Por Michel Zaidan, na Revista Movimentto.
Se fosse possível estabelecer um gradiente entre natureza, em um extremo, e entropia, no outro, para avaliar as políticas ambientais dos nossos gestores públicos, certamente a política de meio ambiente do atual governo de Pernambuco estaria mais próxima da entropia do que da natureza. Aliás, o governador nunca negou as prioridades administrativas de sua gestão. O problema é que seu pensamento “entrópico” foi agora potenciado por uma carreira política meteórica destinada a fazer de seu mandato estadual um instrumento, um simples meio de alavancar esta carreira em âmbito nacional.
Num ambiente dominado pela mística do crescimento econômico a qualquer preço, até os bancos se apresentaram como os preservadores do planeta. Foi, portanto, nesse clima de exaltação desenvolvimentista que o governador declarou guerra a toda e qualquer política de proteçãoambientalemPernambuco.
No intuito de “vender” o estado a investidores e compradores externos, foi montada uma verdadeira operação de desmonte dos órgãos responsáveis pelo setor: nomeou uma verdadeira “Rainha da Inglaterra” para a Secretaria do Meio Ambiente; manteve na presidência da CPRH um técnico, à revelia do secretário e sucateou a agência, levando os funcionáriosaumaparalisaçãosemprecedente.É preciso dizer também que a Secretaria de Educação praticamente acabou com a disciplina de educação ambiental nas escolas públicas, que deveria ser encarada transversalmente e não uma disciplina isolada. E até dirigentes de ONGs ambientalistas foram cooptados pela administração estadual.
Mais grave é a investida sobre as reservas ambientais, como manguezais e unidades especiais de preservação, sob pretexto de atrair investimentos para o estado. Aí, a política de concessões parece ter o “céu como limite”, tal a desenvoltura com que é tratado o desmatamento ou a destruição de ecossistemas e habitats naturais. O furor entrópico parece não se conter diante de nada, enquanto a urbanização de nossas grandes cidades cresce para o céu em áreas de interesse social, com a conivência das autoridades públicas.
É o caso de se perguntar o que sobrará depois deste furacão privatizador e irresponsável, sobretudo tendo em vista as gerações futuras. Talvez só o rastro da poluição, do calor, do lixo e da degradação da qualidade de vida dos pernambucanos.
Michel Zaidan Filho é coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia da Universidade Federal de Pernambuco. Artigo publicado originalmente na coluna “Opinião” da Revista pernambucana Movimentto, de junho/2011.
Postado por EDILSON SILVA PSOL às 07:25
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