O futuro
será diversificado ou não haverá futuro, profetiza Vandana Shiva.
Valores
como cuidado e proteção embasam uma democracia viva, que traz a
sustentabilidade e atende as necessidades de conexão universal entre todas as
espécies, defende a ecofeminista indiana em palestra realizada na capital
gaúcha.
Por
Eliege Fante, para EcoAgência de Notícias Ambientais
A intensificação da biodiversidade é o antídoto
para superarmos as crises existenciais, econômicas, sociais, sob as quais a
humanidade se encontra. A afirmação é da ecofeminista indiana Vandana Shiva,
que realizou palestra na noite de segunda-feira (28) no Fronteiras do
Pensamento, no Salão de Atos da Reitoria da UFRGS, em Porto Alegre. Para ela,“O
futuro será diversificado ou não haverá futuro,” profetizou.
A biodiversidade retratada se evidencia através do respeito ao próximo, às espécies, ao diferente, aos indígenas e as demais comunidades autóctones. Conforme explicou, são essas comunidades que possuem a sabedoria de como viver com uma pegada ecológica leve, ou seja, impactando menos os ecossistemas. “Com cada língua que desaparece vai também uma possibilidade de resistência contra a extinção das espécies.”
“Vamos celebrar as culturas, reinserir o bem-estar para a segurança ecológica das identidades, dos cidadãos da Terra, reaver o controle do alimento e da água,” disse Vandana. A pesquisadora entende que à globalização corporativa, que exclui o cidadão e também o parlamento e os políticos em geral, deve suceder-se uma democracia viva. “Temos que passar para economias vivas que proporcionem a sustentabilidade, satisfaçam a necessidade de consciência, de conexão universal, de compaixão e solidariedade.”
Felicidade Interna Bruta (FIP) - Como um exemplo desta possível prática, a pesquisadora contou a sua experiência enquanto assessora na transição na economia do Butão para uma produção de alimentos totalmente orgânica. “Lá medem o FIB, a Felicidade Interna Bruta. É um ministério da felicidade e não da economia como os outros, que busca o equilíbrio e harmonia com a natureza. São responsáveis por criar novas fronteiras do pensamento, além do ecoapartheid – a separação do homem e da natureza, por criar uma democracia da comunidade da Terra, pois somos uma família na Terra.”
Sobre esta mudança de paradigma, é que Vandana Shiva falará na Rio+20. Adiantou que estará no painel “Segurança alimentar e nutricional” e que defenderá a agroecologia como modelo para produção de alimentos em contraposição ao agronegócio. “Para a economia verde tudo é mercadoria. Mas, como o slogan do Fórum Social Mundial é ‘Um outro mundo é possível’, eu digo que, um outro mundo é ‘necessário’ para a humanidade ter lugar no planeta,” disse.
A biodiversidade retratada se evidencia através do respeito ao próximo, às espécies, ao diferente, aos indígenas e as demais comunidades autóctones. Conforme explicou, são essas comunidades que possuem a sabedoria de como viver com uma pegada ecológica leve, ou seja, impactando menos os ecossistemas. “Com cada língua que desaparece vai também uma possibilidade de resistência contra a extinção das espécies.”
“Vamos celebrar as culturas, reinserir o bem-estar para a segurança ecológica das identidades, dos cidadãos da Terra, reaver o controle do alimento e da água,” disse Vandana. A pesquisadora entende que à globalização corporativa, que exclui o cidadão e também o parlamento e os políticos em geral, deve suceder-se uma democracia viva. “Temos que passar para economias vivas que proporcionem a sustentabilidade, satisfaçam a necessidade de consciência, de conexão universal, de compaixão e solidariedade.”
Felicidade Interna Bruta (FIP) - Como um exemplo desta possível prática, a pesquisadora contou a sua experiência enquanto assessora na transição na economia do Butão para uma produção de alimentos totalmente orgânica. “Lá medem o FIB, a Felicidade Interna Bruta. É um ministério da felicidade e não da economia como os outros, que busca o equilíbrio e harmonia com a natureza. São responsáveis por criar novas fronteiras do pensamento, além do ecoapartheid – a separação do homem e da natureza, por criar uma democracia da comunidade da Terra, pois somos uma família na Terra.”
Sobre esta mudança de paradigma, é que Vandana Shiva falará na Rio+20. Adiantou que estará no painel “Segurança alimentar e nutricional” e que defenderá a agroecologia como modelo para produção de alimentos em contraposição ao agronegócio. “Para a economia verde tudo é mercadoria. Mas, como o slogan do Fórum Social Mundial é ‘Um outro mundo é possível’, eu digo que, um outro mundo é ‘necessário’ para a humanidade ter lugar no planeta,” disse.
Abordar a origem dessa visão da natureza enquanto
mercadoria, levou a palestrante a citar o início do pensamento moderno com
Francis Bacon, filósofo autor de Novum Organum (ou Novo Instrumento,
1620). Bacon pretendia substituir o Organum de Aristóteles, ao criar um
processo de busca pelo conhecimento dito com bases sólidas. Contudo, este
progresso pretendido, destacou Vandana, implantou a visão de que o conhecimento
e o saber levariam ao poder sobre a natureza. Dando-se a partir daí, a
separação entre esta e o homem. “Para esta ciência masculina, é preciso haver
uma refeminização da humanidade, no sentido de um resgate dos valores
femininos, como o cuidado e a proteção, ”apontou.
A ciência masculina, aquela que impõe o subjugo da
natureza, é a mesma que propõe o patenteamento da vida, por considerem-na vazia
até que o homem a desenvolva. “O problema das corporações era que os
agricultores guardavam as sementes, então a Organização Mundial do Comércio
elaborou (1996) o Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade
Intelectual Relacionados ao Comércio. Na Índia, tínhamos 200 mil variedades de
arroz, hoje estão reduzidas a um punhado,” denunciou o monopólio das sementes,
principalmente pela Monsanto. No caso do algodão, cujo mercado a empresa detém
95%, o fracasso na colheita, a dependência financeira e o endividamento dos
agricultores devido ao alto custo das sementes e dos insumos, levou 150 mil
pessoas ao suicídio na década de 90.
Patenteamento da Vida - A ecofeminista explica que o
patenteamento da vida nega a criatividade da natureza. “A indústria faz de
conta que cria muitas características nas sementes, mas só pode colocar uma
toxina,” lembrou, referindo-se ao Bacillus thuringiensis. Ela criticou
também a engenharia genética e o “cassino genético” que promove ao desenvolver
organismos geneticamente modificados. “Inventaram que impedem que ervas
daninhas roubem o sol, colocaram as abelhas como ladras de pólen. O resultado
foi o uso 13 vezes maior de pesticidas e o desaparecimento de 75% das abelhas na
Índia.”
Segundo Vandana, a agricultura industrial manipula
a produtividade ao medir a produção por unidade de insumo. Ela defende o
cálculo a partir dos produtos: alimento, excedente a ser vendido e biomassa.
Especialmente sobre esta última, desmentiu o índice de 75% de não
aproveitamento da biomassa. Segundo explicou, somente nas grandes cidades o
petróleo e os subprodutos facilitam a subsistência, já que no restante delas,
as comunidades são dependentes da biomassa. Por isso, considera o uso desta
para fabricação de combustíveis uma violação dos direitos humanos e da economia
da biodiversidade.
Ao comparar uma monocultura de milho, explicou que uma propriedade biodiversa, vai produzir além do milho, outras culturas também, e o principal, vai produzir nutrição. Em resposta ao público, afirmou que existem centenas de alternativas para substituir o capitalismo, sempre se levando em conta que as liberdades fundamentais são base para uma democracia viva. Intensificar a biodiversidade e não investir em insumos, que geram resíduos e impactos, mas plantar para ter alimento e não para ter mercadoria, são ingredientes da receita da indiana. “Assim como cada região tem bacia hidrográfica, deveria ter uma bacia alimentícia. É preciso ocupar os espaços das cidades, ter o sistema local, trabalhar com amor e confiança, pois existem mais tipos de alimentos do que o milho, a soja, e as demais commodities,” disse.
Ao comparar uma monocultura de milho, explicou que uma propriedade biodiversa, vai produzir além do milho, outras culturas também, e o principal, vai produzir nutrição. Em resposta ao público, afirmou que existem centenas de alternativas para substituir o capitalismo, sempre se levando em conta que as liberdades fundamentais são base para uma democracia viva. Intensificar a biodiversidade e não investir em insumos, que geram resíduos e impactos, mas plantar para ter alimento e não para ter mercadoria, são ingredientes da receita da indiana. “Assim como cada região tem bacia hidrográfica, deveria ter uma bacia alimentícia. É preciso ocupar os espaços das cidades, ter o sistema local, trabalhar com amor e confiança, pois existem mais tipos de alimentos do que o milho, a soja, e as demais commodities,” disse.
A mudança do capitalismo para um paradigma
ecológico vai ocorrer, ela acredita, porque está havendo maior conscientização
das populações, principalmente a partir da crise econômica mundial de 2008 que
provocou o surgimento dos movimentos “Os indignados” e Occupy Wall Street.
Em paralelo, a ativista sugere a ação individual por meio do reconhecimento de
que somos sujeitos nesta luta, de que podemos fazer opções para criar uma
revolução alimentícia, comer orgânicos e não químicos e ter a garantia de que a
nossa forma de alimentação ajuda o avanço dos mercados locais. “Podemos nos
tornar coprodutores da propriedade agrícola e da biodiversidade. O sistema
capitalista não vai durar muito devido suas estruturas artificiais, suas
mentiras e falsidades e, também, à medida que decidirmos criar um outro mundo,”
concluiu.
Vandana Shiva é fundadora do Navdanya, um movimento pela conservação da biodiversidade e direitos dos agricultores. Ela também dirige a Fundação de Pesquisa para a Ciência, Tecnologia e Política de Recursos Naturais. Durante a palestra, abordou o curso de agricultura orgânica que promovem na Índia, onde falam sobre uma economia da resiliência e do qual já participaram 500 mil agricultores.
Vandana Shiva é fundadora do Navdanya, um movimento pela conservação da biodiversidade e direitos dos agricultores. Ela também dirige a Fundação de Pesquisa para a Ciência, Tecnologia e Política de Recursos Naturais. Durante a palestra, abordou o curso de agricultura orgânica que promovem na Índia, onde falam sobre uma economia da resiliência e do qual já participaram 500 mil agricultores.
Ecoagência
Solidária de Notícias Ambientais
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