Mais uma colaboração do articulista Ge Carvalho, publicada na coluna Opinião do Blog Tacaratu.com, em 25.11.2010.
"Que Deus proteja a nossa caatinga
Caatinga, termo que, em tupi-guarani, significa "Mata Branca", é um tipo de formação vegetal com características bem definidas: árvores baixas e arbustos que, em geral, perdem suas folhas na estação das secas. A caatinga apresenta três categorias em sua flora, conforme a altura de cada espécie: arbórea, com 8 a 12 metros; arbustiva, com 2 a 6 metros; e herbácea, abaixo de 2 metros.
Algumas espécies mais comuns da região são: a aroeira, a baraúna, a catingueira, a umburana, o juazeiro, a maniçoba, o umbuzeiro, etc. E as cactáceas, que são as que mais se destacam, pelas suas características: o mandacaru, o facheiro, o xique-xique, a macambira, a coroa-de-frade, etc.
A flora da caatinga que, aparentemente, é um bioma pobre em espécies e na estrutura orgânica do seu solo, na realidade é uma biodiversidade rica, com formação adequada ao clima semi-árido do sertão. A sua cor cinzenta em épocas de seca, muda, completamente, para um verde vivo e alegre, em poucos dias, após cair uma chuva.
Existe uma variedade de árvores que operam verdadeiros milagres, em períodos de seca e o sertanejo sabe, perfeitamente, o valor de cada uma delas, como recurso alternativo que utiliza para não ver o seu rebanho sucumbir, com a escassez da pastagem natural. No começo da estiagem um dos primeiros recursos que o sertanejo utiliza, para alimentar sua criação, é a palma forrageira, espécie da família cactácea cultivada na nossa região, pura e simplesmente, para ração animal. Isso porque já existe a sua utilização para a produção de alimento humano, em algumas regiões da Bahia. O seu cultivo, no sertão nordestino, normalmente é em terrenos pouco apropriados para a cultura de cereais.
As espécies nativas da nossa caatinga, de que o gado caprino, bovino e também outras criações mais se alimentam, são as seguintes:
- O imbuzeiro, ou umbuzeiro, que foi chamado por Euclides da Cunha, de "Árvore Sagrada do Sertão" possui uma raiz em forma de tubérculo, rica em um delicioso líquido que, em épocas de intensa seca, foi muito utilizada para matar a sede humana e de animais. O seu fruto é delicioso e, atualmente, muito utilizado na produção de doces, industrializados ou de fabricação caseira, bastante apreciados nos mercados.
O gado tanto se alimenta dos frutos do imbuzeiro como também de suas folhas, principalmente os caprinos, que se equilibram nas patas traseiras, para alcançar os galhos mais altos.
- O juazeiro, uma espécie natural da caatinga e do cerrado, tem um porte que pode atingir até 12 metros de altura, produz um fruto de cor amarela e com tamanho aproximado de uma cereja, muito apreciado pelo gado em geral e também pelo sertanejo. É uma árvore reputada por diversas propriedades medicinais, pela utilização da casca de sua madeira, e de suas folhas.
- Existem muitas outras espécies nativas apreciadas pelo gado cujo número não vamos especificar, por serem de pouca relevância.
- Finalmente, vamos citar algumas espécies da família dos cactos, que são as últimas alternativas para a alimentação do rebanho. Normalmente são utilizados quando se acabam as reservas de palmas forrageiras: o mandacaru, o facheiro e o xique-xique. O preparo dessa ração é muito trabalhoso, com a retirada dos espinhos, com fogo ou com facão, para não ferirem a boca dos animais ou não serem deglutidos e assim causarem danos maiores aos mesmos. Fora essas três, tem, ainda, a coroa-de-frade e a macambira cujo uso é bem mais restrito, talvez só em última instância.
Eis, aqui, um pouco de informações sobre a flora sertaneja, com algumas particularidades inerentes à sua biodiversidade. Deus é perfeito em tudo que criou e sua Bondade é infinita, uma vez que nada fica sem a sua proteção. Infelizmente quem desgasta o nosso meio-ambiente é quem dele devia cuidar:
O Homem, o Usufrutuário, o Herdeiro, o Proprietário, o que quer que seja, é que vem devastando, no caso, a nossa Caatinga, desmatando-a sem dó e sem piedade, comprometendo toda a reserva, com a retirada, indiscriminada, de madeiras para lenha doméstica, queima em olarias, carvoarias, padarias, etc, sem se preocupar com seu reflorestamento. Tudo é uma questão de cultura e, infelizmente, o nosso povo ainda não está preparado para isso. Que Deus proteja a nossa Caatinga! "
Por Gê Carvalho .
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