevivência das populações rurais e tradicionais que dependem e convivem com a natureza e seus recursos. Acima de tudo, nega o fato de que as crises climáticas e ambientais são decorrência direta de um modelo de desenvolvimento intrinsecamente predador e depredador.

Abordando este debate numa perspectiva crítica, a cartilha traça um quadro das várias forças que deverão atuar na Rio +20, focando em seguida nos principais instrumentos já criados ou propostos para fortalecer o ambientalismo de mercado. Basicamente, são analisados os conceitos de mercado de carbono, Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, Conservação, Manejo Florestal Sustentável (REDD) e Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Além de explicar criticamente o funcionamento destes instrumentos, a cartilha aborda seu status no Brasil e traz exemplos polêmicos de sua aplicação no país.

Repórter Brasil/EcoAgência

'Iconografia do Cangaço' traz revelações sobre Lampião

São 180 fotos e mais um DVD que ajudam a entender como Lampião se tornou um mito popular nacional

Simonetta Persichetti - Especial para o 'Estado'

Reprodução

Lampião e seu bando

A saga de Virgolino Ferreira da Silva, o conhecido Lampião (1898-1938), é talvez uma das mais importantes e conhecidas da história brasileira. Envolto em lendas e verdades, o Rei do Cangaço povoa até hoje o imaginário nacional. Mas a trajetória desse fenômeno social remonta ao século 18, quando bandos de cangaceiros passaram a se formar no Nordeste.

Segundo o escritor e jornalista Moacir Assunção, “o fato de nos lembrarmos mais de Lampião quando falamos em cangaço é porque ele e homens como Corisco, Zé Baiano, Zé Sereno e Luiz Pedro, viveram em uma época na qual já existiam veículos de comunicação de massa, como as revistas, o cinema em sua plenitude e os jornais, além de livros, já distribuídos no interior nordestino, e da rica gesta da literatura de cordel”, escreve no livro.

Além disso, podemos dizer que Lampião se beneficiou da invenção que se tornou a expressão da modernidade no começo do século 20: a fotografia.

Parte desse acervo iconográfico foi organizada por Ricardo Albuquerque e está no livro
Iconografia do Cangaço, que será lançado nesta terça-feira, 08, em São Paulo.

A relação de Ricardo com essas imagens não se deu por acaso. Foi seu avô, Adhemar Albuquerque, que ensinou o libanês Benjamin Abrahão (1890-1938) a fotografar e filmar na década de 1930: “Meu avô nunca foi profissional, mas gostava de fazer cinema e documentários. Gostaria ele mesmo de ter filmado e fotografado Lampião, mas trabalhava como caixa num banco e seu chefe não o liberou”, conta em entrevista por telefone. “O jeito então foi munir Benjamin Abrahão de equipamentos e encomendar o material.”

O encontro dos dois se deu em 1934, por conta da morte do Padre Cícero, de quem Abrahão tinha se tornado secretário. Adhemar Albuquerque viajou até Juazeiro para filmar o funeral e foi ali que se conheceram. A primeira tentativa foi um fracasso: “Os filmes ficaram todos velados e Abrahão os colocou na sua mochila junto com a comida. Até formiga tinha”, conta Ricardo. O jeito foi convencer Adhemar que valia a pena mais uma tentativa. E assim foi feito. Desta vez, o precursor do cinema se certificou de que não haveria erros.

O mascate libanês, cuja trajetória foi documentada no filme Baile Perfumado, se torna então quase por acaso e por interesse financeiro, o documentarista do bando do Lampião. Antes disso, porém, foi necessária uma carta do próprio Lampião autorizando a empreitada.


O filme nunca chegou a ser apresentado. Getúlio Vargas proibiu sua exibição e apreendeu o trabalho, considerado uma afronta ao governo federal. O governo tentava combater o movimento e não conseguia, então como é que agora o bando ia aparecia num filme? Mas uma cópia tinha sido guardada e, dessa forma, após a morte de Vargas, em 1954, o filme foi lançado no Rio de Janeiro pela primeira vez.

Anos se passaram e, em 2000, por ocasião da morte de seu pai, o conhecido fotógrafo Chico Albuquerque, Ricardo volta para Fortaleza e funda o Instituto Cultural Chico Albuquerque. Ao remexer nos arquivos, acha fotografias e frames do filme feito por Benjamin Abrahão. Interessado pela história, aos poucos se juntam a essas fotografias várias outras imagens, muitas de fotógrafos anônimos ou ocasionais que passaram pelo sertão. Ao todo, o acervo tem no momento quase 400 imagens.

Registros que desvendam o cotidiano, os costumes dos cangaceiros, suas vestimentas, uma narrativa histórica do movimento. Um inventário que inaugura também, de certa forma, a reportagem fotográfica no Brasil. O jornal O Povo, de Fortaleza, publicou algumas dessas imagens em reportagem de capa, em dezembro de 1936.

Além das fotografias que trazem também histórias do período anterior ao de Lampião, o livro conta também com um DVD com imagens do filme realizado por Abrahão, em nova edição produzida pelo próprio Ricardo Albuquerque. Além disso, inclui 5 minutos inéditos de filmes recuperados e restaurados pela Cinemateca Brasileira em 2002. Um documento imprescindível para nos ajudar a entender este momento da história brasileira.

Iconografia do Cangaço

Editora: Terceiro Nome (216 págs., R$ 120). Centro Cultural Rio Verde. Rua Belmiro Braga, 119, Pinheiros. Terça, 08, às 19h.

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Paraíba terá chuvas acima da média em 2012


Postado por NOVA FLORESTA AGORA on sábado, 17 de dezembro de 2011


O relatório conclusivo de previsão climática para o primeiro trimestre de 2012 em relação às regiões do Cariri, Sertão e Curimataú, apontou probabilidade de chuvas acima da média histórica, de 35%. A Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa) apresentou o relatório ontem pela manhã, na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
As chuvas intensas que deverão atingir a região são decorrentes da influência do fenômeno La Niña. Segundo a Aesa, a temperatura para os primeiros 90 dias do ano nestas regiões deverá ficar dentro da normalidade, e não deve ultrapassar os 38º. O órgão mantém o alerta de que enxurradas semelhantes às que atingiram o Estado este ano no mês julho, possam se repetir no próximo ano.
De acordo com a meteorologista da Aesa, Carmen Becker, a probabilidade de a média histórica para os meses de janeiro, fevereiro e março, seja atingida nestas regiões é de é de 40%, enquanto a de probabilidade de ocorrência de chuvas fracas é de 25%. Ela explicou que a média histórica de chuvas, nestes três primeiros meses, é de 207 mm, para o Cariri e Curimataú e de 452 mm para o sertão. “Como as chuvas do ano começam pelo Sertão, tendem a ser mais forte nesta região, no primeiro trimestre”, acrescentou.
A meteorologista Marle Bandeira da Aesa não descartou a ocorrência de enxurradas como as que atingiram a Paraíba no mês de julho, deixando várias famílias desalojadas e causando destruição em vários municípios. “É de fundamental importância o monitoramento contínuo das condições atmosféricas sobre a Região, para que os órgãos de defesa do Estado e dos Municípios possam se planejar para evitar tragédias como as que assistimos este ano”, afirmou.
A Aesa informou que a reunião também tem o objetivo de deixar a população informada sobre a ocorrência das precipitações e sua intensidade. “Não temos como apontar quanto deve ser a precipitação do período com tanta antecedência, mas diante da possibilidade de ocorrências de chuvas fortes, já estamos preparados para alertar a população destas regiões. É certo que o período vai ser de chuva, com 40% de probabilidade de chuvas moderadas, o que pode ser muito bom para os agricultores”, disse a meteorologista Marle Bandeira. A maior temperatura deve ser registrada no Sertão, atingindo máxima de 38º, e a menor, na região do Cariri, chegando a 22º, consideradas normais para o período, conforme a Aesa.

COMENTÁRIOS

João Suassuna
- josu@fundaj.gov.br

Estudos do Cetro Técnico Aeroespacial (CTA) têm demonstrado que as secas do Nordeste são fenômenos naturais previsíveis. O que lamentamos na matéria acima foi o erro grosseiro cometido na previsão do tempo na Paraíba, motivado por um enorme empirismo, principalmente no tratamento dos dados que foram considerados para se chegar as conclusões apresentadas. Estamos diante de uma das mais severas secas dos últimos 30 anos no Nordeste e a previsão feita, na Paraíba, em dezembro de 2011, apontou para um inverno com precipitações acima da média em toda região Semiárida do Estado. Pelo que consta na previsão, se levou em consideração, apenas, o fenômeno La Niña (que costuma trazer precipitações normais à região), quando, na realidade, se deveria ter considerado, também, outros fenômenos de igual importância, a exemplo da variação de temperaturas do oceano Atlântico, em suas porções Norte e Sul dos hemisférios, que provoca as chuvas no Semiárido, quando a sua temperatura no hemisfério Sul está mais elevada do que aquela do hemisfério Norte. Atualmente, o Atlântico Sul está com suas águas mais frias, o que resultou na grande tragédia ora vivenciada pelos nordestinos.

João Suassuna é Engenheiro Agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco no Recife.

Em Pernambuco, seca castiga e Floresta pede socorro.


A longa seca e a incerteza de quando vai chover tira o sossego da população florestana, que não vê ajuda chegar, nem alternativas vindas da Prefeitura, nem do governo.

12/06/2012


Jucycleide Calaça


Animais quase não se aguentam em pé com a falta de água e comida

Foto: Jucycleide Calaça/Voz do Leitor


A seca no Nordeste não é um fato isolado, nem tampouco raro. Não é de hoje que a seca vem causando transtorno e sofrimento ao povo sertanejo. Esse fato é alvo em todas as manchetes na imprensa atual, onde revela a maior estiagem dos últimos 40 anos. E a tendência é que piore com a questão do aquecimento global. Esse quadro é o que acontece hoje no semi-árido de Floresta, localizada a 438 Km da capital Recife.

A longa seca e a incerteza de quando vai chover tira o sossego da população florestana, que não vê ajuda chegar, nem alternativas vindas da Prefeitura, nem do governo. Pelo menos para os pequenos criadores. A grande preocupação é ampliada pelo sofrimento de ver os animais morrendo de sede e fome a cada dia, sem poder fazer absolutamente nada. Não há mais de onde tirar dinheiro para isso, visto que tudo é de difícil acesso pelo elevado preço dos carros-pipa e das rações para os animais.

Não dá mais para pagar um carro-pipa a R$ 80 e um saco de farelo a R$ 55, que em dezembro do ano passado custava R$ 34 e que aumenta a cada semana. Se tira da mesa para botar no cocho!

A quem interessa ou quem ganha com o nosso desespero? Precisamos de ações rápidas por parte da Prefeitura e do Governo Estadual e Federal, como a liberação de benefícios pelo governo, como o seguro-safra, o aumento da frota de carros-pipa, a perfuração de poços e açudes, o aproveitamento da água do Rio Pajeú, o controle do preço das rações animais, e principalmente fiscalização para que esses recursos sejam divididos de forma igualitária, chegando de fato ao homem e a mulher do campo que tanto necessita.

Vamos abandonar as promessas e dar início a ações concretas, porque estamos entregues ao Deus dará. Até agora, o que temos de fato é o sofrimento oriundo da seca. Se fala muito e pouco se faz.

Palavras-chave



por João Suassuna — Última modificação 12/06/2012 11:20

13/07/2012 23h21 - Atualizado em 13/07/2012 23h53

Por que a educação moderna criou adultos que se comportam como bebês

Saiba como enfrentar esse problema e incentivar a autoestima de crianças e adolescentes na medida certa


CAMILA GUIMARÃES E LUIZA KARAM, COM ISABELLA AYUB

Os alunos do 3º ano de uma das melhores escolas de ensino médio dos Estados Unidos, a Wellesley High School, em Massachusetts, estavam reunidos, numa tarde ensolarada no mês passado, para o momento mais especial de sua vida escolar, a formatura. Com seus chapéus e becas coloridos e pais orgulhosos na plateia, todos se preparavam para ouvir o discurso do professor de inglês David McCullough Jr. Esperavam, como sempre nessas ocasiões, uma ode a seus feitos acadêmicos, esportivos e sociais. O que ouviram do professor, porém, pode ser resumido em quatro palavras: vocês não são especiais. Elas foram repetidas nove vezes em 13 minutos. “Ao contrário do que seus troféus de futebol e seus boletins sugerem, vocês não são especiais”, disse McCullough logo no começo. “Adultos ocupados mimam vocês, os beijam, os confortam, os ensinam, os treinam, os ouvem, os aconselham, os encorajam, os consolam e os encorajam de novo. (...) Assistimos a todos os seus jogos, seus recitais, suas feiras de ciências. Sorrimos quando vocês entram na sala e nos deliciamos a cada tweet seus. Mas não tenham a ideia errada de que vocês são especiais. Porque vocês não são.”

O que aconteceu nos dias seguintes deixou McCullough atônito. Ao chegar para trabalhar na segunda-feira, notou que havia o dobro da quantidade de e-mails que costumava receber em sua caixa postal. Paravam na rua para cumprimentá-lo. Seu telefone não parava de tocar. Dezenas de repórteres de jornais, revistas, TV e rádio queriam entrevistá-lo. Todos queriam saber mais sobre o professor que teve a coragem de esclarecer que seus alunos não eram o centro do universo. Sem querer, ele tocara num tema que a sociedade estava louca para discutir – mas não tinha coragem. Menos de uma semana depois, McCullough fez a primeira aparição na TV. Teve de explicar que não menosprezava seus jovens alunos, mas julgava necessário alertá-los. “Em 26 anos ensinando adolescentes, pude ver como eles crescem cercados por adultos que os tratam como preciosidades”, disse ele a ÉPOCA. “Mas, para se dar bem daqui para a frente, eles precisam saber que agora estão todos na mesma linha, que nenhum é mais importante que o outro.”
A reação ao discurso do professor McCullough pode parecer apenas mais um desses fenômenos de histeria americanos. Mas a verdade é que ele tocou numa questão que incomoda pais, educadores e empresas no mundo inteiro – a existência de adolescentes e jovens adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de si mesmos e de seus talentos. Esses jovens cresceram ouvindo de seus pais e professores que tudo o que faziam era especial e desenvolveram uma autoestima tão exagerada que não conseguem lidar com as frustrações do mundo real. “Muitos pais modernos expressam amor por seus filhos tratando-os como se eles fossem da realeza”, afirma Keith Campbell, psicólogo da Universidade da Geórgia e coautor do livro Narcisism epidemic (Epidemia narcisista), de 2009, sem tradução para o português. “Eles precisam entender que seus filhos são especiais para eles, não para o resto do mundo.”

Em português, inglês ou chinês, esses filhos incensados desde o berço formam a turma do “eu me acho”. Porque se acham mesmo. Eles se acham os melhores alunos (se tiram uma nota ruim, é o professor que não os entende). Eles se acham os mais competentes no trabalho (se recebem críticas, é porque o chefe tem inveja do frescor de seu talento). Eles se acham merecedores de constantes elogios e rápido reconhecimento (se não são promovidos em pouco tempo, a empresa foi injusta em não reconhecer seu valor). Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua turma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi bem-educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e, claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é fato. Mas se acham mais do que ótimos.

A edição de ÉPOCA que chega às bancas e ao seu tablet (baixe o aplicativo) neste fim de semana discute como a educação moderna exagerou no culto à autoestima e produziu adultos que pensam como crianças mimadas. Na reportagem, psicólogos e educadores dão dicas para não mimar demais o seu bebê e domar um ego adolescente.

Placa solar fabricada com fibra de coco.


Minha Casa pode ter energia gratuita

11/06/2012


Placa solar fabricada com fibra de coco custa até R$ 3 mil, incluindo instalação, baterias, lâmpadas e chaves

Alguns beneficiários do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) poderão em breve adquirir residências auto suficientes em energia elétrica. É que, usando fibra de coco de praia, o engenheiro mecânico cearense Fernando Alves Ximenes desenvolveu a placa PVT - fotovoltaica e térmica, que capta energia solar e a transforma em eletricidade e água quente, substituindo o chuveiro elétrico. Segundo ele, a Caixa Econômica Federal tem interesse em incluir o aparelho no programa do governo federal.

Com casa piloto em Itaitinga, Caixa Econômica estuda a possibilidade de utilizar a placa fotovoltaica e térmica no programa habitacional FOTO: DIVULGAÇÃO

"Já estamos com uma casa piloto no município de Itaitinga, para que a Caixa estude a possibilidade de utilizar a placa PVT no Minha Casa, Minha Vida. Para os beneficiários seria excelente, pois eles não teriam que pagar nada a mais e poderiam evitar os gastos com energia todo mês", afirma Ximenes.

De acordo com o engenheiro, com um eventual aval da Caixa Econômica, a previsão é de que a placa PVT chegue inicialmente a 4 mil casas no município de Itaitinga, além de outras 1,5 mil em Tocantins e mais 6 mil no estado do Maranhão.

Capacidade e custos

Fernando Ximenes afirma ainda que a placa desenvolvida por ele é a prova de que é possível utilizar a energia solar para benefício de famílias de baixa renda.

"Uma vez ouvi um diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) dizer que era completamente inviável colocar uma placa de energia solar em uma residência do Minha Casa, Minha Vinda, pois, segundo ele, o custo ficaria em torno de R$ 26 mil por casa. A placa PVT, porém, como é fabricada com uma matéria-prima abundante em todo o Nordeste, tem um valor abaixo de R$ 3 mil, já incluindo instalação, baterias, lâmpadas e chaves", explica. "A expectativa, aliás, é baixar este preço para menos de R$ 2 mil no prazo de um ano", acrescenta.

A placa PVT tem capacidade de produzir até 120 quilowatt-hora (KW/h) por mês. De acordo com Fernando Ximenes, tal produção é mais do que o suficiente para suprir a demanda de uma família de baixa renda, que, segundo ele, consome em média 50 KW/h por mês. "Acho que em breve até alguns membros da classe média acharão viável o uso da placa", comenta o engenheiro.

Sobra de energia vai elevar conta de luz.

 São Paulo.

A conta de luz dos consumidores de energia atendidos pelas 63 distribuidoras do país --como Eletropaulo e Cemig-- vai ficar mais cara nos próximos anos. Além dos habituais reajustes anuais, há outro fator de pressão sobre os preços: a fuga de grandes consumidores para o mercado livre de energia.

O problema mais imediato dessa debandada é o furo no planejamento de compra de energia pelas distribuidoras. Elas compraram energia para um cliente que foi embora. Essa fuga tem gerado a sobrecontratação das concessionárias. Para reduzir o excesso de energia "encomendada", as distribuidoras devolvem contratos de velhas usinas, que têm preço menor. Sobram os contratos mais elevados, encarecendo a aquisição da energia, com reflexo na conta do consumidor.

Fonte para edição no Rema:
Eng.º Civil Marcos Carnaúba
Crea 3034 D -PE/FN
Tels. 82.9981.6748 - 8833.9343
E-mail:marcarnauba@gmail.com
Maceió - Alagoas - Brasil
Skype: marcarnauba

Aventura Selvagem em Cabaceiras - Paraíba

Rodrigo Castro, fundador da Associação Caatinga, da Asa Branca e da Aliança da Caatinga

Bioma Caatinga

Vale do Catimbau - Pernambuco

Tom da Caatinga

A Caatinga Nordestina

Rio São Francisco - Momento Brasil

O mundo da Caatinga