"Semiárido: um Paraíso possível - Assumindo o céu como ele é.
Artigo de Rinaldo dos Santos
Antes de tudo é preciso olhar o pedaço de céu acima da cabeça, pois dali vem a sentença de sucesso ou de derrota, principalmente em região de clima caprichoso como o Semiárido.
13/12/2011
Revista O BERRO, n. 151 - Dezembro de 2011
Antes de tudo é preciso olhar o pedaço de céu acima da cabeça, pois dali vem a sentença de sucesso ou de derrota, principalmente em região de clima caprichoso como o Semiárido.
13/12/2011
Revista O BERRO, n. 151 - Dezembro de 2011
O Semiárido brasileiro não é igual aos demais semiáridos do planeta, pois no Sertão nordestino o clima é irregular. Esta é a grande diferença que provoca tragédias. As políticas públicas deveriam levar esta particularidade em consideração, mas nunca levaram! Depois de 500 anos, há algumas certezas que já poderiam ter sido assimiladas pelas políticas públicas:
a) Primeira – vai haver seca – sempre! É um processo cíclico.
b) Segunda – política pública baseada em água sempre conduz ao erro!
c) Terceira – qualquer “redenção” só poderá das certo se for voltada para a convivência com as secas.
d) Quarta – para ter retorno do investimento público, é preciso investir maciçamente em Educação localizada. É necessário haver um estudo básico das matérias fundamentais, mas também é preciso incorporar uma “educação específica”, pois o país tem enorme vantagem de apresentar várias realidades, cada uma exigindo um programa diferenciado de evolução. Ou seja, cada região merece um adequado programa de educação e, para tanto, é necessário ouvir a voz da própria região.
e) Quinta – as pessoas somente permanecerão no campo se houver “dignidade e justiça”, ou seja, se lhe for possível uma vida de qualidade e isso significa prestigiar seu esforço, simbolizado por sua produção.
Como está
Como está
O clima inconstante e desregrado prejudica as políticas de agricultura, pecuária, irrigação, etc. Diz um ditado popular que “em cada 10 anos, 1 é ótimo, 2 são normais, 3 são regulares, 4 são ruins – na agricultura”. Por isso, 63% da pobreza rural do Brasil está no Nordeste, somando 9% do total de brasileiros, mas recebendo menos de 1% da renda familiar nacional.
Mais de 70% das propriedades têm menos de 10 hectares e cerca de 25% têm entre 10 a 100 hectares – sem condições adequadas para enfrentar estiagens ou secas medianas. A cada 10 anos ocorre uma seca “grave” e, então, todas essas micropropriedades sucumbem! No sertão, o tamanho da propriedade, ao deus-dará, é fundamental. A redução do tamanho de propriedades exige políticas públicas adequadas, que sempre surgem nos momentos de crise e logo são abandonadas!
Assim, as políticas as políticas públicas continuam insistindo em estimular micropropriedades e sua agricultura de subsistência, que não conseguem arcar com um compromisso de abastecimento da sociedade! Ao invés de favorecer os que tentam produzir alguma coisa para a sociedade, gerando milhões de empregos, os governos confessam seu fracasso, preferindo distribuir dinheiro a pessoas que pouco ou nada produzem. O Nordeste viabiliza a sobrevivência
às custas de “esmolas” federais para as pessoas e, sem dúvida, sem tais “esmolas” a situação seria muito pior!
O Governo, longe do campo, tenta iludir o povo quando afirma que a maior parte dos alimentos vem da propriedade familiar, pois um latifúndio também pode ser propriedade familiar. Afinal, o Brasil apresenta apenas 15,6% das pessoas no campo (29,8 milhões de pessoas) e, logo mais, terá apenas 5% e, então, a concentração de terras é inevitável. Essa concentração tem levado ao aumento da produtividade, por meio de tecnologia que dificilmente está disponível para as micropropriedades!
Co certeza, conquistar dignidade e justiça é mais fácil para uma família com mais terra do que para uma família com pouca terra! Para a sociedade brasileira, em geral (cada vez mais urbana), o que importa não é a questão da posse da terra, mas sim o acesso aos frutos da mesma terra.
Como poderia ser.
O melhor caminho seria prestigiar os que tentam produzir, no campo, e estimá-los a abrir empregos bem remunerados para os demais que ali tentam sobreviver. Isso seriam justiça e dignidade para o proprietário que ama a terra e responde por ela!
Qualquer programa de Reforma Agrária, portanto, deveria ter o objetivo primordial de dar ao produtor (e sua família) a quantidade de terras que ele pode colocar em produção, de fato.
Basicamente, antes de uma “reforma” agrária, então, seria preciso ter uma “adequada política agrária”. Afinal, não se pode “reformar” o que nunca foi “formado”.
Praticamente entre 2 a 3 milhões de micropropriedades multiplicariam sua produção, no país, se tivessem um naco a mais de terra. Investir nesses produtores seria muito mais rentável do que a mera distribuição de uma gleba quase insignificante a quem não tem experiência, nem amor à lida rural.
Para conviver com a insegurança climática seria importante incrementar as políticas de crédito e securitização da produção, além de iniciativas firmes para o escoamento de produtos rurais.
O que importa é garantir alimentos à mesa, produzidos na própria terra e, nessa visão, o quadro de diagnóstico é claro: as cabras e ovelhas poderiam fazer milagres pelo Sertão nordestino. Já fazem, para quem consegue enxergar!
Rinaldo dos Santos (zebus@zebus.com.br) é editor fundador da Revista O BERRO.
Rinaldo dos Santos (zebus@zebus.com.br) é editor fundador da Revista O BERRO.
(HTTP://www.revistaberro.com.br)
Artigos sobre o assunto:
SEMIÁRIDO: um Paraíso possível, artigo de Rinaldo dos Santos
http://www.remaatlantico.org/Members/suassuna/artigos/semiarido-um-paraiso-possivel-artigo-de-rinaldo-dos-santos/view
por João Suassuna — Última modificação 06/02/2012 12:21
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SEMIÁRIDO: um Paraíso possível, artigo de Rinaldo dos Santos
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por João Suassuna — Última modificação 06/02/2012 12:21
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