Carta de Itacuruba critica governos de “grandes obras”. Seca: burocracia ao produtor.
Solenidade de abertura da PEC
Nordeste reuniu autoridades do setor agropecuário do cenário local e nacional.
19/06/2012
O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fábio Salles Meireles Filho, criticou os benefícios concedidos pelo Governo Federal utilizados como medida para os produtores rurais prejudicados pela estiagem no Nordeste. A declaração foi feita na noite de ontem, na abertura da 16ª edição do PEC Nordeste, que aconteceu no Centro de Convenções Edson Queiroz, em Fortaleza.
O secretário de Desenvolvimento Agrário, Antônio Amorim, e os deputados estadual e federal, Roberto Claudio e Raimundo Gomes de Matos, estavam entre os presentes na primeira noite do evento Foto: Waleska Santiago
"O governo brasileiro fala que tem todo o recurso necessário para os produtores. Quando você vai buscar, se amarra em toda uma burocracia e não consegue a liberação destes recursos porque os pedidos de garantia excedem o normal. Se você está fornecendo um recurso para estabelecer para pessoas que estão saindo de uma crise, esse confisco de forma indireta do patrimônio, deveria ser minimizado. Deveria existir um suporte para que essas pessoas tivessem acesso de forma mais fácil ao crédito", afirmou Meirelles Filho.
No discurso de abertura, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya Neto, enfatizou ainda sobre a atual situação climática vivida pelo setor, responsável pela decretação de estado de emergência em mais de mil municípios nordestinos. "Já estamos assistindo a morte, por inanição, dos nossos rebanhos e de sua comercialização a preços aviltantes, para regiões outras, além da perda, por esta situação inglória, do patrimônio genético animal, alcançado por anos consecutivos de trabalho persistente e dedicado", lamentou Saboya.
Código florestal
O vice-presidente da CNA criticou ainda a postura da presidente Dilma Rousseff diante do Novo Código Florestal. "Acredito que a questão do veto foi desinformação, porque hoje num país que nem o Brasil, que está em pleno desenvolvimento, buscando um crescimento sustentável, retirar 33 milhões de hectares da produção é um risco para a nossa segurança alimentar e para a exportação que o País faz dos seus excedentes".
Homenagens
Durante a noite, foram agraciados com a entrega da Medalha do Mérito Rural Prisco Bezerra o Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra, na categoria Política e/ou Administração Pública; Livino José Silveira Soares Sales, na categoria Produção e/ou Liderança Classista.
Já na categoria Científica, Econômica, Tecnológica ou de Ensino, a medalha foi concedida a Clinton Saboia Valente. O prêmio tem como objetivo homenagear personalidades que se dedicaram ao desenvolvimento da agropecuária no cearense.
Pecnordeste
380 expositores em 10 segmentos da pecuária estavam presentes no evento, que pretende receber uma estimativa de público de 38 mil visitantes e 4.500 produtores
domingo, 3 de junho, 2012
A Carta de Itacuruba, assinada por 52
instituições de caráter regional e nacional, foi lida durante a Marcha das
Águas.
A marcha reuniu em Itacuruba, no Sertão
pernambucano, cerca de três mil pessoa vindas de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e
Bahia.
O documento, transcrito abaixo, será encaminhado aos governos estadual e federal e à organização da Rio+20:
“A Cúpula dos Povos começa hoje!
Entre os dois eixos da Transposição de águas do
Rio São Francisco, em direção ao território indígena Pankará, onde o governo
pretende instalar a primeira usina nuclear do Nordeste, no coração do Semiárido
em tempo de seca, nós, cidadãos, cidadãs, indígenas, quilombolas, movimentos
sociais, populações urbanas, igrejas, homens, mulheres, idosos, jovens e
crianças, reunidos na Marcha das Águas, juntos com as entidades promotoras e
participantes deste Ato Público, inauguramos a Cúpula dos Povos em pleno sertão
de Pernambuco, neste dia 03 de junho.
Marchamos para protestar e afirmar que as grandes
obras não resolveram o problema do povo; uma usina nuclear só tende a piorar o
que já é ruim. Não queremos mais uma obra que destrói a biodiversidade,
contamina as águas, polui o ar, ameaça as pessoas e ainda pode deixar lixo
atômico para as gerações futuras, nos próximos 100 mil anos.
O POVO NÃO QUER USINA NUCLEAR! Pois, até hoje
centenas de famílias sofrem com os desmantelos causados pela Barragem de
Itaparica, hoje denominada Luiz Gonzaga; são marcas profundas que o tempo não
apaga. Não precisamos da energia termonuclear, porque ela é suja, cara e
perigosa. Sob qualquer ponto de vista – social, ambiental, político, econômico
e cultural – ela é insustentável e indefensável. Depois do acidente de
Fukushima, no Japão, a maioria dos países dela desiste. Por que o Brasil
insiste no obscuro Programa Nuclear? Exigimos a imediata suspensão deste
programa. Temos, como nenhum outro país, muitas e diversificadas fontes de
energia: a biomassa, solar, eólica, das marés – a serem desenvolvidas com
respeito às pessoas e ao meio ambiente.
Tudo o que nos prometeram falhou. Nenhuma grande
obra nos ajudou. Resultados reais tivemos, em algumas políticas sociais que
chegaram dentro de nossas casas, em nossas comunidades e ajudaram a melhorar
nossas vidas, boa parte delas em consequência da ação organizada da sociedade.
A hora grave vivida pela humanidade e pelo
planeta exige de nós, mesmo ao revés de interesses econômicos, posturas éticas,
de responsabilidade mútua pelo Bem-Comum das atuais e futuras gerações. A
presença ainda numerosa de povos originários nesta região nos possibilita o
resgate de suas tradições culturais, junto com a demarcação de seus
territórios, para um diálogo intercultural e afirmação de utopias de “um outro
mundo possível”, sem a ameaça nuclear.
Nossa região não precisa de mais uma megaobra
problemática, carecemos de investimentos públicos em educação, saúde,
segurança, soberania alimentar e hídrica, economia popular e solidária, reforma
urbana que humanize a cidade, reforma agrária verdadeira, agilidade no processo
de identificação e demarcação dos territórios tradicionais. Queremos
investimentos na Convivência com o Semiárido, na agroecologia, queremos água
através das adutoras para as populações das cidades e a revitalização do nosso
grande manancial que é o rio São Francisco. USINA NUCLEAR NÃO!
A hora grave vivida pela humanidade e pelo
planeta exige de nós, mesmo ao revés de interesses econômicos, posturas éticas,
de responsabilidade mútua pelo Bem-Comum das atuais e futuras gerações. A
presença ainda numerosa de povos originários nesta região nos possibilita o
resgate de suas tradições culturais, junto com a demarcação de seus
territórios, para um diálogo intercultural e afirmação de utopias de “um outro
mundo possível”, sem a ameaça nuclear.
Por isso reafirmamos, a Rio+20 – particularmente
a Cúpula dos Povos – começa aqui em Itacuruba, neste dia 03 de junho, em pleno
sertão de Pernambuco. Dia que vai ficar marcado para sempre em nossa memória
como Dia de Luta, afirmação da vontade popular!”
Em lugar de uma usina nuclear, Marcha das Águas defende a revitalização do São Francisco.
domingo, 3 de junho, 2012
Os organizadores e apoiadores da Marcha das Águas
usam os mesmos argumentos contra a instalação de uma usina nuclear no Sertão.
Para eles, as grandes obras não resolveram o problema do povo na região.
“Uma usina nuclear só tende a piorar o que é já
ruim”, reforça Heitor Scalambrini, professor da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE).
Scalambrini aponta entre os males de uma usina a destruição
da biodiversidade, a contaminação da água, a poluição do ar e o lixo atômico.
O lixo atômico tem poder de contaminar ao longo
de 100 mil anos. E a usina, segundo projeto federal, seria erguida próximas ao
São Francisco.
Em lugar da política de grandes obras, a rede de
Articulação Popular do Rio São Francisco Vivo, organizadora da marcha, defende
investimentos em ações de convivência com o semiárido.
Quais seriam essas ações?
Entre elas, a rede aponta investimentos na
revitalização do rio, agroecologia, educação, saúde e na construção de adutoras
para as áreas urbanas.
“Só temos alguns resultados nas políticas sociais
simples, que chegaram dentro de nossas casas, que ajudaram a melhorar nossas
vidas”, frisa.
E que boa parte dessas ações, diga-se, não chegou
ao sertanejo diretamente dos governos, mas via ONGs e igrejas.
Milhares de pessoas protestam, em Itacuruba, contra a instalação de uma usina nuclear.
domingo, 3 de junho, 2012
A cidade de Itacuruba é, neste momento, um ponto
de protesto contra o projeto do governo federal de instalar uma usina nuclear
no Sertão.
Cerca de três pessoas participam da Marcha das
Águas, promovida pela rede Articulação Popular do Rio São Francisco Vivo.
O evento reúne representantes dos movimentos
sociais, indígenas, quilombolas e de igrejas dos estados de Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia.
A marcha começou às 6h deste domingo no trevo de
Itacuruba, distante 465 quilômetros do Recife, e seguiu até o centro da cidade.
Foram necessárias cerca de duas horas e meia de
caminhada, sob o sol escaldante do Sertão, para vencer um percurso de 12
quilômetros.
Agora, no centro de Itacuruba, estão sendo feitas
apresentações culturais e será feita a leitura da carta contra o projeto de
implantar usinas nucleares no país.
“Estamos lutando não só contra uma usina em
Pernambuco. Também não queremos usinas no Nordeste e no Brasil”, disse Maria
José Araújo.
Ela coordena o Projeto Cultura Paz, que integra a
rede promotora da Marcha das Águas. A rede, por sua vez, é composta de 45
instituições.
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