A Seca de 2012 é pequena diante da próxima.
Revista O BERRO, N° 158 – Agosto de 2012
Qualquer Seca é retratada pela quantidade de
vítimas e, no final, espera-se que o flagelo jamais retorne. A Natureza, porém,
comanda o jogo, enquanto os homens não arregaçam as mangas para enfrentar o
problema. Todas as últimas Secas foram profetizadas pela Ciência; todos os
políticos nordestinos sabiam; todas as autoridades federais sabiam e, mesmo
assim, o flagelo açoitou as pessoas simples.
Acontece o mesmo com esta Seca que atravessa 2012
deixando um rastro de prejuízos, falências, suicídios, um desmantelo
generalizado da economia sertaneja. O cidadão que conhece a História sente pena
dos flagelados, mas fica com raiva por ver a repetição de uma tragédia tão
anunciada.
A Grande Seca de 1978/83 deixou 3,5 milhões de
mortos (escondidos pelo cancelado Censo de 1990!) e 10 milhões de
desaparecidos. Também estava prevista, mas foi engavetada e acabou vazando
apenas nas páginas de uma revista rural: “Agropecuária Tropical”, em dezenas de
reportagens, principalmente de Manoel Dantas Vilar Filho (Manelito), Rinaldo
Santos, Jorge Coelho e outros.
Nas vésperas da Seca de 2012 o Governo Lula
resolveu investir R$ 8 bilhões na transposição do rio São Francisco, com
interesse em eleger sua sucessora. Deu certo, mas esqueceu de investir na
prevenção da Seca. Investiu no transitório (eleição), esquecendo-se do
definitivo (obras para produção rural, dentro das propriedades). Deu
no que deu, repetindo-se o passado inglório que caracteriza o Nordeste apenas
como um “curral eleitoral”.
Desde 2001, o CTA demonstrou a Seca de 2012,
rapidamente engavetada, de novo, para prestigiar a “indústria da seca”
encastelada em Brasília e nos governos regionais. O mesmo relatório do CTA
mostra que a “maldição dos 100 anos” irá se repetir entre 1930 a 1935. Até lá,
ou os governos terão viabilizado a existência das propriedades rurais, ou
novamente o Censo terá que ser cancelado, para não exibir milhões de mortos
(uma vergonha para qualquer governo. O Censo de 1990 foi cancelado por ordem do
presidente Collor, um nordestino).
O Sertão somente será viável com obras dentro das
propriedades, foco central na pecuária rústica: caprinos, ovinos, bovinos
zebuínos e lavouras adequadas de pouca exigência hídrica.
Enquanto permanecer o foco na mini e
micropropriedade apenas estará sendo mantido o regime de asfixiação econômica
das pessoas sertanejas. Que todas as propriedades tenham um tamanho adequado à
produção (sujeitas às secas periódicas): esse é o caminho.
Que todas as propriedades tenham a opção da
pecuária rústica: esse é o caminho. Havendo chance de produção, o resto será
feito, naturalmente.
Acesse AQUI,
o trabalho “PREVISÃO DE PERÍODO DE SECA PARA O NORDESTE DO BRASIL”, 2001, de
Carlos Girardi e Roberto da Mota Girardi, que mostra as análises feitas sobre
as secas ocorridas e as que ainda estão por vir.
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