quarta-feira, 9 de agosto de 2017


Situação volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 21/07/2017

 Estamos iniciando uma atividade semanal de informação, aos interessados, dos estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco. No caso específico da região do Submédio São Francisco - local onde é gerada a maior parte da energia elétrica do Nordeste - os reservatórios, principalmente o de Sobradinho, acumulam água no período de novembro a abril, para disponibilizarem os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico, no período de maio a outubro. Estamos no dia 21/07/2017, portanto, em período no qual os reservatórios estão numa fase de disponibilização volumétrica. Acompanhem a evolução desse processo, nos endereços abaixo, clicando no canal “Bacia do Rio São Francisco”.

21/07/2017

Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            20/07                   46                269             24,34              23,07
Sobradinho            20/07                  390                611             10,76              20,20
Itaparica                 20/07                 490                494             17,19              25,50
Xingó*                    20/07                  605                601                 -                     -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água

17/07/2017
Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            14/07                     7                266             25,16              55,00
Sobradinho            14/07                  400                609             11,23              21,30
Itaparica                 14/07                  596                596            17,55              25,70
Xingó*                    14/07                  556                601                 -                     -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água
______________________________________________________________


Fonte: Chesf
http://www.chesf.gov.br/SistemaChesf/Pages/GestaoRecursosHidricos/GestaoRecursosHidricos.aspx

Fonte: ANA
http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/saladesituacao/v2/boletinsdiarios.aspx

Sobre o assunto

Vazão do rio São Francisco é reduzida
http://www.suassuna.net.br/2017/05/vazao-do-rio-sao-francisco-e-reduzida.html

Ibama Autoriza Redução Da Vazão Do Rio São Francisco Para 600 M³S


Ministério da Integração Nacional emite nota sobre vazão do São Francisco na Paraíba


A transposição do Rio São Francisco e a seca no Nordeste. Entrevista com João Abner Guimarães Júnior


ANA autoriza irrigação e fim do racionamento em CG com água do São Francisco
http://www.suassuna.net.br/2017/07/anaautoriza-irrigacao-e-fim-do.html

'Fica difícil apontar dia', diz Aesa sobre fim do racionamento em Campina Grande


COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Seguem as dificuldades nos gerenciamentos volumétricos das represas de Sobradinho e de Três Maria, agora com o agravante da autorização, pela Agência Nacional de Águas (ANA), do uso da água da represa de Boqueirão de Cabaceiras (PB), na irrigação.

Com o encerramento da quadra chuvosa das regiões do Alto e Médio São Francisco, as represas de Três Marias e Sobradinho começaram a depreciar suas capacidades acumulatórias. Três Marias, por exemplo, está com uma afluência de apenas 46 m³/s e uma defluência de 269 m³/s, fato esse que resultou na redução de seu percentual volumétrico, passando de 25,16%, da semana anterior, para 24,34%, na atual. Já Sobradinho manteve relativamente estável a sua afluência, passando de 400 m³/s, na semana anterior, para 390 m³/s, na atual. A defluência da represa se manteve praticamente inalterada, passando de 609 m³/s, na semana anterior, para 611 m³/s, na atual, fato esse que reduziu ainda mais o seu percentual volumétrico, passando de 11,23%, da semana anterior, para 10,76%, nessa semana. Em estiagens pretéritas, a represa de Sobradinho depreciava sua capacidade acumulatória em cerca de 1% a cada sete dias. Atualmente, com a proibição de retirada de água para o agronegócio, todas as quartas-feiras, nos últimos 7 dias Sobradinho depreciou apenas 0,47%. Os baixos volumes atuais do Rio São Francisco e, também, dos reservatórios das regiões Centro Oeste/Sudeste (40,07% - 20/07/2017), são as principais causas do acionamento das termelétricas na geração de energia do País, em socorro às hidrelétricas. Esse fato resultou no aumento das tarifas de eletricidade do usuário da energia, estando, atualmente, operando em bandeira vermelha.  Para o agravamento desse caótico cenário, o projeto da transposição continua interferido de forma negativa, com retiradas volumétricas significativas, no rio, de cerca de 9 m³/s, para o atendimento das demandas hídricas da região Setentrional nordestina (estão retirando água de onde a situação é temerária). O agravante de tudo isso é que, dos 9 m³/s, retirados em Itaparica, apenas 0,6 m³/s estão chegando na represa de Boqueirão, segundo parecer do hidrólogo norteriograndense, João Abner.  Somada a esse fato, a exploração descontrolada das águas subterrâneas de aquíferos do São Francisco (Urucuia e outros) tem, também, interferido nas reduções volumétricas do rio. Diante desse cenário de crise hídrica reinante em toda bacia do Velho Chico, no início do mês de julho a Chesf abriu as comportas da represa de Xingó, liberando um significativo volume de água, fato esse que surpreendeu a todos. Segundo a empresa, essa manobra foi necessária, para ajustes na geração de energia no complexo gerador da Chesf, motivada pela redução das defluências, em Sobradinho. Esse fato nos motivou na elaboração de artigo, com vistas aos esclarecimentos desse vertimento, perante a sociedade, em uma hora na qual a economia de água na bacia hidrográfica no Rio São Francisco se fazia necessária. O natural declínio na caída das chuvas na região, bem como as dificuldades de se gerenciar os volumes do rio, tornará mais difícil à recuperação, tanto da represa de Três Marias, como de Sobradinho, até o final do ano em curso. Para agravar ainda mais a situação, a ANA autorizou, essa semana, a retirada de água da represa de Boqueirão de Cabaceiras, que abastece Campina Grande, para uso na irrigação. Sem maiores explicações, em relação aos usos das águas na irrigação, a ANA emitiu nota informando da redução das defluências em ambas represas. Começou-se a defluir, de Sobradinho, cerca de 600 m³/s, e mesmo tendo autorizado o uso das águas em outras atividades produtivas, a ANA resolveu reduzir ainda mais a defluência de Sobradinho para 500 m³/s. A seguir, são apresentados os volumes do Rio São Francisco, ao longo de sua calha, nos postos de observação da Chesf.

No posto de São Romão, que na semana anterior estava com 421 m³/s, nessa semana caiu para 425 m³/s. No de São Francisco, que na semana anterior estava com 341 m³/s, passou para 345 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa que estava com 483 m³/s, permaneceu nos 483 m³/s e no posto de Morpará, que na semana anterior estava com 520 m³/s, agora está com a mesma vazão de 520 m³/s. A afluência volumétrica da represa de Sobradinho decaiu um pouco essa semana, passando de 400 m³/s da semana anterior, para 390 m³/s, nesta. A defluência da represa ficou praticamente inalterada. Na semana anterior estava em 609 m³/s, nessa semana alcançou 611 m³/s. O percentual volumétrico de Sobradinho está em queda livre. Na semana anterior haviam sido registrados 11,23% de seu volume útil. Na atual está com 10,76%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico com cerca da metade do volume registrado em igual período do ano anterior (atualmente 10,76% - ano anterior 20,20%). Ver essa evolução comparativa nos gráficos abaixo de Pereira Bode Velho.

Uma curiosidade: em 2015, ano no qual a represa de Sobradinho alcançou, no mês de novembro, 1% de seu volume útil, no dia 24/07 daquele ano, a represa apresentava percentual volumétrico de 17,30%. No dia 21/07 de 2017, Sobradinho está com 10,76%, portanto um fato que preocupa, tendo em vista o atual cenário de seca e de ineficiência na gestão dos recursos hídricos existentes em toda bacia do rio. O alcance do volume morto, em Sobradinho, no ano de 2017, nos parece ser um fato provável, caso não sejam tomadas as medidas eficazes para o seu enfrentamento.

Na semana (21/07), o quadro atual de penúria hídrica vem trazendo reflexos negativos ao projeto da transposição. As águas do Velho Chico estão chegando à represa de Boqueirão, em volumes muito reduzidos (estima-se atualmente em 0,6 m³/s, numa promessa de cerca de 9,0 m³/s), o que tem obrigado as autoridades a divulgarem nota justificando a prorrogação do racionamento de água na cidade de Campina Grande, o que tem levado o paraibano a não acreditar mais no projeto da Transposição. Houve, também, incertezas da chegada da água nas torneiras dos municípios atendidos pelo projeto, motivando, inclusive, a população de Monteiro, na Paraíba, a protestar pela falta d´água na localidade, exigindo providências junto ao governo estadual, para as soluções cabíveis. Esses reclamos oriundos da sociedade obrigaram a ANA adotar o Dia do Rio, proibindo à retirada de suas águas, todas as quartas-feiras, pelo agronegócio. Pereira Bode Velho questiona o fiel cumprimento dessa medida por parte dos empresários detentores de grandes sistemas de bombeamento. É importante observar, também, que a continuidade das baixas defluências de Sobradinho (611 m³/s) vem agravando o quadro da progressão da cunha salina na foz do rio (ver a excelente análise de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, abaixo). Existem relatos de pescadores que estão capturando peixes de hábito marinho na região do Baixo São Francisco. A cunha salina tem trazido, também, certos transtornos no abastecimento do município alagoano de Piaçabuçu, que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidos com as águas do Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km da foz.

Em pleno período de estiagem na região, é ficar na torcida para que as medidas sugeridas pela ANA e Ibama, de redução criteriosa das vazões de Sobradinho e Xingó, surtam os efeitos esperados, a fim de que os volumes do Velho Chico voltem a ser utilizados dentro da normalidade esperada. Para tanto, continuaremos atentos para as questões das defluências de Sobradinho (611 m³/s) e, agora, de Três Marias (269 m³/s), pois houve determinação das autoridades do setor, para que essas defluências ficassem estabelecidas à patamares da ordem de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente, conforme divulgadas na mídia e atualmente não praticadas, inclusive com acréscimos expressivos em Três Marias e decréscimos naquelas emitidas por Sobradinho.

Abaixo, as informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob a responsabilidade da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes afluentes na represa de Sobradinho, nos próximos dias:

Dia 21/07: São Romão – 425 m³/s; São Francisco – 345 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 483 m³/s e Morpará – 520 m³/s.

Dia 17/07: São Romão – 421 m³/s; São Francisco – 341 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 483 m³/s e Morpará – 520 m³/s.

Dia 07/07: São Romão – 414 m³/s; São Francisco – 333 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 476 m³/s e Morpará – 520 m³/s.

Dia 30/06: São Romão – 421 m³/s; São Francisco – 349 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 527 m³/s e Morpará – 544 m³/s.

Dia 26/06: São Romão – 473 m³/s; São Francisco – 417 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 509 m³/s e Morpará – 520 m³/s.

Dia 09/06: São Romão – 417 m³/s; São Francisco – 341 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 490 m³/s e Morpará – 552 m³/s.

Dia 09/06: São Romão – 417 m³/s; São Francisco – 366 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 535 m³/s e Morpará – 608 m³/s.

Dia 02/06: São Romão – 477 m³/s; São Francisco – 488 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 702 m³/s e Morpará – 677 m³/s. (dados do dia 31/05)

Dia 26/05: São Romão – 585 m³/s; São Francisco – 711 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 535 m³/s e Morpará – 540 m³/s.

Dia 19/05: São Romão – 410 m³/s; São Francisco – 349 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 483 m³/s e Morpará – 548 m³/s.

Dia 12/05: São Romão – 417 m³/s; São Francisco – 371 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 542 m³/s e Morpará – 588 m³/s.

Dia 05/05: São Romão – 452 m³/s; São Francisco – 431 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 516 m³/s e Morpará – 560 m³/s.

Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de novembro de 2016 a abril de 2017.

Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de junho a outubro de 2016.

Evolução comparativa do nível de Sobradinho

Pereira Bode Velho – Movimento Carta de Morrinhos (20/07/2017)

Acompanhamento dos níveis Três Marias e Sobradinho : 
Estão segurando os níveis da represa pela baixa defluência das mesmas


Pereira Bode Velho – Movimento Carta de Morrinhos (20/07/2017)

José Do Patrocínio Tomaz Albuquerque

Comportamento dos volumes regularizados em reservatórios erigidos em ambiente de geologia sedimentária e cristalina

31/03/2017
Acredito que a interiorização da cunha salina tem mais relação com a defluência devido à operação do sistema de barragens, desde Três Marias até Xingó. O equilíbrio que mantinha a interface no estuário do São Francisco foi quebrado ao se reduzir a vazão mínima dos 1300 m3/s para os atuais 600. E como a vazão mínima, antes suprida por água subterrânea, a super exploração desta faz com que a defluência de Três Marias seja reduzida. Os períodos de seca, por si sós, não justificam a redução da vazão defluente de regularização 100% garantida, já que foram consideradas, integrantes que são da série de dados históricos; já a super exploração dos aquíferos, responsáveis pela manutenção das vazões mínimas ou de base, não. Isto tudo resulta na diminuição da afluência de Sobradinho que não regulariza a vazão antes calculada e, nem mesmo, a vazão mínima. Como consequência final, toda a vazão defluente fica dependente do volume de água existente nos reservatórios. Nas secas, o problema da má gestão é escancarado e os volumes acumulados só tendem a diminuir, até serem zerados, já que, por maiores que sejam, não suprem nem as vazões mínimas, por menores que sejam. Não é a mesma coisa dos açudes erigidos sobre terrenos cristalinos, cujos rios são efêmeros. Estes, para terem capacidade de regularização, são projetados para acumular dois anos de vazão média anual. Às vezes, mais. Nas bacias de rios perenes, os reservatórios são projetados para acumularem água da estação chuvosa ou, no máximo, um ano de vazão média anual, calculada em série histórica. Sobradinho, pelo que se pode verificar, tem um volume máximo correspondente à descarga média do período chuvoso.

Postado há 1 week ago por João Suassuna

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Aventura Selvagem em Cabaceiras - Paraíba

Rodrigo Castro, fundador da Associação Caatinga, da Asa Branca e da Aliança da Caatinga

Bioma Caatinga

Vale do Catimbau - Pernambuco

Tom da Caatinga

A Caatinga Nordestina

Rio São Francisco - Momento Brasil

O mundo da Caatinga