ASA - Sociedade civil na construção de políticas
públicas para a convivência com o Semiárido, artigo de Antonio Gomes Barbosa.
"Muito já foi feito, mais o muito que foi feito ainda é
pouco" (Naidison de Quintella Baptista)
1. Introdução
A epígrafe acima refere-se ao papel sócio-histórico[1] desempenhado pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro – ASA, rede com mais de mil organizações da sociedade civil que trabalham com afinco para o desenvolvimento social, ecológico, econômico, cultural e político do Semiárido brasileiro. Entre suas principais ações está o Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido: Um Milhão de Cisternas – P1MC, que já envolveu mais de 1,8 milhões de pessoas, debatendo, informando e formando para a convivência, construindo mais de 315 mil reservatórios de água de chuva para consumo humano, garantindo água de qualidade para mais de 1,5 milhões de pessoas. Outra ação é o Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2, que objetiva a captação de água de chuva para a produção, pautando a necessidade urgente de democratização da terra como condição primordial para a convivência plena e tendo a produção de alimentos como instrumento de autonomia e identidade.
A epígrafe acima refere-se ao papel sócio-histórico[1] desempenhado pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro – ASA, rede com mais de mil organizações da sociedade civil que trabalham com afinco para o desenvolvimento social, ecológico, econômico, cultural e político do Semiárido brasileiro. Entre suas principais ações está o Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido: Um Milhão de Cisternas – P1MC, que já envolveu mais de 1,8 milhões de pessoas, debatendo, informando e formando para a convivência, construindo mais de 315 mil reservatórios de água de chuva para consumo humano, garantindo água de qualidade para mais de 1,5 milhões de pessoas. Outra ação é o Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2, que objetiva a captação de água de chuva para a produção, pautando a necessidade urgente de democratização da terra como condição primordial para a convivência plena e tendo a produção de alimentos como instrumento de autonomia e identidade.
No Semiárido, ao longo dos anos,
grandes obras como transposição, barragens, açudes, adutoras e poços, foram
disseminadas e reforçaram o modelo que não garantiu água para as populações
difusas. As experiências de democratização desse bem fundamental à vida vieram
de iniciativas das comunidades a exemplo da construção das cisternas de beber;
das cisternas-calçadão; dos barreiros, das barragens subterrâneas; dos tanques
de pedra, também conhecido com caldeirões; e de inúmeras outras pequenas obras
familiares, simples e baratas que mostraram ser mais eficientes para atender as
necessidades das famílias agricultoras,
Desta forma, em um mundo rural mutante,
onde coexistem processos controversos - aumento de áreas das grandes
propriedades rurais e retomada de territórios de identidade por povos
tradicionais; recampenização e descampesinização; assalariamento e automação;
urbanização e ruralização -fortalecer as práticas de experimentação e inovações
técnicas e a irradiação de tecnologias sociais, conduzidas pelas próprias
famílias agricultoras e suas organizações, é também contribuir com a qualidade
de vida das pessoas e a preservação da natureza.
Frente a tantas adversidades, o
presente texto propõe uma leitura histórica sobre o papel de inovação da
sociedade civil no Semiárido e os impactos recentes destas inovações na
construção de políticas públicas. Parte-se de quatro perspectivas: 1) O
Semiárido e seus significados como lugar simbólico, novo e carregado de valores
e de riquezas naturais; 2) A concentração da terra e da água como elementos de
tensão, disputa e principal causa da pobreza e miséria na região; 3) Os limites
do projeto hegemônico de desenvolvimento em curso no Semiárido; e 4) As bases e
importância da ASA nos processos de formação e mobilização social para a
convivência com o Semiárido na formulação e execução do P1MC e do P1+2.
Centralmente, a fome e a sede,
comuns a região, são abordadas como produto social e político, erradicá-las
exige mudanças paradigmáticas e ações como: i) redistribuir as terras
considerando os elementos da cultura e as muitas identidades territoriais, as
características dos agroecossistemas e as aptidões agroecológicas; ii)
descentralizar as águas a partir da construção de uma malha de pequenas e
médias infraestruturas hídricas, com destaque para as tecnologias sociais de
captação e armazenamento de águas de chuva; iii) dotar as famílias agricultoras
de infraestruturas produtivas que permitam armazenar, beneficiar e transportar
as culturas trabalhadas como, cercas, currais, armazéns, pequenas
agroindústrias, estradas; iv) adequar a assessoria técnica às características e
necessidades das famílias, considerando, sobretudo, os conhecimentos das
familiares e as características do Semiárido; v) reorientar o crédito de forma
a priorizar a família dentro de sua lógica produtiva ao invés de culturas
específicas ou das cadeias produtivas; vi) consolidar uma política formal de
educação contextualizada que tenha o Semiárido como espaço de observação e de
aprendizagem, que oriente não apenas o ensino como também a pesquisa e a
extensão; vi) criar condições de igualdade de oportunidade entre homens e
mulheres. Além de outras iniciativas que melhorem a vida no campo.
Ao final, considerando as
perspectivas discutidas, as conquistas já alcançadas e a consciência de que
muito ainda há de se fazer, destaca-se desafios e proposições para ampliação e
consolidação das políticas públicas de convivência com o Semiárido.
2. O Semiárido e seus
significados
O Semiárido brasileiro, embora
fisicamente já exista há milhões de anos é um espaço novo, sua construção
simbólica difere-se de Nordeste, espaço midiático associado à falta de água,
animais mortos, crianças desnutridas, fome, êxodo, terra rachada, pessoas
incapazes, indústria da seca; difere também de Sertão, construído em oposição
ao litoral, e difere de Norte em oposição ao sul. Sendo novo, é pouco carregado
de preconceitos e configura imagem positiva, não como negação ou oposição, mas
como lugar simbólico.
Vale destacar que a imagem
positiva de Semiárido está diretamente ligada à idéia de convivência, assim
como, a idéia de “combate a seca”
se associou ao imaginário de Nordeste.
A natureza no Semiárido
brasileiro é rica e diversa. A Caatinga, que ocupa maior parte do Semiárido, é
o único bioma exclusivamente brasileiro, apresenta enorme variedade de
paisagens, relativa riqueza biológica e endemismo. Na sua diversidade pode se
falar em pelo menos 12 tipos diferentes de Caatingas, que chamam atenção
especial pelos exemplos fascinantes de adaptações ao habitat Semiárido. Sua
vegetação é constituída principalmente de espécies lenhosas, cactáceas,
bromeliáceas e pequenas herbáceas, geralmente com espinhos e caducifólias.
Inclui pelo menos uma centena de diferentes tipos de paisagens únicas, sendo
rica em espécies: até o momento foram registradas 932 espécies de plantas
vasculares, sendo 380 endêmicas, e 20 gêneros, pertencentes a 42 famílias; além
disso, registra-se a existência de 185 espécies de peixes (57% de endemismo),
154 de répteis e anfíbios, 348 de aves (4,3% de endemismo), e 148 espécies de
mamíferos.[2]
O semiárido brasileiro é o mais
chuvoso do mundo, não sendo uniforme, existem diferenças de uma região para
outra, em alguns locais, o índice das chuvas pode chegar a mais de 800
milímetros por ano, já em outros, a média passa pouco dos 300 milímetros. As
chuvas são concentradas em poucos meses e mais de 80% não são aproveitadas em
virtude da evaporação e do escoamento superficial.
Mediadas pelos aspectos naturais
e as necessidades do cotidiano, famílias agricultoras e comunidades
tradicionais foram adaptando, inventando, testando e experimentando novas
formas de manejar seus agroecossistemas. Com estas práticas, associadas a
conservação de sementes e inovações técnicas de manejo dos solos, da captação
da água das chuvas e do uso sustentado da terra, observou-se o aumento da
produtividade global das propriedades. Estas experiências e observações
tornaram-se base para um conjunto de iniciativas que passo-se a identificar
como convivência com o Semiárido.
Acostumar-se ao meio ambiente a
partir da observação da natureza, olhando os ciclos das chuvas, o comportamento
das plantas e animais, as características do clima e solos e as inúmeras
influências dos ventos e das queimadas, propiciou às famílias agricultoras um
terreno fértil para a experimentação. Com base neste ambiente, foram gestadas
muitas estratégias de convivência com o Semiárido.
A convivência com o Semiárido,
que tem como princípio a cultura da estocagem (estocagem de água, estocagem de
sementes e estocagem de forragens) associado a diversidade dos sistemas
produtivos, permitiu a muitas famílias um patamar elevado na produção de
alimentos, o que possibilita a existência de uma identidade alimentar e
nutricional do Semiárido. Esta identidade alimentar é facilmente identificada
nos estudos feitos por Josué de Castro sobre dieta alimentar nas diversas
regiões do País.
As experiências de captação e
manejo da água das chuvas ampliam em muito a capacidades de produção de
alimentos nos períodos de estiagem. Como tecnologias sociais de captação de água
de chuva temos: cisternas de placas, cisternas de produção com áreas de
captação em solos (cisternas de enxurradas), captação em calçadas (cisternas
calçadão), captação em telhados (cisternas telhadão), barragens subterrâneas,
tanque de pedras/caldeirões, barreiros, barreiros trincheiras, cacimbas, poços
rasos e amazonas, barraginhas, caxios, pequenos açudes, mandalas...
Estas inovações técnicas e
sociais, simples, baratos e de comprovada eficiência, que possibilitam aumentar
a oferta de água, e por sua vez a produção de alimentos, estão intrinsecamente
relacionadas à adoção de práticas de conservação dos solos, do plantio em curva
de nível, do manejo de quintais produtivos, do manejo de sistemas
agroflorestais, dos terreiros de raspa de mandioca, das cercas vivas, da
cobertura vegetal, da fenação e silagem, do cultivo de palma consorciada, das
casas de sementes, do manejo da caatinga e outras.
Conhecer e compreender a
diversidade do Semiárido permite-nos aproximar olhares, hábitos e costumes.
Permite-nos desfruta de parte dos seus significados.
3. Terra e água
No Brasil, de acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem mais de quatro
milhões de famílias agricultoras camponesas. Destas, 50% vivem no Nordeste,
maior parte no Semiárido, região de 01 milhão de Km², superior às áreas da
Alemanha e França juntas. Segundo estimativas do Instituto de Pesquisas e
Economia Aplicada – IPEA, mais da metade da população do Semiárido é vítima de
fome e de má-nutrição, representado mais de dois terços dos pobres do meio
rural.
A cada período de estiagem,
milhares de pessoas não conseguem satisfazer suas necessidades de acesso à água
e aos alimentos básicos. Ao contrário do que se diz comumente, as causas dessa
realidade não se devem a limitações do meio ambiente ou das populações locais,
são, sobretudo, de natureza política e se expressam na enorme crise
socioambiental que vivemos. No Semiárido uma pessoa pode passar até 36 dias por
ano exclusivamente em busca de água[3].
A escassez de água não é uma
realidade apenas para as populações difusas. Estudos realizados em 2005 pela
Agencia Nacional de Águas, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (ANA/MMA) “Diagnóstico do panorama atual de oferta de
água”... “Atlas de obras prioritárias para a Região Semiárida” -,
que delineou um panorama geral da situação da disponibilidade versus utilização
dos recursos hídricos no Semiárido, constata que tendência é aumentar a pressão
sobre os recursos hídricos nessa região para os próximos 15 anos (projeção para
até 2025). Predominam nos estudos mapas apresentando extensas áreas que são
caracterizadas como áreas de elevado risco hídrico. A título de exemplo,
Pernambuco é um dos estados com maior deficiência hídrica. Esses estudos
explicam que 75% dessa água seriam para projetos de irrigação.
Nesse estudo, estas áreas, são
caracterizadas por baixa disponibilidade especifica de água, o que coincide em
geral, com as áreas com elevados índices de pressão sobre os recursos hídricos.
Pressão promovida por intensiva exploração em seus diversos setores,
principalmente irrigação, indústria e consumo humano. Não obstante, estas
situações coincidem com áreas de maior ocupação, principalmente os grandes
centros como Fortaleza.
Diferente do que poderia se
pensar, o estudo não coloca como motivo da escassez a falta de água. Ao
contrário, o mesmo constatou a existência de fontes de água suficientes para
suprir todas as necessidades levantadas pela agricultura, indústria e
abastecimento das grandes e médias cidades, sem para isso, precisar construir
um único centímetro dos canais da transposição do rio São Francisco. A saída
sugerida pela ANA materializa-se em montar sistemas de abastecimento de água a
partir da construção de médias adutoras para distribuição da água dos
reservatórios já existentes e da construção de estações de tratamento desta
água, de forma a ofertá-la potável às populações urbanas.
Para além da água, a concentração
fundiária na região é histórica e constitui-se numa das principais causas da
situação de pobreza, miséria e insegurança alimentar. O último censo do IBGE[4]
comprova que a concentração de terras na região vem crescendo a cada período.
Os latifúndios improdutivos, os grandes projetos do agronegócio, as grandes
fazendas de gado tradicionais têm reforçado essa injusta estrutura de
distribuição de terras. Muitos agricultores e agricultoras ainda trabalham em
terras alheias ou em minifúndios super-explorados e com terras em péssimas
condições de produção, comprometendo a segurança alimentar e nutricional de
suas famílias.
Nessa região, terra e água sempre
estiveram nas mãos de uma pequena elite, gerando níveis altíssimos de exclusão
social e de degradação ambiental. Essa realidade atinge, em particular, cerca
de 1,7 milhões de famílias agricultoras que vivem no Semiárido brasileiro. Elas
representam 42% de toda a agricultura familiar do País e ocupam apenas 4,2% das
terras agricultáveis. No Semiárido, 1,3% dos estabelecimentos rurais têm 38%
das terras e 47% dos estabelecimentos menores têm, em conjunto, 3% das terras[5].
A concentração de terra está, indissociavelmente, ligada à concentração da
água, representando os fatores determinantes da crise socioambiental e
econômica vividas na região.
As famílias sem-terra ou com
pouca terra são as que menos se beneficiam das inovações, permanecendo em
situação de grande vulnerabilidade social. Esse quadro evoca a necessidade de
profunda reestruturação fundiária, para que o ideal de uma agricultura
sustentável e democrática, com segurança e soberania alimentar e nutricional,
seja efetivamente alcançado.
4. Os limites do
Desenvolvimento
O projeto de desenvolvimento em
execução no Semiárido está fundado nos preceitos do positivismo, no ideário de
progresso. Auto-suficiente, não considera as peculiaridades da região, tenta
artificializar a natureza e parte do pressuposto de ser este é um lugar que não
chove, de natureza morta, do castigo divino, do destino incerto, da terra de
ninguém, de vidas secas. Nestas condições, a perspectiva é acabar o limite de
semiaridez para salvar a região, e quem sabe, transformá-la em lugar de
prosperidade.
Esta linha de raciocínio
cartesiano se materializa na construção de grandes açudes, grandes barragens,
adutoras, poços e em políticas emergências como distribuição de alimentos,
frentes de serviço, deslocamento populacional e mais do mesmo. O que gerou a
famigerada “Indústria da Seca”. O efeito nefasto é que as pessoas passaram a
acreditar na incapacidade delas próprias e na inviabilidade da região,
prevalecendo a imagem de um lugar inóspito por natureza e de seres inferiores
como conseqüência. Instaura-se uma violência simbólica.[6]
A construção de grandes
infraestruturas hídricas espacialmente concentradas, alocadas geralmente nas
proximidades das grandes fazendas, e projetos de irrigação associados à
implantação de pólos de desenvolvimento com base em monoculturas agroquímicas,
não apenas não aumentaram a disponibilidade de água para as famílias, como
ampliaram processos de concentração de poder e dependência econômica e
política. Criou-se um “novo coronelismo”
modernizado.
Uma avaliação feita pelo Banco
Mundial em relação os projetos de irrigação no Semiárido brasileiro constata
que, em que pese o rápido crescimento econômico, eles acabaram por se
transformar em enclaves ao dinamismo, geraram contrapartidas sócio-ambientais
negativas, acentuaram a histórica diferenciação social no meio rural e
degradaram o meio ambiente: “são um sucesso do ponto de
vista da lucratividade empresarial e um desastre do ponto de vista dos ganhos
sociais” [7].
Com o advento da revolução verde,
inúmeras famílias, assessoradas por empresas da extensão rural e centros de
pesquisas agropecuários, passaram a usar massiva e indistintamente todo tipo de
insumos bioquímicos, moto-mecanização e processos desordenados de irrigação.
Estas práticas sem os devidos ajustes tecnológicos, associados a ocorrência de
anos sucessivos de secas, levaram ao esgotamento das condições biofísicas de
muitas áreas, perda ecológica, erosão genética (animais e vegetais), agravamento
dos processos erosivos e a redução da capacidade dos solos de armazenar água
nas precipitações. Ou seja, empobrecimento e desagregação generalizada das
famílias e comunidades.
Como se pode observar, os limites
imputados à região se exacerbaram com a prática do modelo em vigência. Se antes
eram associados à natureza e às famílias (violência simbólica), agora, muito
mais agravados, são justificados enquanto problemas conjunturais, pela
ingovernabilidade do tempo, pelo pouco aprofundamento das pesquisas e testes
para determinados tipos de solos, produtos ou técnicas, e/ou, em alguns casos,
pela incompreensão de suas intencionalidades e capacidades transformadoras. De
defesa fragilizada, o principal limite do modelo parece estar na própria
essência, pois, desconsiderar as características naturais de uma região, mesmo
nas intervenções mais primárias, é um erro rudimentar. Em análises mais
rigorosas a ação poderia até ser classificada de não ciência.
Antes que alguém possa pensar que
este é mais um debate polarizado entre o conhecimento científico e os
conhecimentos populares, que ocupam muitas páginas na literatura, vale
esclarecer que, neste caso, a crítica é restrita ao modelo vigente. Do mais, o
antagonismo entre as várias formas de conhecimento só gera ignorância e mais
desconhecimento. Para um desenvolvimento verdadeiramente sustentável, todas as
formas de conhecimentos precisam ser consideradas em suas especificidades. Mas
é importante destacar que, mesmo considerando a soma destes conhecimentos, estes
não são totalizantes. É o encontro, confronto ou arrumação de conhecimentos que
gera mais conhecimentos.
Voltando ao tema, a tarefa passa
a ser restabelecer as bases para a construção de um modelo de desenvolvimento
que considere, sobretudo, as condições naturais da região, seus limites,
potencialidades, culturas, saberes e conhecimentos construídos, suas
peculiaridades. A sustentabilidade, afirmação de um desenvolvimento
equilibrado, passa pelo enfrentamento aberto às concepções capitalistas de
desenvolvimento e às visões oportunistas que se apropriam do discurso
ambientalista, e até revestem seus empreendimentos de alguma maquiagem
ambiental, mas que, na essência, reproduzem os modelos de concentração de
renda, de empobrecimento e de depredação dos recursos naturais.
5.
Uma rede de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido
A efervescência social e o
acumulo de forças populares no Semiárido tem permitido paulatinamente a escrita
de outra história. Para além da importante construção de tecnologias sociais
para captar e armazenar água de chuva para beber e produzir alimentos, está em
curso um processo objetivo de empoderamento das comunidades rurais na
proposição e exercício de iniciativas e ações de convivência, a exemplo da
constituição de redes e casas de sementes tradicionais, multiplicação de feiras
comunitárias, acesso ao mercado institucional através do Programa de Aquisição
de Alimentos (PAA), intensificação de intercâmbios de agricultor para
agricultor, etc. É a sociedade civil que fortalecida enquanto sujeito de
direitos, a partir de suas necessidades, propõe e executa políticas públicas
para a Convivência com o Semiárido e passa a ocupar novos espaços. O que exige
novas capacidades.
A efetiva participação da
sociedade civil se materializa no P1MC e no P1+2 nos fóruns microrregionais,
comissões municipais e comissões comunitárias. Espaços exclusivos da sociedade,
significando a participação efetiva na escolha das famílias, capacitações,
mutirões, processos de compras, construções, monitoramento e controle social.
Já são mais de 18 mil organizações da sociedade civil - 1.076 Comissões
Municipais e outros milhares de Comissões Comunitárias - presente nos
municipais, comunidades, distritos, assentamentos de reforma agrária, comunidades
quilombolas, aldeias indígenas e outras. Nestes espaços avolumam-se
experiências e iniciativas que retroalimentam a ação e ajudam a formular novas
políticas públicas.
Com uma ação clara e objetiva, a
ASA consolida as bases de seu programa de formação e mobilização social com o
intuito de acessar financiamento público, partindo da compreensão que a
alimentação como direito é um dever do Estado. Por outro lado, atua de forma
ativa e qualificada nos espaços de formulação e controle das políticas
públicas, a exemplo do Conselho Nacional de Segurança e Soberania Alimentar
(CONSEA) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF)
para consolidar parcerias e aprimorar as políticas públicas. A partir destes
espaços, a ASA pauta não apenas o governo, mas, a própria sociedade.
Em 2008, em sessão especial do
CONSEA, em Recife, comemorando o centenário de Josué de Castro, as políticas
nacionais de água foram tema central de análise, reflexão e proposição de
iniciativas que garantam às populações rurais o direito a soberania e segurança
alimentar e nutricional na região. O documento questionador e de sugestões do
CONSEA ao Governo Brasileiro, lido oficialmente naquela ocasião, denominado “O
acesso e os usos da água no contexto da soberania e da segurança alimentar e
nutricional”[8].
Nesse documento estão expressos diagnósticos e orientações para redução dos
riscos hídricos também apontados pelo Atlas da ANA, que servem de orientação
para os projetos a serem executados. A ASA, a partir de sua experiência,
contribuiu marcantemente para a construção do documento.
Destacamos abaixo alguns trechos
do documento elaborado pelo CONSEA, que contextualizam e fundamentam a
importância de ações como o P1MC e P1+2, enquanto resposta articulada de
iniciativas que respondem necessidades especificas, difundindo alternativas de
manejo dos recursos hídricos que atendam às diferentes demandas de uso.
“O acesso à água de qualidade é
um direito humano básico que necessita ser efetivado para toda a população.
...Sabemos que o tema do acesso e os usos da água no contexto da segurança
alimentar e nutricional, tem múltiplas dimensões. Fizemos uma escolha ao tratar
prioritariamente de algumas delas,... para afirmarmos compromissos com vários
órgãos do governo de garantia da água como alimento.
...
A fome e a sede no Semiárido são
um produto humano, social e político....O Semiárido necessita de uma política
de águas que contemple as várias dimensões de vida de suas populações e
valorize a sabedoria, as experiências e o protagonismo de seu povo... O século
XX foi marcado por políticas públicas dirigidas ao investimento em
infraestruturas hídricas de grande porte por meio da construção de grandes
açudes e barragens. Como resultado deste esforço há um potencial de
armazenamento de água da ordem de 37 bilhões de metros cúbicos... Entretanto,
ofertas concentradas de água só têm vocação para atender demandas concentradas
como a das cidades/indústrias e perímetros irrigados.
...
Quatro dimensões
intercomplementares do acesso à água são essenciais para se garantir a
segurança alimentar e nutricional de toda a população, especialmente dos mais
pobres.
a)O abastecimento para uso doméstico de beber e
cozinhar.
Esta dimensão, hoje já trabalhada
pelas cisternas de placas, é considerada uma solução plausível.
....
b)
A segunda água: a água de produção.
A população dispersa do Semiárido
necessita de alternativas de captação e uso da água para os(as)
agriculturores(as) familiares que aí vivem e trabalham, para a dessedentação de
animais e para a produção de alimentos que garantam a segurança alimentar e
nutricional.
Neste campo inserem-se de modo
especial, também as bem sucedidas experiências de pequenas irrigações por
métodos de gotejamento e em especial das barragens sucessivas, que se projetam,
inclusive, para a produção de alimentos em grande escala e a perenização de
rios normalmente secos, a partir da utilização da água de barragens.
....
c)Água para as comunidades.
Ainda que dispersas, as famílias
do Semiárido têm como referência suas localidades, comunidades, pequenos
vilarejos e/ou pequenas cidades. São pequenos agrupamentos de famílias que
formam identidade de coletividade e solidariedade.
Mesmo quando as famílias possuem
as cisternas de beber e alguma água para a produção de alimentos, muitas vezes,
falta-lhes água para os demais usos domésticos. Nestes casos, são as aguadas
comunitárias, denominadas de água para a comunidade, que servem para suprir os
demais usos da casa e da propriedade, a dessendentação de animais.
Em todo Semiárido, existem
práticas valiosas de armazenamento e uso de água que precisam sair do âmbito de
experiências e se projetarem para o âmbito das políticas públicas.
d)Água para os vilarejos, para as pequenas cidades e para as cidades
maiores.
...
Trata-se, por conseguinte, de
tomar medidas para democratizar o uso e acesso à água e para isso este Conselho
recomenda:
...
- Que seja
intensificado o processo de democratização do acesso à água, maximizando
iniciativas de ministérios e órgãos públicos, a exemplo das cisternas, do P1+2,
da revitalização de poços, barragens sucessivas e subterrâneas entre outras,
aumentando a dotação orçamentária e não restringindo-a como aconteceu no
orçamento de 2008.”
Na consolidação do acesso à água
como política de segurança e soberania alimentar e nutricional, a ASA tem
contado com a incansável atuação da Secretaria de Segurança Alimentar e
Nutricional, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome
(SESAN/MDS), que a exemplo do CONSEA, tem ajudado a viabilizar a processos de
convivência com o Semiárido. Hoje no projeto cisternas a SESAN inverte a lógica
de fazer política, em diálogo com ASA, tem construído seus editais públicos,
orientados para estados e município, pautados nos princípios da convivência,
exigindo conteúdos específicos nas capacitações, metodologias participativas e
a realização de intercâmbios horizontais de agricultores como critérios de
pontuação e contratação.
Neste sentido, a ASA tem
desenvolvido um papel relevante para uma nova mentalidade de fazer política
pública.
6. Considerações
“... o muito que foi feito ainda é pouco”.
Nos últimos dez anos os processos
de formação associados à construção de tecnologias sociais de captação e
armazenamento de água de chuva têm constituído uma revolução silenciosa no
Semiárido. As conquistas alcançadas no direito à água para beber foram
significativas. Reflexo desta realidade pode ser facilmente constatado quando
se observa que em 2010, em muitas regiões do Semiárido, se viveu uma das
maiores secas das últimas três décadas e os efeitos quase não foram sentidos.
Em outros tempos o escarcéu já estaria formado. Já são mais de 1,5 milhões de
pessoas que acessam água potável ao lado de suas casas. Mais de 315 mil
cisternas construídas[9].
Contudo, em uma região onde a escassez é tida como um limite da natureza e não
uma conseqüência da inexistência de política pública, os desafios ainda são
numerosos.
Estudos feitos pelo MDS e Embrapa
Semiárido dão conta de que 1,3 milhões de famílias no Semiárido não dispõem de
fontes de água potável, sendo a construção de cisternas a solução mais
eficiente para este fim. Quando subtraídas deste contingente as famílias que já
acessaram cisternas, seja através da ASA, por outras organizações, por estados
e municípios e/ou com recursos próprios, de acordo com levantamento feito pelo
IBGE[10],
ainda mantém-se um déficit aproximado de 800 mil famílias sem acesso à água. Ou
seja, ainda diante do patamar de 500 mil cisternas construídas, há uma demanda
de quatro milhões de pessoas.
A incipiência de estruturas
produtivas no Semiárido, em especial de infraestrutura hídricas, faz com que
mais de um milhão de unidades de produção familiar estejam susceptíveis às
intempéries do tempo. Ampliar a oferta de água estocada para produção de
alimentos é um passo imprescindível para debelar de vez os altíssimos índices
de insegurança alimentar na região, gerar renda e ampliar a autonomia das
famílias. Com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) já foram construídas
6.600 cisternas calçadão, 386 barragens subterrâneas, 243 tanques de pedra, 208
BAP e 1 barreiro-trincheira. Aproximadamente 11 mil famílias, 55 mil pessoas[11].
Sair da escala experimental do
programa e torná-lo política pública exige um amplo e irrestrito debate sobre
soberania alimentar, segurança hídrica e reestruturação fundiária. Hoje, a ASA
trabalha três linhas claras de acesso à água: 1) água para beber e cozinhar
(P1MC), 2) água para produção familiar e 3) água para produção comunitária. Na
linha da água para produção familiar -destinada aos quintais produtivos,
pomares, criação de aves, roçados ecológicos, sistemas agroflorestais e outros
- as tecnologias sociais trabalhadas são cisternas-calçadão, cisternas de
enxurrada e barragens subterrâneas. Na água de produção comunitária, também
conhecida como água da comunidade ou água de emergência - destinada especialmente
para a dessedentação animal e implantação de hortas comunitárias - as
tecnologias sociais são tanques de pedra/caldeirões e Bombas D’água Popular
(BAP). Esta água de produção comunitária é também destinada ao abastecimento
das residências, usos múltiplos: lavado de roupa, lavar louça, limpeza da casa,
banho, outros, dimensão relevante que requer investimento em estruturas
complementares como a construção de lavanderias comunitárias, chafarizes,
sistemas simplificados para as residências, etc.
Ampliar a malha de pequenas obras
hídricas para um milhão de unidades de produção familiar requer um investimento
na ordem de 10 bilhões de reais, valor expressivo, porém, insignificante quando
comparado a investimentos como os da transposição do rio São Francisco, que
para dois canais está estimado em 7 bilhões de reais. Outra referência são os
recursos destinados ao PRONAF, que só no ano de 2010, foram 12 bilhões de
reais. Considerando que o Semiárido concentra quase metade da agricultura
familiar no País, disputar a aplicação destes recursos em infraestruturas
produtivas é parte deste debate estratégico.
Vale ressaltar ainda que a Lei
11.445 (Lei do Saneamento Básico), regulamentada pelo decreto nº7.217, assinado
pelo presidente Lula em junho de 2010, coloca na pauta institucional a eficácia
das infraestruturas de estocagem de água, a exemplo das barragens subterrâneas,
cisternas e outras, como transcrito abaixo:
Decreto nº 7.217
CAPÍTULO VI
DO ACESSO DIFUSO À ÁGUA PARA A POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA
Art. 68. A União apoiará a população rural dispersa
e a população de pequenos núcleos urbanos isolados na contenção, reservação e utilização de águas
pluviais para o consumo humano e para a produção de alimentos destinados ao
autoconsumo, mediante programa específico que atenda ao seguinte:
I - utilização de tecnologias sociais tradicionais,
originadas das práticas das populações interessadas,
especialmente na construção de cisternas e de barragens simplificadas; e
II - apoio à produção de
equipamentos, especialmente cisternas, independentemente da situação fundiária
da área utilizada pela família beneficiada ou do sítio onde deverá se localizar
o equipamento.
§ 1o No caso de
a água reservada se destinar a consumo humano, o órgão ou entidade federal
responsável pelo programa oficiará a autoridade sanitária municipal,
comunicando-a da existência do equipamento de retenção e reservação de águas
pluviais, para que se proceda ao controle de sua qualidade, nos termos das
normas vigentes no SUS.
§ 2o O programa
mencionado no caput será
implementado, preferencialmente, na região do semiárido brasileiro.
Este deverá ser um instrumento
significativo no apoio a iniciativas que ampliam a quantidade de águas
estocadas para beber e produzir alimentos, uma conquista que destaca a capacidade
inventiva das famílias agricultores e das comunidades tradicionais enquanto
produtores e gestores de conhecimentos. Sem dúvida, uma vitória dos povos do
Semiárido.
No campo do acesso a terra houve
retrocessos, o censo agropecuário constatou no Nordeste aumento do latifúndio e
das áreas das grandes empresas do hidro-agronegócio, com destaque para os
estados da Bahia e Maranhão, e diminuição nas áreas da agricultura familiar. Os
conflitos pela posse da terra avolumaram-se e a violência no campo tem ceifado
inúmeras vidas de agricultores. Os poucos avanços, no Brasil como um todo,
foram sentidos pelas comunidades quilombolas que tiveram áreas reconhecidas
como territórios de identidade pelo Instituto Palmares, ainda assim, neste
período poucas foram tituladas.
Enquanto debate específico para o
Semiárido, uma questão na pauta exige um pouco mais de reflexão, pois, embora
compreensível, a afirmativa de que para uma família viver no Semiárido
precisaria de 100ha a 200ha, mesmo considerando as diversas regiões, apresenta
limites em sí. Pois, mesmo realizando uma reforma agrária radical, a relação
área/família não permitiria áreas superiores a 40ha. Trabalhar com estas
proposições exigiria aumentar o tamanho do Semiárido, irrealizável, ou migrar
parte das famílias para colonizar áreas da Amazônia e dos Cerrados. O que não
está em questão. Reconhecer estes limites e discutir o Semiárido a partir de
suas peculiaridades traz o desafio de produzir sustentavelmente em áreas
menores. O centro passa pelas práticas culturais: roçados permanentes com
rotação de culturas, valorização de quintais, agroflorestas e outras. Nos casos
de criação extensiva o desafio será ampliar as áreas coletivas a dos fundos de
pasto e outros. Mas conforme já mencionado, esta é uma questão que requer
reflexão e aprofundamento. A tarefa imediata é democratizar a terra.
Por último, construir políticas
públicas de convivência com o Semiárido é sempre uma ação inclusiva feita em
diálogo com as necessidades das pessoas e a observação da natureza e de seus
limites. Neste sentido, a experiência da sociedade civil no Semiárido constitui
uma das mais significativas expressões de organização e protagonismo no meio
rural brasileiro. O novo na ASA é sua referência metodológica que tem o
exercício da prática como meio de formular e reformular sua teoria. Um
movimento espiral contínuo de prática-teoria-prática. É a afirmação positiva e
feliz de uma região que é rica e diversa.
É o tamanho dos desafios que
determina a grandeza da ASA.
7. Referências bibliográficas
ASA Brasil.
Caminhos para a convivência com o Semi-árido 4-6. – 5ª edição, Recife-PE, 2009
ASA Ceará.
Carta Política. Crato-CE, 2007. Disponível em www.asabrasil.org.br/portal/Informacoes.asp?cod_menu=999
. Acesso em 30/10/2010.
ASA Brasil. V
Encontro Nacional da ASA. Carta Política. Teresina, Piauí, 2004. Disponível em www.asabrasil.org.br/portal/Informacoes.asp?cod_menu=1601
. Acesso em 30/10/2010.
ASA
Brasil. IV Encontro Nacional da ASA. Carta Política. Campina
Grande, Paraíba, 2003. Disponível em www.asabrasil.org.br/portal/Informacoes.asp?cod_menu=2244
. Acesso em 30/10/2010.
ASA Brasil
. III Encontro Nacional da ASA. Carta Política. São Luis, Maranhão, 2002.
BOURDIEU,
Pierre . O Poder Simbólico; tradução Fernando Tomaz (português de Portugal) – 2.ed. Rio de Janeiro, ed. Bertrand Brasil 1998
Banco Mundial,
Impactos e externalidades sociais da irrigação no Semi-Árido brasileiro.
Disponível em
: www.bndes.gov.br/SiteBNDES/...pt/.../seminario/hidrico_8.pdf. Acesso em 30/11/10
CONSEA. O
acesso e os usos da água no contexto da soberania e da segurança alimentar e
nutricional. Disponível em: www.planalto.gov.br/Consea/static/.../documentos.html
. Acesso em: 30/11/10
EMBRAPA SEMIÁRIDO
, Centro de Pesquisa Tecnológica do Semi-Árido
–CPTSA. Disponível em: www.cptsa.embrapa.br
FREITAS,
M. T. A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da
pesquisa qualitativa –Disponível. em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742002000200002
. Acesso em: 03/08/10
IBGE
. Censo Agropecuário, 2006.
MOC.
"A ASA é uma das paixões da
minha vida"Naidison
Baptista fala sobre o VII EnconASA e das mudanças ocorridas no semiárido. Disponível em: http://www.moc.org.br/noticias_exibir.php?mostrar=322
. Acesso em: 30/11/10
SOUSA, M. S. R. de
. Imaginário social de semi-árido e o processo de
construção de saberes ambientais: o caso do município de Coronel José
Dias-Piauí, 2005.
UFPE.
Ecologia e Conservação da Caatinga. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2003.
Disponível em: http://www.cepan.org.br
. Acesso em: 10/09/10
[1]A
abordagem sócio-histórica consiste numa preocupação de compreender os eventos
investigados, descrevendo-os e procurando as suas possíveis relações,
integrando o individual com o social (Freitas, 2002)
[2]UFPE.
Ecologia e Conservação da Caatinga. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2003.
Disponível em : http://www.cepan.org.br.
Acesso em 10/09/10
[6]A
violência simbólica é uma forma de coação que se apóia no reconhecimento de uma
imposição determinada, seja esta econômica, social ou simbólica. Se funda na
fabricação contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o
indivíduo a se posicionar no espaço social seguindo critérios e padrões do
discurso dominante. Devido a este conhecimento do discurso dominante, a
violência simbólica é manifestação deste conhecimento através do reconhecimento
da legitimidade deste discurso dominante. (Bourdieu, 1998)
[7]
Banco Mundial, Impactos e xternalidades sociais da irrigação no Semi-Árido
brasileiro. Disponível em:
www.bndes.gov.br/SiteBNDES/...pt/.../seminario/hidrico_8.pdf. Acesso em
30/11/10
[8]CONSEA.
O acesso e os usos da água no contexto da soberania e da segurança alimentar e
nutricional. Disponível em: www.planalto.gov.br/Consea/static/.../documentos.html. Acesso
em: 30/11/10
[9]Este
número corresponde apenas às cisternas construídas pela Associação Programa Um
Milhão de Cisternas Rurais – AP1MC até final de novembro de 2010, não
computando as construídas pelas organizações, estados, municípios e as
construídas com recursos próprios.
[10]Estes
números foram construídos a partir de informações do IBGE no censo agropecuário
de 2006, portanto são aproximados, algo em torno de 600 mil cisternas no
nordeste e 500 mil no Semiárido. Número também aproximado. Como a coleta do
dado foi para saber se a família tinha cisterna ou não, não se tem informações
precisas sobre capacidade de armazenamento de água e nem das condições
estruturais destas construções.
Dados extraídos do SIGA em 30 de novembro de 2010.
Antonio Gomes Barbosa
Sociólogo, coordenador do
Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido:
Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) -
Rua Nicarágua, 111, Espinheiro, CEP 52.020-190, Recife, PE - Brasil. barbosa@asabrasil.org.br
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