A QUESTÃO ENERGÉTICA!!!
CRISE
NA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA EM PERNAMBUCO. DE QUEM É A CULPA?
Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de
Pernambuco
Não fossem bastante os problemas
acarretados com as constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica
em Pernambuco, e a falta de iniciativa do governo estadual em garantir que os
contratos de prestação de serviços entre as partes (fornecedor e consumidor)
sejam cumpridos; enfim uma instituição oficial desnudou as razões para tamanho
descaso. Estou me referindo a divulgação do recente relatório do Tribunal de
Contas do Estado (TCE).
Ao analisar as contas da gestão do
governador, relativas ao ano base de 2011, o referido relatório, detectou a
ineficiência da Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe), por falta de pessoal
para monitorar e fiscalizar os serviços prestados pela Companhia Energética de
Pernambuco (Celpe).
A Arpe é uma autarquia especial vinculada ao Gabinete do
Governador, cuja missão institucional é de “regular com excelência os serviços
públicos delegados pelo Estado, garantindo o equilíbrio das relações entre
poder concedente, setores regulados e usuários, assegurando a universalização
desses serviços e contribuindo para o desenvolvimento sócio-econômico de
Pernambuco”. Atuando em todo território estadual, cobre as seguintes áreas:
energia elétrica, saneamento, organizações sociais (OS) e Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), loterias e gás natural.
No
que toca a energia é a superintendência de energia elétrica, que através de
convênio de cooperação com a Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é
quem recebeu a delegação para fiscalizar os serviços prestados pela Celpe, além
de zelar pelas condições das usinas geradoras instaladas em Pernambuco.
O
que revelou o relatório do TCE? A insuficiência de quadros para que
efetivamente a missão desta autarquia fosse exercida plenamente. Com a falta de
funcionários não se pode corretamente, a bem da população, nem monitorar e nem
fiscalizar os serviços oferecidos, como espera a sociedade. Já os funcionários
existentes são na sua maioria indicados, apadrinhados, com excessivo número de
temporários. A recomendação do Tribunal a administração estadual foi no sentido
da necessidade urgente de realizar concurso público para preencher o
quadro de funcionários da Arpe.
Das
informações reveladas pelo TCE conclui-se que a gestão, ponto divulgado
nacionalmente e internacionalmente, por massiva e ampla propaganda, como sendo
a grande marca do atual governo estadual, não difere muito das praticadas nos
outros governos estaduais e nacional. Ou seja, o uso intensivo dos cargos
públicos como barganha política, para o que se denomina eufemisticamente de
“governabilidade”. Que nada mais é do que “acomodar” na máquina estatal, os
apadrinhados da base política, aqueles que ocupam cargos na administração
pública, muitas vezes sem a competência necessária para exercê-los, e sem
prestarem concursos públicos.
Já por sua vez, do lado da empresa
prestadora de serviços, constata-se o completo desrespeito a população
pernambucana. Os “apaguinhos” viraram rotina não somente na capital, mas por
todo interior, por causa das falhas no sistema Celpe. Que tenta justificar como
sendo problemas pontuais, causados ora pela queda de árvores na fiação que
conduz a energia elétrica, ora responsabilizado as descargas atmosféricas, as
chuvas intensas com trovões, culpabilizando assim o “santo das chuvas”, São
Pedro. A empresa não admite suas responsabilidades nesses episódios, e nem o
Estado cobra efetivamente uma solução ao problema que já vem se arrastando há
algum tempo.
Enquanto os indicadores de qualidade
do serviço prestado, que medem não só, a freqüência das interrupções, o número
de horas de interrupção, dentre outras variáveis, tem caído vertiginosamente,
se comparado a outras 31 empresas analisadas, no ranking da Aneel. Do 4º lugar
em 2011 para 16º lugar em 2012. Em contrapartida, a Celpe, nos 13 anos de
privatização, auferiu lucros líquidos extraordinariamente elevados para os
padrões brasileiros. Qualidade dos serviços cai, e lucros sobem. Receita
ingrata para os consumidores.
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