Como o
diabo gosta e os ruralistas adoram, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó).
Os
ruralistas plantaram na sociedade brasileira não um bode, nem apenas um
jumento, sequer um hipopótamo: plantaram a monocultura mental do setor no
coração da nação. Fizeram uma guerra e ganharam. Venceram todos, inclusive o
governo que finge ter resgatado algo de digno no vilipendiado Código Florestal.
Enfim, plantaram um ruralista na encruzilhada à meia noite.
A ameaça de 50 emendas é apenas demonstração de
força, prepotência total, que esse setor da sociedade acumula desde os tempos
dos coronéis e jagunços, mentalidade que jamais abandonaram.
Não vão pagar as dívidas. Os morros vão estar
entregues às enchentes, erosões e catástrofes humanas. Os apicuns continuarão
sendo palco das fazendas de camarão. Reduziram a pó as Reservas Legais e as
Áreas de Preservação Permanente. O que mais uma cabeça ruralista poderia
querer?
Mas, por que esperávamos algo diferente? Concentram
em suas mãos a terra e os grandes volumes de água. Representam 40% das
exportações brasileiras. Podem utilizar trabalho escravo em suas fazendas.
Semeiam anualmente 5,2 litros de veneno na mesa de cada brasileiro. Tem uma
bancada no Congresso proporcional à acumulação de terras.
Nada adianta setores da esquerda proclamarem que os
ruralistas perderam algo, ainda que seja os anéis. Saem fortalecidos, nessa
ditadura da oligarquia rural imposta ao resto da nação.
Quem achava que a terra não é mais poder no Brasil,
seria bom refazer suas análises.
Roberto Malvezzi (Gogó) robertomalvezzi@oi.com.br
- é membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Bahia
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