terça-feira, 9 de agosto de 2011

DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS.


Artigo de Roberto Naime.
Publicado em agosto 2, 2011 por HC
Tags: resíduos sólidos

Compartilhe:

[EcoDebate] A solução adequada para disposição final dos resíduos não-reaproveitáveis ou recicláveis no Brasil, tem sido os aterros sanitários. Realidade europeia principalmente utiliza muito usinas de geração de energia a partir dos resíduos, até por falta de espaço físico para aterros. Os aterros podem ser de vários tipos, classificados de várias formas, mas os itens que obrigatoriamente devem constituir os aterros são:

1.sítios naturais, escavados ou encostas acima do lençol freático pelo menos 3m;

2.colocação de um sistema impermeabilizante, que evite que o chorume atinja solos e lençóis freáticos ou subterrâneos, geralmente são utilizadas mantas de polietileno de alta densidade (PEAD), mas outros materiais podem ser utilizados;

3.instalação de um sistema de drenos-testemunho, capaz de identificar a presença de danos nas mantas pela infiltração e coleta de chorume abaixo do material impermeabilizante, possibilitando assim sua recuperação;

4.instalação de sistema de coleta de chorume acima do sistema impermeabilizante, para envio para estação de tratamento de efluentes;

5.sistemas de coberturas e drenagens laterais, para evitar que precipitações pluviométricas aumentem muito a quantidade de líquidos percolados.

Em aterros para resíduos industriais, estas regras tem sido rigorosamente adotadas na maioria das centrais de resíduos. Nos resíduos urbanos, cuja atribuição de gerenciamento é do poder público municipal as situações são muito diversas. Em geral grandes e médios municípios apresentam condições satisfatórias ou se encontram em processos que vão resultar em condições satisfatórias. O mesmo não se pode afirmar dos pequenos municípios, que por razões de dificuldades técnicas e econômicas, apresentam realidades muito diferentes entre si.

Os resíduos sólidos produzem gases como dióxido de carbono (CO2), ácido sulfídrico (H2S) e metano (CH4) e lixiviados e percolados, que são misturas de chorumes gerados pela degradação da matéria orgânica acrescidos de água proveniente de precipitações pluviométricas. Este conjunto de fluidos necessita tratamento adequado para evitar impactos ambientais indesejados.

Também deve ser considerada a possibilidade de combustão e explosão dos gases de metano. A explosão é sempre improvável porque exigiria grandes concentrações e quantidades do gás, mas nunca deve ser descartada ou negligenciada.

Os resíduos domésticos devem estar isentos de materiais que contenham metais pesados, como restos de lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias e outros. Os metais pesados têm efeito acumulativo e irreversível na biota de rios e lagos e também sobre populações. Durante a fase de degradação anaeróbia que acontece nos aterros, o baixo pH da fase acidogênica favorece a solubilização destes metais, que podem atingir o ambiente em elevadas concentrações.

Os efeitos do gerenciamento inadequado de resíduos sólidos podem ser mais indiretos do que diretos. Não por acaso o Brasil atravessa fases de epidemias de dengue, malária e febre amarela. Não se tem dados de correlações diretas destas epidemias com a gestão de resíduos ou o saneamento básico como um todo, mas evidentemente que não é acaso. E de alguma forma o poder público em seus diversos níveis, tem tomado decisões políticas de fomentar o investimento em saneamento básico em geral.

Além das contaminações possíveis, a grande geração de vetores transmissores de doenças pode ser ter um efeito maléfico de maiores dimensões. Entre a chamada fauna sinantrópica (resultante dos depósitos de lixos e assemelhados), destacam-se:

* ratos: causadores de peste bubônica e leptospirose;

* moscas: que podem abrigar agentes transmissores de febres, cólera, tuberculose, lepra, varíola, hepatite, amebíase e teníase;

* mosquitos: que transmitem viroses, dengue, febre amarela, malária;

* baratas: que são suspeitas pela disseminação de poliomielites;

* aves: como urubus, que transmitem toxoplasmose.

Existem aereoportos no país, que sofrem bastante com a proliferação descontroloda de aves como urubus que atrapalham operações seguras de aterrisagem ou decolagem.

Tecnicamente, se diz que existe reutilização de materiais quando os mesmos são reutilizados no estado em que se encontram e reciclagem quando são transformados ou servem de matéria-prima para novos processos industriais.

Dr. Roberto Naime, colunista do EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 02/08/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Aventura Selvagem em Cabaceiras - Paraíba

Rodrigo Castro, fundador da Associação Caatinga, da Asa Branca e da Aliança da Caatinga

Bioma Caatinga

Vale do Catimbau - Pernambuco

Tom da Caatinga

A Caatinga Nordestina

Rio São Francisco - Momento Brasil

O mundo da Caatinga