COMUNIDADES SE BENEFICIAM DE PRODUTOS PRODUZIDOS COM PLANTAS DA CAATINGA
A Bodega de Produtos Sustentáveis do Bioma Caatinga é uma rede de associações que coletam, produzem e beneficiam produtos do sertão. Tudo é vendido dentro do conceito do comércio justo e solidário.
Maria Alexandrina de Amorim já andou muito nas matas pegando coco para fazer óleo de babaçu. “Comecei na idade de 7 anos mais minha mãe ia pro pé de serra, quando os cocos caia tudo e quando secava a gente começava a quebrar o coco, quebrava o coco e tirava, não podia ficar nenhum farelo de cavaco que era pra fazer o óleo. Naquele tempo que eu quebrava mais minhas meninas não compravam casca não, mas agora tudo é aproveitado do coco. É por isso que eu digo que é uma fonte de renda”, diz.
A colheita continua igual. Mas a produção se modernizou e aumentou. As quebradeiras de coco de Barbalha fundaram a Associação das Mulheres do Sítio Macaúba.
“Mudou muito pra melhor que hoje é bem fácil com esses maquinários a gente fazer o óleo e os artesanatos, que antigamente ninguém aproveitava nada, só mesmo o óleo. E hoje se aproveita tudo do babaçu, faz jogo americano, faz biojoias, faz o óleo, faz o sabonete e melhorou muito na vida de muitas famílias da comunidade.
As Mulheres de Macaúba é uma das associações que têm o apoio da Bodega de Produtos Sustentáveis do Bioma Caatinga.
“Nós já tivemos na própria associação pessoas que vieram até aqui pra capacitar, pra mostrar como fazer, o potencial que elas têm aqui e também nós já tivemos encontros através de parceiros que ajudam as comunidades”, fala Maria Betânia Coelho, associada.
Além de Barbalha, outros 25 municípios de cinco estados do Nordeste têm organizações bodegueiras. São mais de duas mil famílias associadas dividas em 30 associações. Fabricam artesanato, bebidas, cosméticos e alimentos.
“Primeiro de tudo, as comunidades têm que ser tradicionais, e aí a gente trabalha com quilombolas, com pescadores artesanais, com fundo de pasto, indígenas, e tantas outras formas que existem no bioma caatinga”, explica Maurício Aroucha, coordenador da Ong Agendha.
Em Uauá, a 400 quilômetros de Salvador, fica a Coopercuc. Ela foi criada há seis anos para fortalecer a produção sustentável do Umbu - fruta típica do semiárido. A produção de doces, compotas e geleias emprega 140 famílias da zona rural.
O que todas as associações têm em comum é o uso sustentável e consciente dos recursos naturais e a vontade de preservar as raízes do povo.
História como a dos artesãos de Serrita, no sertão pernambucano. A associação foi criada há apenas dois anos. Mas o trabalho com o couro vem de longa data. “Isso vem de tradições, de pessoas, dos avós da gente”, conta Cícero Pereira da Silva, artesão.
Toda produção têm forte ligação com a cultura local. Roupas e acessórios inspirados nos vaqueiros.
“A gente trabalha com diversos produtos, desde indumentários, utilitários, capas de agenda, diversos tipos de bolsas, sandálias, onde todo o grupo participa da produção desde o acabamento, do corte, da costura”, fala Alionete Adelina da Silva, presidente da associação.
“É um trabalho muito dinâmico, muito alegre, bom mesmo. Então a minha vida, ela mudou”, avisa Maria Francisca de Souza, artesã.
Veículo: TV Rede Globo / Ação
Publicado em: 10/07/2010 - 10:26
Publicado em: 10/07/2010 - 10:26
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