quinta-feira, 25 de outubro de 2012


Carminha e a seca no Nordeste

Heitor Scalambrini Costa

Professor da Universidade Federal de Pernambuco

É reconhecido não só no país a qualidade das telenovelas brasileiras que tem grande aceitação em várias partes do mundo como produto de entretenimento.

A novela “Avenida Brasil”, que teve em seus últimos capítulos recorde de público (em torno de 80 milhões de pessoas), foi recentemente a grande sensação nacional. Estima-se que de cada 3 televisores ligados, 2 estavam sintonizados na novela. Nos dias que antecederam o término do folhetim o assunto da grande mídia foi à abordagem diária com relação ao destino dos personagens. O horário de exibição das 21 às 22 horas, era sagrado, e tudo parou no país. O mais importante era saber quem matou Max? O que acontecerá com Carminha? E Tufão? Obviamente este interesse maciço da população trouxe enormes benefícios financeiros para a rede de televisão que transmitiu a novela. Fala-se que ao longo dos meses de apresentação dos capítulos (março a outubro), mais de 1 bilhão de reais foram arrecadados com os anúncios feitos no horário nobre.

Mas o que tem haver este interesse midiatico pela telenovela com a seca no nordeste brasileiro que é noticiada desde os tempos do Império, e que traz tantas desgraças aos brasileiros e brasileiras da região?

A atual seca que atinge pouco mais de 15% do território brasileiro não é comum, é a pior no Nordeste das últimas três décadas. De acordo com especialistas, é mais intensa e acontece de 30 em 30 anos, em média. Assim como a seca deste ano, outras também marcaram a história do povo nordestino. As mais famosas foram as de 1983/84, 1935 e 1887, que provocaram a morte de quase 500 mil nordestinos. Segundo números do Ministério da Integração Nacional, 525 municípios da região estão em situação de emergência, e outros 221 sofrem efeitos da estiagem e aguardam avaliação da Secretaria Nacional de Defesa Civil.

Todavia a seca se repete ano a ano e tem causa natural. Daí não se pode combatê-la e sim conviver com ela. A carência de chuvas é típica de regiões semi-áridas, e tem se intensificado pelos danos ambientais e a total desproteção do rio São Francisco e de sua nascente, além do descontrole no uso da água na irrigação. São outras partes dessa equação desastrosa que traz tanto sofrimento e morte para as populações mais pobres.

A indústria da seca e o coronelismo ainda resistem à custa de tantas vidas perdidas. Sob novos nomes e novos programas, o que vemos é a continuação de um processo histórico com a perpetuação do sofrimento e da miséria a favor do lucro de alguns.

Em particular, neste contexto, vejamos o caso de Pernambuco. O Estado que tem se destacado pelos elevados índices de crescimento econômico, e pela propaganda exacerbada mostrando uma administração estadual moderna, com uma gestão eficiente e diferenciada de seus governantes; esconde a incompetência e a falta de interesse e compromisso político para dar inicio ao fim do flagelo que atinge hoje 121 municípios (dos 185 existentes) que estão em situação de emergência. Segundo a assessoria de Comunicação Social da Casa Militar, existem 1.184.824 pernambucanos e pernambucanas (população total próxima a 8 milhões) afetadas pela estiagem. Dos 121 municípios atingidos, 59 são do Agreste, 56 do Sertão e 6 da Zona da Mata.

As medidas tomadas pelo governo federal são as mesmas de outros anos, liberação de recursos (anunciou da liberação de 2,7 bilhões de reais pelo Ministério de Integração Nacional, que nunca chega no destino final), distribuição de cestas básicas, carros pipas, etc, etc,... Quanto ao governo estadual foram anunciadas medidas paliativas, populistas, verdadeiras “esmolas” comparados aos investimentos públicos e privados de mais de 50 bilhões de reais que estão sendo investidos no Complexo de Suape. Infelizmente estes anúncios oficiais são insuficientes, pois faltam medidas de caráter definitivo. São “oportunistas” e contam com o apoio de lideranças de agricultores e representantes de organizações da sociedade civil cooptados, que se calam frente à tragédia recorrente, tornando verdadeiros cúmplices do massacre destas populações invisíveis aos olhos da sociedade.

Mas o que tem haver a telenovela com a seca? Bem, ao meu ver é a mobilização social em torno de um tema que diz respeito à vida real das pessoas é que poderá apontar na direção da solução deste problema secular. Na telenovela como visto na semana passada, houve uma incrível mobilização das pessoas, se reunindo em família, entre amigos, em bares, restaurantes para assistirem pela “telinha”, o destino dos personagens do drama fictício. Mas porque não mobilizar para acabar em definitivo com este drama da vida real? Não somente doando alimentos, e roupas, que muitas vezes não chegam aos que necessitam, mas pressionando diretamente os governantes, os políticos. Discutindo, estimulando o debate sobre o drama da seca, nas rádios, televisões, blogs, jornais, nas entidades de classe, pelos artistas, jogadores de futebol, pelo povo. Uma certeza que existe é que para acabar definitivamente com o flagelo da seca só depende da mobilização popular.

No Rio Grande do Norte, projeto do perímetro irrigado da chapada do Apodi é um contrassenso.


Entrevista com o Sociólogo Antonio Nilton Bezerra Júnior - “Essa luta não é apenas dos camponeses e camponesas de Apodi. A luta em defesa da Chapada do Apodi se tornou uma luta nacional de todos aqueles e aquelas que defendem a dignidade das comunidades camponesas”, diz o sociólogo.

http://www.ecodebate.com.br/2012/10/24/rn-projeto-do-perimetro-irrigado-da-chapada-do-apodi-um-contrassenso-entrevista-com-antonio-nilton-bezerra-junior/

Confira a entrevista.

Na chapada do Apodi, localizada na divisa dos estados do Rio Grande do Norte e do Ceará, há uma “disputa por dois modelos de agricultura”, diz Antonio Nilton Bezerra Júnior, da Comissão Pastoral da Terra de Mossoró à IHU On-Line. Um dos modelos está “enraizado” nas comunidades da região, e tem uma preocupação com a biodiversidade, a distribuição de renda e democratização da água e da terra. O outro, ao contrário, “provoca a concentração de terra, de água e de renda, que destrói a natureza, polui as águas e o solo, destrói a vida”.

Segundo Bezerra Júnior, a subsistência de milhares de famílias que trabalham com a agricultura e pecuária está ameaçada pelo projeto “Perímetro Irrigado de Apodi”, que prevê entregar as “terras da chapada do Apodi e a água da barragem de Santa Cruz, que tem capacidade de armazenar 600 milhões de metros cúbicos, a cinco grandes empresas da fruticultura irrigada”. Para ele, o projeto é inviável e o governo, apesar de reconhecer que “os perímetros irrigados do Nordeste não foram viáveis”, insiste na iniciativa. “Dados do próprio governo mostram que há no Nordeste mais de 140 mil hectares de terras em perímetro irrigados ociosos, sem funcionar”, argumenta. E dispara: “Querem transformar um território camponês produtor de alimentos saudáveis em uma zona de produção de frutas para exportação com base na utilização em grande escala de agrotóxicos. E, com isso, transformar uma pequena parcela da população local em mão de obra barata e em condições sub-humanas, características do agronegócio brasileiro”.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, o sociólogo assinala que o projeto “Perímetro Irrigado de Apodi” é uma iniciativa do deputado Henrique Alves (PMDB – RN). “Em uma visita ao município de Apodi chegou a afirmar que o projeto de irrigação irá sair porque ele tem poder, que a presidenta Dilma precisa do seu apoio, pois ele é líder de 80 deputados, e a partir de fevereiro de 2013 será o presidente da Câmara dos Deputados. Essas afirmações de demonstração de soberba são constantes”, assinala.

Antonio Nilton Bezerra Júnior é sociólogo e membro da Comissão Pastoral da Terra – CPT de Mossoró-RN.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Na chapada do Apodi, localizada na divisa entre os estados do Rio Grande do Norte e do Ceará se trava uma intensa disputa entre agricultores e o agronegócio. O que está em jogo nessa região?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –Está muito clara a disputa por dois modelos de agricultura. Um que preserva a vida, a biodiversidade, que distribui renda, democratiza a terra e a água, ou seja, que tem como objetivo principal a reprodução da vida. Esse modelo está enraizado nas diversas comunidades da Chapada, seja nas áreas de assentamentos da reforma agrária ou comunidades de pequenos agricultores e agricultoras. Essas comunidades e assentamentos vêm demonstrando que é possível viver bem no campo, produzindo alimentos saudáveis apesar do pouco investimento por parte dos governos. Por outro lado, há outro modelo que provoca a concentração de terra, de água e de renda, que destrói a natureza, polui as águas e o solo, destrói a vida. Esse modelo tem como principal objetivo o lucro das grandes empresas em detrimento da vida dos camponeses e camponesas. Portanto, o que está em jogo é a água, a terra fértil, a biodiversidade, a vida das pessoas.

IHU On-Line – Qual é a importância da chapada do Apodi para a agricultura do Rio Grande do Norte. Quem são os agricultores que se encontram no território, o que produzem e que técnicas de cultivo utilizam?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –O município de Apodi, no Rio Grande do Norte, tem na agricultura sua principal atividade econômica. Uma característica dessa agricultura é que ela está praticamente nas pequenas propriedades camponesas. Toda a produção agrícola e pecuária de Apodi está nas pequenas propriedades. É na Chapada do Apodi que está a segunda maior produção de mel de abelha do Brasil, um dos maiores rebanhos de caprinos do país. Na chapada do Apodi vivem hoje milhares de famílias que têm na agricultura e pecuária a sua principal atividade. São nas comunidades e nos assentamentos da Chapada do Apodi que diversas experiências de produção agroecológicas estão sendo desenvolvidas. Tudo isso faz com que o município de Apodi tenha o terceiro PIB agropecuário do Rio Grande do Norte, estando à frente de municípios que têm a forte presença do agronegócio como Assú, Ipanguassu, Carnaubais, Baraúna, além de outros. E repito: toda a produção agropecuária do município de Apodi está nas pequenas propriedades dos camponeses e camponesas. Essa população camponesa de Apodi há vários anos vem desenvolvendo técnicas de produção agroecológicas. Destacamos a produção e beneficiamento do mel de abelha, a produção de algodão orgânico, arroz orgânico, produção de polpas de frutas da região etc. Tudo isso faz de Apodi uma referência em agricultura agroecológica.

IHU On-Line – O que propõe o projeto apresentado pelo governo para a Chapada do Apodi?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –Esse projeto do perímetro irrigado da Chapada do Apodi é um contrassenso a tudo o que hoje se constrói na chapada e se discute no mundo. É um projeto que prevê entregar as terras da chapada do Apodi e a água da barragem de Santa Cruz, que tem capacidade de armazenar 600 milhões de metros cúbicos, a cinco grandes empresas da fruticultura irrigada. É um projeto que não deu certo em lugar algum. O próprio governo reconhece que os perímetros irrigados do Nordeste não foram viáveis. Dados do próprio governo mostra que há no Nordeste mais de 140 mil hectares de terras em perímetro irrigados ociosos, sem funcionar. Esse projeto está propondo irrigar cinco mil hectares de terra em sua primeira fase para produzir cacau – que é totalmente desconhecido na região –, uva, goiaba, com base na utilização em grande escala de agrotóxicos e sob o domínio de cinco grande empresas. Querem transformar um território camponês produtor de alimentos saudáveis em uma zona de produção de frutas para exportação com base na utilização em grande escala de agrotóxicos. E, com isso, transformar uma pequena parcela da população local em mão de obra barata e em condições sub-humanas, características do agronegócio brasileiro.

IHU On-Line – Quais serão os principais impactos ambientais e sociais se o projeto for executado?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –Em primeiro lugar, terá a expulsão de centenas de famílias de suas terras, fazendo com que comunidades inteiras desapareçam. Isso irá causar graves problemas sociais no município e região. Basta ver o exemplo da Chapada do Apodi pelo lado do Ceará, nos município de Limoeiro do Norte e Russas. Aumentarão também a prostituição, o número de pessoas com câncer, o trabalho precarizado etc. Por outro lado, haverá fortes impactos ambientais, como o desmatamento da Caatinga, a contaminação das águas e do solo, a morte das abelhas, o desaparecimento dos animais silvestres etc.

IHU On-Line – Quais são as principais irregularidades do projeto?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –São várias as aberrações. Em primeiro lugar, as famílias que serão removidas de suas comunidades não foram consultadas. No Relatório de Impacto Ambiental – EIA-RIMA não se fala na remoção de famílias; é como se no local não existissem pessoas. Ele também não leva em conta a produção agropecuária, omite os impactos dos agrotóxicos para a população local, não faz nenhuma referência à questão da saúde humana. Na área existe um sítio arqueológico, Lajedo de Soledade, que também passa despercebido pelo EIA-RIMA. Além disso, especialistas questionam a viabilidade desse projeto, pois a capacidade da barragem não é suficiente para irrigar cinco mil hectares. Além do mais, existem outros projetos vinculados à barragem, como duas adutoras que irão abastecer dezenas de cidades da região.

IHU On-Line – Por que as organizações sociais da região afirmam que o projeto se trata
de uma “reforma agrária ao contrário”?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –Isso está muito claro. O decreto desapropria 13.855 hectares. Toda essa terra está hoje localizada em pequenas propriedades. Com o projeto haverá uma concentração de terra por cinco grandes empresas. Na região, nos anos 1990, ocorreram muitas desapropriações para a reforma agrária. Ocorreu uma descentralização da terra e a constituição de um território camponês. Caso esse projeto seja aprovado, tudo isso vai por “água abaixo”. Se fizermos um comparativo com desapropriação para a reforma agrária, teremos clareza da dimensão desastrosa desse projeto para com a reforma agrária. Nos últimos sete anos, último mandato do governo Lula e início do mandato de Dilma, no Rio Grande do Norte, a desapropriação para reforma agrária praticamente não aconteceu. Com o decreto para o projeto do perímetro irrigado, destinado às cinco grandes empresas, tiram-se aproximadamente 14.000 hectares das pequenas propriedades. É um contrassenso muito grande. Uma estupidez.

IHU On-Line – Quem é que está por trás do projeto e a que interesses atende?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –O principal defensor desse projeto até agora tem sido o deputado federal Henrique Alves (PMDB/RN), líder do partido na Câmara. O diretor geral do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas – DNOCS é indicação sua. Ele tem pressionado muito o governo federal para que essa obra seja executada. O grande interessado nesse projeto é o agronegócio. Mas há também interesse por parte das empresas da construção que irão construir o canal. Com certeza há muitos interesses nada republicanos envolvidos nessas grandes obras. É bom lembrar que, no mês de janeiro deste ano, a Controladoria Geral da União – CGU divulgou um relatório, fruto da fiscalização em projetos do DNOCS, e constatou várias irregularidades que, segundo ela, causou um prejuízo de aproximadamente 300 milhões aos cofres públicos. Desses projetos que apresentaram irregularidades estavam vários em execução no Rio Grande do Norte. Foram constatadas também diversas irregularidades no perímetro irrigado da Chapada do Apodi no lado do Ceará, Limoeiro do Norte e Russas. Foram constatados superfaturamentos nas obras, pagamento de serviços sem serem executados, empresas fantasmas etc. Esse escândalo derrubou o então diretor geral do DNOCS, apadrinhado político do deputado Henrique Alves. O que nos estranha é que antes de qualquer explicação a respeito dessas irregularidades, o mesmo deputado consegue indicar um novo apadrinhado seu para o cargo de diretor geral, como se não tivesse nada a explicar.

IHU On-Line – É verdade que o deputado Henrique Alves (PMDB/RN) se orgulha de dizer nas rádios da região que o projeto de irrigação do Apodi sairá porque ele manda na presidente Dilma: “Ela come na minha mão!”, diz ele?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –Constantemente o deputado Henrique Alves procura demonstrar que tem influência no governo Dilma. Em uma visita ao município de Apodi chegou a afirmar que o projeto de irrigação irá sair porque ele tem poder, disse que a presidente Dilma precisa do seu apoio, pois ele é líder de 80 deputados. Afirmou que a partir de fevereiro de 2013 será o presidente da Câmara dos Deputados. Essas afirmações de demonstração de soberba são constantes.

IHU On-Line – Como se encontra no momento a execução do projeto?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –O projeto se encontra na fase de pagamento de indenizações para as famílias que irão ser atingidas pela construção do canal. Segundo o DNOCS, 35 propriedades serão atingidas nessa fase. A ordem de serviço já foi assinada.

IHU On-Line – Como os agricultores estão organizados para resistir ao projeto?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –Existe uma unidade de todos os movimentos sociais em se contrapor a esse projeto, e um compromisso de resistir a sua implementação. Estamos trabalhando em três frentes de atuação: junto com as comunidades locais, trabalhando a conscientização das famílias e organizando a resistência; questionando judicialmente a execução do projeto, visto que ele apresenta diversas irregularidades; e dialogando com a sociedade sobre o que está ocorrendo em Apodi, demonstrando os desmandos com o meio ambiente e a vida da população.

IHU On-Line – Gostaria de acrescentar algo?

Antonio Nilton Bezerra Júnior –Gostaria de dizer que essa luta não é apenas dos camponeses e camponesas de Apodi. A luta em defesa da Chapada do Apodi se tornou uma luta nacional de todos aqueles e aquelas que defendem a dignidade das comunidades camponesas. Essa luta está sintonizada com outras grandes lutas que estão sendo travadas pelo Brasil em defesa dos territórios camponeses.

(Ecodebate, 24/10/2012) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

 

COMENTÁRIOS

João Suasuna - Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Recife

O benefício ao agronegócio e, portanto, ao grande capital, faz parte do nosso discurso contrário ao projeto da transposição do rio São Francisco. No caso em questão, acertamos na mosca mais uma vez. A represa de Santa Cruz será uma das beneficiadas com as águas do Velho Chico. No entanto, a população em seu entorno, como já havíamos denunciado em artigos anteriores, está completamente desabastecida, “morrendo de sede, no deserto, com água no joelho”.


Transposição do São Francisco, devagar quase parando!


Obras de transposição do rio São Francisco estão parcialmente paradas há cerca de um ano; galpões foram saqueados e mato cresce ao redor.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/17502-devagar-quase-parando.shtml

Fabio Braga/Folhapress
 
Lavrador cruza trecho paralisado da obra do São Francisco; mato toma conta da área


FÁBIO GUIBU

ENVIADO ESPECIAL A FLORESTA (PE)

Alojamentos depredados e saqueados no meio da caatinga, ao lado de um canal tomado pelo mato e corroído pela erosão, formam o cenário de abandono em vários trechos das obras da transposição do rio São Francisco.

O projeto federal de R$ 6,8 bilhões, iniciado em 2007, está parcialmente paralisado há cerca de um ano.

A Folha percorreu cerca de cem quilômetros do eixo leste da obra, a partir de Floresta (PE), onde está um dos pontos de captação de água.

O Exército continua trabalhando no local, mas os consórcios privados abandonaram as obras, reclamando a revisão dos seus contratos.

As máquinas foram retiradas, e milhares de trabalhadores, demitidos. Nos galpões que serviam de alojamento, portas, janelas e telhados foram saqueados.

Em trechos onde o canal estava sendo concretado, foi retirado até o plástico usado para isolar o cimento do chão. O sol racha o solo e provoca trincas no concreto. O mato toma áreas já terraplenadas.

A água que se acumula em alguns metros de vala vem da chuva ocasional e serve apenas para saciar a sede dos bodes e do gado das fazendas.

Nas agrovilas, o movimento intenso dos primeiros anos do projeto acabou. A paralisação das obras trouxe prejuízo aos comerciantes e devolveu ao campo os lavradores contratados como operários.

Dona de um restaurante na Agrovila 6, em Floresta, Eliane Maria da Silva Lisboa, 37, diz que levou um calote de cerca de R$ 20 mil com a demissão dos operários. "Vendi fiado, e eles foram embora sem pagar nada", reclama.

O restaurante, que em 2009 chegou a servir 400 refeições por dia e faturar R$ 150 mil por mês, quebrou. A comerciante recebe hoje três clientes por semana. "Fiz dívidas pensando em quatro anos de trabalho, mas só durou um."

Lisboa afirma que sua esperança está no reinício das obras. De acordo com o Ministério da Integração Nacional, cinco dos 14 lotes da transposição estão parados, e os serviços serão retomados gradualmente a partir de janeiro.

O ministério afirma ter identificado 500 metros de rachaduras, fissuras e descolamento de placas de concreto em três trechos de canais. As falhas, diz, serão corrigidas "sem custo adicional para os cofres públicos".

Em nota, o ministério informou que todos os serviços "possuem garantia" e que o governo federal "não pagará, em hipótese alguma, o mesmo serviço em duplicidade".

A transposição prevê a construção de dois canais para levar água do rio São Francisco a 12 milhões de pessoas de 390 municípios de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, até 2025.

Confira vídeo e galeria de imagens

folha.com/no1027771

folha.com/fg5944

Cariri paraibano terá usina de leite em pó.


Cadeia do leite de cabra, que produz de 7,2 milhões de litros ao ano, poderá triplicar com 1ª usina de beneficiamento do Nordeste.

Correio da Paraíba – Edição de 21 de outubro de 2012

Daniel Mota

A atividade da caprinocultura, desenvolvida em cerca de 16 municípios do Cariri paraibano, poderá triplicar a produção leiteira nos próximos anos, com a instalação da primeira usina de beneficiamento de leite em pó no Nordeste. Atualmente, a cadeira leiteira chega a mais de 7,2 milhões de litros ao ano e garante renda para cerca de mil produtores rurais. A unidade de beneficiamento faz parte de um projeto elaborado pelo Governo do Estado e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), órgão das Nações Unidas, que financia recursos para programas destinados à promoção e o avanço econômico. O valor do projeto ainda está sendo definido, mas deverá custar aproximadamente 8 milhões de dólares (cerca de R$ 16 milhões).

De acordo com o secretário de agricultura do Estado, Marenilson Batista, o convênio que viabilizará a instalação da fábrica foi assinado na última quarta-feira, em Brasília, entre o governador Ricardo Coutinho e o representante da Fida no Brasil, Hardi Vieira. Ele explicou que o próximo será a realização de um estudo de viabilidade, para identificar o local e as condições para implantação da unidade. “Esse estudo, que iniciaremos nos próximos dias será para termos noção do tamanho da fábrica, da dimensão do espaço que ela deverá ocupar. Além disso, tem que ser pensada a logística. A fábrica tem que ficar num local de fácil acesso para produtores e compradores. Somente após esse estudo que faremos na região do Cariri e Campina Grande é que teremos uma decisão e ai iniciaremos a instalação da fábrica. O estudo também demonstrará quando deverá ser necessário em recursos financeiros para a instalação”, disse Batista.

Segundo o coordenador do Programa do Leite do Estado, Aldomário Rodrigues, as cidades de Campina Grande, no Agreste, e Monteiro, no Cariri, são os locais com maiores possibilidades de receber o empreendimento. “Campina Grande tem uma boa malha viária, é acessível para outros lugares e oferece condições de atender as exigências para instalação. Já Monteiro, por sua vez, está bem mais próxima do maior centro produtor de leite de cabra, que é o Cariri. Todos esses critérios serão levados em consideração”, explicou.

Aldomário ainda destacou que ao todo, mais de mil produtores paraibanos serão beneficiados, mas, no entanto, o volume de produção da cadeia leiteira da caprinocultura no Estado, não será suficiente para atender a demanda do beneficiamento na fábrica. Por conta disso, será necessário comprar leite de estados vizinhos, como Pernambuco, Rio Grane do Norte e Ceará. “O beneficiamento de leite in natura em pó necessita de um volume grande de litros do produto, e pára isso, será necessário buscar parcerias com outros estados da região. Isso beneficiará muitos produtores e agregará ainda mais valor ao produto, gerando emprego e renda”, frisou Rodrigues.

Rebanho tem 500 mil cabeças

Conforme o coordenador, a Paraíba tem um rebanho de aproximadamente 500 mil cabeças e uma produção anual de sete milhões de litros de leite. “Podemos não ter o maior rebanho do Brasil, mas sem dúvidas temos o melhor, com cabeças de qualidade e destaque no setor. Isso é muito importante e trataremos de ações para aumentar o rebanho para atender a produção em grande escala”, destacou.

Para o gestor do Sebrae, Samuel Mayer, a produção de leite de cabra na Paraíba chega a 600 mil litros de leite por mês e ao ano, mais de 7 milhões, o setor ainda precisa avançar e conquistar mercado. “É importante que exista o comércio para o leite in natura, como acontece aqui na Paraíba, onde os criadores vendem para o Governo, mas é muito importante também que o setor cresça comas variedades que podem ser obtidas a partir do beneficiamento do leite de cabra. Até hoje, ainda não existe no Brasil uma fábrica de produção de leite da cabra em pó, e temos que exportar da Holanda. Temos todos os potenciais para desenvolver essa vertente econômica na nossa região. Quando isso acontecer, a produção com certeza será triplicada, o número de produtores também aumentará e o rebanho também. Assim, o setor da caprinocultura poderá se desenvolver muito”, explicou Mayer.

A estimativa é de que a fábrica possa beneficiar até 100 mil litros de leite por dia, o que poderá render uma média de 9,2 mil pacotes de leite. O leite em pó será comercializado no mercado brasileiro e também poderá ser exportado para países africanos e também para Grécia.

Mayer contou que a ideia da instalação da fábrica teve início há cinco anos e que durante esse intervalo de tempo, representantes da FIDA estiveram no Cariri estudando as potencialidades da bacia leiteira na região. “Tudo que eles encontraram foi favorável ao desenvolvimento do setor, porque reles reconheceram que temos todos os potenciais suficientes para que seja instalada uma fábrica na Paraíba. Temos leite, temos rebanho, temos produtores e temos uma região propícia ao desenvolvimento da atividade”, frisou o gestor do Sebrae.

4 mil empregos serão criados

O Projeto Desenvolvimento Sustentável do Cariri e Seridó (Procase), que será desenvolvido em parceria entre o Governo do Estado e o FIDA, irá beneficiar 18 mil famílias pobres rurais em 55 municípios e alcançará um importante número de beneficiários indiretos. O projeto foi viabilizado com um aporte financeiro do FIDA de USD 25 milhões, e com o Governo da Paraíba e os próprios beneficiários contribuindo outros USD 25 milhões.

O Projeto será executado pela Secretaria do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (SEDAP) e será implenemtado em nível estadual por varias agências locais.

O projeto prevê melhorar atividades econômicas e a renda de 18 mil famílias rurais pobres entre as regiões mais carentes do Estado da Paraíba, criar mais de 4.300 postos de trabalho e promover bolsas para 4.000 jovens rurais receberem treinamento em desenvolvimento de negócios. De maneira a proteger o delicado bioma da caatinga, o projeto estabelecerá 250 sistemas agro-florestais e promoverá práticas sólidas de manejo de recursos naturais entre os participantes do projeto.

Energia nuclear: por que tanta insistência?


Heitor Scalambrini Costa


Professor da Universidade Federal de Pernambuco


Após o desastre nuclear de Fukushima ocorrido em 11 de março de 2011 no Japão, o mundo é surpreendido por revelações que mostram o quanto à questão nuclear é um tema que a indústria do setor e governantes omitem e escondem informações da população.

A ultima revelação em relação ao desastre na central nuclear japonesa operada pela empresas Tokyo Eletric Power Company (Tepco) foi o relatório tornado público recentemente (depois de um ano e meio do ocorrido) intitulado “Politica fundamental para a reforma da organização da energia nuclear da Tepco” (tradução livre). É relatado nas 32 paginas deste documento, que mesmo antes do terremoto seguido do tsunami ter provocado à inundação dos reatores nucleares com a liberação para o meio ambiente de produtos radioativos, a empresa já sabia que os sistemas de proteção dos reatores existentes eram insuficientes para um evento da magnitude do ocorrido. Como declarado pelos dirigentes da empresa, eles negaram fechar a central para implantar as medidas de segurança apontadas como necessárias para garantir a segurança, meramente por razões econômicas. Houve uma clara omissão dos dirigentes da Tepco, numa tentativa de minimizar o risco da ocorrência de um tsunami na região e suas consequências. Demonstrando assim, o quanto amam o dinheiro e odeiam a vida. O que nos parece ser uma visão predominante no setor nuclear mundial.

Depois da descoberta das inúmeras “trapaças” realizadas pela Tepco, a população japonesa tem pressionado o governo, realizando inúmeras manifestações públicas demonstrando ser contrária a continuidade e a expansão desta fonte de energia no país. Toda a pressão popular acabou surtindo efeito, e em setembro último foi anunciada pelo governo, a decisão do país em afastar progressivamente do modelo nuclear, substituindo-o pelas fontes renováveis de energia.

Além do Japão, anteriormente à Alemanha, Itália, Bélgica, Áustria entre outros países, já haviam decidido abandonarem a construção de novas usinas nucleares, e fecharem as existentes. Ate mesmo a França, ícone do uso da nucleoeletricade no mundo, também decidiu iniciar um processo de redução da participação do nuclear em sua matriz energética.

O que surpreende é que no Brasil, autoridades do Ministério de Minas e Energia, “lobistas” da área nuclear e membros da academia continuam insistindo no Programa Nuclear, que prevê a construção de Angra III e mais quatro usinas nucleares até 2030. Sendo duas delas no Nordeste brasileiro.

Mesmo com ampla maioria da população 79 % se posicionando contra o uso da energia nuclear no país, segundo uma pesquisa de opinião realizada pela BBC, não foi suficiente para convencer o governo federal de rever sua decisão autoritária. No caso da instalação de usinas no Nordeste, um dos locais pré-selecionados foi o município de Itacuruba (481 km de Recife), que teve amplo apoio do governo de Pernambuco que se posicionou publicamente favorável a instalação em seu território desta central, mas após a catástrofe de Fukushima tergiversa sobre o assunto.

Os movimentos antinucleares (http://www.brasilcontrausinanuclear.com.br/, http://www.greenpeace.org/brasil/pt/ e http://antinuclearbr.blogspot.com.br/) têm realizado inúmeras atividades e campanhas de esclarecimento e de informações junto à população sobre os riscos intrínsecos da energia nuclear e os perigos de um acidente. A receptividade desta mensagem demonstra o quanto é rejeitada a decisão governamental de incluir na expansão da oferta de energia elétrica as usinas nucleares em nosso país. Na Rio +20, houve um espaço, a “Tenda Antinuclear”, local onde ocorreram várias atividades, desde palestras, depoimentos e relatos de atingidos por desastres nucleares, debates, filmes, mostrando os riscos da tecnologia nuclear, desde a mineração do urânio. Foi enfatizado e demonstrado que pela riqueza da biodiversidade e da disponibilidade das fontes renováveis, o Brasil não precisa da eletricidade nuclear para atender suas necessidades de energia, nem no presente e nem para o futuro.

Em razão de todos os argumentos e das ações contrárias ao uso da energia nuclear em todo o mundo, alertamos a população brasileira que mesmo este assunto não estar na pauta da mídia empresarial de nosso país, o governo federal continua com o firme intento de construir novas usinas nucleares, e investe hoje mais de 10 bilhões de reais na construção de Angra 3. Daí, não devemos esmorecer esta luta e exigir das autoridades que interrompam imediatamente o programa nuclear em andamento, e que seja afastada definitivamente a ameaça que ronda o povo brasileiro.

A Seca de 2012 é pequena diante da próxima.


Revista O BERRO, N° 158 – Agosto de 2012

Qualquer Seca é retratada pela quantidade de vítimas e, no final, espera-se que o flagelo jamais retorne. A Natureza, porém, comanda o jogo, enquanto os homens não arregaçam as mangas para enfrentar o problema. Todas as últimas Secas foram profetizadas pela Ciência; todos os políticos nordestinos sabiam; todas as autoridades federais sabiam e, mesmo assim, o flagelo açoitou as pessoas simples.

Acontece o mesmo com esta Seca que atravessa 2012 deixando um rastro de prejuízos, falências, suicídios, um desmantelo generalizado da economia sertaneja. O cidadão que conhece a História sente pena dos flagelados, mas fica com raiva por ver a repetição de uma tragédia tão anunciada.

A Grande Seca de 1978/83 deixou 3,5 milhões de mortos (escondidos pelo cancelado Censo de 1990!) e 10 milhões de desaparecidos. Também estava prevista, mas foi engavetada e acabou vazando apenas nas páginas de uma revista rural: “Agropecuária Tropical”, em dezenas de reportagens, principalmente de Manoel Dantas Vilar Filho (Manelito), Rinaldo Santos, Jorge Coelho e outros.

Nas vésperas da Seca de 2012 o Governo Lula resolveu investir R$ 8 bilhões na transposição do rio São Francisco, com interesse em eleger sua sucessora. Deu certo, mas esqueceu de investir na prevenção da Seca. Investiu no transitório (eleição), esquecendo-se do definitivo (obras para produção rural, dentro das propriedades). Deu no que deu, repetindo-se o passado inglório que caracteriza o Nordeste apenas como um “curral eleitoral”.

Desde 2001, o CTA demonstrou a Seca de 2012, rapidamente engavetada, de novo, para prestigiar a “indústria da seca” encastelada em Brasília e nos governos regionais. O mesmo relatório do CTA mostra que a “maldição dos 100 anos” irá se repetir entre 1930 a 1935. Até lá, ou os governos terão viabilizado a existência das propriedades rurais, ou novamente o Censo terá que ser cancelado, para não exibir milhões de mortos (uma vergonha para qualquer governo. O Censo de 1990 foi cancelado por ordem do presidente Collor, um nordestino).

O Sertão somente será viável com obras dentro das propriedades, foco central na pecuária rústica: caprinos, ovinos, bovinos zebuínos e lavouras adequadas de pouca exigência hídrica.

Enquanto permanecer o foco na mini e micropropriedade apenas estará sendo mantido o regime de asfixiação econômica das pessoas sertanejas. Que todas as propriedades tenham um tamanho adequado à produção (sujeitas às secas periódicas): esse é o caminho.

Que todas as propriedades tenham a opção da pecuária rústica: esse é o caminho. Havendo chance de produção, o resto será feito, naturalmente.

Acesse AQUI, o trabalho “PREVISÃO DE PERÍODO DE SECA PARA O NORDESTE DO BRASIL”, 2001, de Carlos Girardi e Roberto da Mota Girardi, que mostra as análises feitas sobre as secas ocorridas e as que ainda estão por vir.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Maior seca dos últimos 30 anos transforma cidades da Paraíba em cemitérios a céu aberto‏

Fazia tempo - pelo menos 30 anos - que os agricultores do semi-árido da Paraíba não sentiam de maneira tão perversa os efeitos de uma seca, a maior das últimas três décadas.

Fonte: http://portalcorreio.uol.com.br/noticias/cidades/cidadania/2012/10/18/NWS,215654,4,96,NOTICIAS,2190-MAIOR-SECA-ULTIMOS-ANOS-TRANSFORMA-CIDADES-PARAIBA-CEMITERIOS-CEU-ABERTO.aspx

O cenário não é inédito: longa estiagem, falta d’água, rios e pastos secos, famílias sem ter o que comer e animais morrendo de fome e sede, sendo deixados para trás, transformando a paisagem num cemitério a céu aberto. Mas, fazia tempo - pelo menos 30 anos - que os agricultores do semiárido da Paraíba não sentiam de maneira tão perversa os efeitos de uma seca, a maior das últimas três décadas.
No meio de tanta dificuldade, as famílias que vivem diretamente os efeitos da estiagem contam com o apoio do poder público, instituições e até mesmo pessoas físicas que trabalham com ações de combate à seca. Uma dessas pessoas é o padre Djacy Brasileiro, que comanda a paróquia da cidade de Pedra Branca (localizada a 438 km de João Pessoa). Padre Djacy acompanha diariamente o drama de muitos sertanejos e amplia seu grito de socorro por meio de relatos e fotos que posta em redes sociais.
Seca na Paraíba Foto: Seca na Paraíba
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
Sem água e capim para dar aos ovinos e bovinos, os pequenos criadores estão vendendo os animais, que perdem valor comercial graças ao baixo peso. Marcos Ferreira mora na zona rural da cidade de Cabaceiras ( localizada 180km de João Pessoa). O municipío conhecido nacionalmente como a 'Roliúde Nordestina', devido os mais de 20 filmes produzidos, como o Auto da Compadecida, tem o menor índice pluviométrico da Paraíba. Na semana passada,  Ferreira vendeu um bovino por R$ 100. Em outra época, com o animal bem alimentado e com peso satisfatório, seu custo poderia chegar a R$ 1.200.
Seca na Paraíba Foto: Seca na Paraíba
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
“Há meses que o mato está completamente seco. A gente anda pelas terras e encontra carcaças de bois e vacas espalhadas por todo canto. Não tem comida pra dá aos animais. O caso está grave”, lamenta Marcos Ferreira.
Seca na Paraíba Foto: Seca na Paraíba
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
Sem dinheiro para alimentar os animais que ainda restam no pasto seco, os agricultores do semiárido – que compreende 75% do território paraibano – depende do Governo do Estado, que distribui ração aos pequenos produtores. “O Estado distribui, mas não dá. São apenas alguns quilos para cada criador”, informou o padre Djacy. Ele disse que o produto é vendido no comércio das pequenas cidades, mas que é inacessível para a maioria dos pequenos produtores, cuja única fonte de renda que sobrou é do Bolsa Família, programa do Governo Federal.
Seca na Paraíba Foto: Seca na Paraíba
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
De acordo com a Secretaria de Infraestrutura do Estado, que coordena o Programa de Distribuição de Ração Animal, já foram distribuídas mais de 10 mil  toneladas de ração animal e até o final deste ano outras nove toneladas serão entregues para 20 mil pequenos agricultores.
Água virou raridade
Para a maioria dos sertanejos paraibanos, água se tornou um produto raro. Tomar banho, lavar as roupas e aguar as plantas se tornaram sonhos que eles esperam um dia realizar. A realidade, hoje, é da busca constante por água para satisfazer necessidades mais imediatas, como beber, cozinhar e matar a sede dos animais.
Cento e nove carros pipas estão atendendo as cidades mais atingidas pela estiagem. A água é aguardada com ansiedade e cada gota é bastante disputada. De acordo com informações do Comitê Integrado de Combate à Seca na Região do Semi-Árido Brasileiro, a distribuição de água potável está sendo feita pelo Exército Brasileiro, com ajuda do Governo do Estado.
Mais de oito mil cisternas de placa (para consumo humano) deverão ser construídas em 72 cidades paraibanas a partir de janeiro de 2013. Conforme o gerente de apoio a programas governamentais do Estado, Luiz Lianza, o processo está em fase de cadastramentos das famílias. “Ao todo serão investidos mais de R$ 15 milhões e os recursos são fruto de uma parceria entre os governados federal e estadual”, acrescentou Lianza.
Bolsa Estiagem
Num período onde cada centavo é necessário para garantir a sobrevivência das famílias atingidas pela seca, os pequenos produtores sofrem com um outro problema grave: a ignorância. De acordo com a delegada federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na Paraíba, Giucélia Figueiredo, 78 mil agricultores dos 195 municípios paraibanos em estado de emergência foram beneficiados com o programa “Bolsa Estiagem”. Entretanto, uma grande parte não foi ao banco sacar o valor.
Seca na Paraíba Foto: Seca na Paraíba
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
A delegada fez um apelo para que os beneficiários do programa ‘Bolsa Estiagem’ retirem o dinheiro que está retido na Caixa Econômica Federal. “Cada agricultor cadastrado foi beneficiado com R$ 400, divididos em cinco parcelas e muitos que tiveram as parcelas depositas na Caixa nunca foram retirar o dinheiro”, informou a delegada.
A par da gravidade da situação vivida em mais de dois terços dos municípios paraibanos, Giucélia Figueiredo disse que o Bolsa Família (e o Bolsa Estiagem) são os únicos meios de sobrevivência que restam a esses agricultores. Para ela, são esses programas que têm permitido que haja tranqüilidade, mesmo diante de um cenário tão desanimador. “Se não fossem esses programas federais já tinha havido saques em supermercados em várias cidades, como já tivemos no passado”, completou.

por João Suassuna — Última modificação 19/10/2012 11:41

domingo, 14 de outubro de 2012


Manelito Vilar falando do gado Sindi.


Para quem ainda não leu, reeditamos a matéria da entrevista do criador Manelito Vilar concedida a Revista da ABCZ no ano de 2004, destacando os trechos onde o Sindi é o assunto. Nesta época, o Sindi deixava os currais das fazendas e começava a sua caminhada rumo ao lugar de destaque que hoje ocupa em nossa pecuária, fato marcado pela realização da 1ª Exposição Nacional Sindi e do seu primero leilão nacional. Vale a pena reler, refletir e por em prática os ensinamentos do grande sertanejo, autêntico e original criador de gados, de sonhos e de resultados.

http://sindidorn.blogspot.com.br/2010/11/manelito-vilar-falando-de-sindi.html?spref=fb

”Som ente um sertanejo legítimo, que aposta na pecuária como a melhor maneira para viabilizar uma vida digna ao povo do sertão, poderia falar com propriedade sobre a importância do gado zebuíno para o desenvolvimento do Nordeste brasileiro. É devido às raízes do sertão, que o criador e engenheiro Manoel Dantas Vilar Filho, procura manter-se fiel às possibilidades que a terra do Nordeste oferece a quem se dispõe a respeitá-las, conservando suas características naturais.

Ele alia qualidade e altos índices de produção em uma região onde as dificuldades climáticas poderiam ser um empecilho a qualquer tipo de atividade agropecuária. Entusiasta e criador da raça sindi, Dr. Manelito como é conhecido entre os amigos cria-dores, procura valorizar nessa raça rústica não só sua vocação leiteira milenar, como também a pos-sibilidade de investimentos na boa aptidão para corte. Para manter o lema de balde sempre cheio, as fazendas Carnaúba e Pau Leite, ambas localizadas no estado da Paraíba, contam com boas matrizes e reprodutores, entre os quais se destacam as vacas Mabiroba-D e Parafina-D e os touros Iaque-D e Danúbio-FC, este último, recordista nacional na avaliação genética da Embrapa Gado de Leite. Salientando a vocação nordestina, o criador investe também na criação de guzerá e ainda em ovinos e caprinos.

Nesta entrevista ele fala sobre a crença no gado vermelho, o trabalho diário como criador e a abertura de mercado para a raça – em 2005, o sindi contou com a realização da sua primeira feira única no Brasil, a ExpoSindi realizada em outubro, além do primeiro leilão composto apenas de exemplares sindi, com cerca de 60 bovinos registrados colocados à venda e faturamento total de R$259.840,00.

E é com a habilidade de quem se dedica há mais de três décadas ao gado vermelho, mais exatamente na região do Cariri Velho, no município de Taperoá, que seu Manelito concedeu esta entrevista à revista ABCZ.

Revista ABCZ: O senhor é engenheiro por formação. Porque decidiu se dedicar à pecuária?

Manelito Vilar: Sou engenheiro civil por formação acadêmica. Por natureza e sentimento, sempre fui criador. A dedicação exclusiva à pecuária ocorreu por sucessão súbita de meu pai, há 36 anos. Foi um encargo, mas, também, um reencontro com minhas raízes e minha vocação essencial.

Revista ABCZ: E porque a opção pelo zebu, especificamente pelo Sindi e o Guzerá?

Manelito Vilar: Minha escolha pelo sindi decorre da minha ligação com as terras secas do Nordeste e da crença radical de que é preciso respeitar a harmonia entre os animais e as latitudes. Meu pai, desde 1934, já criava e ordenhava guzerás de Cantagalo (RJ) e eu me limitei a seguir sua lucidez e sua experiência de vida no Cariri das secas. Com a morte de seu Joãozinho Abreu nos anos 70, simultaneamente à segurança que adquiri no uso dos capins perenes que consegui importar da Austrália, fui buscar outro zebu leiteiro dos pré-desertos da Ásia, temendo que não desse para ficar tudo no Guzerá JA, puro e bom de leite. Se não tiver leite, não é guzerá e nem é sindi. O sindi, de rebanho complementar, já é hoje metade do gado total que eu crio. Há uma dívida nacional de gratidão com José Cezário Castilho, que o preservou no sudoeste de São Paulo e com Felisberto Camargo que foi buscá-lo para produzir na Amazônia, também de clima rigoroso, em 1952.

ABCZ: Como é a forma de criação do sindi em sua propriedade?

Manelito Vilar: No pasto nativo da rica caatinga nordestina em consórcio com área de capim Buffel e Urocloa, na época das chuvas. No segundo semestre seco, as vacas em produção comem feno desses capins, palma forrageira, uréia e discreto suplemento de concentrados nas cocheiras. A ordenha é sistemática para sindis e guzerás, com controle leiteiro e avaliação genética oficiais. Nas secas extremadas, o volumoso utilizado é o bagaço de cana das usinas do litoral, hidrolisado com cal.

ABCZ: O senhor seleciona seus animais para obter dupla função. O sindi tem conquistado bons resultados tanto na produção de leite, quanto de carne?

Manelito Vilar: A conversão alimentar do sindi nos períodos secos, os ossos firmes e finos de sua carcaça, sua vocação leiteira e milenar e a qualidade do seu leite, fazem um conjunto de bons resultados aqui ou no resto do mundo tropical onde se queira definir uma raça apropriada de bovinos, mesmo havendo resistência cultural a modismos ou a promiscuidades genéticas. Quando a produtividade for avaliada não pela produção individual de cada vaca ou peso absoluto de cada boi e sim pela produção no tempo, de cada hectare de terra ocupado com a criação, sob a ótica racional da dupla função – o caminho do Brasil molhado ou seco – a eclética raça sindi será estrelada na constelação pecuária de nosso País. O Brasil é pioneiro mundial na seleção funcional de zebuínos, e se tornou por causa deles, um dos poucos do mundo que criam um bovino por habitante e pode, como ninguém, oferecer a seu povo, proteínas nobres a baixo custo.

ABCZ: O senhor acredita que apostar no sindi é a melhor maneira de viabilizar a pecuária na região semi-árida, uma região pouca valorizada pelo governo e instituições públicas do Brasil?

Manelito Vilar: A pecuária do mundo é majoritariamente praticada nas zonas secas. No semi-árido do Brasil a melhor maneira de viabilizar a vida em padrões decentes, é através da pecuária, à base de elementos biológicos (plantas e animais) compatíveis com seu clima caprichoso e saudável. Já era assim desde antes de Cristo, no sertão de Nazaré, na Galiléia. As nossas instituições públicas, desde as de ensino e pesquisa até as de fomento e crédito rural, nunca assumiram as potencialidades da floresta seca do Nordeste. Escapamos até agora e havemos de continuar vivendo, pela conterraneidade com o filho de Deus e graças à persistência dos sertanejos e suas cabras e ovelhas nativas, suas ervas e leguminosas, suas guzerás e suas sindis.

ABCZ: O pequeno porte do sindi fez com que muitos criadores desacreditassem no potencial da raça. Apesar disso, os criadores da raça exaltam o pequeno porte como uma característica que é diferencial e garante preferência no exterior. Como o senhor avalia essa contradição?

Manelito Vilar: Costumo dizer que se confunde muito o conceito de “volume aparente” com o de “peso específico” ou rendimento. O menor porte do sindi é uma virtude para efeito de precocidade, prolificidade e velocidade de ganho em peso. A longevidade do guzerá é maior. O conjunto das duas raças, rústicas, leiteiras, fisiologicamente perfeitas para a fotossíntese do mundo tropical é fantástico. Sem, contudo, misturar raças, indo contra conceitos básicos da zootecnia. O menor porte do sindi, talvez, esteja relacionado com sua fantástica precocidade e seu rúmen, forjado nos pré-desertos da Ásia, convertendo melhor o material fibroso do mundo tropical cheio de sol, em leite rico e carcaça de ossos finos bem coberta por carne enxuta.

ABCZ: Recentemente, foi realizado o primeiro leilão nacional da raça. Como está a comercialização de sindi no Nordeste? Qual a avaliação do senhor diante os resultados da primeira exposição de gado sindi?

Manelito Vilar: A primeira exposição e os leilões da raça sindi foram episódios marcantes na evolução da verdadeira pecuária do Nordeste. A procura por fêmeas sindi é sufocante. E machos sindis estão cada vez mais sendo usados para absorver lastros mestiços de gado europeu e mesmo de outros zebuínos, cuja fisiologia não se harmoniza tão bem com a nossa natureza. A realidade vai se impondo por si e esses eventos aceleram o processo de sua apreensão. A integração entre o sindi e a ABCZ é valiosa.

ABCZ: A introdução do sindi no Brasil contou com a participação de homens que visionaram na raça uma opção para a seca. Fale um pouco sobre isso.

Manelito Vilar: A introdução do sindi no Nordeste foi devida ao entusiasmo ideológico de Virgolino de Farias Leite (técnico da ABCZ) e a consciência profissional de seu primo, o zootecnista Paulo Roberto de Miranda Leite. Foi algo muito pouco institucional. Houve muito espírito público das pessoas, inclusive algumas da Universidade Federal da Paraíba e, sobretudo, de criadores mais esclarecidos.

ABCZ: A partir deste ano todos os registros genealógicos (RGD e RGN) de animais da raça sindi terão desconto de 50% até o final de julho de 2006. O senhor acredita que essa medida irá ajudar a fortalecer a raça ainda mais no País?

Manelito Vilar: Acredito firmemente. Esse estímulo deveria ser estendido também para os custos das provas zootécnicas do sindi, por um prazo racional.

 

por João Suassuna— Última modificação 10/09/2012 15:10

Comitiva da ALPB visita trechos parados da Transposição.


A comitiva da Assembleia Legislativa que inspeciona as obras de transposição do Rio São Francisco conheceu trechos que estão paralisados por desencontros entre as construtoras e o Governo. “É com muita tristeza que vejo uma cena dessas, quando muita gente precisa de água no Cariri da Paraíba”, disse o deputado Assis Quintans, representante da ALPB na inspeção.


Vários trechos da transposição estão paralisados. No trecho 3, situado no município de Salgueiro, em Pernambuco, parte da obra está concluída e o canal pronto para receber água (veja foto). Mas a Construtora Encalso se desentendeu com o Ministério da Integração Nacional e abandonou a obra. O trecho 3 faz parte do Eixo Norte. Segundo o engenheiro Ednaldo Castro, do Ministério da Integração Nacional, agora será feita uma nova licitação para que a obra possa ser retomada.

Do município de São José de Piranhas, na Paraíba, até o município de Cabrobó, em Pernambuco, existem cinco trechos das obras de transposição paralisados. Estão funcionando, apenas, os trechos 1, 2, 8 e 14.

O trecho 14 está situado entre os municípios de São José de Piranhas, na Paraíba, e Mauriti, no Ceará. É onde estão sendo construídos os túneis Cuncas I e Cuncas II, na Serra do Braga.

O túnel Cuncas I tem 15 quilômetros de extensão e o Cuncas II terá uma extensão de 4 quilômetros e estão sendo escavados em rocha bruta. O Cuncas I, quando estava com pouco mais de três quilômetros de escavação, rocha à dentro, desabou.

O consórcio que faz a obra paralisou as atividades e pediu uma explicação ao projetista. Segundo o engenheiro de segurança Raul Zoperalo, o erro foi de projeto e o projetista terá que apontar uma solução ao consórcio de três empresas responsável pela obra. A comitiva da Assembleia Legislativa esteve visitando um desses túneis. Segundo o engenheiro e presidente do Tribunal de Contas do Estado, Fernando Catão, obra faz jus a fama que tem a engenharia brasileira.

Os dois túneis ‘rasgam’ a Serra do Braga na divida entre os estados da Paraíba e Ceará. “Estamos perfurando uma média de 200 metros de rocha por mês e acreditamos que no final de 2013 estaremos entregando a obra”, diz o engenheiro Raul.


Assessoria

por João Suassuna— Última modificação 10/09/2012 17:24

Meus Prezados,

É preciso uma investigação mais aprofundada com essa cifra apresentada.
É provável que ela não esteja de acordo com o que realmente foi executado na bacia do Velho Chico.
Na nossa ótica, a revitalização do rio São Francisco é uma "colcha de retalhos" que precisa ser "costurada" pelas autoridades, com mais clareza.
Socializamos a informação no Rema. Confiram. Revitalização do São Francisco já soma R$ 6,4 bilhões.

Governo anuncia investimentos dos Planos Plurianuais nos anos de 2004-2007, 2008-2011 e 2012-2015 para preservação do rio, cuja bacia é habitada por cerca de 18 milhões de pessoas.

Publicado por Redação em 04/10/2011 as 17:57
Arquivado em Cidades, Municípios

http://www.ojornalweb.com/2011/10/04/revitalizacao-do-sao-francisco-ja-soma-r-64-bilhoes/

A nascente e a foz do São Francisco serão abraçadas, neste 4 de outubro, em um ato simbólico em favor da preservação do rio, cuja bacia é habitada por cerca de 18 milhões de pessoas. Em vários pontos do trajeto em que as águas correm, serão realizadas atividades de educação ambiental, eventos culturais e apresentadas ações relativas a R$ 6,4 bilhões aplicados em revitalização.

Aproveitando a data em que se comemora o Dia de São Francisco, o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com os ministérios da Integração e da Cultura, realizam o evento “São Francisco Vive”, para chamar atenção da população sobre a necessidade de participar do processo de revitalização da bacia hidrográfica. Os números foram anunciados nesta terça-feira (4/9), na foz, em Penedo (AL), e em cidades de três estados, pelo secretário de Mudança Climática do MMA, Eduardo Assad.
“Chega-se ao total de R$ 1,4 bilhão em ações concluídas, R$ 3 bilhões em andamento e R$ 2 bilhões em iniciativas programadas, um significativo investimento que demonstra o comprometimento do Governo Federal com a revitalização?, enfatiza o diretor de Revitalização de Bacias, do Ministério do Meio Ambiente, Renato Ferreira. Ele ressalta a importância da participação popular.

Renato Ferreira ressalta que ?as pessoas precisam se engajar, evitando, por exemplo, o depósito de lixo em locais inadequados”. Ele explica que a revitalização consiste na preservação e na recuperação da bacia, por meio de ações integradas e permanentes, para a promoção do uso sustentável dos recursos naturais, melhoria das condições socioambientais, aumento da quantidade e a melhoria da qualidade da água para usos múltiplos.


O Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas foi incluído nos Planos Plurianuais do Governo Federal nos anos de 2004-2007, 2008-2011 e 2012-2015. O programa é coordenado pelo Departamento de Revitalização de Bacias Hidrográficas do Ministério do Meio Ambiente, com o Ministério da Integração Nacional, o Ministério da Cultura e órgãos ministeriais.

As ações envolvem estados e municípios, com participação da sociedade e apoio das universidades que se situam ao longo da bacia. Entre os principais parceiros se destacam o Ministério das Cidades, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Agência Nacional de Águas (ANA), Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Fundação Nacional do Índio (Funai), comitês de bacias e Ministérios Públicos.
Água e saneamento – Entre os empreendimentos, destacam-se a ampliação dos sistemas de abastecimento de água, com extensão das ações do Programa Água para Todos, em comunidades ribeirinhas, sendo 119 obras concluídas (entre elas, 126 mil cisternas de captação da água da chuva), 115 em andamento e 20 programadas.
Foram concluídas 44 obras de esgotamento sanitário, com ligações domiciliares, unidades sanitárias, coleta, tratamento e destinação final de efluentes. São outras 113 obras em andamento.

Cumprindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tem como um dos principais propósitos a redução dos lixões e aproveitamento de materiais para reciclagem, o MMA contribuiu com a elaboração dos Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos dos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Festejos - Aproximadamente 40 atividades serão desenvolvidas especialmente no Baixo São Francisco, em Penedo, onde o rio desemboca no mar, e em São Roque de Minas (MG), onde ele nasce. Mas outras cidades também estarão engajadas nos festejos: Porto Real do Colégio e Piaçabuçu, em Alagoas, e também Propriá e Amparo do São Francisco, em Sergipe.

ZEE - No trajeto do rio estão áreas de Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga ? biomas habitados por populações urbanas de grandes metrópoles, por indígenas, ribeirinhos e quilombolas, com diferentes culturas. Com tanta diversidade, para planejar e tomar decisões acertadas, foi formulado o Zoneamento Ecológico-Econômico da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Recuperação de ecossistemas – Foram criados sete Centros de Referência de Áreas Degradadas para a criação de modelos apropriados de recuperação de ecossistemas. Esses centros modificam as paisagens, prestam assistência técnica e oferecem cursos para cerca de 400 agricultores todos os anos, para que possam desenvolver sistemas agroflorestais, evitar erosões, preservar mananciais, fazer manejo de madeiras que usam para cercamento. Esses centros, coordenados pelo MMA, têm a parceria especialmente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
Pré-história – O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fez um Inventário do Patrimônio Cultural da Calha do Rio São Francisco, onde, entre diversos aspectos, foram identificados mais de 200 sítios arqueológicos na chamada Província Cárstica de Arcos-Pains-Doresópolis, em Minas Gerais.

Nas ondas do São Francisco – Cerca de 50 rádios (algumas comunitárias e a maioria comerciais) estão ligadas em uma rede que contribui com o MMA com notícias para toda a bacia do São Francisco. Em Barreiras (BA), por exemplo, radialistas criaram “econovelas” e conquistaram tanta audiência e participação dos ouvintes na programação sobre meio ambiente que acabaram se envolvendo na realização do I Congresso de Educação Ambiental da Bacia do Rio Grande (afluente do São Francisco), para instituições públicas e privadas para debater sobre desenvolvimento sustentável.

Ministério do Meio Ambiente

http://www.ibama.gov.br/publicadas/revitalizacao-do-sao-francisco-ja-soma-r-64-bilhoes

COMENTÁRIOS

Edézio Teixeira de Carvalho - edeziotc@gmail.com

Caro João Suassuna: Acho que Ouro Preto e Itabirito, no alto rio das Velhas, afluente principal do São Francisco, nada viram desse dinheiro. Envio as imagens (anexas) em contribuição ao processo de revitalização do Velhas, mesmo sabendo que o Código Florestal, pelas nascentes existentes no interior das voçorocas, tenderá a não permitir, talvez porque goste de termos uma Bolívia inteira de voçorocas, expulsando precocemente as águas da terra para o mar. Grande abraço.

Edézio Teixeira de Carvalho

Geolurb - Geologia Urbana e de Reabilitação Ltda

(31) 32622722; 84762977


Heitor Scalambrini Costa
Movimento Ecossocialista de Pernambuco
(
www.mespe.com.br)

LANÇADA A FRENTE CONTRA A ENERGIA SUJA EM PERNAMBUCO.

Foi realizado na noite desta segunda-feira, 3 de outubro, no Sindicato dos Médicos de Pernambuco/SIMEPE o ato de lançamento da Frente Contra a Energia Suja em Pernambuco. Estiveram presentes o deputado federal Raul Henry, o presidente estadual do PSol, Edilson Silva, representantes dos deputados estaduais Betinho Gomes e Daniel Coellho, do presidente estadual do PPS, Raul Jugmann, do Fórum Estadual de Reforma Urbana, do Movimento Eco Vida do Cabo de Santo Agostinho e da ONG Ame a Terra, membros do Movimento Ecossocialista de Pernambuco e um grupo de estudantes.

Inicialmente, o deputado Raul Henry falou sobre a representação que havia protocolado horas antes junto ao Procurador da República de defesa das Tutelas Coletivas, para que ocorra uma apuração do cometimento de gravíssimo crime ambiental, caso seja instalada em Pernambuco a Termelétrica Suape III.

O professor Heitor Scalambrini Costa, da Universidade Federal de Pernambuco, analisou os impactos da termoelétrica a óleo combustível prevista para ser instalada em Pernambuco. Em sua apresentação ele enfatizou "Pernambuco nao precisa desta usina, e uma decisao no minimo equivocada. A energia gerada e cara, agride o meio ambiente e provoca emissoes danosa a saude das pessoas".

Logo em seguida a palavra franqueada às pessoas presentes que propuseram vários encaminhamentos. A próxima reunião da Frente Contra a Energia Suja em Pernambuco será realizada no dia 17 de outubro (segunda-feira), as 19h:30m, no SIMEPE. Foram sugeridos e criados alguns grupos de trabalho para a mobilização até a próxima reunião, dentre eles o de mobilização parlamentar, mobilização sindical, mobilização do movimento ambientalista, mobilização empresarial (do setor turístico) e mobilização da imprensa.

Outra decisão tomada na reunião foi a de agendar audiências da Frente com Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife (nascido no Cabo de Santo Agostinho) e com o presidente da Fiepe. Também foi recomendada a criação de um evento no facebook para a reunião do dia 17/10.

Aventura Selvagem em Cabaceiras - Paraíba

Rodrigo Castro, fundador da Associação Caatinga, da Asa Branca e da Aliança da Caatinga

Bioma Caatinga

Vale do Catimbau - Pernambuco

Tom da Caatinga

A Caatinga Nordestina

Rio São Francisco - Momento Brasil

O mundo da Caatinga