Os donos do paraíso, artigo de Janio de Freitas.
Coronéis que conduziram o Brasil no século 19 continuam como
força política predominante.
http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/05/janio-de-freitas-os-donos-do-paraiso.html
OS VETOS a 12 artigos e as 32 alterações que Dilma Rousseff precisou fazer, antes de sancionar, no Código Florestal aprovado pela Câmara só pela quantidade já oferecem uma demonstração importante sobre o poder político e social no Brasil: os "coronéis" do meio rural que conduziram o Brasil político, econômico e social no século 19 continuam, até hoje, por seus sucessores atuais na agricultura e na pecuária, como força politicamente predominante.
A longa confrontação em torno do projeto de Código Florestal parecera terminada com o texto enfim aprovado no Senado. Nele, não estavam mais a anistia aos desmatadores, a recomposição florestal das margens de rios, as brechas para mais desmatamentos e outras exigências ultraconservadoras dos ruralistas.
O governo vencera no Senado e buscava
na Câmara, onde o texto dos senadores tinha que ser votado, a confirmação da vitória.
Perdeu.
A bancada ruralista arregimentou
seus aliados do conservadorismo urbano e fez a Câmara aprovar, contra todo o
empenho do governo, o texto final com tudo o que perdera no Senado.
Os 12 vetos e as alterações presidenciais (estas a serem formalizadas por medida provisória) recompõem o texto da maioria de senadores e aprimoram o conjunto.
Dilma Rousseff nada introduz de muito novo no meio rural. Nada que não esteja nos acordos internacionais de meio ambiente e nas teses que o Brasil defende nos fóruns ambientais, como fará na Rio+20. Mas as exigências dos ruralistas não estão inviabilizadas. Os vetos e as alterações presidenciais ainda serão submetidos ao Congresso, para aceitação ou rejeição. E nenhum resultado será surpreendente.
Os 12 vetos e as alterações presidenciais (estas a serem formalizadas por medida provisória) recompõem o texto da maioria de senadores e aprimoram o conjunto.
Dilma Rousseff nada introduz de muito novo no meio rural. Nada que não esteja nos acordos internacionais de meio ambiente e nas teses que o Brasil defende nos fóruns ambientais, como fará na Rio+20. Mas as exigências dos ruralistas não estão inviabilizadas. Os vetos e as alterações presidenciais ainda serão submetidos ao Congresso, para aceitação ou rejeição. E nenhum resultado será surpreendente.
Desde a Constituinte de 1988,
quando a linhagem dos "coronéis" surpreendeu com o Centrão e impôs a
obediência da Constituição aos seus interesses, o conservadorismo ruralista
dispôs de uma alternativa simples. Ou conseguiu reverter no Congresso o que não
lhe convinha, ou manteve na prática, e sem problemas, o que a lei deixara de
admitir. Caso do desmatamento, em especial pelos produtores de soja, pela
recente pecuária na Amazônia e pelos exportadores de madeira; caso da
destruição de áreas de preservação ambiental, da invasão de reservas indígenas,
do não pagamento dos impostos rurais -e nenhum incômodo por isso no país que
faz leis para defender-se, mas não tem fiscais para defendê-las.
Este mesmo será o destino do Código Florestal por muito tempo, mesmo que aceitos pelo Congresso os vetos e as alterações presidenciais. Na prática, nada, ou só raramente alguma exceção, mudará para os "coronéis" atuais.
Este mesmo será o destino do Código Florestal por muito tempo, mesmo que aceitos pelo Congresso os vetos e as alterações presidenciais. Na prática, nada, ou só raramente alguma exceção, mudará para os "coronéis" atuais.
Se derrubados os vetos e as alterações,
também nada mudará para os "coronéis". Para eles, o paraíso é na
Terra. Aqui.
Folha de S.Paulo7/05/2012
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