quarta-feira, 27 de junho de 2012


Movimentos sociais do Cabo recolhem assinaturas contra a maior termelétrica do mundo


sexta-feira, 7 de outubro, 2011

O movimento popular do Cabo de Santo Agostinho comprou a briga contra a implantação da Suape III, prevista para ser a maior termelétrica do mundo.

Desde às 9h, o movimento recolhe assinaturas no centro da cidade. O passo seguinte é buscar apoios em escolas, igrejais e organizações sociais.

Ao fim, o abaixo-assinado será encaminhado ao governador Eduardo Campos.

“Não queremos ser o Cubatão de Pernambuco”, justifica Jairo Lima, escritor e um dos organizadores do movimento.

A preocupação dos moradores do Cabo tem justificativas.

Em algumas áreas do município, fuligem, fumaça e gases lançados por indústrias provocam doenças. As crianças estão entre as principais vítimas.

Esse foi um dos argumentos usados pelo Fórum das Entidades Populares do Cabo e Movimento Eco-Vida para a campanha “Usina suja, sou contra”.

O ato de hoje foi o segundo da semana contra a termelétrica.

Na segunda-feira, diversas entidades do estado lançaram a Frente contra a usina suja em Pernambuco, no Recife.

O empreendimento, anunciado em setembro, poderá produzir metade da energia da hidrelétrica de Xingó, instalada na divisa de Alagoas e Sergipe.

Especialistas afimam que a usina produzirá oito milhões de toneladas de CO2 por ano se funcionar ininterruptamente. Isso, segundo governo, não ocorrerá.

E os movimentos ficaram ao lado dos especialistas. Para eles, a mobilização contra a usina está apenas no começo. É só esperar.


por João Suassuna— Última modificação 15/06/2012 11:09

vivenciou. Na terra, nada vingou e os animais apenas sobrevivem. A água só aparece a cada 15 dias trazida pelo carro-pipa do governo. Apesar de entregar seu destino a Deus, Pedro sabe que seu presente poderia estar melhor pelas mãos dos homens. Sua casa fica a 20 quilômetros do leito do Rio São Francisco. O canal da transposição corta a sua propriedade. Mas a tão anunciada água nunca chegou.

23/05/2012


Para o município, o Velho Chico tem serventia apenas para as famílias que cultivam nas margens com a ajuda de sistemas caseiros de adutoras. Agricultor e sofredor. É assim que Pedro se apresenta às visitas. Sua história de vida explica o porquê. Com a esposa Guiomar da Conceição Landim, 72 anos, ele criou 11 filhos e ajudou a cuidar dos 30 netos e dez bisnetos.

Mas a fartura só existe na quantidade de membros da família. Em 1983, “quando era moço”, diz ele, enfrentou uma seca semelhante à atual, mas essa foi mais fácil de atravessar. “Ainda tinha força para trabalhar, então fui para a beira do São Francisco e lá plantei arroz e palha para o gado. Mas neste ano e nessa idade, não deu para ir a canto nenhum. Estou aqui esperando a providência divina”, conforma-se. Como o inverno passou e a chuva não chegou no Sertão, Pedro viu a lavoura de feijão, milho e cebola que havia plantado em fevereiro esturricar debaixo do sol. Como não conseguiu colher, o jeito está sendo comprar a comida na feira que, por conta da estiagem, está cadavez mais amarga para o sertanejo. “A gente está gastando R$ 7 para comprar um quilo de feijão. Antes era R$ 1,50. A gente está comendo cada vez menos para poder dar para todo mundo”, relata o agricultor, que mora com mais nove pessoas da família.

A água também é regrada. Guiomar conta que a lei da casa é de apenas um banho por dia e o suficiente apenas para “tirar o calor do corpo”. “Tudo é na cuia porque tem torneira, mas não chega água. A roupa mesmo só lavo a cada20 dias para não gastar a água da cisterna, que é para beber”, diz. A água que a família usava para dar aos animais era do riacho Terra Nova, que está praticamente seco. Uma vaca deles morreu atolada na lama, na semana passada, quando foi tentar matar a sede no fio de água.

A barragem de Umari, a poucos quilômetros do sítio, está com o chão rachado. Ironicamente, dentro da propriedade dos agricultores passa o canal da transposição do São Francisco, que também está seco. “A gente tinha pé de manga, coqueiro, goiabeira, tudo aí no lugar desse canal. Aí eu pensei: se é para ter água para todo mundo, tudo bem. Destruíram tudo e até hoje a água não veio. Se vier um dia, acho que não estarei mais aqui para ver”, lamenta Pedro.

Canal do terraço

No Sítio Riacho do Angico, em Cabrobó, o agricultor Joaquim de SouzaNeto, 58, vê o canal da transposição do terraço da sua casa. “De noite, é bonito. As máquinas passam e as luzes ficam ligadas, parece uma cidade”, compara. Mas o São Francisco também não serve a Joaquim, que só tem água que acumula na cisterna, enchida pelos carros-pipa, e em uma cacimba que deve matar a sede do gado até os próximos dois meses. Como seu sustento é tirado da terra, o agricultor está passando os dias com a ajuda da aposentadoria da mãe enquanto o dinheiro do Garantia Safra não chega.

De acordo com o gerente regional do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) de Salgueiro, Luiz Carlos Ferreira, o órgão está finalizando os laudos que vão apontar quantas famílias perderam suas lavouras. O documento será enviado ao governo federal, que fará a liberação dos recursos. A previsão é que o pagamento do seguro comece a ser feito entre junho e julho. Para os que não forem atendidos por esse programa, o governo do estado promete pagar o Bolsa Estiagem.

Oásis

Para quem mora à margem do São Francisco, os impactos causados pela seca quase não são percebidos. Na Fazenda São Miguel, o agricultor Walter Bispo, 34, conseguiu trabalho e está plantando cebola e feijão. “É daqui que estou tirando a feira da casa. A seca neste ano foi braba, mas aqui ainda dá para aproveitar a terra”, conta. O também agricultor João Gabriel de Souza, 43, que mora na propriedade, respira aliviado por estar tão perto do rio. “Colocamos bombas e puxamos a água do rio para irrigar. Aqui, nossa seca é verde.”

COMENTÁRIOS

João Suassuna - josu@fundaj.gov.br

Esse tipo de informação deveria ser evitado pela imprensa. Ele leva a ilusão para o povo. Aqui se trata de jogo de cena político de quinta categoria. Ora, se nas margens do rio São Francisco, populações inteiras estão desabastecidas, a construção, pura e simples, de um canal, não irá justificar a solução do abastecimento do povo do Semiárido, que atualmente se encontra sedento! O que falta, na realidade, são políticas estruturadoras, que fixem o sertanejo em sua terra, garantido-lhe dignidade.

João Suassuna é pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco - Recife

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