Com a seca, 99 municípios do Ceará estão em situação grave.
Cidades reivindicam apoio federal
para obras estruturantes e querem água para necessidades básicas da população.
08/05/2012
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1134966
Atingidos
pela seca, 16 localidades do Estado já haviam decretado, até o fim da tarde de
ontem, estado de emergência.
FOTO: ALEX PIMENTEL
Falta de água até mesmo para consumo humano. Essa
foi a queixa mais ouvida, ontem, na primeira reunião de trabalho do Comitê
Integrado de Combate à Seca, realizada no auditório do Centro de Treinamento do
Banco do Nordeste do Brasil (BNB), no Passaré. A reunião buscou definir ações
para minimizar os efeitos da estiagem no Interior e repassar aos prefeitos
informações de como proceder para decretar o estado de emergência nos
municípios mais atingidos. Ao todo, conforme secretário de Agricultura, Nelson
Martins, 99 cidades estão em estado grave.
Até ontem, 16 municípios já haviam decretado
situação de emergência, informou o secretário do Desenvolvimento Agrário (SDA),
Nelson Martins. "Mas a tendência é de que esse número logo cresça, pois a
situação é realmente de muita dificuldade", explicou, adiantando ainda
que, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
(Ipece), 28 municípios cearenses estão em alta vulnerabilidade e 71 em média e
alta.
"Ou seja, de um total de 184, 99 municípios
encontram-se em situação grave", disse o secretário, defendendo ser
necessária a agilização de recursos federais para programas já anunciados pela
presidente Dilma Rousseff, tais como o crédito de emergência e ações
estruturantes, incluindo açudes e adutoras.
Antes de decretar o estado de emergência, o
prefeito deve observar o quanto choveu neste ano até agora em seu município e
as reservas hídricas. Comprovando-se as condições de gravidade, o prefeito faz
a notificação da situação e encaminha à Defesa Civil municipal e estadual. Cabe
à Ematerce emitir o laudo sobre a solicitação do município, esclareceu Nelson
Martins.
Agricultores
A decretação do estado de emergência facilita o
acesso dos agricultores ao Garantia Safra, à Bolsa Estiagem e ao atendimento na
Operação Carro-Pipa, adiantou o secretário.
A escassez de água para a agricultura e para
consumo humano em vários municípios foi destaque na reunião do Comitê. Eloneida
Santos, natural do município de Choró, afirmou que a situação é tão grave que
moradores chegaram a cercar com arame farpado o açude Targino, para impedir que
o Exército, instituição encarregada de fazer a distribuição de água em
carros-pipa, continuasse a usar aquele reservatório para captar água.
"Agora, o Exército só pode utilizar a água de um outro açude existente na
região, o que não é suficiente para abastecer as comunidades", disse ela.
Neste ano, em Jaguaribara choveu 125 milímetros,
25% do previsto. "Com isso somente, 20% dos agricultores fizeram o
plantio, e a esta altura quase todos eles já perderam tudo o que
plantaram", disse o prefeito Edvaldo Almeida, lembrando que a água
distribuída em carro-pipa não atende à demanda.
Ações para reduzir efeito da
estiagem
Iguatu.
Iguatu.
O Comitê Integrado de Combate à Seca vai executar
1.500 projetos de abastecimento d´água, em parceria com o Ministério da
Integração Nacional. Enquanto isso, a SDA está fazendo o levantamento dos
agricultores que não estão cadastrados no Garantia Safra para que eles possam
receber recursos do programa Bolsa Estiagem, criado recentemente pela
presidente Dilma Rousseff.
O programa prevê o pagamento de cinco parcelas no
valor de R$ 80,00 e há necessidade de que a família do agricultor esteja
cadastrada em programas sociais do Governo Federal.
Além disso, a Companhia Nacional de Abastecimento
(CONAB), que também tem assento no Comitê Integrado de Combate à Seca, informou
que 30 mil toneladas de milho por mês, durante 10 meses, estão disponibilizadas
para o Estado do Ceará, a fim de atender aos pequenos criadores de gado com o
fornecimento de ração. "Atualmente, 15 mil toneladas de milho já estão
sendo destinadas para o Ceará e mais 39 mil toneladas estão em processo de
licitação para serem disponibilizadas aqui para o Estado", informou Afonso
Cavalcante, gerente de Operações da Conab.
O secretário de Políticas Agrárias da Fetraece,
José Militão de Almeida, disse que há uma preocupação em decorrência da demora
das ações em discussão em chegar às comunidades. "Várias prefeituras não
pagaram parcelas de contrapartida do Garantia Safra", frisou. "Há
também atraso na elaboração dos decretos de emergência", acrescentou José
Militão.
MOZARLY ALMEIDA/ HONÓRIO
BARBOSA
REPÓRTERES
REPÓRTERES
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