Cada trecho das margens guarda riquezas da cultura e da história do Brasil. Segundo maior do Brasil, o rio é conhecido como da integração nacional.
Riqueza do patrimônio é atrativo dos lugares por onde passa o Velho Chico
O vapor com quase cem anos segue em atividade nas águas do São Francisco. Não há outro passeio no mundo como o feito no vapor Benjamim Guimarães.
O RIO SÃO FRANCISCO
Em 1501, quando o navegante Américo Vespúcio encontrou a foz desse grande rio, seguiu a tradição e lhe deu nome de santo, São Francisco de Assis. Mas o rio já tinha nome, em tupi-guarani: Opará.
“Gigante pela própria natureza”, frase que define o país, o povo brasileiro, e também o rio São Francisco. É um caminho de águas cercado pela diversidade de uma cultura popular que, como o Velho Chico, está sempre em movimento.
“Ele é desses cordões, desses caminhos através dos quais é possível a gente tentar compreender o Brasil, a diversidade de gente, de paisagens, de hábitos e acúmulos culturais”, diz Dalmo Vieira Filho, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
O São Francisco nasce em Minas Gerais, percorre quase três mil quilômetros e atravessa cinco estados antes de encontrar o mar, entre Alagoas e Sergipe. É o segundo maior do Brasil e conhecido como o rio da integração nacional.
“O patrimônio é o que faz a diferença do povo brasileiro para os outros povos. Esse é o patrimônio cultural nosso e o que a gente vai preservar”, explica Célia Corsino, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Nas margens do rio ficam cidades históricas. Piranhas é patrimônio nacional. As casas coloridas, em conjunto com o verde das águas do São Francisco, criam um dos cenários mais bonitos do Brasil. O rio está na alma e na memória dos ribeirinhos.
Na região do baixo São Francisco, as canoas de tolda guardam o sabor do tempo. “A função da Luzitania é continuar andando para tentar trazer a sobrinha de lembrança e de beleza”, esclarece Carlos Eduardo Ribeiro Júnior, coordenador da Sociedade Canoa de Tolda.
Há apenas duas canoas de tolda que navegam pelo rio São Francisco: Piranhas e Luzitânia. Ao fazer o transporte dos produtos, as canoas de tolda movimentavam a economia da região.
A canoa Luzitânia foi comprada e restaurada pela Sociedade Canoa de Tolda, uma associação que fica em Brejo Grande, Sergipe. Canoeiros tradicionais ajudaram no trabalho.
O IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, reconheceu o valor da Luzitânia. Em dezembro do ano passado, a canoa foi tombada como patrimônio nacional.
O rio São Francisco, por onde passa, deixa marcas. Cada trecho das suas margens guarda riquezas da cultura e da história do Brasil. Pelo caminho, o Velho Chico torna-se celeiro de energia elétrica, produzida nas usinas implantadas no seu leito.
Nas margens, algumas cidades preservam uma arquitetura bem peculiar e outras vivem da fé, como Bom Jesus da Lapa, na Bahia, com sua gruta, ponto de encontro de fiéis católicos. As manifestações culturais envolvem os ritmos. O samba de velho é uma dança levada de um passado distante para o futuro por descendentes de negros e índios da ilha do Massangano, em Petrolina, Pernambuco.
Arquitetos, antropólogos e pesquisadores de diversas áreas do IPHAN estiveram em 90 localidades espalhadas por 1,6 mil quilômetros do rio e elaboraram um retrato da diversidade do São Francisco.
A artesã Maria da Cruz Santos cresceu em Petrolina. Ela é filha de Ana das Carrancas, a artesã, morta há três anos, que fez do barro a própria vida, inspirada em histórias que ouviu quando pequena, fazia louça na beira do São Francisco.
As carrancas foram se multiplicando no vale do São Francisco e novas surgem a cada dia. Na oficina do artesão Francisco dos Santos, o mestre Quinca, homens talentosos fazem na madeira as caras estranhas desses seres que são como uma marca do rio.
(Fonte: Ação)
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