sábado, 26 de maio de 2012


Ainda indefinido, no Ceará, o início das obras do Cinturão das Águas.


A solução definitiva para a falta de água no Interior está na transposição hídrica com a ligação de bacias.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1140578

Crateús Previsto para começar pelo Cariri no início do ano passado, o Projeto Cinturão das Águas do Ceará (CAC) continua com obras indefinidas. Com a meta de fazer a transposição das águas para todo o Estado, levará recursos hídricos do leste ao oeste do Ceará, indo também em direção ao norte, perenizando todas as grandes bacias. Estima-se que o primeiro trecho do CAC seja concluído até o fim de 2014.

O empreendimento, quando concluído, em 2040, vai assegurar o abastecimento de água para a totalidade da população cearense. Levará água para a região dos Inhamuns, uma das áreas mais secas e isoladas do Ceará. A Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) admite que não há previsão para início da obra.

"Foi feita a licitação para a elaboração do projeto executivo, após a conclusão é que se marcará a ordem de serviço do primeiro trecho", informa a assessoria de imprensa da SRH. A previsão é de que a integração disponibilize 45 mil metros cúbicos de água por segundo para todo o Ceará.

Enquanto a população da zona rural da grande maioria dos Municípios do Ceará sofre com o desabastecimento de água provocado pela maior estiagem dos últimos 30 anos, e a da zona urbana já vislumbra passar por problemas similares, gerados pela diminuição de água nos reservatórios, as prováveis soluções para solucionar o crônico quadro hídrico do Ceará continuam no papel. Ou para ser mais otimista, andando a passos lentos, muito longe de alcançar a triste realidade e urgência do sertanejo. A solução ainda está a longo prazo.

No que diz respeito ao atendimento das demandas hídricas no horizonte de 2040, a implantação do CAC gerará um cenário favorável de suprimento hídrico, com o atendimento das demandas atingindo níveis elevados e equivalentes em todas as macrobacias.

O governador Cid Gomes e o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, assinaram, em outubro, no Palácio da Abolição, o termo de compromisso para o projeto executivo da obra. A partir de então, será possível - após a conclusão do projeto executivo - a realização da licitação do primeiro trecho do Projeto, que terá extensão de 150km e vai do Município de Jati ao Rio Cariús, na região Sul do Estado, transpondo águas do Rio São Francisco.

O Cinturão das Águas envolverá todo o Estado, através de um conjunto de canais e adutoras, com extensão de três mil quilômetros, para dar segurança hídrica a 92% da população cearense. É um sistema adutor extenso, com cerca de 1.200km de comprimento, quase integralmente gravitário - com somente um pequeno bombeamento em seu trecho litoral final - com trechos em canais em corte ou aterro, obras de travessia de talvegues e elevações topográficas através de sifões, aquedutos e túneis. Tem por objetivo principal aduzir as vazões transpostas do Rio São Francisco para todas as macro-bacias hidrográficas do Ceará.

Com o CAC, 80% do território do Estado será beneficiado pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco com o Nordeste Setentrional e não somente as bacias do Jaguaribe e Metropolitanas, como previsto inicialmente no projeto. Aumentará significativamente a possibilidade de acumulação das águas possíveis de aduzir do Rio São Francisco, com a inclusão de cerca de 20 novos grande saçudes.

Segundo a SRH, o investimento total previsto é de R$ 28 bilhões, até 2040. O Cinturão será formado por um canal principal que margeará a Chapada do Cariri, aproximadamente no sentido leste-oeste, para depois, com diretriz sul-norte, atravessar as bacias do Alto Jaguaribe e Poti-Parnaíba, atingindo a bacia do Acaraú. No primeiro trecho, serão investidos R$ 1,5 bilhão no projeto, sendo R$ 400 milhões oriundos do Governo do Estado e o restante assegurados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

EixãoAlém do CAC, há o Eixão das Águas, outra grande obra hídrica estadual, que dará garantia hídrica durante 30 anos na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e aos projetos estruturantes do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), como a Siderúrgica, Refinaria e Zona de Processamento e Exportação (ZPE). Além dos dois grandes projetos, a SRH atua na construção de novos açudes, visando aumentar a reservas de água no Estado, mais canais, adutoras e perfuração de poços que asseguram o suprimento de água às populações urbanas e rurais.

Trata-se de investimentos financiados pelo Banco Mundial, Governo Federal, através do PAC-Programa de Aceleração do Crescimento, e recursos próprios do governo estadual.


COMENTÁRIOS
João Suassuna
- josu@fundaj.gov.br

Essa é uma das questões que fazem parte do nosso discurso contrário ao projeto da Transposição do Rio São Francisco. O Semiárido brasileiro tem cerca de 37 bilhões de metros cúbicos de água estocados em cerca de 70 mil represas. É o maior volume represado em regiões semiáridas do mundo. O Estado do Ceará tem cerca da metade desse volume estocado (18 bilhões de metros cúbicos), distribuído em cerca de 8.000 represas. O Ceará foi o Estado pioneiro em ir em busca de suas águas interiores para o abastecimento de sua população rural difusa. A idéia no Ceará é interligar suas bacias, através de adutoras (uso de tubulações) e iniciar uma ação de abastecimento baseada no fornecimento de água através de bacias com melhores possibilidades de fornecimento de água, pois o sistema está sendo todo interligado. Essas ações são a prova clara de que a transposição do São Francisco para o Ceará será para o atendimento ao grande capital, principalmente a grande irrigação, a carcinicultura e aos usos industriais.


Ruben Siqueira

Comissão Pastoral da Terra / Bahia

Articulação Popular São Francisco Vivo

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