sábado, 18 de setembro de 2010

CENTRO DE REFERÊNCIA PARA A RECUPERAÇÃO DA FLORA DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS DA BACIA HIDROGRÁFICO DO RIO SÃO FRANTISCO (CRAD).

Apresentação.

Centro de Referência para a recuperação da Flora das Áreas Prioritárias da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco” formado por um consórcio de 11 instituições parceiras atuantes na região do Sub-médio São Francisco sob coordenação geral da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, com custo total de R$ 1.807.447,00 (hum milhão oitocentos e sete mil e quatrocentos e quarenta e sete reais) conforme Protocolo nº 02000.003157/2006-16 no Ministério do Meio Ambiente.
Dentre os objetivos principais do projeto se destacam: instalação de um Centro de Referência, constituído por viveiro modelo e unidade de apoio; estabelecimento da rede regional de sementes de espécies nativas lenhosas da Caatinga; desenvolvimento de tecnologias para otimizar os sistemas de irrigação, adubação e produção de mudas de espécies da Caatinga; implantação de unidades experimentais de recuperação da cobertura florestal, além de atividades de mobilização e sensibilização das comunidades envolvidas no projeto.

Justificativa da Proposição

A Caatinga é uma das últimas áreas consideradas selvagens do planeta. Representa cerca de 40% da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (BHSF). A cobertura vegetal atual da Caatinga está bastante descaracterizada e perdeu pelo menos 70% dos remanescentes originais (MMA, 2002). O reflorestamento em grande escala permite, recuperar parte da diversidade biológica e gerar condições de melhoria da qualidade de vida da população do Semi-árido. Desse modo, é necessário o apoio irrestrito à pesquisa científica, estabelecimento de um Centro de Referência para produção de tecnologia na BHSF, investimento em formação de novos recursos humanos, mobilização e sensibilização da população, além de extensas campanhas nacionais na mídia junto à população da BHSF.

Recentemente, foram apontadas áreas prioritárias para conservação da diversidade biológica da Caatinga, das quais 12 áreas em diferentes níveis de importância biológica estão inseridas nos limites da BHSF. Nestas áreas há uma população numerosa e carente de ações que promovam a conservação da diversidade biológica singular da Caatinga com desenvolvimento sustentável.

Dentre as maiores ameaças a integridade física e biológica da BHSF se destacam: a urbanização, madeira e energia, mineração de areia e argila, pastagens, hidroelétricas, estradas e agricultura intensiva, com a substituição da vegetação nativa para a prática da agricultura irrigada. O modelo agropecuário, especialmente o praticado pela caprino-ovinocultura extensiva representa um sério risco a sustentabilidade da Caatinga.

O Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (BHSF) requer a revitalização de 5.400 km de margens, além de 1.481,6 km de cursos d’água degradados, sem contar as áreas de sequeiro. A demanda atual de mudas exigidas para a revitalização é da ordem de 93,5 milhões para atender 149.160 hectares, que estão em vários níveis de degradação. Para resolver esta questão é necessário o estabelecimento de um Centro de Referência onde possam ser concentrados os esforços para mudanças graduais e contínuas naBHSF.

O Centro de Referência é idealizado na sua natureza multidisciplinar e pela continuidade de ações de médio-longo prazo. Respostas claras e diretas a questões como: Como produzir árvores nativas da Caatinga? Quanto deve ser produzido? Como promover recuperação florestal com inclusão social? Qual(is) o(s) modelo(s) de recuperação? serão respondidas e trarão um novo rumo para as ações de revitalização quebrando o paradigma da necessidade da revitalização para a execução de ações concretas de recuperação da cobertura vegetal que tragam uma nova perspectiva de vida a população do Semiárido brasileiro.

O projeto aqui apresentado é importante para viabilizar a conservação e o uso sustentável das áreas prioritárias para investigação científica e áreas de importância biológica, situadas dentro dos limites da BHSF, além de consolidar políticas públicas nas áreas de planejamento e meio ambiente nas esferas: estadual (Pernambuco, 2002; Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga, 2004) e federal (MMA, 2002; MMA, 2004).
Adicionalmente, o projeto representa uma ação estratégica institucional promovendo a formação de recursos humanos capacitados para o desenvolvimento de ações de pesquisa, ensino e extensão, compromisso maior da UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco), no Semiárido nordestino, visto que 90% dos estudantes são naturais da região da BHSF. O investimento financeiro em infra-estrutura física sediada na Universidade permite o uso racional e de longo prazo em benefício dos cursos existentes e outros que surgirão nos próximos anos, no uso direto em várias disciplinas dos cursos, no desenvolvimento de recursos humanos; além de atender as demandas dos TAC’S (termo de ajustamento de conduta) aplicados pelo Ministério Público e órgãos de fiscalização federal e estadual.

A proposta apresentada é arrojada e de caráter interdisciplinar, que envolve além do corpo docente e discente da UNIVASF, um consórcio de parceiros (EMBRAPA, CODEVASF 6SR°, UFS, Aguavale, 7°GB, SESC, OPAC, Comissão de Revitalização) que atuam tradicionalmente na região, estimulando também a participação e o envolvimento de novas Instituições para atuar de forma responsável na região da bacia. O envolvimento de pequenos agricultores através da instalação de uma rede de sementes remunerada amplia o modelo de proteção familiar através de políticas sócio-ambientais, contando ainda com a participação de grandes produtores da região que precisam ter suas propriedades adequadas ambientalmente.

Finalmente, uma das principais missões do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental da UNIVASF é gerar soluções e propor medidas para o desenvolvimento sustentável mitigando os impactos ambientais atuantes no Semiárido nordestino. Deste modo, este projeto é congruente com o propósito desenvolvido pelo curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, uma vez que estuda espécies de interesse biológico e econômico, muitas delas, exclusivas da Caatinga.

CNRBC – Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga (Brasil) 2004. Cenários para o bioma Caatinga. Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga. Sectma:Recife. 283 p.

MMA – Ministério do Meio Ambiente 2002. Biodiversidade brasileira: Avaliação e identificação de áreas prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília: MMA/SBF. 404 p.

MMA – Ministério do Meio Ambiente 2004. Biodiversidade da Caatinga: Áreas e ações para a conservação. Ministério do Meio Ambiente, Universidade Federal de Pernambuco, Brasília, DF.

PERNAMBUCO, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. 2002. Atlas da biodiversidade de Pernambuco. Sectma, Recife. 86 p. 1 mapa color.

Objetivos Gerais

Criação de uma Rede de Sementes de espécies da Caatinga, incluindo atividades voltadas para a identificação, marcação e geoprocessamento de matrizes, bem como a confecção de mapas temáticos e a elaboração de protocolos de beneficiamento e armazenamento de sementes;

Promoção de cursos e oficinas para as unidades familiares situadas nas áreas de atuação do CRAD, visando uma coleta adequada de sementes;

Produção de mudas de espécies nativas da Caatinga em viveiros de referência, sendo estas utilizadas para a recuperação da flora de áreas degradadas situadas no Submédio São Francisco;

Formação de agentes ambientais para atuarem no plantio de mudas e nas atividades de educação ambiental;

Diagnóstico das áreas prioritárias para a conservação da Caatinga, situadas na BHSF, e criação de modelos de recuperação florestal, através da implantação de unidades experimentais em áreas em diferentes estados de conservação e sujeitas a diferentes usos;

Divulgação em diferentes meios de comunicação das ações, realizadas pelo Crad, voltadas para a revitalização do Rio São Francisco e conservação da Caatinga.

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