A MACROECONOMIA
DO CRIOULO DOIDO
por Sebastião Barreto
Campello
A Dívida Interna
Brasileira ultrapassou o valor de 1,8 trilhões de reais. O pagamento de juros
da dívida interna, este ano, deverá ficar em torno de 200 bilhões de reais!
E pensar que a
construção da Transnordestina, obra essencial para o Nordeste, está orçada em
5,4 bilhões de reais, ou seja, 2,7%!
Os juros são estabelecidos
pelo Banco Central, portanto, pelo próprio Governo Federal, ou seja, pelo
próprio devedor. Por que o Banco Central não coloca o menor valor possível? É
claro que tem um menor valor possível, pois é preciso rolar essa dívida
descomunal e como o prazo é muito curto, o Governo terá que pagar um juro que
encontre investidores dispostos a comprar as novas emissões. Entretanto,
calcula-se que em torno de 7% (juros reais de 2%) seria possível rolar a
dívida. Por que pagar 11,25,75% ?
A teoria da Escola de
Chicago é que aumentando os juros o investidor deixa de correr riscos com novos
investimentos e compra os títulos do Tesouro, diminuindo a pressão consumista.
Ora, a única razão de se combater a inflação é que ela inibe o crescimento
econômico. Assim, para não inibir o crescimento econômico, combate-se o
crescimento econômico. Total incoerência.
Além disso, na venda de
novos títulos (a fim de rolar a dívida pela impossibilidade governamental de
resgatar no vencimento, a maioria dos títulos públicos), o Banco Central faz os
leilões de novos títulos. Ganha quem der menor deságio, ou seja, o comprador
compra o título com deságio (está próximo de 10%), recebe no vencimento o valor
de face e recebe juros pelo valor de face.
E desse modo, a dívida
não pára de crescer. No final do Governo Fernando Henrique Cardoso já era
assustadora: em torno de 700 bilhões de reais. Está se tornando impagável.
Como a grande maioria
dos títulos do Tesouro está nas mãos dos bancos, eles pressionam para que o
Banco Central aumente a taxa SELIC e os seus balanços estourem de lucros
extraordinários.
Inflação não se combate
com juros altos dos papéis do Tesouro. Combate-se com o aumento do depósito
compulsório, que diminui o crédito de consumo, este sim, bastante
inflacionário.
O crédito para
investimento deve ser estimulado e o destinado ao consumo, deve ser restringido
nas conjunturas inflacionárias.
O Governo brasileiro
tem estimulado o consumo com todo tipo de crédito (crédito consignado, desconto
em folha, diminuição do IPI, etc) na área do Ministério da Fazenda e faz um
arrocho na área do Banco Central.
É a macroeconomia do
crioulo doido!
» Sebastião Barreto Campello é presidente do
Centro de Estudos do Nordeste – CENOR
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