quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Houve falha humana no apagão no Nordeste e Tocantins, diz Aneel.


BRASÍLIA - O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, afirmou há pouco que houve falha humana no incidente que gerou o apagão que atingiu Estados da Região Nordeste e o Tocantins na madrugada da última sexta-feira, 26. "Tem falha humana, sem dúvida nenhuma. No caso do último apagão, de programação de uma proteção de um equipamento que não foi devidamente programada", afirmou. Hubner descartou, porém, que a falha tenha sido intencional. "Não acredito nisso."

http://estadao.br.msn.com/economia/houve-falha-humana-no-apag%C3%A3o-no-nordeste-e-tocantins-diz-aneel

Hubner afirmou que o governo está buscando formas para coibir a ocorrência de novas falhas como essa. "O sistema brasileiro, sendo tão sofisticado, tem que ter um nível de cobertura em termos de procedimento. Não pode a ação de um elemento qualquer causar um defeito. Temos que ter proteções e é isso que vamos buscar."

Hubner destacou, porém, que as causas do incidente só devem ser conhecidas após a conclusão do Relatório de Análise de Proteção (Rap) pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). "A gente entende que isso não pode acontecer no sistema brasileiro. Tivemos um conjunto de falhas, já bem detectadas, tanto de procedimentos, operacionais e falha humana, e isso vai ter que ser tudo corrigido. Estamos vendo ações para que isso não aconteça mais."



Sobre o assunto:

O apagão voltou! artigo de João Suassuna

http://www.remaatlantico.org/Members/suassuna/artigos/o-apagao-voltou-artigo-de-joao-suassuna/view




por João Suassuna — Última modificação 31/10/2012 17:56

MP 579 e os apagões elétricos

Heitor Scalambrini Costa

Professor da Universidade Federal de Pernambuco


Mesmo com os reclamos e a gritaria, foi quase que total a adesão das empresas de energia elétrica à renovação dos contratos de concessão dentro das novas regras contidas na Medida Provisória (MP) nº 579, publicada em 11 de setembro, que trata não somente das concessões de geração, transmissão e distribuição de energia, mas também sobre a redução de encargos setoriais, a modicidade tarifária, entre outras providências. No caso para renovar as concessões por até 30 anos, as empresas cujos contratos venceriam entre 2015 e 2017 terão que aceitar uma redução ainda não conhecida oficialmente do preço cobrado por seus serviços. As novas tarifas para concessionárias de geração e transmissão que apresentaram pedido para renovar as concessões, assim como as indenizações serão detalhadas por empresa, e sairão por meio de portaria do Ministério de Minas e Energia.



Fazem parte do universo das empresas, 123 geradoras de energia, que somam uma capacidade instalada de 20.000 megawatts (MW), equivalente a 20% do parque gerador brasileiro; 44 distribuidoras que dominam 35% do mercado consumidor; e 9 transmissoras, proprietárias de 85 mil quilômetros de linhas, ou 67% da rede do Sistema Interligado Nacional. Somente na geração não houve adesão total, pois 14 geradoras não aderiram.



Mesmo sabendo que o governo há pelo menos 4 anos já discutia no âmbito de um grupo de trabalho a renovação das concessões, lamentavelmente, ainda apareceram agora tantas dúvidas e questões indefinidas que podem levar a questionamentos jurídicos. O que vem demonstrar mais uma vez a falta de transparência existente no setor elétrico.



No contexto das insatisfações geradas pela medida provisória, é importante mencionar o movimento de sindicalistas ligados a CHESF, dirigido para o que chamaram de “defesa da empresa”. Alertam na Carta aos Deputados e Senadores à possível destruição e o desmonte das estatais de geração, caso aceitem as regras impostas. E que irão definir o valor das tarifas e as indenizações das empresas. No caso da CHESF afirmam que aceitando reduzir o custo do MWh abaixo de R$ 67,00/MW, o esvaziamento da empresa será eminente, comprometendo irreversivelmente sua contribuição social e cultural para a região; além de afetar as áreas de manutenção, modernização das instalações, benefícios aos empregados, entre outras. Não entrando no mérito da importância da empresa e da qualificação técnica de seus funcionários para a região Nordeste, algumas considerações merecem ser feitas.



A meu ver, existe um debate equivocado promovido pelos sindicalistas inflados por interesses da empresa, políticos e corporativistas. Concentrar mobilização, contra a tentativa e os esforços do governo federal em diminuir as tarifas elétricas para o consumidor final, é um erro estratégico, mesmo que afirmem o contrário. Entendo como alerta do referido documento, que a redução na receita da empresa poderá agravar a qualidade no fornecimento de energia, e não como uma ameaça velada, que pode ser entendida por outros.



O que se estranha é que quando a Chesf e as outras empresas vendiam a energia produzida acima de 3 a 4 vezes os custos dispendidos na geração e operação do sistema, não se via a ação dos sindicalistas em defesa dos consumidores. Como é admitido, no caso da CHESF, a energia produzida era negociada em média a R$ 92,00/MWh, enquanto os custos estava em torno de pouco mais de R$ 20,00/MWh. As demonstrações financeiras e relatórios anuais da administração da empresa publicados nos jornais comprovam os lucros desproporcionais e descabidos frente à realidade econômica do país, contribuindo sem dúvida para a explosão tarifaria. Claro que este não foi, e é o único motivo do Brasil estar no top 5 das maiores tarifas do mundo.



Também, o fato da geração de energia da Chesf depender quase que exclusivamente (95%) das hidroelétricas ao longo do Rio São Francisco, e seus dirigentes nada terem feito ao longo dos anos de “vaca gorda” para a diversificação desta matriz elétrica; aproveitando os recursos: eólico e solar abundantes na região, mostram o quanto ela errou na sua estratégia de oferta e complementaridade de energia. E hoje esta dependência das hidroelétricas torna a garantia do fornecimento elétrico vulnerável às condições meteorológicas, e favorecem o uso de termoelétricas (gás natural, diesel e óleo combustível), altamente poluentes e caras. Para alivio dos empresários do setor.



Para a remuneração dos ativos, que ainda não está decidido, sem dúvida deverá ser levado em conta os interesses do equilíbrio econômico e financeiro da companhia. Hoje as empresas do setor elétrico indistintamente pagam o preço da falta de transparência na tomada de decisões, que sempre foi e continua sendo antidemocrático e autoritário. Pois, como dito, mesmo uma comissão “de alto nível” há 4 anos se debruçando sobre a questão das concessões, pouco se sabia o que estava sendo discutido e decidido. E aí, caros sindicalistas, a luta sindical, deve ser concentrada na questão da democracia e transparência do setor elétrico.



Com os 3 grandes apagões ocorridos nos últimos 60 dias, depois da publicação da MP (22 de setembro, 3 de outubro e 25 de outubro), surgiram sempre hipóteses (descartada e pelas autoridades) de sabotagem. Alguns “visionários” e alarmistas viram nestes episódios a possível ação contrária a MP.



Não se pode dar muita atenção as conjeturas sobre uma possível conexão entre os apagões recentes, e o anúncio do governo federal em fazer uma mudança na estrutura de cobrança das tarifas das geradoras e transmissoras de energia, com a finalidade de baratear a energia paga pelo consumidor final. Mesmo sendo estranho e anormal a ocorrência destes eventos, devemos lembrar que outros apagões se sucederam mesmo antes da MP.



Outro aspecto a ser considerado nestes tempos de apagão, foi sua utilização político-partidária, criando junto à população o medo, receio, e o descrédito em relação ao sistema elétrico nacional, com afirmações que existe uma tendência a piorar a situação. Como se para baratear o custo da energia para o consumidor, ele deve sofrer a consequência da baixa qualidade do serviço elétrico oferecido.



Este é o momento de sobriedade e tranquilidade nas criticas necessárias aos dirigentes e responsáveis do setor elétrico. A MP em questão tem muitos defeitos que devem ser corrigidos. Todavia devemos apoiar medidas que tenham como objetivo reduzir as tarifas para o consumidor, sem que se comprometa o patrimônio do povo brasileiro com medidas populistas anunciadas na véspera da eleição.

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