sexta-feira, 20 de abril de 2012


Idealizador e co-fundador do Projeto Manuelzão/Rio das Velhas, Apolo H. Lisboa, faz constatações sobre o movimento "Cúpula dos Povos" .


Colegas. Constato, sem priorizar fazer aqui juízo de valor, mas preocupado e vendo indícios fortes, que o movimento Cúpula dos Povos é financiado por instituições do governo federal com a finalidade de fazer um protagonismo complementar e convergente com a política oficial na Rio mais 20, ainda que dissimulado, e ainda que as suas bases não saibam destas articulações, visando “representar” a sociedade civil que está desorganizada, exponencialmente dispersa e sem diagnósticos e estratégias coerentes e sistêmicas. Para mim o tema central e real, que provavelmente ficará oculto, nem aparecendo na programação oficial e nas manifestações montadas como alternativas (parte da coreografia do evento e legitimando-o), é a relação entre a questão do ciclo do carbono e o ciclo da água. Eu acredito que estamos diante de um equívoco grande produzido pela estratégia do Al Gore – leia-se EUA - de transformar o CO2 na agenda e não como uma componente da agenda. É inaceitável centrar a agenda no CO2, pois o objetivo desta estratégia parece ser esconder a complexidade socioambiental da questão e adotar uma postura reducionista separando economia política da questão socioambiental. Estão desmatando o Cerrado e a Caatinga, mata Atlântica, Amazônica e Pantanal para plantar eucaliptos e cana de álcool sob o pretexto de praticarem a “economia verde”. E com investimentos estrangeiros advindos dos chamados “créditos de carbono”, uma farsa completa. Mudar o modelo de transporte e adotar políticas públicas visando diminuir o desperdício, a produção de supérfluos, bem como alterar o modo de vida dos povos, não se cogita. Estimula-se o crédito para o consumo de carros. Já o ciclo da água ou hidrológico, estaria mais próximo de uma agenda aberta e sistêmica, de mudança da mentalidade civilizatória, pois permite incluir toda a população da Terra, vinculada que está seja aos rios e lagos, e tendo benefícios pelo efeito dos oceanos sobre a regularidade do clima nos continentes. A água e os territórios das bacias hidrográficas conformam e permitem estruturar a mobilização social e uma relação temática e geográfica com base na biodiversidade e na plataforma geológica que permitem conduzir uma gestão ambiental com biomonitoramento e controle territorial começando pelas microbacias até a totalidade da bacia hidrográfica Terra. Este método é inseparável do comportamento cultural humano, não se prende apenas a decisões políticas e tecnológicas empresariais e governamentais, mas inclui a mobilização social internacional direta, de grupos de cidadãos organizados na defesa ambiental onde vivem, inclui conteúdos novos e influi diretamente na produção e controle das políticas públicas locais e globais. Uma coisa não exclui a outra mas há uma hierarquização necessária de complexidade e conteúdo. Não excluo a participação ao lado de governos e empresas em fóruns de gestão ambientais descentralizados, participativos e paritários. Pelo contrário, os considero essenciais e parte da construção democrática, mas feito com transparência total, externando as contradições e buscando construir convergências."

Apolo Heringer Lisboa

Idealizador e co-fundador do Projeto Manuelzão/Rio das Velhas

Professor da Faculdade de Medicina/UFMG

http://lattes.cnpq.br/8584595137405086

Blog: www.apoloheringerlisboa.wordpress.com

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