Ambientalistas criticam decisão do governo sobre Código Florestal
Organizações ambientalistas
criticaram a decisão do governo sobre o Código Florestal de vetar apenas parte
do projeto.
25/05/2012
Nesta sexta-feira (25), o governo anunciou que
foram vetados 12 pontos do projeto aprovado pelo Congresso.
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Governo veta 12 pontos e faz 32 modificações no Código Florestal
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Para a WWF Brasil, o país corre o risco de sofrer
um retrocesso legislativo pelo fato da presidente Dilma Rousseff não ter vetado
o texto integralmente.
"O projeto aprovado no Congresso é fruto de
um processo legislativo tortuoso, feito para atender apenas a uma parcela da
sociedade que quer ampliar as possibilidades de desmatamento e anistiar quem
desmatou ilegalmente", afirma a secretária-geral da organização, Maria
Cecília Wey de Brito.
Segundo ela, o Brasil pode chegar ao encontro
Rio+20 com um discurso e uma prática incompatíveis. A reunião para a questão
ambiental acontece em junho no Rio de Janeiro.
"Fora os impactos à credibilidade e à
liderança do Brasil no cenário global, poderemos sofrer barreiras comerciais
por seguir crescendo de forma insustentável."
Já o coordenador de campanhas do Greenpeace,
Márcio Astrini, criticou a falta de detalhamento dos vetos e modificações do
Código Florestal.
As alterações serão editadas através de Medida
Provisória, que deverá ser publicada e detalhada com os vetos no "Diário
Oficial" de segunda-feira (28).
"O Brasil dorme hoje sem saber qual é o seu
Código Florestal, qual o texto que vai ser alterado pela caneta da Dilma",
afirmou.
Segundo ele, as mudanças feitas pelo governo não
são satisfatórias para a recuperação das matas ciliares. "Não houve nenhum
anúncio que possa garantir que essa recuperação seja eficiente e vá assegurar a
recuperação do meio ambiente", disse.
ANÚNCIO
Os vetos foram apresentados no Palácio do
Planalto pelos ministros Izabella Teixeira (Ambiente), Mendes Ribeiro
(Agricultura), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Luis Inácio Adams
(Advocacia-Geral da União).
O prazo para que a presidente sancionasse ou
vetasse o texto, aprovado pela Câmara, terminava hoje. Na apresentação, os
ministros apresentaram apenas alguns dos itens que foram alterados, sem
detalhamentos.
O ministro da AGU, Luis Inácio Adams, destacou os
vetos aos artigos 1º e 61. De acordo com Adams, além dos vetos, foram
promovidas 32 modificações. Destas, 14 recuperam o texto aprovado no Senado,
cinco correspondem a dispositivos e 13 tratam de ajustes ou adequações de
conteúdo ao projeto de lei.
Na apresentação, Izabella Teixeira afirmou que o
governo buscou "recompor o texto do Senado, preservar acordos, respeitar o
Congresso, não anistiar o desmatador, preservar os pequenos proprietários,
responsabilizar todos pela recuperação ambiental, manter os estatutos de APP e
de Reserva Legal".
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, tentou
evitar que as decisões sejam consideradas como pró-ambientalistas ou como
pró-ruralistas.
"Esse não é código dos ambientalistas, não é
o código dos ruralistas, este é o código do bom senso", afirmou Mendes
Ribeiro.
PEQUENOS PRODUTORES
Em relação aos pequenos produtores, o governo
optou por acrescentar à MP a chamada "escadinha", ou seja, um
escalonamento das faixas de recuperação de florestas de acordo com o tamanho da
propriedade. "Todos terão que contribuir para recomposição das APPs (áreas
de preservação permanente). Mas a recomposição vai levar em consideração
proporcionalmente o tamanho da propriedade de cada produtor.
"Quem tem menos área de terra, vai recompor
menos APP. Quem tem mais, vai recompor mais", afirmou o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas.
Pela manhã, Dilma e os ministros ligados ao tema
conduziram uma apresentação prévia do novo código aos líderes do governo na
Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), e no
Congresso, José Pimentel (PT-CE).
O governo aproveitou para acertar a estratégia na
tramitação de uma nova proposta no Congresso para cobrir as lacunas que eles
deixarão na lei.
Na reunião, a ministra das Relações Institucionais,
Ideli Salvatti, sugeriu à presidente que promova uma reunião ampliada com os
demais líderes de partidos da base.
DISCUSSÕES
A estratégia de veto foi decidida ontem à noite,
após uma exaustiva série de encontros que a presidente vinha fazendo desde
sábado com os ministros Gleisi Hoffman (Casa Civil), Izabella Teixeira (Meio
Ambiente), Mendes Ribeiro (Agricultura), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário)
e Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União).
Nos encontros, chamados por membros do governo de
"sessões de espancamento", cada artigo do código foi discutido, com
direito a aulas particulares de especialistas, como o agrônomo Gerd Sparovek,
da Esalq-USP, e o ex-ministro Roberto Rodrigues.
Prevaleceu no governo a posição de Izabella, que
defendia o texto do Senado como o melhor acordo possível para conciliar
produção agrícola e conservação.
Ontem à noite, ambientalistas iniciaram uma
vigília em frente ao Planalto. A polícia teve de intervir, mas não houve confronto.
O governo recebeu uma petição com 1,9 milhão de assinaturas pedindo o veto ao
novo código.
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