Cisternas de Enxurrada ou de Produção
Uma das tecnologias hídricas
difundidas pela ASA Brasil, para integrar os sistemas de produção no Semiárido
nordestino.
A cisterna colhe água escoada do chão, possui um
dispositivo de decantação para que a areia não penetre na cisterna. Anualmente
devem ser limpas e há como limpá-las. Em Casa Nova, no sertão baiano, no
período atual de seca, as únicas familias que ainda tem água de chuva são exatamente
aquelas que foram beneficiadas com a cisterna de enxurrada, já que elas guardam
50 mil litros, hermeticamente fechados para não evaporar. Até o presente
momento, estima-se a existência, em todo semiárido, de cerca de 10 mil unidades
construídas.
Vejam a cisterna nas fotos anexas. Notar, no
canto inferior direito das fotos, o dispositivo de decantação dos detritos das
enxurradas.
Informações pretadas por Roberto Malvezzi, o
Gogó.
Membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT),
Bahia.
COMENTÁRIOS
José do Patrocínio Tomaz Albuquerque
Prezados Roberto Malvezzi e João
Suassuna
Antes de me pronunciar sobre as
cisternas de enxurradas, agradeço o envio das fotografias de um exemplar das
mesmas. Quero dizer ao Malvezzi que tenho lido os seus artigos publicados no
Ecodebate, principalmente aqueles que tratam do semi-árido e da famigerada
Transposição. Sobre a cisterna em apreço, pelo que transcende das fotografias
enviadas, o seu reservatório fica todo em cota abaixo da superfície do terreno,
com o dispositivo de decantação constando de 3 aberturas, a julgar pelas partes
(filtradas?) em verde. A água chega até a cisterna conduzida pelo canal, sendo
o excedente do volume que chega colocado para fora da mesma através de canos
ladrões. Com estas dimensões do canal e das aberturas, o aporte de água e de
sedimentos não se coaduna com a vazão de enxurradas (grandes volumes de água e
de sedimentos escoados em exíguo espaço de tempo). A cisterna, ao que parece, é
construída em terrenos quase planos, onde o escoamento, com as chuvas, se faz
quase laminarmente, sendo, por esta razão, necessário canalizá-lo. Quando li
"cisternas de enxurradas", pensei logo em escoamento rápido, de
grande volume e turbulento, daí o meu comentário. Tecnicismos a parte, creio
que a construção destas cisternas (que eu chamaria de epidérmicas), seja uma
boa medida (muito melhor que a construção de barreiros, principalmente, pelo
aspecto sanitário) para atender as necessidades hídricas da população difusa
(beber e produzir alimentos), porque podem acumular um volume superior ao das
cisternas que captam águas pluviais de telhados. Mas tem que escolher lugares
apropriados. Ainda assim, se não houver filtro nas aberturas, é possível que a
cisterna receba uma carga de sedimentos que existem em suspensão ou diluídos na
água, as argilas, siltes e areias finas.
Em suma, acho que eu não estaria
de todo equivocado.
Abraços
José do Patrocínio Tomaz Albuquerque
- patrociniotomaz@uol.com.br
Graduado em geologia (hidrogeólogo) com mestrado
em Engª Civil, área de Recursos Hídricos.
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