Uso de
leds na iluminação pública
Heitor
Scalambrini Costa e Silvio Diniz
Soluções
em Energia e Design (SENDES) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
O
Brasil continua atrasado em relação a outros paises no que se refere à
implementação de políticas públicas na área da conservação e eficiência
energética. Verificam-se perdas importantes na transmissão elétrica, relatadas
por comissão especial do Tribunal de Contas da União (TCU), da ordem de 17%
(enquanto na Europa e USA este valor é em torno de 5%); com o uso ineficiente
dos chuveiros elétricos (atendem mais de 80% dos domicílios) que representam 7%
de todo consumo nacional de eletricidade e mais de 18% do pico de demanda, e
que poderiam ser trocados pelo aquecimento solar; e com motores e eletrodomésticos
com baixas eficiências. Assim existe um grande potencial de economia de energia
que se poderia alcançar com soluções já existentes.
Ainda
prevalecem idéias e conceitos retrógrados do século passado, no que se refere à
oferta de energia. Para os gestores públicos (e os empreiteiros, é claro) a
única forma de ofertar mais energia para o país é construindo
mega-hidreletricas na região Amazônica, termelétricas a combustíveis fósseis e
usinas nucleares. Não se leva em conta que usando melhor e introduzindo novas
tecnologias, também se pode “gerar” energia elétrica e disponibilizar no
sistema elétrico nacional.
Um dos
casos mais evidentes e emblemáticos da pouca visão, dos gestores reside na
questão da iluminação pública. É estimado que em torno de 15% da energia
elétrica produzida é consumida nesta modalidade. O PNEf prevê um potencial de
redução na iluminação pública de 9% da demanda e na economia de energia,
substituindo as lâmpadas menos eficientes por lâmpadas de vapor de sódio (LVS).
No
Brasil, dos 15 milhões de pontos de iluminação existentes, em torno de 60% são
LVS. No entanto, esta tecnologia está ultrapassada, quando comparada com os
LEDs (diodos emissores de luz), que apresentam alto rendimento, mais do que o
dobro da vida útil da LVS (em média 50.000 horas, porém fabricantes falam em
100.00 horas) e um baixo consumo de energia elétrica, com uma redução de até
50% menor às de vapor de sódio, proporcionando assim uma redução significativa
do consumo, em particular no pico da demanda do setor elétrico.
Apesar
de ainda ter um preço inicial de aquisição superior as LVS, é necessário
considerar que os LEDs possuem um baixo custo de manutenção, visto que seriam
substituídos a cada 12 anos (considerando o uso em média de 11 a 12 horas ao
dia, com tempo de vida de 50.000 horas), e baixo consumo de energia, o que
levaria ao longo de sua vida útil, a um custo menor que das LVS . Outros
benefícios podem ainda ser destacados, como a não emissão de radiação ultravioleta,
evitando a atração de insetos à luminária e sua degradação, contribuindo para
redução dos custos da manutenção; maior resistência a impactos e vibrações e
contribuição para a redução da poluição luminosa com iluminação direcionada.
Na
iluminação das vias públicas, os LEDs apresentam mais uma vantagem, a
reprodução das cores com mais eficiência e qualidade, o que favorece a
visualização das informações apresentadas nas via públicas, tais como:
sinalização de trânsito, de advertência, de localização, etc.
Devido
à baixa tensão dos LEDs que trabalham com tensões e correntes contínuas, é
possível a conexão às baterias eletroquímicas, dispensando o auxílio da rede
elétrica. Com isso, possibilita aos atuais projetos para iluminação em vias
públicas a integração de uma fonte eólica e/ou fotovoltaica aos postes de luz.
Tornando possível prover iluminação aos municípios e rodovias que ainda não
possuem linhas de transmissão, e mesmo aquelas que já possuem.
O
estímulo à pesquisa e inovação desta fonte luminosa levou o laboratório
SENDES/UFPE a desenvolver uma luminária denominada LUMISOL (www.lumisolcaa.blogspot.com.br) que
reúne além da tecnologia LED, uma alimentação com eletricidade solar
fotovoltaica. Este se configura como um dos muitos exemplos neste Brasil afora,
de desenvolvimento de produto nacional com valor agregado, que apesar da miopia
dos gestores encastelados que pouco dialogam com a academia e com os centros de
pesquisa; no país, o desenvolvimento tecnológico e a inovação existem e
permitem soluções viáveis, simples e com alto grau de maturidade.
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