Sabesp investe R$ 1 bi para fazer captação a quase 80 km da capital; projeto garante abastecimento da região só até 2020. É a primeira vez que a captação ocorre fora da região metropolitana; escassez tende a piorar, afirma especialista.
VANESSA CORREA EDUARDO GERAQUE.
FOLHA DE SÃO PAULO.
FOLHA DE SÃO PAULO.
Sem outras alternativas viáveis, a Sabesp -empresa de água que abastece boa parte da Grande São Paulo- vai investir R$ 1 bilhão até 2016 em um único projeto.
O objetivo é não perder a guerra contra a escassez. Mesmo assim, a realização da obra será apenas mais uma batalha, pois o fornecimento da região estará garantido apenas até 2020.
"Este é o último sistema pronto. Depois dele, teremos que buscar água cada vez mais longe" diz Dilma Pena, diretora-presidente da Sabesp e ex-secretária estadual de Saneamento e Energia.
Em cinco anos, parte dos paulistanos da zona sul e oeste, ao abrirem a torneira, vão consumir água carregada por quase 80km.
A captação será em uma represa entre as cidades de Juquitiba (72 km de SP) e Ibiúna (69 km de SP), na bacia do rio Ribeira de Iguape, no vale do Ribeira.
Será a primeira vez que a captação de água para a Grande São Paulo será feita fora da região metropolitana.
Segundo o engenheiro responsável pelo projeto executivo da obra, Ivanildo Calheiros (da empresa Concremat), além da distância, há outro desafio: a água terá que vencer um desnível de 360 m para chegar aos paulistanos.
MANANCIAIS.
MANANCIAIS.
O objetivo da Sabesp é até o final do ano contratar a empresa que fará as obras, a serem concluídas em 2016.
Será uma parceria público-privada e a vencedora poderá lucrar com a venda da água (por um período ainda não determinado).
Será uma parceria público-privada e a vencedora poderá lucrar com a venda da água (por um período ainda não determinado).
Se tudo correr como o esperado, a nova captação vai gerar produção de até seis mil litros por segundo. O que significa 9% do que a Sabesp vende na Grande São Paulo.
A empresa atende 15,9 milhões de pessoas na zona metropolitana. E produz 67 mil litros de água por segundo.
Segundo Pena, a relação custo/benefício da obra é positiva. "Teremos competição [nalicitação]",afirma.
Mesmo se o projeto estiver funcionando em 2016, a segurança hídrica da metrópole está garantida só até 2020, indicam as estimativas da própria Sabesp. Mas, segundo Dilma Pena, também será preciso reduzir as perdas para dar conta da demanda.
Segundo Pena, a relação custo/benefício da obra é positiva. "Teremos competição [nalicitação]",afirma.
Mesmo se o projeto estiver funcionando em 2016, a segurança hídrica da metrópole está garantida só até 2020, indicam as estimativas da própria Sabesp. Mas, segundo Dilma Pena, também será preciso reduzir as perdas para dar conta da demanda.
Para Miron da Cunha, vice-presidente do Comitê da Bacia do Alto Tietê, a situação tende a ser mais dramática nas próximas décadas.
"A saída é cuidar da qualidade dos mananciais. Sob pena de sobrar só água muito poluída para o consumo."
Demanda vai gerar disputa, diz especialista. Sabesp estuda captar água em outras bacias.
DE SÃO PAULO.
Demanda vai gerar disputa, diz especialista. Sabesp estuda captar água em outras bacias.
DE SÃO PAULO.
"Já não temos mais água para captar na região metropolitana de São Paulo. E cada vez que se vai buscar mais longe, você vai dando cotoveladas nos vizinhos", analisa Mônica Porto, especialista em recursos hídricos da Escola Politécnica da USP.
Segundo Porto, fora o vale do Ribeira [onde será feita a nova captação], o restante das cidades do Estado têm uma demanda muito grande por água e haverá disputa.
Hoje, a "cotovelada" só ocorre na região da bacia do Piracicaba, de onde São Paulo traz quase metade da água que consome. "Óbvio que a região de Piracicaba quer diminuir essa transposição. Mas São Paulo precisa dessa água", afirma Porto.
As próximas "cotoveladas" poderão ser dadas nas cidades do Tietê na região de Barra Bonita, em municípios do vale do Paraíba ou até mesmo nos locais no entorno do rio Paranapanema.
A Sabesp estuda captar água em todos esses lugares, segundo Pena, mas ainda não há projetos prontos.
Para abastecer as cidades da Grande São Paulo, a empresa, hoje, usa água de outras bacias. Ela capta, por exemplo, na área do rio Piracicaba e transpõe a água para o sistema Cantareira.
Para a especialista da USP, já não faz mais sentido planejar o abastecimento da região metropolitana sozinha.
O foco deve ser a macrometrópole, que inclui a Baixada Santista e as regiões de Sorocaba, Campinas e São José dos Campos.
por João Suassuna — Última modificação 11/07/2011 09:19
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