Energia: o remédio é renovável.
RIO DE JANEIRO, Brasil, 7 de maio
de 2012 , (IPS) - (Tierramérica).- A energia renovável é um negócio em
crescimento na Alemanha e pode chegar a atender todo o consumo desse país no
prazo de 40 anos.
07/05/2012http://www.ips.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=8250
Fabíola Ortiz
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Crédito:
Björn Pieprzyk/Divulgação
Os céticos acreditam que a energia renovável
abastecerá metade do consumo alemão em 2050, afirma o engenheiro Björn
Pieprzyk
|
A energia limpa e renovável proporciona
crescimento econômico, geração de empregos e menor dependência das importações.
Por isto, os governos deveriam incentivar, e não frear, seu desenvolvimento
durante uma crise como a que vive a Europa, disse ao Terramérica o engenheiro
alemão Björn Pieprzyk.
As fontes limpas são agentes fundamentais para
combater a mudança climática e desenvolver uma economia mais verde, afirma o
engenheiro, da Federação Alemã de Energia Renovável (BEE).
Até 2050, a Alemanha deverá ser capaz de atender
toda sua demanda energética com fontes renováveis, segundo Björn, entrevistado
pelo Terramérica no Rio de Janeiro, em uma das inúmeras atividades prévias à
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá
em junho nesta cidade.
Esta é a meta da BEE, entidade criada em 1991 à qual pertencem 22 associações de energia hidráulica, solar, eólica, de biomassa e geotérmica, integradas por mais de 33 mil pessoas e empresas.
Esta é a meta da BEE, entidade criada em 1991 à qual pertencem 22 associações de energia hidráulica, solar, eólica, de biomassa e geotérmica, integradas por mais de 33 mil pessoas e empresas.
Entretanto, é preciso uma transição da matriz
energética atual, baseada no consumo de hidrocarbonos (carvão, gás e petróleo),
para essas fontes limpas. Para isto, é preciso cortar os subsídios para os
combustíveis fósseis e a geração nuclear, afirma o engenheiro, cofundador da
consultoria Energy Research Architecture.
TERRAMÉRICA: Como vê a discussão sobre energias renováveis no contexto da Rio+20?
BJÖRN PIEPRZYK: O desenvolvimento nos últimos 20 anos mostrou que as energias renováveis são um importante fator para a proteção do clima. Para seguir este rumo, precisamos de uma transição do atual sistema energético e de um planejamento para cortar subsídios destinados às fontes fósseis e à energia atômica, e garantir incentivos para as renováveis.
TERRAMÉRICA: Como vê a discussão sobre energias renováveis no contexto da Rio+20?
BJÖRN PIEPRZYK: O desenvolvimento nos últimos 20 anos mostrou que as energias renováveis são um importante fator para a proteção do clima. Para seguir este rumo, precisamos de uma transição do atual sistema energético e de um planejamento para cortar subsídios destinados às fontes fósseis e à energia atômica, e garantir incentivos para as renováveis.
E são necessários modelos de monitoramento dos
custos reais de produção das fontes fósseis. Espero que a partir da Rio+20
sejam implantados padrões de sustentabilidade, isto é, condições claras para o
desenvolvimento das energias renováveis como uma parte importante do processo.
TERRAMÉRICA: Qual o potencial das energias
renováveis na Alemanha?
BP: As energias renováveis incluem as que provêm do Sol, do vento (eólica), da biomassa (aproveitamento de matéria orgânica) e da água (hidreletricidade), entre outras. Na Alemanha, as renováveis constituem 12% da matriz energética: fornece 20% da geração elétrica, 9% da calefação e 6% dos combustíveis.
Ainda é uma porcentagem pequena se comparada com a das fontes fósseis. Porém, as potencialidades são enormes, especialmente no segmento solar, mas também em biocombustíveis e hidreletricidade. Em um período de 40 anos, poderemos atender 100% da demanda energética. Este é o objetivo da BEE, embora população e governo se mostrem menos otimistas e acreditem que para 2050 se chegará a 50%.
TERRAMÉRICA: Hoje em dia, as renováveis são viáveis economicamente?
BP: Nos últimos dez anos o custo da eólica e da solar caíram rapidamente na Alemanha. Hoje os custos de geração elétrica a partir destas fontes estão muito próximos dos custos com os combustíveis fósseis. E os planos de desenvolvimento nuclear são muito mais caros. Segundo a trajetória atual de custos, no ano que vem, gerar energia solar nos domicílios ficará ainda mais barato do que as famílias pagam hoje pela eletricidade convencional.
Uma residência paga o equivalente a US$ 0,32 por quilowatt/hora. O preço da energia solar é inclusive menor do que este valor. Em pouco tempo esta será uma fonte muito competitiva.
TERRAMÉRICA: Os demais países da União Europeia aderem a essa tendência de substituir a energia fóssil?
BP: As energias renováveis incluem as que provêm do Sol, do vento (eólica), da biomassa (aproveitamento de matéria orgânica) e da água (hidreletricidade), entre outras. Na Alemanha, as renováveis constituem 12% da matriz energética: fornece 20% da geração elétrica, 9% da calefação e 6% dos combustíveis.
Ainda é uma porcentagem pequena se comparada com a das fontes fósseis. Porém, as potencialidades são enormes, especialmente no segmento solar, mas também em biocombustíveis e hidreletricidade. Em um período de 40 anos, poderemos atender 100% da demanda energética. Este é o objetivo da BEE, embora população e governo se mostrem menos otimistas e acreditem que para 2050 se chegará a 50%.
TERRAMÉRICA: Hoje em dia, as renováveis são viáveis economicamente?
BP: Nos últimos dez anos o custo da eólica e da solar caíram rapidamente na Alemanha. Hoje os custos de geração elétrica a partir destas fontes estão muito próximos dos custos com os combustíveis fósseis. E os planos de desenvolvimento nuclear são muito mais caros. Segundo a trajetória atual de custos, no ano que vem, gerar energia solar nos domicílios ficará ainda mais barato do que as famílias pagam hoje pela eletricidade convencional.
Uma residência paga o equivalente a US$ 0,32 por quilowatt/hora. O preço da energia solar é inclusive menor do que este valor. Em pouco tempo esta será uma fonte muito competitiva.
TERRAMÉRICA: Os demais países da União Europeia aderem a essa tendência de substituir a energia fóssil?
BP: A Alemanha está à frente, mas outros países
seguem este caminho, e muitos deles têm melhores condições e recursos para
desenvolver o setor, como Grã-Bretanha e Irlanda, que têm mais Sol no Sul. É
possível que a Europa siga essa trajetória e alcance algumas metas na próxima
década. Mas o setor elétrico necessita de mais incentivos legais e políticos.
TERRAMÉRICA: Como influi a crise econômica que
acontece na União Europeia?
BP: Na Alemanha, os investimentos no setor permanecem estáveis, embora haja planos para cortar os apoios à energia solar. Em todo o país, há muita geração de empregos descentralizados.
É uma área prioritária, e grandes empresas, como Siemens, estão obtendo bons lucros. O setor privado está investindo 25 bilhões de euros ao ano (US$ 33 bilhões), e o governo tem programas de apoio para instalação de sistemas de calefação que não chegam aos 500 milhões de euros (US$ 660 milhões). Quase todo o dinheiro vem das empresas.
Com este desenvolvimento, tanto meu país como a Europa podem reduzir sua dependência da importação de energia, criar mais postos de trabalho e promover o crescimento econômico. O problema ocorre quando os governos reagem como na Espanha e Itália, cortando o apoio estatal e os estímulos legais que são importantes em um momento em que as fontes renováveis estão tão perto de se tornarem competitivas.
TERRAMÉRICA: Como vê as energias renováveis em países emergentes, como o Brasil?
BP: Tradicionalmente, o Brasil tem muita experiência no uso de hidreletricidade e de biomassa para produzir combustíveis, como etanol. Tem liderança neste setor e agora começa a produzir energia eólica e solar. Há uma vantagem, pois estas duas fontes já têm custos menores do que os de dez anos atrás, tanto para as famílias quanto para as empresas e para toda a economia.
BP: Na Alemanha, os investimentos no setor permanecem estáveis, embora haja planos para cortar os apoios à energia solar. Em todo o país, há muita geração de empregos descentralizados.
É uma área prioritária, e grandes empresas, como Siemens, estão obtendo bons lucros. O setor privado está investindo 25 bilhões de euros ao ano (US$ 33 bilhões), e o governo tem programas de apoio para instalação de sistemas de calefação que não chegam aos 500 milhões de euros (US$ 660 milhões). Quase todo o dinheiro vem das empresas.
Com este desenvolvimento, tanto meu país como a Europa podem reduzir sua dependência da importação de energia, criar mais postos de trabalho e promover o crescimento econômico. O problema ocorre quando os governos reagem como na Espanha e Itália, cortando o apoio estatal e os estímulos legais que são importantes em um momento em que as fontes renováveis estão tão perto de se tornarem competitivas.
TERRAMÉRICA: Como vê as energias renováveis em países emergentes, como o Brasil?
BP: Tradicionalmente, o Brasil tem muita experiência no uso de hidreletricidade e de biomassa para produzir combustíveis, como etanol. Tem liderança neste setor e agora começa a produzir energia eólica e solar. Há uma vantagem, pois estas duas fontes já têm custos menores do que os de dez anos atrás, tanto para as famílias quanto para as empresas e para toda a economia.
Há uma grande oportunidade para que o Brasil
aumente a proporção de renováveis muito rapidamente, usando novas tecnologias.
Entretanto, os países latino-americanos continuam pagando o dobro do que custa
a energia renovável na Europa. Existem várias razões, como, por exemplo, ser um
mercado novo.
Agora mesmo há negociações para instalar parques eólicos no Brasil que poderão gerar eletricidade a um custo entre US$ 0,06 e US$ 0,07 o quilowatt/hora. Contudo, para que as empresas invistam são necessárias estruturas claras para energia renovável e condições estáveis para os investimentos. (FIN/2012)
Agora mesmo há negociações para instalar parques eólicos no Brasil que poderão gerar eletricidade a um custo entre US$ 0,06 e US$ 0,07 o quilowatt/hora. Contudo, para que as empresas invistam são necessárias estruturas claras para energia renovável e condições estáveis para os investimentos. (FIN/2012)
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