quinta-feira, 4 de outubro de 2012


El Niño prolonga e agrava seca no Sertão alagoano.


O inverno em Alagoas acabou. E a bonança, que deveria ter vindo com o período chuvoso, não passou de esperança para as populações do Sertão alagoano – a ocorrência de chuvas foi menor do que o esperado pelos meteorologistas. A pouca chuva que caiu entre maio e agosto não deu para encher barreiros nem açudes. Os rios continuam com baixíssimo nível de água e alguns já estão secando completamente.


Agora vem chegando o verão, um verão que deve castigar o Sertão com sol inclemente e pouca ou nenhuma água vinda do céu. A perspectiva de chuva é só para o inverno do ano que vem – ou seja, Alagoas tem pela frente quase um ano de estiagem.

Com 36 municípios atualmente em estado de emergência, a seca deve castigar ainda mais a população sertaneja com o retorno do fenômeno El Niño, que não era registrado desde o início de 2010.

Segundo dados da Defesa Civil Estadual, a estiagem, considerada uma das mais severas dos últimos 40 anos, afetou mais de 458 mil alagoanos até o mês de agosto, gerando um prejuízo de aproximadamente R$ 66 milhões às cidades e comunidades atingidas.

A falta de água para irrigação, consumo humano e animal gera falta de alimento e tem feito comunidades apelarem ao Estado pela chegada de ações de combate à seca. Produtores de leite de Alagoas alertam para a escassez de água para o gado e reclamam da falta de políticas públicas para minimizar o problema. Agricultores familiares também dizem ter que comprar água toda semana e ainda recorrer a açudes particulares para alimentar o animal.

De acordo com o relatório da seca produzido pela Defesa Civil, atualmente 186 carros-pipa percorrem os municípios atingidos pela seca, atendendo a 200 mil pessoas em 873 pontos de abastecimento com cisternas. A Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) construiu, até o momento, 25 mil reservatórios nos 36 municípios em estado de emergência, segundo dados divulgados pela Rádio Difusora.

El Niño deve agravar estiagem

De acordo com o meteorologista Emanuel Texeira, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), as chuvas tiveram uma má distribuição no território alagoano. “Também é preciso levar em consideração a irregularidade: as quedas d’água foram mal distribuídas, prejudicando alguns tipos de culturas”, completou o meteorologista.

“A influência desfavorável do fenômeno El Niño e do Dipolo do Atlântico [fenômeno resultante da interação entre o oceano e a atmosfera, que incide nos índices pluviométricos] foram alguns dos fatores que contribuíram para estas baixas ocorrências”, explicou Emanuel Teixeira.

Conforme dados analisados pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) entre os dias 14 e 21 de agosto, o El Niño será de intensidade moderada e deve durar cerca de oito meses, até fevereiro de 2013. A expectativa é que o fenômeno climático, que consiste no aquecimento da temperatura do mar acima do normal, trará uma diminuição da chuva para o Nordeste, agravando a seca nos aspectos meteorológicos, hídrico e agrícola.

De acordo com o professor do Lapis, Humberto Barbosa, os efeitos do El Niño já podem ser vistos na vegetação brasileira. Segundo ele, o aquecimento gerado pelo fenômeno pode acarretar uma interrupção massiva na produção global de alimentos.

O meteorologista também sustentou que o cenário desfavorável para a região sertaneja depende das condições de temperatura das águas do Atlântico Sul e Norte. “A partir de outubro, as previsões climáticas para o regime de chuvas no Sertão serão avaliadas com base nas condições de temperatura das águas dos oceanos Pacífico e Atlântico”, complementou.

Conforme o professor, a situação do El Nino já é favorável à seca, e a estação chuvosa de 2013 pode acumular os efeitos da estiagem de 2012. Ele também explicou que a redução de chuvas durante a estação do próximo ano, registrada nos meses de fevereiro e maio, depende se as temperaturas do Atlântico Sul estiverem mais frias que a média histórica nos próximos quatro ou cinco meses.

MP abre crédito de R$ 688 milhões para o combate à seca

No dia 29 de agosto, o Senado aprovou a Medida Provisória 569/2012, que concede crédito extraordinário de R$ 688 milhões para atender às populações que sofrem com a seca, principalmente no Nordeste. O recurso é aberto para os Ministérios da Defesa, da Integração Nacional e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Cerca de R$ 400 milhões serão aplicados em ações diretas de ajuda às vítimas, como aquisição de cestas básicas, agasalhos, abrigos emergenciais e a distribuição de água em carros-pipa. No caso dos municípios atingidos pelas chuvas, a verba será utilizada para reforçar estruturas avariadas.

Outros R$ 50 milhões serão destinados para custear ações de defesa civil nos municípios em situação de emergência ou estado de calamidade pública, reconhecidos pelo governo federal. A MP também prevê R$ 238,5 milhões para garantir o acesso a creches para 350 mil crianças de até quatro anos de idade em extrema pobreza, beneficiárias do Bolsa Família.

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