terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


27 cidades da Paraíba podem perder a Transposição.


Correio percorre 7 cidades que serão beneficiadas com recursos do PAC; exigências não são cumpridas.

Correio da Paraíba –06/05/2012

Aline Guedes e Lígia Coeli

Mesmo com seca, rios são usados como depósitos de lixo

Mais de 162 mil paraibanos podem ficar sem a água da transposição do rio São Francisco por causa da poluição dos rios. Dos 51 municípios escolhidos para serem contemplados com a obra, apenas 24 conseguiram recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para saneamento básico, critério exigido pelo Ibama. Obras de esgotamento inacabadas, lixo às margens de riachos e açudes inutilizados devido à poluição são cenas comuns no interior do Estado e as prefeituras enfrentam uma verdadeira corrida contra o tempo para atender às exigências para receber as águas do Velho Chico. Uma das situações mais graves é encontrada na própria nascente do rio Taperoá, no município de Desterro, onde o esgoto da cidade é jogado diretamente nas águas.

A equipe de reportagem do Correio visitou sete dos oito municípios do Cariri e, por quilômetros a perder de vista, viu o mesmo cenário na maioria das cidades: chão rachado e poço verde.

Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Paraíba atravessa a maior seca dos últimos 20 anos. Mesmo assim, os mananciais são tratados como depósito de lixo. Em muitos trechos, a água dos rios Paraíba e Taperoá não respeitam as propriedades de pureza. Ao invés de inodora, insípida e incolor, é barrenta, suja e com mau cheiro. A água desses rios não é destinada para consumo humano, mas a população a usa para pescar e tomar banho.

COMENTÁRIOS

João Suassuna - josu@fundaj.gov.br

Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

A péssima qualidade das águas dos rios nordestinos não é privilégio apenas dos paraibanos. Essa mazela existe na maioria dos rios brasileiros. Vejam o descaso que existe com o rio Tietê, em São Paulo, considerado o mais importante “rio sólido” do país. Essa questão faz parte do nosso discurso contrário ao projeto da transposição do São Francisco. As águas do Canal do Agreste, por exemplo, em construção no Estado de Pernambuco para a solução dos problemas de abastecimento dos municípios de Caruaru e Gravatá, irão ser despejadas na bacia do rio Ipojuca, o qual, atualmente, é uma grande cloaca a céu aberto. No futuro, populações inteiras da região irão ser acometidas por hepatites, xistossomoses e tantas outras “oses”: doenças veiculadas pela água. Isso vai acontecer.

por João Suassuna— Última modificação 14/05/2012 10:04

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