Bagaço da cana-de-açúcar vira produto nobre e preço dobra em Pernambuco.
Pecuaristas utilizam a sobra para
alimentar gado no Sertão e Agreste. Uma tonelada chega a ser vendida por R$
120.
http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2012/11/bagaco-da-cana-de-acucar-vira-produto-nobre-e-preco-dobra-em-pe.html
Além do Agreste e Sertão, a seca também está
fazendo estragos em uma das regiões mais prósperas de Pernambuco: a Zona da
Mata. Lá, a produção de cana-de-açúcar caiu 35%. No ano passado, foram
produzidos 7 milhões de toneladas de cana. Este ano, apenas 4,5 milhões. Esses
números assustam os fornecedores locais, que conseguiram um novo jeito de
lucrar: o produto da vez é o bagaço da cana-de-açúcar, que virou produto nobre,
comercializado no Sertão do estado como fonte de alimentação para os animais.
Com a estiagem, o Sindicato da Indústria do
Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar) articulou a doação de
pequenas quantidades do bagaço para os pecuaristas da sociedade nordestina. Mas
a comercialização deste produto se intensificou e o preço do resíduo dobrou.
Antes, os criadores não buscavam as sobras da cana com tanta frequência. Agora,
com a estiagem prolongada, ele se tornou uma das principais fontes de
alimentação para o gado no Agreste e no Sertão.
Atualmente, a tonelada deste resíduo chega a ser
vendida por R$ 120 nas usinas e destilarias do interior do estado. Além da
grande procura, a oferta não é das maiores: de acordo com o empresário Carlos
Henrique Maranhão, o que sobra de bagaço é menos do que 5% do volume de
produção. “O produto ficou mais caro. E o que sobra é muito pouco”, diz. Para
se ter uma ideia, cada tonelada de cana-de-açúcar produz apenas 50 quilos de
bagaço.
Paulo Guedes, vice-presidente da Associação dos
Fornecedores de Cana de Pernambuco, se incomoda com a situação: “É realmente
estranho você ter um produto, que é basicamente um resíduo, valendo esse preço
todo. Mas é mercado, procura e oferta”, diz.
Os empresários da região, já observando a
movimentação financeira que envolve o bagaço da cana, querem incluir o valor do
bagaço no preço pago pela cana-de-açúcar. “Essa receita que está sendo gerada
com o bagaço, não chega um centavo nas mãos dos fornecedores de cana”, completa
Paulo Guedes.
O presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha,
divulgou nota informando que o foco principal não é a alimentação animal, e sim
a geração de energia para acionar o próprio parque industrial da Usina. A doação
do bagaço é realizada por meio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de
Pernambuco (Fetape).
Sobre o assunto:
BAGAÇO DE CANA: alimento animal versus produção de energia elétrica (2002)
http://www.fundaj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=638&Itemid=376
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