Situação
volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 21/07/2017
21/07/2017
Reservatório Data Afluência Defluência Volumes (%)
(m³/s) (m³/s) Atual Ano anterior
Três Marias 20/07 46 269 24,34 23,07
Sobradinho 20/07 390 611 10,76 20,20
Itaparica 20/07 490 494 17,19 25,50
Xingó* 20/07 605 601 - -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio d´água
17/07/2017
Reservatório Data Afluência Defluência Volumes (%)
(m³/s) (m³/s) Atual Ano anterior
Três Marias 14/07 7 266 25,16 55,00
Sobradinho 14/07 400 609 11,23 21,30
Itaparica 14/07 596 596 17,55 25,70
Xingó* 14/07 556 601 - -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio d´água
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Fonte: Chesf
http://www.chesf.gov.br/SistemaChesf/Pages/GestaoRecursosHidricos/GestaoRecursosHidricos.aspx
Fonte: ANA
http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/saladesituacao/v2/boletinsdiarios.aspx Sobre o assunto
Vazão do rio São Francisco
é reduzida
http://www.suassuna.net.br/2017/05/vazao-do-rio-sao-francisco-e-reduzida.html
Ibama Autoriza Redução Da Vazão Do Rio São Francisco Para
600 M³S
Ministério da Integração Nacional emite
nota sobre vazão do São Francisco na Paraíba
A
transposição do Rio São Francisco e a seca no Nordeste. Entrevista com João
Abner Guimarães Júnior
ANA autoriza irrigação e fim do racionamento em CG com água
do São Francisco
http://www.suassuna.net.br/2017/07/anaautoriza-irrigacao-e-fim-do.html
'Fica difícil apontar dia', diz Aesa sobre fim do
racionamento em Campina Grande
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da
Fundação Joaquim Nabuco
Seguem as dificuldades nos gerenciamentos volumétricos das represas
de Sobradinho e de Três Maria, agora com o agravante da autorização, pela
Agência Nacional de Águas (ANA), do uso da água da represa de Boqueirão de
Cabaceiras (PB), na irrigação.
Com o encerramento da quadra chuvosa das
regiões do Alto e Médio São Francisco, as represas de Três Marias e Sobradinho
começaram a depreciar suas capacidades acumulatórias. Três Marias, por exemplo,
está com uma afluência de apenas 46 m³/s e uma defluência de 269 m³/s,
fato esse que resultou na redução de seu percentual volumétrico, passando de
25,16%, da semana anterior, para 24,34%, na atual. Já Sobradinho manteve
relativamente estável a sua afluência, passando de 400 m³/s, na semana
anterior, para 390 m³/s, na atual. A defluência da represa se manteve
praticamente inalterada, passando de 609 m³/s, na semana anterior, para 611
m³/s, na atual, fato esse que reduziu ainda mais o seu percentual volumétrico,
passando de 11,23%, da semana anterior, para 10,76%, nessa semana. Em estiagens
pretéritas, a represa de Sobradinho depreciava sua capacidade acumulatória em
cerca de 1% a cada sete dias. Atualmente, com a proibição de retirada de água
para o agronegócio, todas as quartas-feiras, nos últimos 7 dias Sobradinho
depreciou apenas 0,47%. Os baixos volumes atuais do Rio São Francisco e,
também, dos reservatórios das regiões Centro Oeste/Sudeste (40,07% - 20/07/2017),
são as principais causas do acionamento das termelétricas na geração de energia
do País, em socorro às hidrelétricas. Esse fato resultou no aumento das tarifas
de eletricidade do usuário da energia, estando, atualmente, operando
em bandeira vermelha. Para o agravamento desse caótico cenário, o projeto da
transposição continua interferido de forma negativa, com retiradas volumétricas
significativas, no rio, de cerca de 9 m³/s,
para o atendimento das demandas hídricas da região Setentrional nordestina
(estão retirando água de onde a situação é temerária). O agravante de tudo isso
é que, dos 9 m³/s, retirados em Itaparica, apenas 0,6 m³/s estão
chegando na represa de Boqueirão, segundo parecer
do hidrólogo norteriograndense, João Abner.
Somada a esse fato, a exploração descontrolada das águas subterrâneas de aquíferos do São Francisco
(Urucuia e outros) tem, também, interferido nas reduções volumétricas do rio. Diante desse cenário de crise hídrica reinante em
toda bacia do Velho Chico, no início do mês de julho a Chesf abriu as comportas da represa de Xingó, liberando um significativo volume de água, fato esse
que surpreendeu a todos. Segundo a empresa, essa manobra foi necessária, para
ajustes na geração de energia no complexo gerador da Chesf, motivada pela
redução das defluências, em Sobradinho. Esse fato nos motivou na
elaboração de artigo,
com vistas aos esclarecimentos desse vertimento, perante a sociedade, em uma
hora na qual a economia de água na bacia hidrográfica no Rio São Francisco se
fazia necessária. O natural declínio na caída
das chuvas na região, bem como as dificuldades de se gerenciar os volumes do
rio, tornará mais difícil à recuperação, tanto da represa de Três
Marias, como de Sobradinho, até o final do ano em curso. Para agravar ainda
mais a situação, a
ANA autorizou, essa semana, a retirada de água da represa de Boqueirão de
Cabaceiras, que abastece Campina Grande, para uso na irrigação. Sem maiores
explicações, em relação aos usos das águas na irrigação, a ANA emitiu
nota informando da redução das defluências em ambas represas. Começou-se a
defluir, de Sobradinho, cerca de 600 m³/s, e mesmo tendo autorizado o uso das
águas em outras atividades produtivas, a ANA
resolveu reduzir ainda mais a defluência de Sobradinho para 500 m³/s. A
seguir, são apresentados os volumes do Rio São Francisco, ao longo de sua
calha, nos postos de observação da Chesf.
No posto de São Romão, que na semana anterior estava com 421 m³/s, nessa
semana caiu para 425 m³/s. No de São Francisco, que na semana anterior estava
com 341 m³/s, passou para 345 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa que estava com 483
m³/s, permaneceu nos 483 m³/s e no posto de Morpará, que na semana anterior
estava com 520 m³/s, agora está com a mesma vazão de 520 m³/s. A afluência
volumétrica da represa de Sobradinho decaiu um pouco essa semana, passando de
400 m³/s da semana anterior, para 390 m³/s, nesta. A defluência da represa
ficou praticamente inalterada. Na semana anterior estava em 609 m³/s, nessa
semana alcançou 611 m³/s. O percentual
volumétrico de Sobradinho está em queda livre. Na semana anterior haviam sido
registrados 11,23% de seu volume útil. Na atual está com 10,76%. A barragem
continua com o seu percentual volumétrico com cerca da metade do volume
registrado em igual período do ano anterior (atualmente 10,76% - ano anterior
20,20%). Ver essa evolução comparativa nos gráficos abaixo de Pereira Bode Velho.
Uma curiosidade: em 2015, ano no qual a
represa de Sobradinho alcançou, no mês de novembro, 1% de seu volume útil, no
dia 24/07 daquele ano, a represa apresentava percentual volumétrico de 17,30%.
No dia 21/07 de 2017, Sobradinho está com 10,76%, portanto um fato que
preocupa, tendo em vista o atual cenário de seca e de ineficiência na gestão
dos recursos hídricos existentes em toda bacia do rio. O alcance do volume
morto, em Sobradinho, no ano de 2017, nos parece ser um fato provável, caso não
sejam tomadas as medidas eficazes para o seu enfrentamento.
Na semana (21/07), o quadro atual
de penúria hídrica vem trazendo reflexos negativos ao projeto da transposição.
As águas do Velho Chico estão chegando à represa de Boqueirão, em volumes
muito reduzidos (estima-se atualmente em 0,6 m³/s, numa promessa de cerca
de 9,0 m³/s), o que tem obrigado as autoridades a divulgarem
nota justificando a prorrogação do racionamento de água na cidade de
Campina Grande, o que tem levado
o paraibano a não acreditar mais no projeto da Transposição. Houve, também,
incertezas
da chegada da água nas torneiras dos municípios atendidos pelo projeto,
motivando, inclusive, a população de Monteiro, na Paraíba, a protestar
pela falta d´água na localidade, exigindo providências junto ao governo
estadual, para as soluções cabíveis. Esses
reclamos oriundos da sociedade obrigaram a ANA adotar o Dia do Rio,
proibindo à retirada de suas águas, todas as quartas-feiras, pelo agronegócio. Pereira Bode Velho questiona o fiel cumprimento dessa medida por parte dos empresários
detentores de grandes sistemas de bombeamento. É importante observar, também,
que a continuidade das baixas defluências de Sobradinho (611 m³/s) vem
agravando o quadro da progressão da cunha salina na foz do rio (ver a excelente
análise de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, abaixo). Existem relatos de
pescadores que estão capturando peixes de hábito marinho na região do Baixo São Francisco. A cunha salina
tem trazido, também, certos transtornos no abastecimento do município alagoano
de Piaçabuçu,
que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores
de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidos com as águas do
Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município
sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km da foz.
Em pleno período de estiagem na região, é
ficar na torcida para que as medidas sugeridas pela ANA e Ibama, de redução
criteriosa das vazões de Sobradinho e Xingó, surtam os efeitos esperados, a fim
de que os volumes do Velho Chico voltem a ser utilizados dentro da normalidade
esperada. Para tanto, continuaremos atentos para as questões das defluências de
Sobradinho (611 m³/s) e, agora, de Três Marias (269 m³/s), pois houve
determinação das autoridades do setor, para que essas defluências ficassem
estabelecidas à patamares da ordem de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente,
conforme divulgadas na mídia e atualmente não praticadas, inclusive com acréscimos expressivos em
Três Marias e decréscimos naquelas emitidas por Sobradinho.
Abaixo, as informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob
a responsabilidade da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes
afluentes na represa de Sobradinho, nos próximos dias:
Dia 21/07: São
Romão – 425 m³/s; São Francisco – 345 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 483 m³/s e
Morpará – 520 m³/s.
Dia 17/07: São
Romão – 421 m³/s; São Francisco – 341 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 483 m³/s e
Morpará – 520 m³/s.
Dia 07/07: São
Romão – 414 m³/s; São Francisco – 333 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 476 m³/s e
Morpará – 520 m³/s.
Dia 30/06: São
Romão – 421 m³/s; São Francisco – 349 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 527 m³/s e
Morpará – 544 m³/s.
Dia 26/06: São
Romão – 473 m³/s; São Francisco – 417 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 509 m³/s e
Morpará – 520 m³/s.
Dia 09/06: São
Romão – 417 m³/s; São Francisco – 341 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 490 m³/s e
Morpará – 552 m³/s.
Dia 09/06: São
Romão – 417 m³/s; São Francisco – 366 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 535 m³/s e
Morpará – 608 m³/s.
Dia 02/06: São
Romão – 477 m³/s; São Francisco – 488 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 702 m³/s e
Morpará – 677 m³/s. (dados do dia 31/05)
Dia 26/05: São
Romão – 585 m³/s; São Francisco – 711 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 535 m³/s e
Morpará – 540 m³/s.
Dia 19/05: São
Romão – 410 m³/s; São Francisco – 349 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 483 m³/s e
Morpará – 548 m³/s.
Dia 12/05: São
Romão – 417 m³/s; São Francisco – 371 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 542 m³/s e
Morpará – 588 m³/s.
Dia 05/05: São
Romão – 452 m³/s; São Francisco – 431 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 516 m³/s e
Morpará – 560 m³/s.
Comportamento
das vazões do Rio São Francisco,
nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e
Morpará, de novembro de 2016 a abril de 2017.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom
Jesus da Lapa e Morpará, de junho a outubro de 2016.
Evolução comparativa do nível de Sobradinho
Pereira Bode Velho – Movimento Carta de Morrinhos (20/07/2017)
Acompanhamento dos níveis Três Marias e Sobradinho :
Estão segurando os níveis da represa pela baixa defluência das mesmas
Pereira Bode Velho – Movimento Carta de Morrinhos (20/07/2017)
José Do Patrocínio Tomaz Albuquerque
Comportamento dos volumes
regularizados em reservatórios erigidos em ambiente de geologia sedimentária e
cristalina
31/03/2017
Acredito que a interiorização da
cunha salina tem mais relação com a defluência devido à operação do sistema de
barragens, desde Três Marias até Xingó. O equilíbrio que mantinha a interface
no estuário do São Francisco foi quebrado ao se reduzir a vazão mínima dos 1300
m3/s para os atuais 600. E como a vazão mínima, antes suprida por água
subterrânea, a super exploração desta faz com que a defluência de Três Marias
seja reduzida. Os períodos de seca, por si sós, não justificam a redução da
vazão defluente de regularização 100% garantida, já que foram consideradas,
integrantes que são da série de dados históricos; já a super exploração dos
aquíferos, responsáveis pela manutenção das vazões mínimas ou de base, não.
Isto tudo resulta na diminuição da afluência de Sobradinho que não regulariza a
vazão antes calculada e, nem mesmo, a vazão mínima. Como consequência final,
toda a vazão defluente fica dependente do volume de água existente nos
reservatórios. Nas secas, o problema da má gestão é escancarado e os volumes
acumulados só tendem a diminuir, até serem zerados, já que, por maiores que
sejam, não suprem nem as vazões mínimas, por menores que sejam. Não é a mesma
coisa dos açudes erigidos sobre terrenos cristalinos, cujos rios são efêmeros.
Estes, para terem capacidade de regularização, são projetados para acumular
dois anos de vazão média anual. Às vezes, mais. Nas bacias de rios perenes, os
reservatórios são projetados para acumularem água da estação chuvosa ou, no
máximo, um ano de vazão média anual, calculada em série histórica. Sobradinho,
pelo que se pode verificar, tem um volume máximo correspondente à descarga
média do período chuvoso.
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