sábado, 18 de setembro de 2010

ÁGUA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (continuação)

Continuação do artigo do Dr. José Antônio Marendo postado em o blog ECODEBATE.

"Possíveis impactos da mudança
climática: o Relatório Stern.
Segundo o Relatório Stern, um documento divulgado em outubro de 2006 pelo principal economista do governo britânico (Stern, 2006), uma elevação de temperatura no centro dessa faixa – por volta de 3ºC – poderá acarretar secas na Europa, falta de água para até quatro bilhões de pessoas e milhões de novos casos de desnutrição. Leiam-se, a seguir, algumas das conseqüências previstas para os diferentes níveis de aumento da temperatura da Terra, conforme o Relatório Stern:
• Elevação de 1º C na temperatura global – Encolhimento das geleiras ameaça o suprimento de água para 50 milhões de pessoas; pequeno aumento na produção de cereais nas regiões temperadas; ao menos 300 mil pessoas morrem a cada ano por causa de malária, desnutrição e outras doenças relacionadas com as alterações climáticas; queda da taxa de mortalidade durante o inverno, nas regiões de maior latitude; morte de 80% dos recifes de coral, em especial a Grande Barreira de Corais.
• Elevação de 2º C na temperatura global – Queda de 5% a 10% na produção de cereais na África tropical; 40 milhões a 60 milhões de pessoas a mais expostas à malária na África; até 10 milhões de pessoas a mais expostas a enchentes nas regiões costeiras; entre 15% e 40% das espécies de seres vivos vêem-se ameaçadas de extinção; grande risco de extinção das espécies presentes no Ártico, em especial dos ursos polares; possibilidade de que a camada de gelo da Groenlândia comece a derreter de forma irreversível, o que faria que o nível dos oceanos se elevasse em sete metros.
• Elevação de 3ºC na temperatura global – No sul da Europa, períodos de seca pronunciada a cada dez anos; entre 1 bilhão e 4 bilhões de pessoas a mais enfrentando períodos de falta de água; entre 150 milhões a 550 milhões de pessoas a mais expostas à ameaça da fome; entre 1 milhão e 3 milhões de pessoas a mais morrem de desnutrição; possível início do colapso da floresta Amazônica; elevação do risco de colapso da Camada de Gelo da Antártida Ocidental; elevação do risco de colapso do sistema de circulação de águas quentes pelo Atlântico; elevação do risco de mudanças abruptas no mecanismo das monções.
• Elevação de 4º C na temperatura global – Safras de produtos agrícolas diminuem entre 15% e 35% na África; até 80 milhões de pessoas a mais expostas à malária na África; desaparecimento de cerca de metade da vegetação de tundra no Ártico.
• Elevação de 5º C na temperatura global – Provável desaparecimento de grandes geleiras no Himalaia, prejudicando um quarto da população da China e uma grande parte dos moradores da índia; crescente intensificação da atividade oceânica, prejudicando seriamente os ecossistemas marinhos e, provavelmente, as populações de peixes; elevação do nível dos oceanos ameaça as pequenas ilhas, as áreas costeiras como o Estado da Flórida e grandes cidades como Nova York, Londres e Tóquio.
O Brasil é vulnerável às mudanças climáticas atuais e mais ainda às que se projetam para o futuro, especialmente quanto aos extremos climáticos. As áreas mais vulneráveis compreendem a Amazônia e o Nordeste do Brasil, como mostrado em estudos recentes (Marengo, 2007; Ambrizzi et al., 2007; Marengo et al., 2007). O conhecimento sobre possíveis cenários climático-hidrológicos futuros e as suas incertezas pode ajudar a estimar demandas de água no futuro e também a definir políticas ambientais de uso e gerenciamento de água para o futuro.
Neste estudo, avalia-se o estado da arte sobre o conhecimento de mudanças de clima e os seus impactos na disponibilidade de água no futuro, considerando estudos de tendências de longo prazo nos últimos cinqüenta anos e as projeções dos modelos climáticos até finais do século XXI. Para maior informação, sugere-se revisar os seguintes estudos do IPCC e do Relatório de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): Trenberth et al. (2007); Magrin et al. (2007); Bates et al. (2008); Marengo et al. (2007); Ambrizzi et al. (2007); Salati et al. (2007)."

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