A seca no debate de 2014.
Jornal do Commercio - Economia - 21/4/2013
Coluna do Castilho
Quem quiser que ache ruim, mas o tema seca do
Nordeste estará obrigatoriamente no debate de 2014 para desespero dos partidos
da base aliada, simplesmente sem ter o que dizer sobre o que foi feito nos
últimos 10 anos, quando um razoável período de chuvas combinado com implantação
do conjunto de programas sociais mascarou a total falta de infraestrutura
hídrica - revelada pela seca.
A bem da verdade, na Região, o último ano de
chuvas bem distribuídas foi 2010. De forma amena, mas constante, as chuvas
foram rareando de forma que, este ano, o bicho pegou a ponto de o período
chuvoso estar se encerrando no miolo do Semiárido, anunciando que chuvas agora
só no ano que vem. Na maioria dos municípios do Nordeste a seca está
continuando sem nenhuma base de acumulação de água.
Esse é um tema que vai permear o debate político,
pois a União limitou-se ao discurso ufanista da transposição (que até agora não
irrigou um metro quadrado) e somente a partir de março decidiu engendrar
algumas ações.
Os governos dos Estados também ignoraram o fato
pela falta de recursos decorrentes da redução das transferências do FPE devido
ao baixo crescimento de 2012. Portanto, é bom ter presente que as cenas de seca
que estamos vendo na TV e nos jornais são apenas o começo do drama que vem por
aí.
Região não investiu em água Embora isso não seja
admitido, a verdade é que a situação da seca no Nordeste já virou tema de
preocupação política dentro do governo pelo estrago que pode fazer na campanha
de reeleição da presidente Dilma Rousseff. O problema é que sem ter feito qualquer
ação de estruturação para ajudar a frágil economia do Semiárido, agora não se
pode fazer muita coisa.
Debate perigoso.
O tema pode fortalecer um discurso da Oposição,
mas o problema é que não será fácil associá-lo à Dilma ou ao ex-presidente Lula
porque, pelo menos, existem o Bolsa Família e o INSS.
Sem mais capital.
Também não está fácil reativar a economia
regional. Desde 31 de dezembro que não há crédito para indústria, comércio e
serviços. De fato, só existe hoje o crédito do Pronaf que é quase micro.
Agenda do nada.
Numa tentativa de ao menos aparecer nas cidades
cada vez mais secas, o Ministério da Integração e o governo de Pernambuco
decidiram colar as agendas e anunciar ações emergenciais.
Conversa vazia.
Não são nada consistentes. A campanha política de
2014 já está em cada palavra dos interlocutores no meio de ações que sequer
serão eficientes para levar água até para consumo humano.
Sobre o assunto:
Seca arrasa a agricultura e
transforma propriedades inteiras em cemitérios de animais http://www.remabrasil.org/Members/suassuna/campanhas/seca-arrasa-a-agricultura-e-transforma-propriedades-inteiras-em-cemiterios-de-animais/viewpor João Suassuna — Última modificação 22/04/2013 11:22.
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