14 Comentários para “A
onça-pintada contra a energia eólica”.
Matéria
importantíssima! A parte ruim é reconhecer o quão falho é nosso sistema político, visto
que Ministério do Meio Ambiente investiu em um projeto intitulado “Áreas
prioritárias para a conservação da Caatinga”, este projeto apontou onde estavam
as áreas com maior importância biológica e ainda aquelas áreas prioritárias
para investigação científica. No entanto o Ministério de Minas e Energia ignorou completamente a
informação fornecida pelo MMA e tem instalado seus parques eólicos exatamente
nas áreas apontadas como detentoras de alta diversidade biológica pelo projeto
supracitado. Projeto este que foi mais além, nele existe a recomendação da
criação de uma unidade de conservação em prazo urgente para esta área (Há
exatos 10 anos). O que nos faz questionar porque o MME pode atropelar as recomendações do
MMA visto que ambos são hierarquicamente similares? Porque o Parque Nacional Do
Boqueirão da Onça ainda não saiu do papel, já que há recomendação do MMA para a
criação de uma Unidade de Conservação no local? Tudo isto é quase tão lamentável quanto o comentário do pobre Waldir,
possivelmente a opinião dos senhores tomadores de decisões seja tão minúscula
quanto aquela que esta criatura expôs.
Desde
muito tempo existem esforços de pesquisadores que apontam a área do Boqueirão
da Onça como prioritária para conservação da biodiversidade. Não se trata
somente da conservação da onça-pintada – se trata da conservação de uma área de
Caatinga onde ainda estão estabelecidos muitos processos ecológicos que mantém
a frágil biodiversidade desse bioma. Para a área em questão são conhecidas
espécies endêmicas de aves e populações únicas de animais que ainda resistem
aos danos antrópicos. Infelizmente a biodiversidade da Caatinga a cada dia vem
sendo devastada por ações humana que visam somente o lucro (e o lucro imediato)
concentrado na mão de empresários ricos e interesses governamentais. É
engraçado como sempre o Nordeste brasileiro e a Caatinga foram tidos como não
produtivas e desprovidas de valor econômico – agora as grandes empresas de
energia vem justamente para essas áreas? essas desculpa barata de que nossa
terra não é importante é entendida quando grandes empreendimentos vem se
instalar aqui – serve como uma desculpa para supressão de vegetação e
consequente rompimento das interações ecológicas e extinções. É incrível como
para criar uma unidade de conservação, que é de extrema importância para a
sobrevivência de espécies animais e vegetais, existam tantos empecilhos e
descaso. Quando se fala em lucro os empecilhos deixam de existir e todo esforço
de anos dos pesquisadores é soterrado em apenas poucos meses – o projeto de
instalação das torres de energia eólica foi da noite para o dia aprovado,
ignorando todo o histórico para a instalação do parque nacional e muito mais, mostrando
que o país pouco se preocupa com as questões ambientais, principalmente do
semiárido nordestino. Mas é lamentável: o pouco que resta desse bioma, de
espécies endêmicas e populações de animais que ainda persistem pela
sobrevivência nesse local estão se extinguindo – algo deve ser feito
urgentemente!
Muito
bem colocado Joyce. São 10 anos de estudos que comprovam, sem contestação, o
valor biológico da região do Boqueirão da Onça. E esse valor vai mais além da
biodiversidade, atinge nossa história devido as pinturas rupestres encontradas
em toda a região, que já pode estar, em número, maior do que as encontradas na
Serra da Capivara. Triste é perceber a falta de manifestação dos arqueólogos
com relação à isto. Enfim, uma região cuja riqueza favorece as condições de
vida dos moradores locais e enriquecem nossa história e conhecimento atual… não
pode simplesmente sumir do mapa.
Muito boa matéria!!!
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