A revisão de Lovelock.
Artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)
[EcoDebate] James Lovelock, o
cientista da teoria de Gaia, surpreende mais uma vez. Agora, fazendo uma
revisão da mais pavorosa previsão sua a respeito do aquecimento global, afirma
textualmente que ele “não está acontecendo na velocidade prevista”. Em outras
palavras, a previsão que até o final desse século só haveria seres humanos nas
regiões geladas onde hoje estão os pólos, foi refeita.
Publicado em maio 8, 2012 por HC
Em si, a afirmação de Lovelock é um alívio.
Afinal, a extinção massiva da vida, inclusive da humana, já não aparece num
horizonte tão curto em termos históricos.
Diante dessa revisão logo surgiram as hienas do
status quo, afirmando que as previsões das mudanças climáticas estão sendo
enterradas. Entretanto, a afirmação do cientista é que elas “estão acontecendo,
mas numa velocidade mais lenta que as que ele previa”.
Portanto, não é hora de continuarmos com a
emissão de CO2 na quantidade agora emitida, na derrubada das florestas, nas
mudanças do Código Florestal, sob o pretexto que as mudanças climáticas são
mais lentas que o previsível. Essa é a filosofia das cabeças que se recusam a
encarar os fatos.
Os fenômenos extremos estão acontencendo e se
agudizando; as geleiras derretendo; a perda dos aquíferos em expansão; a
corrosão da biodiversidade em aceleração; a perda de solos agricultáveis ídem.
Um simples grau a mais na temperatura média da Terra já ocasiona problemas
climáticos, com consequetes tragédias, suficientes para nos precavermos.
Com a revisão de Lovelock, permanecem ainda mais
vivas e pertinentes as previsões do IPCC, com o aumento da temperatura média da
Terra até o final do século entre dois e quatro graus. Segundo esse bloco de
cientistas, o esforço humano deveria ser para tentar conter a mudança da
temperatura no limite de dois graus, para que a tragédia não seja fora de
qualquer controle.
A boa notícia que vem da revisão de Lovelock é
que podemos ter mais chances, talvez um pouco mais de tempo, para evitarmos o
pior.
Mais que nunca, ao invés de acelerarmos a
depredação, seria hora de aumentar a precaução, com preservação das florestas,
a mudança na matriz energética, a diminuição do consumo, o cuidado com os solos
e água, assim por diante. Enfim, reinventarmos nossa civilização.
É o que gostaríamos de ver sinalizar a Rio+20, é
o que defende a Cúpula dos Povos.
Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal
EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na
Equipe CPP/CPT do São Francisco.
EcoDebate, 08/05/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário