quinta-feira, 16 de maio de 2013


A Evaporação da água nos canais da Transposição do São Francisco.


Explicação de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque - Hidrogeólogo, Consultor e Professor aposentado pela Universidade Federal de Campina Grande.

A indagação feita por João Suassuna (Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Recife)

Caro Patrocínio,

Participei, recentemente, de um debate, aqui no Recife, sobre o projeto da transposição do São Francisco, e um dos que participaram comigo defendeu a ideia de que a evaporação das águas do rio é menor, quando em constante movimentação nos canais. Julgava que fosse exatamente o contrário. A Água em movimento, em ambiente natural com potencial evaporimétrico elevado (superior a 2000 mm anuais), isso levaria as moléculas de água a evaporar com maior intensidade. Qual a opinião do amigo sobre isso?

A resposta de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque

Prezado João Suassuna

Certamente, este participante é um defensor da transposição. Os autores do projeto admitem que a vazão de retirada é a mesma de chegada. Não é. Haverá perdas em canais e nos reservatórios construídos ao longo de cada eixo e nos receptores. No caso das perdas de canais, ocorrerão dois tipos de perdas: por infiltração, mesmo se bem construídos, e por evaporação. No caso das perdas por infiltração, considera-se que um canal é bem construído se estas perdas se situarem entre 25 e 50 L/dia por m2 de superfície basal do canal. Pelo que vejo, o canal vai perder mais que o limite máximo, vulnerável que ficará à ação dos raios solares, em razão do superdimensionamento do mesmo em relação à vazão normalmente transportada. Em relação às perdas por evaporação, por sua vez, admite-se que um canal é bem construído se as perdas forem da ordem de 1L/s/ha percorrido. Isto vai depender de vários fatores: forma do canal (trapezoidal perde mais que retangular), extensão e perímetro molhado do canal, entre outros. Quanto maior a extensão do canal, maiores as perdas, claro. No caso do perímetro molhado (seção mantida com água, em relação à seção total transversal do canal), menores as perdas, porque a energia solar esquenta menos as paredes e o fundo do canal. Não é o caso dos canais dos dois eixos da transposição, nos quais os perímetros molhados são bem menores que os perímetros da seções totais total dos canais de cada eixo. isto acarretará perdas por evaporação maiores que um canal projetado e construído para transportar uma única magnitude de vazão constante. O que vai acontecer de perdas, se superior, igual ou menor que as de um rio com as mesmas dimensões, é difícil dizer. Isto porque a vazão de um rio é variável no tempo, função do aporte, também variável de chuvas. A vazão de um canal tem um suprimento constante. Em relação às perdas de um reservatório por evaporação à superfície livre, a de um rio ou canal se aproxima ou tem taxas iguais, se se considera, não o fluxo, a vazão, mas o volume, mantido constante no tempo e no espaço do canal natural (rio) ou artificial. Neste caso, é possível que as perdas de um canal artificial sejam maiores que as de um rio: as taxas de evaporação seriam as mesmas, mas, as áreas expostas seriam maiores nos canais, pois o suprimento hídrico mantém a área de exposição à ação dos raios solares, maior..

Espero ter contribuído para o esclarecimento do problema abordado.

Abraços,

Patrocínio

por João Suassuna — Última modificação 08/05/2013 08:32

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