PSICANALISTA??????
Em resposta aos comentários
veiculados pela imprensa acerca da injúria discriminatória que teria sido
cometida por alguém que se diz psicanalista, nós da IPB - Intersecção Psicanalítica
do Brasil esclarecemos que a pessoa em questão não faz parte do quadro
de membros da nossa instituição – uma instituição lacaniana –, nem das
instituições psicanalíticas com as quais estamos articulados, nacional e
internacionalmente.
Sentimo-nos, também, na obrigação de
esclarecer o que significa dizer-se “um psicanalista”. Em muitos casos, temos
visto que tal denominação é adotada à revelia dos princípios psicanalíticos,
dando margem a uma ideia equivocada sobre a Psicanálise e, portanto, sobre o
que significa seu exercício. Dizer-se psicanalista não garante tal exercício.
Denominar-se psicanalista requer
cautela, especialmente por não se tratar simplesmente de uma profissão, nem
mesmo de uma especialização de médicos ou psicólogos. “Ser psicanalista” é
sustentar uma função de escuta do sofrimento humano, uma escuta da ordem de um savoir faire que só pode ser adquirido
na experiência de uma longa análise pessoal, de um profundo trabalho com o
próprio inconsciente, articulado a uma interlocução constante entre pares e a
um estudo teórico permanente dos fundamentos que especificam a Psicanálise em
relação aos outros campos do saber e da prática.
Entretanto, no Brasil, como em vários
outros países, tem havido uma impressionante proliferação de pessoas e
instituições que deturpam os conceitos psicanalíticos. Algumas promovem pacotes
com cursos e programas de treinamento, prometendo “formação de psicanalista” e “título
de profissional” ao término do curso. Outras chegam ao absurdo de promover wokshop em finais de semana, que
perfazem um processo de formação com a duração de um a dois anos. Existem, também, instituições irônicas, que
comparam o tratamento analítico ao uso da “rifocina em gotas”. Talvez as
mais perigosas, porque sorrateiras, sejam aquelas instituições orquestradas por
“mestres brilhantes”, travestidos de uma erudição sedutora, que ocultam um
exibicionismo narcísico perigosíssimo por semear uma cega transferência
amorosa, na qual a “pseudoformação” se dá por imitação e/ou idealização da figura,
ou melhor, do sintoma do mestre. Em todos esses casos, há consenso entre
as instituições de fato psicanalíticas: não se trata de Psicanálise,
mas de uma absurda deturpação da sua prática!
A Psicanálise é uma experiência
marcada pela presença do desejo inconsciente e, por isso, o seu manejo é único.
Há um saber em jogo nesse manejo, o que não o torna isento da submissão a
certas regras e a uma ética própria do campo psicanalítico. Ética essa que é
radicalmente oposta a todos os tipos de racismo e segregação, e dá garantias à
sociedade, informando, sempre que encontra meios, sobre a singularidade desse
campo, sobre os fundamentos da Psicanálise, sobre como ocorre a formação
de um psicanalista e, com isso, fornecendo subsídios para que a população possa
escolher pessoas de fato qualificadas para lidar com o sofrimento psíquico,
pessoas que possam ser consideradas “psicanalistas”.
IPB – Intersecção Psicanalítica do Brasil
www.
interseccaopsicanalitica.com.br
ipbbras@interseccaopsicanalitica.com.br
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