terça-feira, 7 de maio de 2013


No Nordeste perdas na produção de milho já superam os 50% em função da forte seca que atingiu a região durante toda a safra.


Mesmo com a falta de chuvas generalizadas nas duas últimas semanas nas principais regiões produtoras de milho safrinha do Centro-Oeste, do Sudeste e do Estado do Paraná, as condições das lavouras seguem muito boas e com perspectivas de boa produtividade. Em algumas localidades dessas regiões, porém, ainda há milho em fase de apendoamento, que pode sofrer algum impacto negativo em função da falta de chuva.

http://tempo.ruralbr.com.br/noticia/2013/05/mesmo-com-chuvas-reduzidas-condicoes-das-lavouras-de-milho-seguem-boas-indica-somar-4128609.html

Foto: Guto Kuerten / Agencia RBS
Colheita de milho está sendo finalizada em quase todo o país

A colheita do milho 1ª safra está sendo finalizada. Em São Paulo, o percentual de área colhida está em 88%, em Santa Catarina esse valor é de 94% e, em Minas Gerais, já foram colhidos 65% das lavouras, segundo a Agência Safras. No Paraná, segundo a Secretaria do Estado de Agricultura e do Abastecimento, a colheita está em 95%. Em todas essas regiões, as chuvas regulares ao longo da segunda metade da primavera e em todo o verão proporcionaram boas condições de desenvolvimento dos grãos e o que se observa são índices de produtividade dentro ou ligeiramente acima da média.

A produção nacional de milho está mais comprometida no Nordeste, onde as perdas em várias regiões superam os 50% devido à forte seca que se abateu sobre a região ao longo de toda a safra. Apesar da passagem de uma frente fria, não há expectativa de acumulados significativos para o decorrer desta semana em nenhuma área produtora do centro e sul do Brasil. A próxima chuva nessas regiões deve ocorrer a partir de 11 de maio, sendo mais intensa sobre o Paraná e Mato Grosso do Sul.

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 Sobre o assunto:

Xerocentelha N° 23 - do profeta paraibano da Seca, Manelito - ECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE: CONFERÊNCIA PRONUNCIADA NA C. N. I. PELO PROFESSOR JOSÉ GUIMARÃES DUQUE (1972).


COMENTÁRIOS

João Suassuna - Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Recife

Olhem aí o resultado da insistência em se plantar culturas de subsistência (milho e feijão) em regime de sequeiro (na dependência das chuvas), em uma região sujeita à irregularidade na caída das chuvas. Ponto para Guimarães Duque!

José do Patrocínio Tomaz de Albuquerque - Consultor e professor aposentado da Universidade Federal de Campina Grande

Estas perdas de 50% na produção de milho e feijão e, também, do pasto natural (em percentuais nunca mencionados), no Semiárido nordestino, não se devem, somente, à falta de chuvas (secas). Elas ocorrem por não se utilizarem as águas acumuladas em açudes de portes diversos na correção de irregularidades pluviométricas e, assim, assegurarem a colheita, senão no todo, pelo menos em parte. Uma política agropecuaria que privilegie o armazenamento do excedente da colheita dos anos bons, o mercado, o escoamento, etc., decerto minimizaria, em muito os efeitos deletérios destes eventos na socioeconomia regional. Mas, nada disso foi feito para se saber os resultados. Como disse em outras mensagens, isto não exclui a implantação de outras medidas de convivência com a seca, como o cultivo de lavouras xerófitas e a criação de rebanhos de caprinos e bovinos, compatível com as condições adversas da região, sempre pensando que alguma perda pode ocorrer. Porém, não nas dimensões que ocorrem atualmente. Isto fica evidente, inclusive, na Fazenda Carnaúbas de nosso guru Manelito Dantas Vilar, que segundo o Globo Rural de 25 ou 26/03 deste ano, acusou “Já perdi oito ou 10 bovinos, eles brigam na cocheira por causa de alimento. Se não chover, em 60 dias, não teremos mais volumoso e aí todos vão morrer mesmo”. Além disso, “de 60 bezerros que nasciam de janeiro a março de anos bons, somente 6 nasceram neste ano de 2.013”. No segundo ano consecutivo de seca, concordo, não se deve plantar em todo canto, apenas naqueles em que haja uma infraestrutura hídrica ainda significativa, desde que não comprometida com os usos prioritários, principalmente, o abastecimento humano do meio rural. Falta. como disse, políticas agrícolas e hídricas compatíveis e harmônicas entre si e com os rigores climáticos do semiárido nordestino. Nas regiões de clima temperado, como as citadas em sua mensagem, as perdas da produção de grãos existem porque faltam açudes para, com suas águas, corrigir as irregularidades pluviais que não são tão agudas e extensas, mas que existem. Aqui, eles existem em grande número, mas não são convenientemente aproveitados. Finalmente, se tivéssemos feito o que defendo, em 2011, ter-se-ia colhido quase tudo o que se plantou e o gado teria sofrido menos com a irrigação de salvação do pasto natural. No segundo ano, as coisas ficam mais difíceis, inclusive para proprietários como Manelito Vilar, em que a estrutura fundiária em nada se assemelha a de minifúndios que dominam amplamente no Semiárido. Ali, seria preciso implantar uma reforma agrária às avessas: aumentar o tamanho das glebas para que pudessem ter condições de obtenção de água e pasto em dimensões capazes de assegurar a sobrevivência do rebanho, o ser vivo mais atingido e de impacto mais dramático na ocorrência de secas devastadoras como a atual.

Com minhas desculpas pela insistência de minhas, ainda, convicções, deixo o meu abraço fraterno.

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por João Suassuna — Última modificação 07/05/2013 08:50

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