Energia eólica deve superar a gerada por usinas nucleares no mundo até 2020
O avanço do vento no mundo é
irresistível. Limpa e barata, a eletricidade de origem eólica já equivale à
produzida por 280 reatores e em breve passará à frente da energia nuclear no
mundo.
Publicado em maio 2, 2012 por HCTags: energia, energia eólica, energia nuclear
A importância da energia eólica cresce
rapidamente em todo o mundo. Na Espanha e na Dinamarca, o vento é a fonte de
20% da eletricidade. Na Alemanha, essa percentagem é de 10% e, segundo os
prognósticos, até 2020, será de 20% a 25%.
Segundo a Associação Mundial de Energia Eólica
(WWEA, na sigla em inglês), no ano passado foram construídas novas centrais
eólicas perfazendo 40 gigawatts (GW) de energia produzida. Com isso, o total da
energia ambientalmente correta em todo o mundo chegou a 237 GW no final de
2011, o equivalente ao desempenho de 280 reatores termonucleares.
Números respeitáveis, considerando-se que
atualmente há cerca de 380 reatores desse tipo fornecendo energia. O
prognóstico leva em conta a tendência de desligamento de usinas nucleares, o
que deve reduzir a parcela de contribuição desta fonte no fornecimento mundial
de energia.
Muito mais vento até 2020
A expansão da energia eólica em escala mundial
avança a passos largos. A cada ano, o número de aerogeradores cresce 20%. A
WWEA estima que até 2020 o volume energético gerado pelo vento irá
quadruplicar, chegando a mais de mil gigawatts.
A China é o país que mais promove esse avanço: de
lá vem quase a metade de todas as turbinas produzidas em 2011. O país é líder
no setor de energia eólica, seguido por Estados Unidos e Alemanha. No entanto,
em relação ao número de habitantes e à participação do vento perante outras
fontes de eletricidade, nações da União Europeia como a Dinamarca, Espanha e
Alemanha seguem sendo as campeãs. Na China, a parcela da energia eólica no
abastecimento nacional gira em torno de apenas 3%.
Embora seja favorável ao meio ambiente e ao
clima, o sucesso da energia eólica em escala global se deve, sobretudo, ao fato
de ser a opção mais barata. Stefan Gsänger, diretor geral da WWEA, calcula
entre cinco e nove cents de euro o preço de um kilowatt/hora de eletricidade
produzido nas usinas modernas em terra. Em comparação, o mesmo volume de
energia produzido em usinas modernas de carvão mineral custa cerca de sete
cents na Europa.
Necessidade de apoio político
Stefan Gsänger, WWEA
Entretanto, estudos da UE e do ministério alemão
do Meio Ambiente mostram que os verdadeiros custos são praticamente o dobro.
Isso de deve ao fato de a fuligem expelida pelas usinas de carvão ser
responsável por diversas doenças respiratórias, acarretando altos custos para o
sistema de saúde. Cálculos sérios também revelam que o preço final da energia
gerada em outras usinas modernas a base de combustíveis fósseis também são
superiores aos da energia eólica em terra.
Na opinião de Gsänger, a energia eólica continua
necessitando de apoio político, mesmo constando, hoje em dia, entre as fontes
energéticas menos onerosas. Esse apoio não seria na forma de taxas mais altas,
mas de uma tarifa de abastecimento garantida.
Segundo o diretor geral da WWEA, esse tipo de
garantia é necessário para que se obtenham créditos bancários. Ele cita o
exemplo da Turquia: “Lá, a tarifa de abastecimento está abaixo do preço de
mercado. No entanto, a tarifa é necessária, pois aí os bancos financiam as
usinas eólicas. E vejo isso também como perspectiva para outros países”.
Microcréditos como solução
Instrumentos de financiamento são muito
importantes para a expansão da energia eólica. Ao contrário das usinas de
combustíveis fósseis, os principais custos são de investimento, o que é um
grande problema nas regiões menos desenvolvidas. Por isso, em várias nações
africanas, por exemplo, o avanço da energia do vento está totalmente estagnado.
Gsänger postula que, para produzir energia eólica
mesmo assim nesses países, a solução seriam usinas menores e um sistema de
microcrédito, como o desenvolvido pelo prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus em
Bangladesh.
“Isto significa que a empresa que disponibiliza a
usina também fornece o crédito, simultaneamente. Os consumidores de
eletricidade o reembolsam mensalmente, mas só começam a pagar quando a central
realmente fornecer energia.”
Avanços tecnológicos
Nos últimos anos, a tecnologia eólica tem
evoluído: assim, existem turbinas com hélices bem grandes, para regiões de
pouco vento, e torres mais altas, que exploram melhor o potencial local. Além
disso, são construídas grandes centrais em alto mar. Nesse caso, contudo, os
custos de instalação e manutenção são altos, resultando em 18 a 20 cents de
euro por kilowatt/hora, duas vezes mais do que em terra.
Uma outra inovação são pequenos aerogeradores
para residências, comunidades ou firmas industriais. Mais de meio milhão deles
foram instalados até o momento, a maioria na China e nos EUA. Também aqui os
custos de eletricidade resultantes são mais elevados, entre 15 e 20 cents por
kilowatt/hora.
Ainda assim, as miniusinas são rentáveis para
muita gente nos países em desenvolvimento, onde não há outra possibilidade de
produzir eletricidade. Mesmo para os consumidores das nações industriais, as
minicentrais valem cada vez mais a pena, pois produzem a preços inferiores aos
de muitas operadoras de energia. Deste modo, especialistas veem aí um mercado
com grande futuro.
Iniciativa de cidadãos
Miniaerogeradores: tendência em ascensão
Mais da metade dos aerogeradores da Alemanha são
propriedade de cidadãos, agricultores e comunidades locais. Este é um fator
muito importante para a aceitação e sucesso da energia eólica, afirmou à DW o
agricultor e presidente da confederação Windenergie, Hermann Albers.
Juntamente com outros agricultores e cidadãos,
ele ergueu numerosos parques eólicos privados em sua região. “Hoje, registramos
enorme aceitação nessas comunidades. Em muitos casos, a metade dos moradores
locais já deseja investir na energia do vento. As pessoas compreenderam as
chances que existem”, registra Albers.
Também a WWEA vê na participação cidadã um
instrumento importante para difundir mais rapidamente a energia ambientalmente
correta em todo o mundo. Por isso, a próxima Conferência Mundial de Energia
Eólica se realiza no início de julho de 2012, em Bonn, sob o título: Community
Power – Citizens Power (Força da comunidade, força dos cidadãos).
Autor: Gero Rueter (av)
Revisão: Francis França
Revisão: Francis França
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