terça-feira, 13 de novembro de 2012


Raras diferenças entre as estiagens


O drama vivido durante a estiagem se repete, mas há redução de mortes por fome.

Edição do Diário de Pernambuco de 11/11/2012

Aline Moura

Políticas de emergência, com barulhos de sirene para passar. Era assim no passado. E continua. Em 1º de outubro de 1981, por exemplo, os jornais estampavam as boas novas. João Batista Figueiredo, mais um dos presidentes emocionados com o Nordeste, liberava 5,1 bilhões de cruzeiros, R$ 386,7 milhões em valores atuais, para combater os efeitos da seca. Na época, os recursos chegaram à região por meio da Sudene como dádiva dos céus. Agora, o milagre se repete, depois de pressões políticas. Dilma Rousseff anunciou um reforço de R$ 1,8 bilhão para programas de água em reunião com o Conselho da Sudene, sendo a maior parte para barragens e adutoras. Contudo, a meta mais importante para a população ainda está longe de ser atingida: a construção de um milhão de cisternas.

Coordenadora da Asa Brasil em Pernambuco, instituição que reúne 600 entidades civis do Semiárido, Neilda Pereira explica que a solução mais adequada para a região é a construção de cisternas rurais. Ela diz que já foram feitas 500 mil em parceria com o governo federal, mas lembra que o programa precisa ser agilizado.

Segundo outros especialistas entrevistados pelo Diário, há uma semelhança e uma diferença entre a seca de 2012 e as outras estiagens mais prolongadas do passado – entre as décadas de 1970 e 1980. O pesquisador João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, explica: a exemplo de períodos anteriores sem chuva, o deste ano tinha sido previsto pelo Centro Aéreo Técnico Espacial (CTA), de São José dos Campos, que estuda o tema desde 1978. “Era previsível e ninguém tomou nenhuma medida estruturadora”, reclamou. Ainda de acordo com ele, a diferença é a ausência de saques a supermercados e mortes de pessoas em virtude da fome.

Para a socióloga e doutora em economia Tânia Bacelar, o maior avanço foi a redução da fome a partir da ampliação da previdência para o meio rural, desde a Constituição de 1988, e programas sociais como o Bolsa Família.“Antes, havia a criação de frentes de emergências de emprego, saques a supermercados, muita fome. Hoje, não há mais a fome epidêmica, como dizia Josué de Castro”.

A seca de 2012-11-10

- O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avalia que a posição dos reservatórios no mês de outubro passado foi o pior dos últimos 83 anos.

- A capacidade dos reservatórios do Nordeste era de 32,58% na última sexta-feira, 9 de novembro, segundo o ONS.

- A seca mais prolongada aconteceu entre 1979 e 1984. A de 1970 também está entre as piores do Nordeste.

- As diferenças entre as secas de antigamente e a de hoje são menos mortes de pessoas por fome, ausência de saques a supermercados. Nem governo, nem ONG´s têm dados comparativos.

- Mais de 20% dos municípios do semiárido estão em estado de emergência.

Ao todo são 1.187 municípios, sendo 111 em Pernambuco.

- O estado mais afetado é o da Bahia, com 250 municípios em situação de emergência e 2,7 mil pessoas afetadas.

- O ranking da seca é seguido pelo Ceará e Pernambuco, respectivamente, com 1,9 mil e 1,1 mil pessoas atingidas.

- Até outubro, foram pagos R$ 251,8 milhões do Bolsa Estiagem pelo governo federal. Pernambuco recebeu R$ 27.370.240,00, o terceiro do ranking.

- O Garanti Safra investiu R$ 473,4 milhões até outubro. Os pernambucanos receberam R$ 69,8 milhões.

Fonte: ONS e Ministério da Integração Nacional.

Sobre o assunto:                                          

Previsão de período de seca para o Nordeste do Brasil, artigo de Carlos Girardi e Roberto da Mota Girardi

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