Energia solar poderá se tornar competitiva em relação a outros sistemas de
geração até 2020
Captação solar começa a ficar viável – Sistema pode se
tornar competitivo em dez anos, mas já existem grandes projetos sendo
iniciados, como o de Coremas, na Paraíba.
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Foto: Arquivo
Fonte geradora de eletricidade ainda pouco desenvolvida no Brasil, a energia solar poderá se tornar competitiva em relação a outros sistemas de geração até 2020, estima a Agência Internacional de Energia (AIE). Reportagem de Sérgio Torres, em O Estado de S.Paulo.
A energia solar é a mais limpa e renovável das fontes energéticas. O que precisa ser desenvolvida é uma tecnologia mais barata que permita a produção em larga escala, a custos abaixo das fontes convencionais, como, por exemplo, a hidrelétrica, base da geração brasileira.
Dados da AIE indicam que a capacidade global de geração de energia solar tem aumentado cerca de 40% ao ano desde 2000. Pelos cálculos da entidade, em 2050 essa matriz responderá por 11% da produção total de eletricidade no planeta.
No Brasil, a produção da energia solar ainda é reduzida, mas o potencial é expressivo. São produzidos hoje no País 2 megawatts (MW) por ano em programas experimentais. Os projetos destinam-se, principalmente, ao abastecimento de regiões desassistidas pela rede tradicional de energia elétrica, em razão do isolamento.
Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, embora ainda não tenha ingressado em uma faixa competitiva, o preço da energia solar tem caído bastante. “O Brasil registra um alto índice de insolação, que se mantém mais ou menos constante durante o ano. O preço ainda é caro, não competitivo, em torno de R$ 200 o megawatt/hora”, afirma. “A energia solar vai crescer, é uma questão de tempo.”
Tolmasquim procura fazer uma comparação entre o nível atual de geração de energia solar com o de energia eólica (gerada pela força dos ventos) anos atrás. “A mesma coisa que aconteceu com a energia eólica. Começamos com R$ 300 o megawatt/hora. Hoje sai por R$ 100. Ainda vai acontecer algo parecido com a energia solar em um horizonte de dez anos.”
A energia solar chega ao planeta nas formas térmica e luminosa. A irradiação seria suficiente para atender milhares de vezes o consumo anual de energia do mundo, mas sua atuação sobre a superfície varia conforme a latitude, a estação do ano e as condições atmosféricas.
Ao ser absorvida pelos sistemas de captação, a irradiação do sol converte-se em calor, matéria-prima das usinas termoelétricas para produzir eletricidade. O local da usina precisa ter alta incidência de irradiação, com poucas nuvens e chuvas, como acontece em parte do Nordeste brasileiro, especialmente na região do semiárido.
Coremas. A companhia brasileira Rio Alto Energia focou investimentos em um projeto de usina solar em complemento com biomassa na cidade de Coremas, no sertão da Paraíba. Também viabiliza a implantação de uma unidade de 20MW na região do Vale do Jequitinhonha (norte de Minas Gerais). O investimento em Coremas é de R$ 325 milhões.
Como Tolmasquim, o executivo Erico Evaristo, membro do Conselho Administrativo da Bolt Energias, vislumbra a possibilidade de crescimento expressivo da energia solar nos próximos anos. Ele destaca os projetos de implantação de sistemas de geração distribuída, que poderão baratear as contas de energia. Os projetos preveem que durante o dia as placas captam a energia solar. Se o consumidor não usa toda a energia apreendida, o excedente passa para a rede de energia convencional. A tarifa é cobrada com descontos calculados com base na energia solar transferida. “Para isso, é preciso ter medidores especiais. Calculo que seja um investimento para 20 anos. A construção de usinas solares não é viável hoje, mas a eólica não era há cinco anos.”
EcoDebate, 06/11/2012
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COMENTÁRIOS
Clóvis Cavalcanti - Coordenador Geral da área de Meio Ambiente da Fundação Joaquim Nabuco
João:
A energia solar já é competitiva. Sempre foi. Se não fosse, como iríamos sobreviver? A comida resulta do sol. A questão é que o petróleo é tão subsidiado, tão subsidiado, que se torna competitivo. Se não fossem os subsídios a ele atribuídos hoje, que serão cobrados das gerações futuras -- coitadas! --, um barril do óleo poderia custar digamos, 1 milhão de dólares, se não mais. Há cálculos sobre isso (de cientistas). Caso fosse assim, encher o tanque de seu carro custaria aí por R$ 1.200.000! Teríamos que andar de jegue.
Abraço,
Clóvis.
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