quinta-feira, 24 de maio de 2012


A MACROECONOMIA DO CRIOULO DOIDO

por Sebastião Barreto Campello


A Dívida Interna Brasileira ultrapassou o valor de 1,8 trilhões de reais. O pagamento de juros da dívida interna, este ano, deverá ficar em torno de 200 bilhões de reais!

E pensar que a construção da Transnordestina, obra essencial para o Nordeste, está orçada em 5,4 bilhões de reais, ou seja, 2,7%!

Os juros são estabelecidos pelo Banco Central, portanto, pelo próprio Governo Federal, ou seja, pelo próprio devedor. Por que o Banco Central não coloca o menor valor possível? É claro que tem um menor valor possível, pois é preciso rolar essa dívida descomunal e como o prazo é muito curto, o Governo terá que pagar um juro que encontre investidores dispostos a comprar as novas emissões. Entretanto, calcula-se que em torno de 7% (juros reais de 2%) seria possível rolar a dívida. Por que pagar 11,25,75% ?

A teoria da Escola de Chicago é que aumentando os juros o investidor deixa de correr riscos com novos investimentos e compra os títulos do Tesouro, diminuindo a pressão consumista. Ora, a única razão de se combater a inflação é que ela inibe o crescimento econômico. Assim, para não inibir o crescimento econômico, combate-se o crescimento econômico. Total incoerência.

Além disso, na venda de novos títulos (a fim de rolar a dívida pela impossibilidade governamental de resgatar no vencimento, a maioria dos títulos públicos), o Banco Central faz os leilões de novos títulos. Ganha quem der menor deságio, ou seja, o comprador compra o título com deságio (está próximo de 10%), recebe no vencimento o valor de face e recebe juros pelo valor de face.

E desse modo, a dívida não pára de crescer. No final do Governo Fernando Henrique Cardoso já era assustadora: em torno de 700 bilhões de reais. Está se tornando impagável.

Como a grande maioria dos títulos do Tesouro está nas mãos dos bancos, eles pressionam para que o Banco Central aumente a taxa SELIC e os seus balanços estourem de lucros extraordinários.

Inflação não se combate com juros altos dos papéis do Tesouro. Combate-se com o aumento do depósito compulsório, que diminui o crédito de consumo, este sim, bastante inflacionário.

O crédito para investimento deve ser estimulado e o destinado ao consumo, deve ser restringido nas conjunturas inflacionárias.

O Governo brasileiro tem estimulado o consumo com todo tipo de crédito (crédito consignado, desconto em folha, diminuição do IPI, etc) na área do Ministério da Fazenda e faz um arrocho na área do Banco Central.

É a macroeconomia do crioulo doido!

» Sebastião Barreto Campello é presidente do Centro de Estudos do Nordeste – CENOR

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