quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A CAATINGA. O SERTÃO.

"Indignações sobre a transposição do rio São Francisco.
Um leitor nervoso, indignado, contra a revista O BERRO e outro, também indignado, contra a obra faraônica que vem rasgando a Caatinga sem se autoexplicar.
Revista O BERRO n. 151, Dezembro de 2011
Diretor Executivo da revista: Rinaldo dos Santos
http://www.revistaberro.com.br/
Indignação 1: Águas para 12 milhões.
O Engenheiro Agrônomo, Renato Menezes, enviou carta, criticando. Diz ele: “A revista O BERRO tem público seleto e de classe média alta, inclusive empresários orgulhosos por serem NORDESTINOS. Por isso meu repúdio por este texto segregativo e preconceituoso publicado por tal revista que presta excelente trabalho ao desenvolvimento da caprino-ovinocultura, tão essencial ao povo Nordestino e Brasileiro.
Não sei quem escreveu o editorial da Revista O BERRO 141, porém venho informar a infelicidade deste redator que parece desconhecer o projeto da transposição do rio São Francisco, que vai levar água para 12.000.000 de sertanejos. O redator proclama esta obra como uma tragédia anunciada. Ora, devo informar que o volume de água que será utilizado para transposição é de 1% da água do rio que vai para o mar, ou seja, se não for usada irá de todo jeito para o mar como irão os 99% da vazão da barragem de Sobradinho. A fala que pode-se optar por energia ou água é uma falácia antes de tudo preconceituosa e ignorante. Lamento que uma revista de âmbito nacional tenha como redator alguém que não se dá ao trabalho de LER.
Sugiro a tal redator acessar a página do Ministério da Integração Nacional e tomar conhecimento do projeto. Acredito que dessa forma irá alimentar seu cérebro de informações a respeito da Transposição do Rio São Francisco.
Tenho construtora e faço obras no trecho Custódia-Monteiro. Tenho tanto conhecimento do projeto que executo parte dele. Inclusive vou encaminhar esta correspondência que lhe passei para o Ministério da Integração Nacional. Exijo que vocês se retratem na próxima edição.
Engenheiro Agrônomo Renato Menezes (Fone: 81 9156-7156) – centroverde@bol.com.br
Indignação 2: As perguntas de Seu Chico
Texto de Renata Albuquerque
Em abril de 2011, as equipes do CPT de Pernambuco realizaram um encontro sobre os impactos dos “grandes projetos” nas comunidades camponesas. Na ocasião foi visitado o lote 12 da Transposição das águas do Rio São Francisco, em Sertânia (PE).
Quase todos os dias, Seu Francisco, conhecido como Chico, trabalhador rural de 65 anos, faz o mesmo percurso com uma carroça puxada por um jegue, levando tambores que ele enche de água barrenta recolhida de um lamaçal e leva para a sua família e animais.
Bem próximo ao lamaçal, seu Chico avista a cisterna onde retirava água potável para o consumo de sua família. A cisterna foi abandonada e sua casa destruída! Entre a antiga cisterna e o lamaçal, o que se vê é o chão rasgado pelas obras da transposição do Rio São Francisco.
Para sair do local onde viveu desde menino, Seu Chico recebeu uma indenização do Governo Federal no valor de R% 5.000 (cinco mil reais). “Foi um hectare de terra, uma casa e uma cisterna”, comenta o trabalhador sobre o que foi obrigado a trocar pela indenização. Com o dinheiro, mal deu para construir a sua atual casa. Foi um adeus à vida antiga e os bons sonhos de vida nova.
Distribuição futura das águas da Transposição
70% Urbano – Industrial
26% Agronegócio
4% Consumo Humano
OBS.: A proposta de distribuição das águas do rio São Francisco, através da Transposição, seguirá o mesmo padrão e estatística internacional
Alí as obras da transposição encontram-se totalmente abandonadas há mais de quatro meses. O trecho é o lote 12, que vai do município de Sertânia (PE) a Monteiro (PB), totalizando 25 km. Seu Chico não tem informações sobre o futuro da transposição, mas tem certeza de que a água, se um dia passar por ali, não será destinada para o consumo de sua família. “Eles prometeram que ia ter água aqui. Ave Maria, a conversa é bonita, mas eu sei que o negócio deles é tirar o cabra daqui, como me tiraram. E eu sei que vão fechar o canal e vão botar uma cerca”!
Pitorescamente, Seu Chico já teve casa, cisterna com água própria, mas agora é catador de água enlameada, bem ao lado das obras paralisadas da famosa Transposição.
Obras paralisadas – Ao longo do lote 12, encontram-se apenas 11 trabalhadores: os vigias da obra. Todos os outros, ao todo 350, foram demitidos pelas empresas do consórcio responsável pelo lote: a Queiroz Galvão, OAS, Barbosa e Melo e Coesa. De acordo com um ex-funcionário da obra, que preferiu não ser identificado,os trabalhadores foram demitidos e as obras estão paralisadas desde o dia 21 de dezembro de 2010. Este foi marcado pelo acidente com a explosão de dinamites no lote, que tirou a vida de três trabalhadores e deixou vários feridos. O trabalhador comenta ainda que não há previsão de quando as obras serão retomadas. “Todo mês eles dizem que vai voltar no dia 1°, só que todo mês tem dia 1°, e essa conversa vem desde janeiro. Eles não passam nenhuma informação”. Os recursos destinados para a construção do lote 12 somam mais de 270 milhões de reais, mas para dar continuidade à obra será preciso um investimento muito maior. “Vários trechos da obra que ainda nem foram concluídos já precisam de reparo”, comenta o ex-funcionário,indignado com a situação de desperdício de dinheiro público para uma obra que, ele sabe, não levará água para o povo do Nordeste (texto divulgado em 13/05/2011)."

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