27/9/2010
Espécies vegetais e a fauna local estão correndo o risco de desaparecerem por conta da ação do homem
Quiterianópolis. Um patrimônio ambiental, localizado a 12 km da sede deste Município, na localidade de Cacimbas, está ameaçado desaparecer, caso não cessem os avanços dos desmatamentos frequentes naquela área de preservação. Lá, estão situadas as Cachoeiras do Penha, lugar em que a natureza promove um espetáculo de rara beleza. É uma região com vegetação típica do bioma caatinga.
Do riacho Coimbra, afluente do rio Poty desembocam quatro grandes quedas de água, que se destacam entre os paredões, emoldurados por uma biodiversidade única na região. Espécies vegetais como macambiras, crotes, umburana de cheiro, aroeira, barriguda, tamboril e angicos, entre outras permeiam o local, misturando-se à paisagem e à rica fauna.
"Toda a beleza pulsante do bioma caatinga pode ser aqui encontrada", diz o ambientalista Valdo Vale, diretor do Polo Audiovisual Santa Rita, localizado no município. O Polo realiza projetos financiados pelo programa Mata Branca, fazendo um trabalho de conscientização ambiental dos proprietários das terras. Um deles é o "Anjos da Caatinga", no qual oito monitores ambientais fazem um trabalho voluntário de defesa e preservação da área. Eles fazem um trabalho de coleta de dados e participam de campanhas de sensibilização. Produzem conteúdos audiovisuais para a comunidade de Cacimbas e localidades vizinhas, mostrando a importância do patrimônio natural para as futuras gerações.
Quem visita a área, que é considerada APP (Área de Preservação Permanente) fica encantado com a diversidade e a beleza da "mata branca". Durante os meses de fevereiro a julho, devido ao inverno, o Penha se revela com suas majestosas cachoeiras, entre elas: Salto Maior, do Convento e Poço do Boi, com uma vazão muito grande, encantando quem passa por lá. Em apenas uma trilha pela área podem ser encontrados mais de oito tipos de árvores em extinção do bioma, como arapiraca, pau d´arco roxo, pau d´arco branco, imburana de cheiro, imburana de espinho, imburana preta, ingá e juazeiro.
Todo esse patrimônio natural, porém, pode desaparecer em pouco tempo, caso os desmatamentos não sejam freados na região, cuja área é composta por 300 hectares. Nos últimos três meses, os monitores ambientais que realizam um trabalho de levantamento de dados sobre a fauna e flora das Cachoeiras do Penha têm se deparado com sucessivos exemplos de desrespeito ao ecossistema da região, que a passos largos se transforma em uma paisagem angustiante. "A degradação dói nos olhos de ambientalistas que conhecem as belezas e riquezas deste monumento natural dos Inhamuns", diz Valdo Vale.
A natureza já manifesta sinais visíveis de degradação. Dois olhos d´água que também compõem a beleza do lugar já estão com as suas nascentes comprometidas, tendo já perdido 40% da sua vazão, comprovado pelos monitores ambientais do Polo, que atuam no local diariamente. A menos de cinquenta metros dessas nascentes já foram feitos desmatamentos.
Prejuízos são visíveis
A fauna e a flora também foram atingidas. "Várias espécies de plantas, árvores e pássaros vêm sofrendo com o desmatamento feito próximo aos locais de reprodução, trazendo prejuízos constantes e aos poucos o desaparecimento destas espécies", denuncia o diretor do Polo Santa Rita. João de barro, maracanã, pica-pau rei e periquitos são exemplos de pássaros do bioma caatinga existentes na região, que estão convivendo com o crime ambiental e correm sério risco de extinção. A vegetação também já denota grandes prejuízos e degradação. De acordo com Valdo, nos últimos três anos, a região já perdeu mais de 70% de toda a sua rica cobertura vegetal.
O desmatamento desordenado na região provoca a preocupação, revolta e protestos de ambientalistas na região dos Inhamuns. "Solicitamos uma providência urgente dos órgãos de fiscalização e uma posição definitiva do governo com relação ao futuro da região, que se encontra em grau de degradação muito grande", aponta Valdo Vale.
Monitores preocupados
Os monitores do Polo também reclamam da realidade da região. "O Penha é sem dúvida um dos lugares mais lindos que tive a oportunidade de conhecer, um exemplo de que a caatinga tem a sua beleza particular, a prova está aqui nesta região, quando olhamos as nascentes de água no meio desta paisagem cinza e a beleza das macambiras e crotes, que merecem uma atenção maior por parte das autoridades", declara Rodrigo Ferreira.
O monitor Diego Silva também protesta. "A gente fica triste de ver o quanto a gente se empenha, luta por esta causa e constata este nível de destruição. Será que daqui a dois anos estaremos aqui a lamentar a perda de um dos mais belos monumentos naturais da região dos Inhamuns?", questiona.
Cláudia Araújo, presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema) de Quiterianópolis, diz que a partir dos protestos dos ambientalistas, e também preocupados com a situação na APP, o Conselho reuniu os proprietários e está articulando uma reunião técnica com os órgãos de preservação ambiental, Semace e Conpam.
SEGUNDO MINISTÉRIO
Só 1% do bioma caatinga está em área de proteção ambiental
Preservação e recuperação das áreas passam por trabalho voluntário do produtor rural, através de metodologia adequada
Quiterianópolis. Áreas de Preservação Permanente (APP) são regiões nas quais, pela Lei, a vegetação deve ser mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, da estabilidade geológica, da biodiversidade, do fluxo gênico de fauna e flora, bem como do bem-estar da população humana.
Com respeito ao bioma caatinga, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) cerca de 7% se encontram em unidades de conservação, menos de 1% em unidades de proteção, que são as mais restritivas à intervenção humana.
Estas unidades, no entanto, têm sérios problemas de implementação, pois têm de lidar com diversos problemas relacionados à proteção da sua biodiversidade, como caça, focos de incêndio, desmatamento e tráfico de animais silvestres.
A criação de novas unidades de conservação, aumentando a área protegida deste bioma, assim como a melhoria da gestão das já criadas são metas do MMA, por meio do Núcleo do Bioma Caatinga. Na última reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão colegiado do MMA, em agosto passado, em Brasília, foi aprovada a resolução sobre a metodologia adotada no País. No texto-base, é definida a metodologia para recuperação das APPs, consideradas de interesse social pelo Código Florestal. "A resolução, caso aprovada, será um instrumento na mão do produtor rural para que ele possa fazer a recuperação das áreas de preservação permanente sem burocracia", explicou o diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros. A ideia é que aconteçam, voluntariamente, ações de restauração e recuperação de APP. De acordo com o texto, a recuperação de APP poderá ser feita por três métodos: condução da regeneração natural de espécies nativas; plantio de espécies nativas; e plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas.
MAIS INFORMAÇÕES
Polo Audiovisual
Santa Rita - (88) 3657.1015/ (88) 9972.9551 e Conselho Municipal do Meio Ambiente - (88) 9947.9899
Silvânia Claudino
Repórter
Quiterianópolis. Um patrimônio ambiental, localizado a 12 km da sede deste Município, na localidade de Cacimbas, está ameaçado desaparecer, caso não cessem os avanços dos desmatamentos frequentes naquela área de preservação. Lá, estão situadas as Cachoeiras do Penha, lugar em que a natureza promove um espetáculo de rara beleza. É uma região com vegetação típica do bioma caatinga.
Do riacho Coimbra, afluente do rio Poty desembocam quatro grandes quedas de água, que se destacam entre os paredões, emoldurados por uma biodiversidade única na região. Espécies vegetais como macambiras, crotes, umburana de cheiro, aroeira, barriguda, tamboril e angicos, entre outras permeiam o local, misturando-se à paisagem e à rica fauna.
"Toda a beleza pulsante do bioma caatinga pode ser aqui encontrada", diz o ambientalista Valdo Vale, diretor do Polo Audiovisual Santa Rita, localizado no município. O Polo realiza projetos financiados pelo programa Mata Branca, fazendo um trabalho de conscientização ambiental dos proprietários das terras. Um deles é o "Anjos da Caatinga", no qual oito monitores ambientais fazem um trabalho voluntário de defesa e preservação da área. Eles fazem um trabalho de coleta de dados e participam de campanhas de sensibilização. Produzem conteúdos audiovisuais para a comunidade de Cacimbas e localidades vizinhas, mostrando a importância do patrimônio natural para as futuras gerações.
Quem visita a área, que é considerada APP (Área de Preservação Permanente) fica encantado com a diversidade e a beleza da "mata branca". Durante os meses de fevereiro a julho, devido ao inverno, o Penha se revela com suas majestosas cachoeiras, entre elas: Salto Maior, do Convento e Poço do Boi, com uma vazão muito grande, encantando quem passa por lá. Em apenas uma trilha pela área podem ser encontrados mais de oito tipos de árvores em extinção do bioma, como arapiraca, pau d´arco roxo, pau d´arco branco, imburana de cheiro, imburana de espinho, imburana preta, ingá e juazeiro.
Todo esse patrimônio natural, porém, pode desaparecer em pouco tempo, caso os desmatamentos não sejam freados na região, cuja área é composta por 300 hectares. Nos últimos três meses, os monitores ambientais que realizam um trabalho de levantamento de dados sobre a fauna e flora das Cachoeiras do Penha têm se deparado com sucessivos exemplos de desrespeito ao ecossistema da região, que a passos largos se transforma em uma paisagem angustiante. "A degradação dói nos olhos de ambientalistas que conhecem as belezas e riquezas deste monumento natural dos Inhamuns", diz Valdo Vale.
A natureza já manifesta sinais visíveis de degradação. Dois olhos d´água que também compõem a beleza do lugar já estão com as suas nascentes comprometidas, tendo já perdido 40% da sua vazão, comprovado pelos monitores ambientais do Polo, que atuam no local diariamente. A menos de cinquenta metros dessas nascentes já foram feitos desmatamentos.
Prejuízos são visíveis
A fauna e a flora também foram atingidas. "Várias espécies de plantas, árvores e pássaros vêm sofrendo com o desmatamento feito próximo aos locais de reprodução, trazendo prejuízos constantes e aos poucos o desaparecimento destas espécies", denuncia o diretor do Polo Santa Rita. João de barro, maracanã, pica-pau rei e periquitos são exemplos de pássaros do bioma caatinga existentes na região, que estão convivendo com o crime ambiental e correm sério risco de extinção. A vegetação também já denota grandes prejuízos e degradação. De acordo com Valdo, nos últimos três anos, a região já perdeu mais de 70% de toda a sua rica cobertura vegetal.
O desmatamento desordenado na região provoca a preocupação, revolta e protestos de ambientalistas na região dos Inhamuns. "Solicitamos uma providência urgente dos órgãos de fiscalização e uma posição definitiva do governo com relação ao futuro da região, que se encontra em grau de degradação muito grande", aponta Valdo Vale.
Monitores preocupados
Os monitores do Polo também reclamam da realidade da região. "O Penha é sem dúvida um dos lugares mais lindos que tive a oportunidade de conhecer, um exemplo de que a caatinga tem a sua beleza particular, a prova está aqui nesta região, quando olhamos as nascentes de água no meio desta paisagem cinza e a beleza das macambiras e crotes, que merecem uma atenção maior por parte das autoridades", declara Rodrigo Ferreira.
O monitor Diego Silva também protesta. "A gente fica triste de ver o quanto a gente se empenha, luta por esta causa e constata este nível de destruição. Será que daqui a dois anos estaremos aqui a lamentar a perda de um dos mais belos monumentos naturais da região dos Inhamuns?", questiona.
Cláudia Araújo, presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema) de Quiterianópolis, diz que a partir dos protestos dos ambientalistas, e também preocupados com a situação na APP, o Conselho reuniu os proprietários e está articulando uma reunião técnica com os órgãos de preservação ambiental, Semace e Conpam.
SEGUNDO MINISTÉRIO
Só 1% do bioma caatinga está em área de proteção ambiental
Preservação e recuperação das áreas passam por trabalho voluntário do produtor rural, através de metodologia adequada
Quiterianópolis. Áreas de Preservação Permanente (APP) são regiões nas quais, pela Lei, a vegetação deve ser mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, da estabilidade geológica, da biodiversidade, do fluxo gênico de fauna e flora, bem como do bem-estar da população humana.
Com respeito ao bioma caatinga, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) cerca de 7% se encontram em unidades de conservação, menos de 1% em unidades de proteção, que são as mais restritivas à intervenção humana.
Estas unidades, no entanto, têm sérios problemas de implementação, pois têm de lidar com diversos problemas relacionados à proteção da sua biodiversidade, como caça, focos de incêndio, desmatamento e tráfico de animais silvestres.
A criação de novas unidades de conservação, aumentando a área protegida deste bioma, assim como a melhoria da gestão das já criadas são metas do MMA, por meio do Núcleo do Bioma Caatinga. Na última reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão colegiado do MMA, em agosto passado, em Brasília, foi aprovada a resolução sobre a metodologia adotada no País. No texto-base, é definida a metodologia para recuperação das APPs, consideradas de interesse social pelo Código Florestal. "A resolução, caso aprovada, será um instrumento na mão do produtor rural para que ele possa fazer a recuperação das áreas de preservação permanente sem burocracia", explicou o diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros. A ideia é que aconteçam, voluntariamente, ações de restauração e recuperação de APP. De acordo com o texto, a recuperação de APP poderá ser feita por três métodos: condução da regeneração natural de espécies nativas; plantio de espécies nativas; e plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas.
MAIS INFORMAÇÕES
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Santa Rita - (88) 3657.1015/ (88) 9972.9551 e Conselho Municipal do Meio Ambiente - (88) 9947.9899
Silvânia Claudino
Repórter
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