ESTA DÉCADA É CRÍTICA PORQUE O AQUECIMENTO GLOBAL ESTÁ
PERTO DE SER IRREVERSÍVEL, DIZEM CIENTISTAS.
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O
aquecimento global está próximo de se tornar irreversível, o que torna esta
década crítica nos esforços para preveni-lo, disseram cientistas nesta
segunda-feira. Matéria de Nina Chestney, da REUTERS.
As
estimativas científicas diferem, mas é provável que a temperatura mundial suba
até 6ºC até 2100, caso as emissões de gases do efeito estufa continuem
aumentando de forma descontrolada. Mas, antes disso, haveria um ponto em que os
estragos decorrentes do aquecimento -como o degelo das camadas polares e a
perda das florestas- se tornariam irrecuperáveis.
“Essa
é uma década crítica. Se não revertermos as curvas nesta década, vamos
ultrapassar esses limites”, disse Will Steffen, diretor-executivo do instituto
para a mudança climática da Universidade Nacional Australiana, falando em uma
conferência em Londres.
Apesar
dessa urgência, um novo tratado climático obrigando grandes poluidores como EUA
e China a reduzirem suas emissões só deve ser definido até 2015, para entrar em
vigor em 2020.
“Estamos
no limiar de algumas grandes mudanças”, disse Steffen. “Podemos… limitar o
aumento das temperaturas a 2ºC, ou cruzar o limite além do qual o sistema passa
para um estado bem mais quente.”
No
caso das camadas de gelo, cruciais para desacelerar o aquecimento, esse limiar
provavelmente já foi ultrapassado, segundo Steffen. A capa de gelo da Antártida
ocidental já encolheu na última década, e a região da Groenlândia perde 200
quilômetros cúbicos de cobertura por ano desde a década de 1990.
A
maioria dos especialistas prevê também que a Amazônia se tornará mais seca em
decorrência do aquecimento. Uma estiagem que tem matado muitas árvores motiva
temores de que a floresta também poderia estar perto de um ponto irreversível,
a partir do qual deixará de absorver emissões de carbono e passará a contribuir
com elas.
Cerca
de 1,6 bilhão de toneladas de carbono foram perdidas em 2005 na floresta
tropical, e 2,2 bilhões de toneladas em 2010, o que reverte cerca de dez anos
de atividade como “ralo” de carbono, disse Steffen.
Um
dos limites mais preocupantes e desconhecidos é do “permafrost” (solo
congelado) siberiano, que armazena carbono no chão, longe da atmosfera.
“Há
cerca de 1,6 trihão de toneladas de carbono por lá -cerca do dobro do que
existe hoje na atmosfera-, e as latitudes setentrionais elevadas estão
experimentando a mudança de temperatura mais severa em qualquer parte do
planeta”, disse ele.
No
pior cenário, 30 a 63 bilhões de toneladas de carbono por ano seriam liberadas
até 2040, chegando a 232 a 380 bilhões de toneladas por ano até 2100. Isso é um
volume bem mais expressivo do que os cerca de 10 bilhões de toneladas de CO2
liberadas por ano pela queima de combustíveis fósseis.
EcoDebate, 27/03/2012
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