Crise causada por erro de gestão
hídrica
Ao longo dos anos, gestores não direcionaram
ações concretas para reverter o quadro.
Por: Folha de Pernambuco em 25/12/16 às 07H48,atualizado em 24/12/16 às 16H46lus
O colapso de água vivenciado pelas
prefeituras é visto como um erro de gestão hídrica, por especialistas. A
avaliação é a de que as chuvas ocorridas na última semana no Agreste
pernambucano podem ser encaradas como um engodo (armadilha) e a situação ainda
continuará bastante grave, por muito tempo. Pesquisador da fundação Joaquim
Nabuco (Fundaj) e especialista em Convivência com o Semiárido, o engenheiro
agrônomo João Suassuna avalia que a crise hídrica dos municípios está diretamente
relacionada à falta de eficiência do poder público. Segundo ele, ao longo dos
anos, os gestores não direcionaram ações concretas para reverter o grave
quadro.
“Não estão observando o limite de uso das águas dos aquíferos nordestinos. Nós estamos no quinto anos de secas consecutivas. Os principais açudes do Semiárido secaram ou estão com níveis críticos, por falta de planejamento nas retiradas de suas águas. Se os volumes de regularização de uma represa não estão sendo manejados de forma correta, ela vem a secar. O que houve no Semiárido nordestino, para o problema chegar nesse grau de gravidade, foi o uso exacerbado dos volumas das represas, em quantidades bem acima do recomendável no processo de regularização delas. Isso está sendo uma constante no Nordeste e precisa ser evitado”, critica o professor.
Na sua avaliação, o pior, diante do colapso e da falta de gerenciamento, é a ausência de um plano alternativo de curto prazo. “Não estou vendo movimentação, por parte das autoridades, para propor saídas claras de onde buscar água. Não há plano B para o abastecimento do povo. A origem dessas águas duvidosas, que estão sendo transportadas e distribuídas para a população por frotas de caminhões pipas, tem que ser questionada. É provável que a gente comece a ter problemas de saúde pública na região. Se não forem resolvidas essas questões, podemos ter uma situação de caos”, alerta.
Numa crítica mais contundente, o especialista condena a construção de obras “faraônicas“ que, a seu ver, a população não terá acesso. “Usar a água do São Francisco para fins de abastecimento nunca foi proibido. A saída para Pernambuco seria utilizar mais as águas do São Francisco por intermédio de adução (uso de tubulações) e não de canais faraônicos”, defende o engenheiro agrônomo.
COMENTÁRIOS
Roberto Malvezzi (Gogó) – Membro da CPT –
Bahia
João, assinamos embaixo. Priorizar a irrigação, nessa região, é
suicídio hídrico.
Gogó
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lavoura, os animais e até para as pessoas na Paraíba
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