Usina hidrelétrica causa danos à bacia do rio
São Francisco.
A perda da vazão natural afeta populações ribeirinhas e a
reprodução de várias espécies de peixes.
Por racismoambiental, 08/04/2012 15:17
http://www.hojeemdia.com.br/minas/usina-hidreletrica-causa-danos-a-bacia-do-rio-s-o-francisco-1.429997
O desmatamento e a ocupação
desordenada das margens também contribuem para a degradação do rio
Iêva Tatiana – Do Hoje em Dia
“O rio São Francisco é, hoje, um cano com água,
que atende prioritariamente ao setor hidrelétrico.” A denúncia é do presidente
da Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco – Canoa de Tolda e
coordenador da Câmara de Baixo do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco
(CBHSF), Carlos Eduardo Ribeiro Júnior. Para manter nove usinas em operação, o
regime hídrico da bacia do rio passou a ser controlado tecnologicamente,
alterando a vazão natural.
Segundo Carlos Júnior, o problema teve início há
30 anos, com a instalação da usina de Sobradinho (BA), que teria afetado o
ciclo das cheias e prejudicado as comunidades ribeirinhas do Baixo e do Médio
São Francisco, tradicionais agricultoras de arroz, milho e feijão. “Todo mundo
sabia que com a usina o rio ia mudar, isso era óbvio, mas a primeira
preocupação foi com a geração de energia elétrica”, relata ele.
O controle hídrico artificial do rio também
afetou a reprodução das espécies de peixes da região, chamadas de ictiofauna.
“Com a vazão regularizada, mas sem a pulsação natural, as lagoas marginais
estão secas. Por causa das barragens, o sedimento, aquela massa cheia de
matéria orgânica e nutrientes naturais, acabou. O normal era termos uma água
barrenta, não essa que parece de piscina”, ressalta o presidente da Canoa de
Tolda.
Além dos impactos provocados pelas usinas
hidrelétricas, a própria população local também tem participação no agravamento
da situação atual, na região do Baixo São Francisco. A ocupação desordenada das
margens e o desmatamento têm ocasionado um processo de erosão e assoreamento
graves, de acordo com Carlos. “Observamos um retrocesso da linha costeira,
porque não há mais sedimentos. O rio não está mais contribuindo para
estabilizar o litoral Norte de Sergipe.”
A principal reivindicação da Sociedade
Socioambiental do Baixo São Francisco e do CBHSF, atualmente, é a vazão
ambiental, que significa a recuperação das condições originais de vazão do rio.
“Também queremos participar dos processos de
licenciamento de barragens, o que ainda não acontece. As hidrelétricas
acreditam que contribuem com o rio por meio do pagamento de impostos, mas o
dinheiro não compensa os prejuízos provocados até agora”, salienta o
presidente.
Ruben Siqueira
Comissão Pastoral da Terra / Bahia
Articulação Popular São Francisco Vivo
Comissão Pastoral da Terra / Bahia
Articulação Popular São Francisco Vivo
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