No Nordeste perdas na produção de
milho já superam os 50% em função da forte seca que atingiu a região durante
toda a safra.
Mesmo com a falta de chuvas
generalizadas nas duas últimas semanas nas principais regiões produtoras de
milho safrinha do Centro-Oeste, do Sudeste e do Estado do Paraná, as condições
das lavouras seguem muito boas e com perspectivas de boa produtividade. Em
algumas localidades dessas regiões, porém, ainda há milho em fase de
apendoamento, que pode sofrer algum impacto negativo em função da falta de
chuva.
http://tempo.ruralbr.com.br/noticia/2013/05/mesmo-com-chuvas-reduzidas-condicoes-das-lavouras-de-milho-seguem-boas-indica-somar-4128609.html
Foto: Guto Kuerten / Agencia RBS
Colheita de milho está sendo finalizada em quase todo o país
A colheita do milho 1ª safra está sendo
finalizada. Em São Paulo, o percentual de área colhida está em 88%, em Santa
Catarina esse valor é de 94% e, em Minas Gerais, já foram colhidos 65% das
lavouras, segundo a Agência Safras. No Paraná, segundo a Secretaria do Estado
de Agricultura e do Abastecimento, a colheita está em 95%. Em todas essas
regiões, as chuvas regulares ao longo da segunda metade da primavera e em todo
o verão proporcionaram boas condições de desenvolvimento dos grãos e o que se
observa são índices de produtividade dentro ou ligeiramente acima da média.
A produção nacional de milho está mais
comprometida no Nordeste, onde as perdas em várias regiões
superam os 50% devido à forte seca que se abateu sobre a região ao longo de toda
a safra. Apesar da passagem de uma frente fria, não há expectativa de
acumulados significativos para o decorrer desta semana em nenhuma área
produtora do centro e sul do Brasil. A próxima chuva nessas regiões deve
ocorrer a partir de 11 de maio, sendo mais intensa sobre o Paraná e Mato Grosso
do Sul.
SOMAR METEOROLOGIA
Sobre o assunto:
Xerocentelha N° 23 - do profeta paraibano
da Seca, Manelito - ECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE:
CONFERÊNCIA PRONUNCIADA NA C. N. I. PELO PROFESSOR JOSÉ GUIMARÃES DUQUE (1972).
COMENTÁRIOS
João Suassuna - Pesquisador da Fundação Joaquim
Nabuco, Recife
Olhem aí o resultado da insistência
em se plantar culturas de subsistência (milho e feijão) em regime de sequeiro
(na dependência das chuvas), em uma região sujeita à irregularidade na caída
das chuvas. Ponto para Guimarães Duque!
José do Patrocínio Tomaz de
Albuquerque - Consultor e professor aposentado da Universidade Federal de
Campina Grande
Estas perdas de 50% na produção de milho e feijão
e, também, do pasto natural (em percentuais nunca mencionados), no Semiárido
nordestino, não se devem, somente, à falta de chuvas (secas). Elas ocorrem por
não se utilizarem as águas acumuladas em açudes de portes diversos na correção
de irregularidades pluviométricas e, assim, assegurarem a colheita, senão no
todo, pelo menos em parte. Uma política agropecuaria que privilegie o armazenamento
do excedente da colheita dos anos bons, o mercado, o escoamento, etc., decerto
minimizaria, em muito os efeitos deletérios destes eventos na socioeconomia
regional. Mas, nada disso foi feito para se saber os resultados. Como disse em
outras mensagens, isto não exclui a implantação de outras medidas de
convivência com a seca, como o cultivo de lavouras xerófitas e a criação de
rebanhos de caprinos e bovinos, compatível com as condições adversas da região,
sempre pensando que alguma perda pode ocorrer. Porém, não nas dimensões que
ocorrem atualmente. Isto fica evidente, inclusive, na Fazenda Carnaúbas de
nosso guru Manelito Dantas Vilar, que segundo o Globo Rural de 25 ou 26/03
deste ano, acusou “Já perdi oito ou 10 bovinos, eles brigam na cocheira por
causa de alimento. Se não chover, em
60 dias, não teremos mais volumoso e aí todos vão morrer mesmo”. Além disso,
“de 60 bezerros que nasciam de janeiro a março de anos bons, somente 6 nasceram
neste ano de 2.013”. No segundo ano consecutivo de seca, concordo, não se deve plantar
em todo canto, apenas naqueles em que haja uma infraestrutura hídrica ainda
significativa, desde que não comprometida com os usos prioritários,
principalmente, o abastecimento humano do meio rural. Falta. como disse,
políticas agrícolas e hídricas compatíveis e harmônicas entre si e com os
rigores climáticos do semiárido nordestino. Nas regiões de clima temperado,
como as citadas em sua mensagem, as perdas da produção de grãos existem porque
faltam açudes para, com suas águas, corrigir as irregularidades pluviais que
não são tão agudas e extensas, mas que existem. Aqui, eles existem em grande
número, mas não são convenientemente aproveitados. Finalmente, se tivéssemos
feito o que defendo, em 2011, ter-se-ia colhido quase tudo o que se plantou e o
gado teria sofrido menos com a irrigação de salvação do pasto natural. No
segundo ano, as coisas ficam mais difíceis, inclusive para proprietários como
Manelito Vilar, em que a estrutura fundiária em nada se assemelha a de
minifúndios que dominam amplamente no Semiárido. Ali, seria preciso implantar
uma reforma agrária às avessas: aumentar o tamanho das glebas para que pudessem
ter condições de obtenção de água e pasto em dimensões capazes de assegurar a
sobrevivência do rebanho, o ser vivo mais atingido e de impacto mais dramático
na ocorrência de secas devastadoras como a atual.
Com minhas desculpas pela insistência de minhas,
ainda, convicções, deixo o meu abraço fraterno.
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